Saturday 22 January 2011

FOI CARLOS CASTRO QUE PROCUROU RENATO NO FACEBOOK

Crime

Reveladas conversas privadas entre Carlos Castro e Renato Seabra

A dúvida mantinha-se. Os amigos de Carlos Castro afirmam que foi o jovem modelo, Renato Seabra, que quis começar a amizade com o colunista, enviando-lhe um pedido através do Facebook, os amigos e colegas de Renato lembravam que tinha sido Carlos Castro a procurar o jovem.

Mas foi, de facto, Carlos Castro que procurou Renato através da rede social, meses antes do crime, revela hoje uma conversa colocada no perfil de fãs de Renato Seabra no Facebook, e que já prolifera por todos os meios de comunicação social.

É a 9 de Outubro que o colunista envia um pedido de amizade a Renato. O jovem modelo aceita e Carlos Castro escreve “Olá Renato, muito grato e um abraço”. A partir daí a conversa não acaba. No mesmo dia, mas mais tarde, Carlos Castro volta a escrever a Renato, enviando-lhe novamente uma mensagem: “Já sabes, vai falando. Abraços”.

Depois disto, Renato aproveita e pede conselhos a Carlos Castro sobre o mundo da moda: “Olá!! Gostava de falar consigo em relação ao mundo da moda que é novo para mim!! Sendo uma pessoa com experiência quais são as dicas que me dá para vir a crescer nesse mundo?”. E Carlos Castro responde: “Vou ao Porto, ao Portugal Fashion, estás por perto? Acho-te giro e és altíssimo, falamos se quiseres. Um abraço amigo”. Carlos Castro adianta ainda ao jovem que, no Porto, ficará hospedado do hotel Sheraton.

Renato e Carlos encontraram-se no Porto

De acordo com o jornal Sol, Renato terá ido ao Porto e ao hotel onde estava Carlos Castro, levado pela mãe, que esperou no carro enquanto os dois falavam. Mais conversas aconteceram dias depois.

Carlos Castro envia uma mensagem ao jovem, novamente através do Facebook. “Querido, hoje sábado, aqui estou (ainda) no hotel, já tomei o pequeno almoço (pensei em ti muito), é para te mandar ternuras e beijinhos esperando que estejas bem. Está sol no Porto (és tu) e já tenho saudades tuas. Tantas. Pensa bem por ti e para ti em tudo. Quero estimar-te muito beijinhos grandes.”

No mesmo dia, Renato responde à mensagem de Carlos Castro, revelando que também já trocavam mensagens através do telemóvel dizendo: “Como te disse por mensagem também tenho pensado muito em ti... pensei em tudo o que disseste e quero estar contigo!!! Um beijinho grande”.

http://www.destak.pt/artigo/84952

"RENATO ESTÁ PÁLIDO, MUITO MAGRINHO, PARECE UM MENDIGO..."


Em entrevista ao semanário Sol, Odília Pereirinha, mãe de Renato Seabra, recorda a sucessão de acontecimentos dos últimos meses e descreve o estado atual do filho como apático e psicologicamente muito perturbado.

Devastada, a mãe de Renato Seabra revela à jornalista Felícia Cabrita que, no encontro com o filho, não o questionou sobre o crime e que este não falou qualquer palavra sobre o homicídio de Carlos Castro.

«Está pálido, muito magrinho,parece um mendigo», descreve a enfermeira de 53 anos.

«Está em choque, não tem um discurso coerente, tem paragens», evidencia ainda a mãe que garante que essa não é uma «estratégia da defesa» e que o filho «está verdadeiramente afetado psicologicamente».

Odília Pereirinha relembra a alegria do filho quando conheceu Carlos Castro. «Estiveram cerca de duas horas a falar e, quando o Renato voltou, vinha muito feliz», conta evidenciando a crença de mãe e filho de que o cronista iria ajudar o jovem a vencer no mundo da moda.

A mãe de Renato Seabra admite que sabia que Carlos Castro «era gay assumido» mas que, por não ser preconceituosa, não viu «nada de errado» na relação deste com o filho a quem educou também para não ser «preconceituoso». Afirma ainda que Carlos Castro lhe disse que iria ser «o pai que Renato nunca teve».

Como sinais de desconforto na relação entre Renato Seabra e Carlos Castro, Odília Pereirinha refere apenas que o filho se queixara de «luxúria» na vida de Carlos Castro durante uma viagem a Madrid e questionada pela jornalista Felícia Cabrita; «Luxúria como?», relaciona a queixa do filho com idas a restaurantes caros e o contato com famosos.

Na entrevista, Odília Pereirinha volta a contar os últimos telefonemas do filho, que queria regressar de Nova Iorque antes da data prevista argumentando que «nao conseguia respirar».

http://www.lux.iol.pt/nacionais/renato-seabra-felicia-cabrita-sol-carlos-castro-mae-odilia-pereirinha/1227525-4996.html

Friday 21 January 2011

PAI DE RENATO EM NOVA IORQUE PARA APOIAR O FILHO

Família continua a queixar-se da falta de apoio

Pouco se tem falado no pai do modelo Renato Seabra, 21 anos, detido no Bellevue Hospital, em Nova Iorque, suspeito do homicídio do cronista Carlos Castro. Mas o enfermeiro, que se divorciou da mãe de Renato quando este tinha quatro anos, também já voou para os Estados Unidos para apoiar o filho.

O modelo de 21 anos, suspeito do homicídio do cronista Carlos Castro, continua detido no Bellevue Hospital (Foto: Reuters)

"Uns dias depois de a mãe do Renato ter chegado a Nova Iorque, o pai viajou para lá e ainda está lá a acompanhá-lo", adiantou ontem ao PÚBLICO José Malta, cunhado do modelo.

O familiar explicou que o jovem praticamente deixou de ter contacto pessoal com o pai quando este se divorciou da mãe e começou uma vida nova no Algarve, onde vive com a actual família. "Mas com a participação de Renato num programa da SIC houve uma reaproximação e, no contexto actual, o pai decidiu ir vê-lo", conta José Malta.

