Wednesday 25 April 2012

O COLEGA DE QUARTO ERA GAY. FILMOU-O A TER SEXO E ESPALHOU NA NET. O COLEGA MATOU-SE.


Tyler Clementi e Ravi Dharun
Luis M. Faria
9:53 Quarta feira, 7 de março de 2012

Um jovem de 18 anos, de ar frágil, tímido, violinista talentoso (toca já numa orquestra), vai estudar para a universidade em Nova Iorque. No quarto que divide, a universidade coloca um estudante de características opostas: assertivo, arrogante, vaidoso, e hábil nos computadores.

O primeiro chama-se Tyler, o segundo Ravi. De nacionalidade indiana, Ravi tem várias objeções a Tyler. Entre elas, a origem relativamente modesta (o tipo é pobre, diz Ravi com desprezo em mensagens a amigos) e o facto de ser gay.

Ravi descobriu tudo isso através da Internet. Tyler participa regularmente num fórum chamado Just Us Boys. O nome - só nós rapazes - parece auto-evidente. Nem era preciso Ravi ter lá entrado.Esse convívio terá dado coragem a Tyler para se assumir ante os seus pais, pouco tempo antes. O pai apoiou-o, a mãe reagiu mal. O menos grave que lhe disse foi que precisava de tempo.

Pediu o quarto para o serão


Quando segue para a universidade, Tyler está um bocado angustiado. Consta que no computador tinha fotografias da ponte George Washington, uma estrutura majestosa que se destaca sobre o rio Hudson, na parte norte de Manhattan.

Logo à partida compreende que o contacto com Ravi não é fácil. Mas como também é escasso, aguenta. Entretanto, na internet conhece um homem um pouco mais velho, com quem combina um encontro. Pede a Ravi que lhe ceda o quarto durante um serão - tradição académica geralmente respeitada por lá. Ravi acede. Mas antes de sair, deixa o seu computador ligado (écran escuro, para disfarçar) e com a camera a apontar para a cama de Tyler. Nas horas seguintes, a sua intuição confirma-se. Tyler e o tal homem mantêm uma relação íntima.

Ravi espalha logo a história. E quando dias depois Tyler lhe volta a pedir o quarto, resolve aproveitar a ocasião para uma produção maior. Fala a uma colega próxima, manda recados no Twitter. O mundo inteiro tem que ver. Na noite marcada, lá está o evento, embora não se tenha chegado de facto a filmar tudo.

'Crimes de ódio'


No julgamento agora em curso, onde Ravi é acusado de invasão de privacidade e 'crimes de ódio', o homem com quem Tyler teve sexo conta que logo na altura suspeitou que os dois estavam a ser espiados. Uma impressão reforçada pela meia dúzia de estudantes que viu a rir de si nessa noite quando deixou o dormitório.

Tyler, esse, não esperou muito para reagir. Embora baralhado, apresentou queixa na universidade (nos EUA, esse género de atitude é levada a sério), solicitando mudança de quarto. Ravi ainda tentou enviar-lhe uma mensagem a pedir desculpa, mas nessa altura Tyler já estava a saltar da ponte George Washington. O corpo levaria algum tempo a ser encontrado.

Momentos antes de se atirar, enviou ele próprio uma mensagem aos amigos: "Saltando da ponte GW. Desculpem". O seu computador ficou no tabuleiro da ponte. E a defesa de Ravi tenta sugerir que o suicídio foi um gesto tão infantil como diz ter sido a atitude de Ravi.

JOÃO MOTA NO NACIONAL

'O teatro não faz revoluções mas pode ajudar', director do D.Maria II



Começou a fazer teatro aos 15 anos. Foi à guerra, deu aulas durante 30 anos na Escola Superior de Teatro e Cinema, fundou a Comuna. Agora, João Mota é director artístico do Teatro Nacional D. Maria II e continuará a trabalhar enquanto puder. Leia aqui a entrevista do SOL

Estamos na Comuna. Agora é director artístico do TNDMII. Esta ainda é a sua casa?

Com certeza. Foi a casa que fizemos há quarenta anos. É a minha casa, a minha vida.



Vem cá todas as semanas?

Às quartas estamos cá sempre. Há um almoço com os técnicos e a equipa de produção. Não falamos de teatro, mas da família, dos filhos, de como correm as coisas na nossa vida. Sem essa mistura não se pode fazer teatro. É através dessas cumplicidades que se criam as amizades.

É uma espécie de família? 

Que às vezes se altera, como a nossa família se vai alterando, com os filhos que se casam e vão embora...

Estes 40 anos que agora se festejam são também um aniversário para si?

Mais que o meu próprio aniversário. Fazer anos nunca foi importante, a não ser quando tinha oito anos. Depois a minha mãe começou a cegar, a minha irmã foi para França, fiquei sozinho com a minha mãe, depois reduzido a mim próprio. Mais tarde tive um filho, mas muitas vezes não passo os anos com ele por estar a trabalhar. No aniversário da Comuna estamos sempre juntos, com aqueles que já passaram cá. A Comuna é isso, é um sítio onde nos encontramos.

Todos os anos celebram aqui?

Há sempre cá uma festa, com um bolo à meia-noite. E damos coisas a nós próprios. Uma vez foi uma carrinha. Ganhámos muito dinheiro nos festivais lá fora. Todo o dinheiro foi para aqui, não para nenhum de nós.

Quando aceitou ser director artístico do TNDMII, pôs como condição encenar ‘A Controvérsia de Valladolid’, peça com que agora se festeja o aniversário da Comuna. Porquê?

O Teatro Nacional tem menos significado para mim do que estar na Comuna há 40 anos. São esses 40 anos, e as suas dificuldades, que dignificam uma pessoa, não uns meses no Nacional.



Já tinha estado no Nacional. Entrou lá com 15 anos. Como surgiu o teatro na sua vida?

Muito cedo. Não havia televisão, ouvia rádio, os programas infantis da Madalena Patacho na Emissora Nacional. Houve um concurso para miúdos. Fiquei. Comecei a trabalhar lá aos nove anos. Fiz Os Cinco, fazia o Júlio. Foram anos naquilo. Davam-me 50 escudos por programa. Era muito dinheiro. Um professor ganhava 1.500 por mês.

E depois vai para o Nacional. Estudou teatro?

Não. Era mais importante ir para a Amélia Rey Colaço que para o conservatório. E eu fui contratado. Recebia, se não estou em erro, cinco contos por mês. Fiquei lá 10 anos.

Aliás, estava lá quando foi chamado para a guerra.

Fui para Mafra, fazer o curso, aos vinte anos. Fui mobilizado ao fim de três anos. Entretanto, dei instrução na Amadora. Estive sempre a fazer teatro. Mal saí de Mafra fiz uma peça com a Amélia Rey Colaço, a Mariana Rey Monteiro e a Palmira Bastos chamada Frenesim. Foi um êxito. Ia para a cama à uma da manhã, às seis apanhava o comboio para dar instrução. Tinha que pegar numa Mauser muito pesada e andar com os soldados 20 km a pé. Depois fui dois anos e tal para Angola.

Não pensou fugir?

Nunca estive de acordo com a guerra. Ajudei colegas a fugir para França. Eu não podia porque a minha mãe estava cega. Fugia? E ela? Ia para lá? Como? Quando se fala da guerra é muito difícil. Ainda há filmes, peças, sonhos, que não são agradáveis. São coisas de que não se esquece. Não chorei quando o meu pai morreu mas chorei por amigos que morreram ao meu lado na guerra. Aí aprendi que era egoísta, por pensar ‘ainda bem que não fui eu’.

O que recorda? 