A família continua a queixar-se da falta de apoio das autoridades portuguesas e norte-americanas, nomeadamente ao nível da informação, e prepara-se para avançar com uma iniciativa que visa arrecadar fundos para ajudar a pagar a defesa do jovem modelo. "Provavelmente no fim-de-semana, vamos anunciar a solução para conseguir algum apoio", refere o cunhado de Renato, que garante que a defesa do modelo "fica muito cara". Sem saber avançar um montante total, José Malta precisa que no consulado português os informaram de que só um tradutor custa cerca de 100 euros a hora.

O advogado do modelo, David Touger, não adianta pormenores sobre os seus honorários nem as custas judiciais nos Estados Unidos. Contactado ontem pelo PÚBLICO, o representante limitou-se a dizer que Renato planeia uma "defesa rigorosa" e repetiu que "ninguém se deve precipitar a tirar conclusões nesta altura, porque nem todos os factos são conhecidos pelo público".

Para o psicólogo clínico Paulo Sargento, professor na Universidade Lusófona, "é muito provável" que este crime tenha sido a primeira manifestação de uma patologia ligada à esquizofrenia. "O comum é a primeira descompensação ocorrer entre os 20 e os 30 anos. Normalmente associada à saída do núcleo familiar e a factores de stress", diz Sargento. O psicólogo clínico acredita que a defesa irá tentar invocar a inimputabilidade do jovem durante o acto (falta de consciência da ilicitude das suas acções) ou, pelo menos, a imputabilidade diminuída (há a consciência do acto, mas uma patologia não lhe permitiu agir de acordo com ela).

Este crime tem provocado várias reacções homofóbicas, uma situação que preocupa a ILGA Portugal, uma associação que promove os direitos dos homossexuais. O presidente da ILGA, Paulo Côrte-Real, alerta os órgãos de comunicação para estarem atentos ao conteúdo dos comentários online dos leitores, de forma a triá-los, e admite medidas adicionais após uma recolha dos comentários. "Alguns podem mesmo configurar um crime", diz Côrte-Real. A Procuradoria-Geral da República adianta, contudo, que "até agora não foi instaurado qualquer inquérito".

http://www.publico.pt/Sociedade/pai-de-renato-seabra-em-nova-iorque-para-apoiar-o-filho_1476187

EXTRADIÇÃO DE RENATO



Extradição de Renato Seabra

"Mãe, preciso muito de ti, preciso muito de ti".

(Ver notícia completa no Jornal SOL)


PRECISA DE NÓS TAMBÉM!

Petição Pública

Fez asneira. Acabou com a vida de uma pessoa. Ninguém tem o direito de matar. No entanto, quem o conhece sabe que, numa situação de estado mental normal, o Renato não faria o que fez. Sob extrema pressão, algo fez despoletar uma crise que o levou a cometer aquele acto horrível que todos conhecemos e que a comunicação social não se cansa de expor...

Se tomarmos atenção a certos pormenores, mesmo no terrível dia do crime, e todo este processo demorado, toda esta "guarda" médica que o mantém detido no Hospital são sinais claros de que o Renato precisa de ajuda. Por Justiça, deve ser-lhe dada uma pena pelo que fez. Por caridade para com uma pessoa jovem, sem quaisquer antecedentes de rebeldia e violência e, neste momento, altamente vulnerável, deve ser proporcionada ajuda adequada, nomeadamente no que respeita à sua saúde mental.

É evidente que o seu estado mental não é dos melhores. Não está são. Se estivesse, não estaria há tantos dias sem alta do corpo médico do Hospital onde se encontra.

Está doente. Doente mental. Não, a doença mental não é - já foi! - aquele bicho que faz as pessoas serem "malucas", que devem ser quase que enjauladas, que fazia as pessoas verem os doentes mentais como "possuídos por demónios", perigosas, que devem ser afastadas e isoladas da sociedade.

É certo que determinados doentes mentais são perigosos. Mas para isso são tratados. Em sítios onde possam estar controlados e viver com alguma "normalidade"...

Mas... qual é o dever DE QUALQUER PESSOA para com os doentes? Seja para com os doentes mentais, com doentes oncológicos, terminais, seja para com doentes cardíacos ou apenas para com partiu uma perna? Não precisam TODOS ELES da nossa ajuda?

Agora....será que um jovem consegue superar e até tratar esta perturbação numa prisão norte-americana, longe da sua terra, dos seus costumes, da sua família?

É assim que queremos ajudar uma pessoa doente? Que sofre neste momento, não só por ter percebido a monstruosidade que fez, num momento de insanidade, mas por se ver nas condições em que se encontra e pensando no futuro que vai ter (ou não...)?

É assim que tratamos um filho da nossa terra?

Mesmo que seja condenado a prisão perpétua pela morte do cronista Carlos Castro, o Renato poderá vir a cumprir pena em Portugal. O país já recebeu portugueses a quem os Estados Unidos ditaram tal sentença, reduzindo-a para 20 e poucos anos.

Seria também uma forma de atenuar o sofrimento da familia. Nenhuma mãe deve estar separada do seu filho. Um cidadão português não deve estar preso longe do seu país e dos seus costumes.

Esperamos que no próximo dia 1 de Fevereiro, pelo menos 12 elementos do júri decidam que não existem provas suficiente para julgamento. Caso não aconteça, solicitemos às autoridades competentes a extradição do Renato para o seu país de origem e aqui cumprir justa pena.
(Trecho final do post adaptado do texto que faz parte da Petição Pública)

Se concorda, por caridade, assine a petição, clique aqui.

E mais uma vez peço orações por ele.

Virgem Santíssima, Refúgio dos Pecadores, rogai por nós!

http://saudedalma.blogspot.com/2011/01/extradicao-de-renato-seabra.html

ENTREVISTA COM O TIO DE RENATO



Mãe vende tudo para pagar a defesa de Renato Seabra

A mãe de Renato Seabra, autor confesso do homicídio de Carlos Castro, está a desfazer-se dos bens, incluindo a casa e os que resultarem de uma herança familiar, para financiar a defesa do filho. A moradia de Odília Pereirinha, no centro de Cantanhede, já exibia ontem uma placa com a indicação "vende-se".

José Malta, cunhado do manequim e porta-voz da família, confirmou ao CM que a casa se encontra à venda para fazer face aos custos com o processo, que são muito elevados. "Na ordem das centenas de milhar de dólares. Só com um tradutor ascendem a cem dolares/hora", diz. O julgamento nunca custará menos de 75 mil euros.

A moradia, com quatro quartos, poderá render entre 150 a 175 mil euros, segundo fontes do ramo imobiliário. Mas esta verba não será suficiente para pagar a defesa de Renato Seabra e suportar a estadia de familiares nos EUA, pelo que Odília Pereirinha vai vender também o património que receber de herança. Segundo a sua advogada, Paula Fernandes, a mãe do jovem "está a reunir-se com a família para ver o que pode ser feito, porque há uma herança ainda para partilhar".

Heleno Pereirinha, tio de Renato, residente em Canas de Senhorim, está disposto a ajudar: "A minha irmã vai gastar até ao último cêntimo para nada faltar ao Renato. Mas não é só ela. Também o resto da família está disposta a vender bens para ajudar. Temos aqui um apartamento e se for necessário vamos vendê-lo."

A família, ligada há muitos anos à ourivesaria, pondera ainda a hipótese de se mudar para os EUA e aí abrir um negócio. "Tudo é possível. O importante é encontrar fontes de rendimento alternativas, porque adivinha-se um processo judicial muito demorado e oneroso", diz Heleno Pereirinha.

A família está "a fazer todas as diligências", segundo a advogada, para reunir apoios. A abertura de uma conta de solidariedade é uma das formas de financiamento. Os pormenores estão a ser tratados, diz José Malta, que espera poder divulgar a conta nos próximos dias. A família vai criar um site para divulgar os custos do processo.

"RENATO FARTOU-SE DE SER PRISIONEIRO E EXPLODIU" (Heleno Pereirinha, 46 anos, tio de Renato Seabra)

Correio da Manhã - Quando soube do crime confesso do seu sobrinho o que é que lhe veio à cabeça?

- Lembrei-me logo da cadeira eléctrica, foi terrível. Andei muitas horas sem saber o que fazer, até conseguir falar com a minha irmã.

- O que levou o Renato a cometer o homicídio?

- Pois essa é a pergunta que todos fazem e ninguém consegue responder. Nem ele. Ele não devia estar a aguentar aquela vida de prisioneiro - não o deixavam sair do quarto, não lhe davam espaço, o luxo. Fartou-se da prisão até explodir de raiva. O Renato era uma pessoa inofensiva, incapaz que fazer mal a ninguém. Algo de muito grave aconteceu e ele passou-se.

- Isto está a ser um pesadelo para a sua irmã ...

- Só nós é que sabemos o que estamos a sofrer. A minha irmã é muito forte, uma lutadora, mas sempre foi mãe-galinha. A nós tenta não o mostrar, mas está destruída por dentro. Acho que pior coisa não lhe podia ter acontecido.

- Como foi o encontro dos dois?

- Impressionante. O Renato estava apático mas quando a viu deu-lhe um abraço tão forte que lhe transmitiu muita energia para enfrentar o futuro. Ele disse-lhe que nos amava a todos.

- Alguma vez o Renato lhe falou que era amigo de Carlos Castro e que ia com ele para os EUA?

- Não, nunca me falou nesse homem. Eu sinceramente não o conhecia porque não lia revistas do social. Ele disse-me que nos últimos tempos conheceu muita gente ligada à moda mas não me falou de ninguém em especial. Sabia que ia para os EUA mas em trabalho.

- O seu sobrinho é homossexual?

- Ponto prévio. Eu tanto gosto dele como sendo homossexual ou heterosexual. Mas julgo que ele gosta é de mulheres.

- Acha possível que o Renato querendo fazer carreira como modelo e sabendo que Carlos Gastro o podia ajudar, viveu uma vida dupla. Ou seja, fingiu ser gay só para agradar ao cronista e assim ter contrapartidas profissionais?

- [longo silêncio] Acho que não. O Renato era muito sincero e tinha uma vida clara. Para fazer isso tinha que ser um bom actor.

- Quando foi a última vez que esteve com o Renato?

- Três dias antes de viajar. Fomos a Cantanhede passar o Natal em casa da minha irmã e convivemos muito. Corremos e à noite fomos à discoteca Três Pinheiros [na Mealhada]. A última imagem que eu guardo dele é ele a dançar na pista agarrado a uma miúda. Estava muito feliz [não consegue segurar as lágrimas].

- O que esperam do processo judicial?

- Antes de mais ele é inocente até ser considerado culpado ...

- ... mas confessou?

- Confessou quando estava sob sedativos. Deram-lhe anestesia e depois é que lhe conseguiram a confissão. Se ele realmente cometeu o crime vai ter que ser castigado mas que o seja aqui, em Portugal.

- Vão tentar a extradição?
- Pelo que já li vai ser dificil mas vamos tentar tudo para que o Renato fique o mais próximo da família.

- A sua mãe, avó do Renato, tem 76 anos e é uma mulher doente. Contaram-lhe o que aconteceu com o Renato?

- Sim, o essencial. Doeu-me muito quando ela me disse que quando o Renato vier vai explicar tudo. Só em pensar que o Renato pode não voltar! .... [Quando o CM chegou a casa dos Pereirinha, em Canas de Senhorim, encontrou a avó do Renato a rezar o terço e começou a chorar].

- Continuam com queixas da falta de apoio por parte das autoridades portuguesas em Nova Iorque?

- Segundo a minha irmã o apoio foi muito pouco para não dizer nulo. Estas coisas podem acontecer em qualquer família e, por mais trágico que seja, todas os cidadãos devem ser apoiados fora do seu País. A minha irmã valeu-se de pessoas amigas. Se não fossem elas não sei como seria a vida dela em Nova Iorque.

- Quando voltar a ver o Renato o que lhe vai dizer?

- Tenho que o ir visitar rapidamente. Vou olhá-lo olhos-nos-olhos e dizer-lhe que estou com ele, que lhe vou dar força ... Sem fazer perguntas.

PORMENORES

ESTÁ A TRABALHAR

Odília Pereirinha voltou ao trabalho no Centro de Saúde de Cantanhede, onde é enfermeira. Ontem esteve de serviço durante a manhã.