Que levei 24 soldados a exame da 4.ª classe. Um só fez a 3.ª. Um soldado não podia voltar se não tivesse a 3.ª classe, não queríamos analfabetos. Tinha que dar Português e Matemática, no meio da guerra, no meio do mato. Depois faziam exame perante um júri. É agradável quando há um almoço do meu batalhão. Levam a mulher, os filhos, e dizem: ‘Foi ele que me ensinou’. Uns são empregados bancários, fizeram o 5.º ano de liceu. Já está tudo reformado. Conseguiram os empregos porque continuaram a estudar. O importante não foi terem feito a 4.ª classe, mas perceberem que podiam ir mais longe. Como qualquer ser humano.

Fez teatro na guerra?

Fiz. E tínhamos um conjunto musical. Formei um grupo. Íamos pelo meio do mato só para fazer teatro. E fazíamos para civis também.

Aprendeu muita coisa? 

Vi morrer pessoas ao meu lado, que eram contra a guerra. A morte habita comigo. Tenho é que acabar todos os dias bem, para renascer no dia seguinte. Quando for é. Digo isto sem drama e sem tragédia. Aprendi-o na guerra. Tal como aprendi que o teatro não faz revoluções mas pode ajudar.

Quando volta vai de férias para Paris. 

Foi muito importante para mim, estive lá durante o Maio de 68. Há frases muito importantes: ‘imaginação ao poder’; ‘é proibido proibir’... Era preciso mudar. Eu estava no fascismo. Ali discutia-se na rua, podia-se falar, podia-se dizer que não se estava de acordo.

Depois vem para cá fazer teatro... 

Vim fazer A Celestina, com o João Perry e a Amélia Rey Colaço. Depois o Vasco Morgado convidou-me para ir para o Monumental fazer A Casa das Cabras. Só fiz uma semana. Depois fui trabalhar com o Peter Brook. Queria ir aprender. Fui para França e para a Pérsia, onde estive três meses, a trabalhar e a dar aulas. Fomos recebidos pelo Xá. Aprendi muito. Em Portugal não se falava de técnica, o actor era um debitador de textos. Ali aprendi que o actor é o criador onde habita o texto.

Entretanto surge o convite para dar aulas na Escola Superior de Teatro e Cinema, já depois de reforma do ensino artístico. Aceitou logo?

Fui o primeiro professor depois da reforma. Hesitei mas vim. São opções. Como o teatro, que é uma opção de vida. Não de ganhar de dinheiro ou ser conhecido. Nunca fiz telenovelas. Não sou contra mas não é o meu percurso. Gostei mais de dar aulas, de ter um filho, de ter um cão. De ter tempo para isso. Hoje já passeei o meu cão às oito da manhã. Passeio-o todos os dias de manhã durante uma hora.

Em 1970 cria os Bonecreiros. Como nasce esse projecto?

Com pessoas com quem já tinha trabalhado, a Glicínia Quartin, o Mário Jacques e a Fernanda Alves. E fomos buscar três jovens, o Melim [Teixeira], o [Francisco] Pestana e o Carlos Paulo. Queríamos fazer um teatro que fosse não só contra o regime mas que nos pusesse em causa, que nos inquietasse e alertasse. Dar às pessoas a possibilidade de ser livres, pensar e reflectir. Falhou. Todas as entrevistas que fossem dadas pelo Carlos Paulo, pelo Melim ou pela Manuela [de Freitas] tinham que passar pela direcção – por mim também – antes de saírem.

Porquê?

Era uma forma de censura. Ora, quando se cria um teatro contra o fascismo, como é que um grupo pode proibir os colegas de falar? Eu, o Carlos, o Melim, o Pestana e a Manuela saímos. E os Bonecreiros acabaram nesse dia, numa reunião. Quando pedimos o nome, dizem que vão continuar.

É aí que nasce a Comuna, em 1972...

Num programa da Rádio Renascença, em que damos ao ouvinte a possibilidade de escolher Comuna, Comediantes ou Cómicos. Ficou Comuna.

Como fintavam a censura?