DESORIENTADA

Segundo a advogada Paula Fernandes, a mãe de Renato Seabra está "extremamente abalada" e "desorientada".

AVÓ A REZAR

Rosa Freire, de 76 anos, avó do modelo, está "arrasada" e passa os dias a rezar o terço. "Trazem notícias do meu netinho?", pergunta.

IRMÃS REPUDIAM MONTEZ

As irmãs de Carlos Castro repudiaram ontem, em comunicado, "todos os actos e afirmações" de Cláudio Montez, amigo de Castro.

21-01-2011

http://www.vidas.xl.pt/noticia.aspx?channelId=83c1118f-0a09-426d-88d0-7a0980df951a&contentId=0b4e168c-9054-469d-af7a-5012d190b948



http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/odilia-vende-tudo-para-pagar-a-defesa-de-renato-seabra

AS VIAGENS DE RENATO COM CARLOS CASTRO


A pretexto de castings e desfiles que Carlos Castro arranjou a Renato Seabra, o jovem passou a fazer pequenas viagens para Lisboa e para o estrangeiro. Os pagamentos dos trabalhos que nunca foram superiores a 1100 euros, entraram na conta de Renato por cheque ou transferências bancárias da conta do cronista.


«Ele sempre nos falou desses pagamentos e há mesmo fotos dele num casting para promover boxers da Marvel. Ele sabia que a vida de modelo é temporário e estava a apostar», explica Joana Seabra, irmã do jovem..

Nova Iorque seria a grande oportunidade

Veio o Natal e Castro, que sempre quis estar nas boas graças da mãe do jovem, ligou a Odília para desejar Boas Festas. A seguir, partiriam para Nova Iorque - a primeira grande viagem que faziam juntos. Antes, já tinham passado fins-de-semana - em meados de Novembro em Londres, e no início de Dezembro, em Madrid. «Sei que em Londres foram ver o Fantasma da Ópera, que o Carlos já tinha visto dezenas de vezes, mas o Renato queria ver. O Carlos não era rico, queria apenas proporcionar-lhe prazer e as coisas boas da vida», assegura Eládio.

Para Joana, a ida a Nova Iorque era mais uma oportunidade para o irmão: «Era suposto passarem o ano com uns amigos do senhor Castro e ficarem mais uma semana, para ele o apresentar a algumas agências». Tinham regresso marcado para 15 de Janeiro (a tempo de Renato cumprir as suas obrigações na campanha presidencial de Cavaco Silva, da qual é mandatário da juventude em Cantanhede).

Os amigos contam que Carlos Castro, um habitué de Nova Iorque, desta vez pouco esteve com eles, evitando-os. Mas, nas mensagens que enviou aos amigos dizia-se sempre muito apaixonado, assegurando que estava tudo a correr bem. Com Renato, foi ver a equipa dos Nicks numa partida de basquetebol, o musical Spider-Man e o filme O cisne negro. «Ele disse-me que também andavam a fazer muitas compras. Pareceu-me estar muito bem, muito entretido e feliz. Por isso, não insisti para nos encontrarmos, como era habitual», confessa um dos amigos de Castro em Nova Iorque.

Já Loris Diran, designer de moda na cidade norte-americana, estranhou quando soube que o amigo de há mais de dez anos estava lá e não o contactara. «Era um homem simples, nada glamouroso. Via-o como um senhor simpático, mais velho, que gostava muito de ir a cabarets e a clubes gay», recorda. «Mas sempre senti que ele ficava deslocado. Junto dos homossexuais americanos, sempre muito atléticos, ele era muito diferente. E parecia sentir-se estranho naqueles ambientes, até porque ali ninguém o conhecia e ele falava mal inglês. Mesmo assim gostava de estar ali, daquela cultura gay».

O designer estranha ainda mais o facto de Carlos ter ido jantar ao Polino s - um restaurante muito na moda em Nova Iorque e onde terá ocorrido a primeira de várias discussões com Renato - e nem lhe ter ligado nessa altura. «Esse restaurante fica mesmo ao pé da minha loja. Algo ali correu muito mal», assevera. «Mas isto acontece muito no mundo da moda: uma pessoa mais velha que de algum modo tem poder e troca-o por beleza. São casos que nunca terminam bem».

Carlos Castro, de facto, sentia-se atraído por homens mais novos. E por vezes só os alcançava pagando. Algumas testemunhas do processo Casa Pia conheceram-no adolescentes, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, por onde costumava deambular.

Na véspera do ano novo, Renato passou o dia no computador, a enviar mensagens pelo Facebook, dizendo-se ansioso por voltar a Portugal. Às 23h57, tem a atenção em Catarina Sousa: «Olá!! Tudo bem? Quando é que marcamos outra noite de dança todos juntos outra vez? Desejo-te boas entradas. Beijinhos». E no primeiro dia de 2011 acorda cedo e retoma a conversa com ela às dez da manhã: «És muito fotogénica nas fotos!! Olha, pedi o teu número de telemóvel às tuas amigas. Mas diz-me tu, para confirmar».

(versão alterada)

16 de Janeiro, 2011Por Felícia Cabrita com Raquel Carrilho

felicia.cabrita@sol.pt com raquel.carrilho@sol.pt


ENTREVISTA COM A MÃE DE RENATO


Renato Seabra: 'Mãe, preciso muito de ti'

Odília Pereirinha caminha como um sonâmbulo, como se a qualquer passo pudesse cair na realidade, que evita. Sabe que perdeu o filho, Renato Seabra - ou melhor, que o filho se perdeu dele próprio e nunca voltará a ser o mesmo.

Em entrevista ao SOL, a enfermeira, de 53 anos, recorda a rápida sucessão de acontecimentos dos últimos meses. Quando saiu de Portugal na companhia de Carlos Castro, Renato ia embalado pela convicção de que em Nova Iorque realizaria o seu sonho na moda. Algo que começou por não agradar a Odília, que cresceu numa família humilde e se habituou a lidar com a vida sem ilusões. Também muito jovem tropeçou no seu sonho e fez tudo para o cumprir: chegou a enfermeira e especializou-se em obstetrícia. Já trouxe mais de três centenas de crianças ao mundo e agora não sabe qual a sorte da sua. No dia 1 de Fevereiro, Renato Freitas será presente ao Supremo Tribunal de Manhattan. Depois, os jurados decidirão entre a pena perpétua ou uma menos pesada.

Ao longo da conversa, por vezes cala-se. Defende-se, tentando cumprir a ordem do advogado americano, de silêncio na comunicação social. Mas conta os telefonemas do filho, o pedido de ajuda que este lhe fez antes da morte de Carlos Castro e como até já lhe tinha marcado viagem de regresso a Portugal, para esse mesmo dia.

Para pagar a defesa do filho, Odília vai desfazer-se do pouco que conseguiu conquistar: a casa, o carro, o que houver. Não lê jornais, muito menos vê televisão, para evitar regressar ao dia em que a notícia de que Renato era o autor do homicídio de Carlos Castro pintou a negro os seus dias.

Como reagiu o Renato quando a viu?

Abraçou-se a mim e só dizia: «Mãe, preciso muito de ti, preciso muito de ti». Repetiu isso várias vezes. Está em choque, não tem um discurso coerente, tem paragens. Está pálido, muito magrinho, parece um mendigo.

Perguntou-lhe o que se passou?

Não. Se quisesse falar, ele falava. Eu apenas o abracei muito. Ele precisava de sentir que a mãe, que sempre lhe deu tanto amor, carinho e segurança, estava ali com ele.

Estava ferido?

Tem uns ferimentos profundos nos pulsos. Não foi cosido mas tem o tecido morto à volta dos golpes, devido ao tempo que esteve sem assistência.

Tentou suicidar-se?

Não sei, ele não me disse.

Como é o hospital?

O Renato está numa cadeia dentro do hospital. É horrível, é de uma desumanização atroz. No dia 10, fui lá acompanhada pelo advogado e por um amigo, mas só deixaram entrar o advogado porque a visita dos familiares tem dias determinados. Inclusivamente, na primeira vez, fui ao terminal dos utentes e não aparecia o nome do Renato. Cheguei a Nova Iorque no dia 8. O cônsul, António Pinheiro, recebeu-me na segunda-feira de manhã, mas não me deu a ajuda de que precisava, que era porem-me em contacto com o meu filho e levarem-me ao hospital. A preocupação dele era o que é que eu ia dizer à imprensa, que estava à porta. Ora, uma pessoa que fala mal inglês e não conhece rigorosamente nada em Nova Iorque, como eu, precisava de outra ajuda. Foram horas de muito sofrimento. Não há palavras. Estou a viver um pesadelo, assustador.

Contactou a Polícia?

Não, os meus amigos já tinham feito diligências para encontrar um advogado e foi ele que me pôs em contacto com o Renato.

Por que voltou logo para Portugal?

Tenho de voltar a trabalhar. E vou ter de vender a casa e o carro, para ter recursos financeiros para salvar o meu filho. As quantias são exorbitantes e os prazos são curtos.

Em pequeno, o que é que o Renato queria ser?

Ele desde sempre gostou de desporto. É um atleta: pratica basquete, andebol, futebol, natação, ténis, voleibol. Quando fez o 12.º ano, eu queria muito que ele fizesse antes ciências farmacêuticas, mas ele dizia que, para estar feliz, tinha de estar ligado ao desporto e daí ter tirado ciências do desporto. Tinha laços de grande afectividade e amor com a família - não do pai, porque o pai foi para o Algarve e abandonou-o com cinco anos, estava ele na segunda classe. Mas ele cresceu feliz porque sempre fui uma mãe muito presente, sempre fiz o possível e o impossível pelos meus filhos.

Como nasceu o desejo de ser modelo?

Penso que nasce do convite dos Esticadinhos, o grupo folclórico da terra, que uma vez por ano organizava desfiles com as casas comerciais de Cantanhede. Tanto as lojas, como o público e os colegas, achavam-no bonito e com aptidão para fazer passagens. Em Julho do ano passado, fiquei muito surpreendida quando ele me disse que se tinha inscrito no programa À procura de um sonho [da SIC, para encontrar jovens modelos]. Na altura, não gostei porque era um mundo que não me dizia nada, muito promíscuo. A 5 de Julho, contactaram-no para o casting e eu fui com ele ao Porto e a todas as eliminatórias. Quando vi aquela multidão de jovens, uns seis mil, nunca pensei que ele fosse seleccionado. Aquilo era stressante e ele vinha magro, mas via a felicidade estampada nos olhos dele. Aí, fiz as t-shirts e os cartazes, e dei-lhe todo o apoio que ele precisou até à final.

O Renato chegou a ir a castings da Fátima Lopes?

Sim, mas foram em vão. Chegava triste e desapontado a casa porque eram muitos jovens. Ele tinha noção de que seria muito difícil vencer no mundo da moda.

Leia a restante entrevista a Odília Pereirinha na edição em papel do SOL

21 de Janeiro, 2011Por Felícia Cabrita

felicia.cabrita@sol.pt

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=9725

LONDON "GAY" MASSES

Condom company advertises London’s diocesan-approved ‘gay Masses’ THIS IS NOT CATHOLIC

(LifeSiteNews.com) – One of the world’s leading condom manufacturers advertised a Catholic Mass offered in December by a group of homosexualist activists at a Catholic parish in London. The boost from the Durex company came as officials of the archdiocese of Westminster continue to maintain that the so-called Soho Masses for homosexuals are merely to help “welcome” persons with homosexual inclinations who want to live according to the Catholic Church’s sexual teachings.

On the company’s website, Durex, which manufactures about a quarter of the world’s condoms, invited customers to attend the “annual World AIDS Mass” on December 5th, hosted by the Soho Masses Pastoral Council (SMPC), a group that negotiated in 2007 with the archdiocese for the use of the parish of Our Lady of the Assumption in Soho.

“Masses, at which LGBT Catholics are particularly welcomed” are held at the historic parish twice a month, according to the SMPC website.