Com duas encenações. Há a forma e o conteúdo. O conjunto forma o espectáculo. Há várias maneiras de fazer um texto. Um censor disse: ‘Esse espectáculo é muito fraquinho’. Foi assim que passou A Ceia [com textos de Gil Vicente, Antero de Quental, Bíblia, Corão...]. Quando perceberam o que era, proibiram-na de sair da sala. Quando veio o 25 de Abril fizemos duas Ceias. Como se engana e a sério.

Como foi o 25 de Abril?

Foi das coisas mais extraordinárias que aconteceram, tanto ao Carlos Paulo como a mim e à Manuela de Freitas. Depois de um ensaio passámos de carro em São Sebastião, no Quartel-General. E vimos muitos soldados. Ficámos a pensar no que estariam ali a fazer à meia-noite. E apercebemo-nos de que no Rádio Clube Português também havia umas coisas muito estranhas. Queríamos perceber o que se passava. Fomos ao Restelo e descobrimos a casa do Américo Tomás, onde vimos uma grande confusão. A dúvida era se era do Kaúlza de Arriaga, da extrema-direita, ou se dos milicianos. Depois estivemos três dias sem ir à cama, fomos a Caxias, ao Carmo, a seguir fomos à PIDE e depois de volta a Caxias até se acabar tudo. Foram três dias maravilhosos. Um milagre, assistimos a tudo.

Quais as maiores mudanças?

Fomos à província conhecer o povo, antes estávamos proibidos de sair de Lisboa. Aturavam-nos ali, éramos os intelectuais. A crítica dizia que [A Ceia] era um espectáculo hermético. Mas o povo gritava e chorava, dizia malandro. Descobrimos coisas maravilhosas nessas campanhas do MFA. Que o povo é um ser pensante e que a consciência política existe. É pena que o Estado tenha mantido na ignorância essas populações.

O que recorda mais destes anos de teatro? 

As nossas tournées, em que entrámos pelo México, Guatemala, Costa Rica, Venezuela, Colômbia, Brasil… As idas a Inglaterra, França, Polónia, Hungria, Jugoslávia. São coisas maravilhosas que ninguém nos tira. Percebemos que quem vai ao teatro são os estrangeiros.

Nunca parou de dar aulas? 

Não. Nunca faltei a uma aula. E nunca faltei a nada da Comuna.

Por que gosta tanta de leccionar? 

A dar aulas aprendo mais do que em qualquer outra coisa.

São muitos os actores que o referem como professor. 

Quase todos foram meus alunos.

Como é saber que formou tantas gerações?

É igual ao prazer que tenho quando estou com os soldados que levei até à 4.ª classe e que fizeram por eles na vida. Há espectáculos que fazemos bem, há outros que fazemos mal. Fico muito contente quando os vejo a fazer coisas bem. Mas o erro faz parte da vida. Há pais e escolas que defendem que é proibido errar. É com o erro que se aprende.

Sempre se assumiu de esquerda mas nunca pertenceu a nenhum partido. 

Ser de esquerda não significa que se tenha que ter um partido. Gostava de ser governado pelas maiores inteligências que há em Portugal. Sejam de que partido forem. Antigamente os chefes eram os que tinham saberes adquiridos.

Não será uma utopia?

Vivi da utopia tornando-a realidade. Por isso é que estou no teatro.

Sonhou com a democracia. Desiludiu-se?

Nunca estou desiludido. É altura de continuarmos a tentar. Temos que modificar as coisas diariamente. Não gosto desta democracia. Mas também não gostei do fascismo nem de nada até hoje.


Há uns meses aceitou o convite para director do Teatro Nacional D. Maria II. Disse que a princípio não pensava aceitar. Porquê?

Estava mais interessado em fazer um projecto com a Comuna chamado Teatro e Comunidade, em Tomar. Estar no Nacional é interessante mas é uma paragem nas coisas que gosto de fazer. Estou reformado do Ensino Superior, nunca pensei ser director. Acabei por aceitar. Está lá o casaco. Quando acabar, pego nele e venho-me embora. Não é uma coisa de missão. Mas antes que fosse para lá um tecnocrata, pensei muito e acabei por dizer que sim.