A group of Catholics who hold to the Church’s teaching regularly hold prayer vigils outside the parish and have asked for years that the archdiocese shut the “gay Masses” down. Daphne McLeod of the group Pro Eccleisae et Pontifice has told LSN that dossiers of information demonstrating the anti-Catholic intentions of the Mass organizers have been regularly sent to relevant dicasteries at the Vatican, to no avail.

Despite years of protests and letters, the Soho Masses appear to be completely accepted by the officials of the Westminster Archdiocese. A regular at the Masses is Mgr. Seamus O’Boyle, the Vicar General of the archdiocese of Westminster, who last celebrated Mass for the group on December 20, 2010. In a letter to protesters this summer, Archbishop Vincent Nichols said that O’Boyle had full responsibility for the Masses.

The Masses were an initiative of the former cardinal archbishop of Westminster, Cormac Murphy O’Connor, who asked his then-auxiliary bishop, Bernard Longley, to arrange with the SMPC to given them the use of a London parish church.

Despite the widely disseminated defiance of Catholic moral teaching published on the internet by SMPC organizers, Longley, now archbishop of Birmingham, said in a December interview with the liberal Catholic magazine The Tablet, that “I assume” that the Catholic opponents of the Masses are merely acting out of prejudice.

While Longley declined to respond to LSN’s request for a clarification, he told The Tablet, “it isn’t for any of us to make those judgments which, in conscience, people make before God and also within the sacraments, particularly the sacrament of reconciliation assisted by the priests and other pastors within the Church.”

Archbishop Vincent Nichols stated in a letter this year to one of the protesters that the Masses are “supported by Catholics who are, by their own description, of a homosexual orientation. It is a proper attempt to draw these people into the life of a parish and the life of the Church.”

Nichols concluded the letter, “May I gently suggest that you might pray for all who struggle to be part of the Catholic Church and conform their lives accordingly.”

It is an open secret, however, that the SMPC opposes Catholic teaching on sexuality. The group annually hosts a stall at the London “Gay Pride” event and promotes it in their newsletter. At this year’s “Sunday after Pride” Mass, held the day after the rally, a rainbow flag was draped over the altar during the Mass.

One of the SMPC organizers, Terrence Weldon, who helps organize the Masses, maintains a blog called “Queering the Church.” After the Tablet interview, Weldon praised Longley, commenting, “The rule-book Catholics are apoplectic.”

Catholic author and columnist, Dr. William Oddie, writing for the Catholic Herald in July last year on the ongoing scandal, said, “It is now clear beyond peradventure that those who attend the Masses are nearly all what the archdiocese calls ‘non-celibate gay people’ who intend to continue to defy Catholic teaching.”

Oddie commented, “Can it ever be right to describe as ‘pastoral care’ a consistent uncritical support for a ‘lifestyle’ which the Church teaches is gravely sinful?”

Posted by Trent on January 20, 2011, 7:52 am

by Hilary White

http://members7.boardhost.com/TrueCatholic/msg/1295470338.html

EX INSPECTOR DA PJ FALA SOBRE RENATO


Ex-inspector da PJ: "Nos crimes entre homossexuais, há quase sempre repugnância pela relação"

O ex-inspector da PJ fala de padrões neste tipo de homicídios: uma grande diferença de idades e objectos cortantes usados como arma para prolongar o sofrimento

Uma vez ia a passar numa feira e um cigano tocou-lhe no ombro:"Então não me conhece?" Chamou a família toda e disse:"Foi este o homem que me prendeu! Mas foi bem feito, foi bem feito." Outro homicida, depois de cumprir pena, foi à Gomes Freire e abraçou-o Pedro Azevedo.
Poucos saberão tanto de homicídios como ele. António Teixeira saiu há três meses da Polícia Judiciária, depois de passar 33 anos na Brigada de Homicídios. Aos 57 anos, dedica-se agora ao voluntariado, na Cercica - uma instituição de apoio a crianças deficientes, no concelho de Cascais -, mas "o bichinho" da investigação ainda anda lá dentro. Da mesma forma que não resiste a ligar aos colegas para saber pormenores de alguns crimes, os amigos não resistem a vê-lo como inspector e a perguntar-lhe teorias sobre casos tão mediáticos como o do homicídio de Carlos Castro. Investigou "montanhas" de casos semelhantes. Num deles, a simples forma como o corpo da vítima tinha sido cortado - do pénis para a região toráxica - permitiu-lhe suspeitar da motivação do crime. A experiência diz-lhe que os mortos falam e os padrões repetem-se.

Saiu há pouco mais de três meses da Polícia Judiciária. Já sentiu pena de não estar na investigação de determinado homicídio?

É-se uma vez inspector, nunca mais se deixa de ser. O bichinho anda cá dentro. Cada vez que ouço a notícia de um homicídio penso logo o que terá acontecido e confesso que muitas vezes não resisto à tentação de ligar para um colega a perguntar pormenores. De vez em quando ainda vou lá. Quando se tem uma profissão destas ela vai connosco para casa, durante 24 horas, e para lá da reforma.

Quando ouviu a notícia do homicídio de Carlos Castro "construiu" logo uma tese para o que aconteceu naquele quarto de hotel?

É inevitável, ainda para mais sendo um caso tão mediático. Caímos é com muita facilidade em estereótipos, porque não fazendo parte da investigação, fazemos o retrato a partir de padrões que conhecemos e que tendem a repetir-se.

Os homicídios que envolvem homossexualidade são ou não mais violentos?

São, geralmente, muito violentos e sangrentos, o que tem a ver com a não premeditação e também com a arma usada no crime. Mas atenção, os homicídios cometidos no âmbito de uma relação heterossexual, que têm por base um ciúme doentio e não são preparados, também têm uma grande carga de violência. Não considero que haja um homicídio especial só porque há ali uma relação homossexual, mas a verdade é que há características transversais a todos os que investiguei do género.

Que características-padrão são essas?

Estamos normalmente a falar de indivíduos mais velhos com algum poder económico e que se relacionam com outros muito jovens: em 80% dos casos a diferença de idades é enorme. A arma utilizada é geralmente o que está à mão, porque a maioria destes homicídios não é premeditada. Há ali um momento em que a coisa estala, em que uma ameaça ou uma discussão provoca um arrebatamento. Na maior parte dos casos, a morte é infligida através de um objecto contudente ou cortante ou, até, pelas próprias mãos.

Raramente são mortes com tiros?

Matar com um tiro não tem o mesmo significado que apertar o pescoço, esganar ou asfixiar. Há ali uma vontade de matar com as próprias mãos. Uma pessoa dá um tiro a outra e já está. Quando usa as mãos ou uma faca está a prolongar a agonia e o sofrimento da vítima. Estes métodos, tal como a castração ou o desfiguramento, revelam normalmente que o crime teve implicações sexuais.

Porquê? Porque o agressor, sendo mais novo, ainda tem dúvidas sobre a sexualidade?

Muitas vezes sim: têm pouca experiência e a sexualidade ainda anda ali a flutuar. Outras vezes porque se se sujeitam a ir contra a sua sexualidade para atingir determinados fins ou a troco de qualquer coisa e há um momento em que isso os revolta e os repugna. Há ainda os que têm uma vida dupla e, a certa altura, se sentem ameaçados.

Ou seja, ter uma relação heterossexual a par da homossexual não é assim tão raro.

Quase sempre têm. Por isso, saber que o agressor tinha namoradas, por si só não o iliba da culpa nem desvenda que tipo de relação teria com a vítima. Lembro-me de um caso impressionante, no início da década de 90. Um homem tinha uma relação com um "protegido" e esse protegido, mais novo, tinha uma namorada. Um dia o mais velho ameaçou deixar a relação e contar tudo à família do jovem e ele não suportou. Pegou-lhe fogo, cortou-o em pedaços, colocou-o dentro de uma mala e atirou-o para um café abandonado, junto à Fonte Luminosa, em Lisboa.

Os homicídios a envolver homossexualidade são frequentes?

Posso citar montanhas de casos: o do dono do Trumps; o do Castanheira, que era jornalista da Bola e foi morto e assaltado em casa; o de um ourives; o de um professor que foi morto com 60 e tal facadas. Antigamente falávamos dos "afilhados" ou "protegidos": homens mais velhos alugavam-lhes um quarto numa pensão e depois levavam-os a sítios da praxe - como o Montecarlo ou outro ali ao pé do Coliseu. Eram sítios onde já era um ritual os padrinhos mostrarem as suas conquistas.

Há algum caso do género que o tenha impressionado mais?

Um no Bombarral, um dos primeiros que investiguei com estes contornos.

Encontrámos o morto num campo, junto a um poço, despido da cintura para baixo, com a região abdominal toda aberta e um golpe que vinha do pénis até cá acima, à região toráxica. Passámos lá umas semanas a investigar, à procura de inimigos, e nada. E aquele golpe não me saía da cabeça, porque o normal é os ataques serem frontais e não uma pessoa baixar-se para matar.

Era um homicídio motivado por uma relação homossexual.

Descobri um rapazinho, a quem chamavam Marco Paulo, porque tinha o cabelo encaracolado como o cantor, que mantinha uma relação homossexual com a vítima: soube que o outro falou da relação deles a alguém e como não queria admitir o caso não suportou e matou-o. Naquele dia, estava a fazer-lhe sexo oral junto ao poço, tirou uma faca do bolso e espetou-a de baixo para cima. O miúdo de 19 anos tinha muitas namoradas, ia para os bailes, dançava e dava beijos mas não concretizava mais do que isso. Nesse mesmo ano, teve a sua primeira experiência sexual: um rapaz que vivia em França tinha ido ali passar dois três dias, com mais duas miúdas. No meio de festa e copos, esse rapaz penetrou-o. O Marco Paulo reparou que gostou mas, como tinha sido a primeira vez, tinha dúvidas e não queria assumi-lo. O segundo relacionamento foi com a vítima, um agricultor mais velho e abastado que lhe dava algum dinheiro para ele comprar roupas.

E casos em que é o mais velho a matar o mais novo, não existem?

Lembro-me apenas de um caso.

Mas não seria mais normal ser o mais velho a sentir ciúmes do mais novo?

Regra geral, introduz-se estes casos no campo dos crimes passionais - que de paixão não têm nada, mas é esse o termo. Resultam de uma lógica de paixões, de um sentimento que de repente estala motivado por discussões ou medo. Mas estes crimes não são sempre cometidos por ciúmes. Há uma pequena franja de casos em que o homicida visa apoderar-se dos bens e esses são geralmente premeditados. Os restantes são quase sempre por uma revolta. Daí a grande carga de violência: nos crimes a envolver homossexualidade há quase sempre no final um sentimento de repugnância pela própria relação. O homicida sente que há ali uma mácula na sua virilidade que não quer assumir: ou porque vai contra a sua opção sexual ou porque aquela é a sua opção sexual mas não o admite.

A maior violência também pode ser explicada por se tratar de dois homens? É uma questão de força física?

Também pode influenciar: a mulher deixa-se dominar mais facilmente, o homem reage.

A castração, por sua vez, é mais usada nos casos em que é a mulher a matar o homem.

Sim, no caso dos homossexuais é mais frequente encontrar objectos no ânus do que a castração de testículos. Mas, no fundo, os dois actos simbolizam o mesmo.

No caso do Bombarral, um simples golpe fê-lo suspeitar da motivação do crime. O método é suficiente para perceber quem pode ter sido o assassino?

Quando chegamos ao local não temos nada e temos de construir aquela pessoa: os ódios, as amizades, as inimizades. Temos de perceber desde logo se desapareceu alguma coisa, porque isso pode dar o motivo.

E os pormenores das lesões também podem contar a história do homicídio?

Claro, por isso é que se diz muitas vezes que o morto fala connosco. Até a própria colocação do cadáver fala por si. Tive o caso de um homem que matou uma vizinha porque estava loucamente apaixonado e ela não lhe ligava nenhuma. Como não encontravam o corpo ele enviou um bilhete anónimo a dizer para procurarem no sítio tal. Ele tinha amor por ela, achava que ela merecia ser encontrada e não ficar abandonada ali. Foi o bilhete que nos levou a ele. Todos os actos têm significados. O queimar, o desfigurar, o desaparecimento do cadáver indiciam que há um relacionamento muito próximo entre o autor do crime e a vítima.