Porquê?

Mais uma aposta, mais um desafio. Percebi que não ia fazer o projecto Teatro e Comunidade, não havia dinheiro. O secretário de Estado mostrou-me que posso confiar nele (o IVA está nos 13%, não subiu para os 23%). Disse-lhe que faria manifestações no TNDMII, reuniões sobre as coisas que não estão bem. Eles sabem como sou, conhecem-me há quarenta anos da vida pública.

Não o incomodou aceitar um convite de um governo de direita?

O teatro é um serviço público. Senão nem podia ir encenar ao Teatro Nacional. Encenei lá quando Cavaco Silva era primeiro-ministro e até fui condecorado [com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique]. Os encenadores não partidários do governo não podem ir lá [encenar]? Nem os actores? Então e o director? Qual é a diferença?

Um teatro nacional é independente dos governos?

Devia ser. Sempre. Mal do dia em que o teatro seja para a clientela do partido que está no governo. Aí não há teatro, acabou.

As relações entre si e Diogo Infante estão bem?

Falei com ele antes de aceitar. O primeiro telefonema foi para o Diogo. Ele sabe. E disse-me: ‘Ainda bem que foi o João’. Telefonei-lhe antes de ir para uma reunião, em que não sabia o que ia acontecer. Depois telefonei-lhe quando decidi dizer que sim.

Há cada vez menos apoios para o teatro. A Comuna também sofre com isso. Nunca ninguém ficou à porta por falta de dinheiro. É para continuar?

O que é que a gente vai fazer? No outro dia, uma escola foi ver o João Sem Medo ao Nacional. A professora disse que cerca de 30% dos alunos não foram porque os pais não tinham três euros para o bilhete. A escola também não teve dinheiro para pagar e nós, no Nacional, também não. Aqui na Comuna já vivemos de esmolas. Por favor, não vamos deixar na rua quem não tem dinheiro. Estaríamos a criar uma elite, o que vai contra os nossos princípios.

Cumpre este ano 70 anos de vida, 55 de teatro. Vai continuar a trabalhar?

Quando não puder tenho de parar. Até lá… O Manuel de Oliveira sente-se bem. Há quem com 50 anos já se sinta mal. Enquanto a pessoa se sinta bem…

Vai regressar à Comuna?

Regressar? Eu não saí da Comuna. É a minha casa. A peça que estou a encenar no São Luiz é da Comuna. Dizer que saí da Comuna seria mentir.


Vai encenar mais peças para a Comuna enquanto estiver no Nacional?

Não sei. Se pedir talvez me digam que sim. Sempre estive na escola e sempre estive na Comuna. E nunca faltei à Comuna nem à escola. Porque iria faltar ao Teatro Nacional? Mas está cá o Carlos Paulo, o Álvaro e a Rosário. Nunca fiz nada na Comuna, que gira por ela. Sou contra-poder.

Ao fim de 55 anos de teatro ainda tem alguma coisa por fazer?

Há coisas que não faço porque sei que não tenho elencos ou dinheiro. Faz-se outra. Penso é que amanhã estou vivo, se for possível com a cabeça ainda a funcionar bem, e tenho muitas coisas para fazer. Umas bem, outras mal.

Imagina voltar a pôr o nariz do Bão?

Não posso. Tenho uma prótese na perna esquerda, outra na direita. No Bão saltava, brincava, andava de patins. O poder inventivo ainda pode existir, mas o corpo não é o mesmo. Há que saber viver com o corpo que temos.

Mas ainda o vamos ver em palco?

Não tenho tempo. Gerir um teatro é difícil. Tenho medo de estar em cena a pensar noutra coisa. Sou muito exigente com os actores. Tenho de ser exigente comigo. Podia estar em cena e reparar que um projector estava avariado. Não quero que isso me aconteça. É mau sinal.
25 de Abril, 2012
Fotografias de João Francisco Vilhena
por Rita Silva Freire