Os 33 anos de experiência na Brigada de Homicídios permitem-lhe perceber o que vai na cabeça de um rapaz como o Renato Seabra para cometer este crime?

É sempre especulativo dizer o que ia na cabeça daquele miúdo. O que se pode é fazer a comparação com outros casos semelhantes em que também houve uma violência excessiva. É comum na maior destes casos o homicida não aceitar a homossexualidade. Com o devido desconto que tem de dar-se às informações que vão saindo - porque não sabemos se são boatos ou especulações - se, de facto, ele tiver dito "já não sou gay", isso vai de encontro a essa não aceitação da homossexualidade. Mas quer dizer exactamente o quê? Que o foi algum dia? Que aquela relação era uma forma de prostituição? O Carlos Castro dizia estar apaixonadíssimo por aquele rapaz mas acreditava que aquele jovem de 21 anos se ia apaixonar por ele, um homem de 65? Havia ali um abismo de diferença de idades. E nas relações - homo ou heterossexuais - essa diferença é potenciadora de conflitos.

Mas um conflito motivado pela diferença de idades explica aquele grau de violência?

O grau de violência explica-se pela raiva e repugnância relativamente àquela relação. É essa raiva que conduz à mutilação e ao prolongamento da agonia. Fazendo um paralelo com o discurso dos autores desse tipo de homicídios, é frequente culpabilizarem o outro por aquilo que aconteceu ou a própria sexualidade. Entendem que foram essas razões que os levaram àquele momento, àquele acto tresloucado. Se a outra frase - que falava do exorcizar os demónios - tiver mesmo sido dita, que demónios são esses? A experiência diz-me que esses demónios são muitas vezes as nossas dúvidas.

A confissão do Renato Seabra terá algum valor?

A confissão de nada servirá se não for acompanhada de provas. É um direito que assiste ao arguido que ela não venha a ser usada sequer. A verdade é que hoje em dia a confissão não é necessária: quando vamos ter com o suspeito temos de ter já uma série de provas para o acusar. Só que, por outro lado, é a cereja em cima do bolo. Não há investigador nenhum, mesmo que tenha a prova toda em cima da mesa, que não queira a confissão dos pormenores.

É difícil arrancar confissões?

É uma luta. Porque o indivíduo que está do outro lado da mesa sabe perfeitamente que deste lado está alguém que vai tentar obter elementos para o condenar a uma pena de prisão até 25 anos. Muitas vezes é um jogo. Fala-se de tudo - da família, da infância, de futebol - até encontrar o furozinho que nos permite entrar lá dentro. Os mais difíceis são os criminosos a sério, aqueles que matam com um enorme sangue frio. Os outros - que são a maioria dos nossos homicidas - costuma contar tudo facilmente porque precisam que a pessoa que está ali à frente lhes perdoe o acto. O mandamento "não matarás" tem uma grande influência no arrependimento. Somos a primeira pessoa a estar ali, a primeira a saber que aquela pessoa matou, e o homicida tenta justificar-se, encontrar argumentos para dizer "eu não sou assim tão mau".

São indivíduos que dificilmente voltariam a matar?

Nem gosto de usar a expressão "matar". Farto-me de dizer isto: o matar é um acto que acontece por força das circunstâncias. É um acto humano, quer queiramos, quer não. Todos somos capazes de matar em determinadas circunstâncias, quanto mais não seja para defender alguém ou a nós próprios. Se me disserem que para ser burlão é preciso ter jeito, admito que sim. Mas matar não é uma questão de jeito. A maior parte dos homicidas mata num momento de arrebatamento, não o premedita. Logo os outros nunca o poderiam prever. Estamos a falar do crime mais grave do nosso ordenamento jurídico mas, curiosamente, vamos às cadeias e estes homicidas são presos exemplares. Esgotaram tudo naquele acto.

Num caso como o do Renato Seabra, qual é a chave para a investigação?

O mais importante é analisar o acto em si. Se há razões ou não, se há legítima defesa ou não, são razões que podem servir como factor atenuante, agravante ou desculpabilizante. Mas o acto já aconteceu.

A legítima defesa é o factor atenuante mais recorrente?

Se nos lembrarmos daqueles casos motivados por violência doméstica, em que a mulher prova que actuou daquela maneira porque foi vítima de violência durante anos e anos pelo marido, é claro que isso é desculpabilizante. Mas aí há uma dependência económica e psicológica entre marido e mulher que leva a que ela não abandone aquela relação. Lembro-me de um caso em Santarém, em que a senhora desfigurou o marido à machadada. Era uma mulher de 70 anos que suportou a violência até ao limite e um dia não conseguiu mais. Abraçava-se a mim a chorar "O que é que eu fiz, o que eu fiz..."

Num caso como o do homicídio de Carlos Castro, que tipo de questões podem servir de atenuantes da culpa?

Não é assim tão importante perceber, por exemplo, quem é que tomou a iniciativa de estabelecer a comunicação no Facebook. Podem averiguar-se outras coisas: o Renato sofreria pressões que seriam desculpabilizantes do acto? Este não parecia ser um caso de violência doméstica. O rapaz estava fechado? Podia ou não podia abandonar aquela relação? Isso é que é o essencial. Estamos a falar de uma desproporção corporal muito grande, que permitiria que o Renato lhe desse uma bofetada na cara e batesse com a porta. O que a lei diz é que tudo o que possa ser usado como agravante ou desculpabilizante do acto - o atenuante da culpa - deve ser investigado. Mas o crime já aconteceu.

Casos deste género são mais difíceis de avaliar porque criam uma onda homofóbica?

Em casos destes, sobretudo muito mediáticos, há sempre quem apoie um lado e quem apoie o outro. Não podemos é esquecer que há um agressor e há uma pessoa que morreu.

É mais fácil encontrar o autor do homicídio quando este é a mulher, o namorado ou o companheiro?

O problema muitas vezes não é o encontrar. Tive muitos casos em que sabia quem era o autor. E provar?

Há crimes perfeitos?

Não. Há é investigações mal feitas. Por vezes, os locais são mal analisados. E tudo se complica quando falamos de um ambiente que é partilhado pela vítima e pelo autor, porque aí os vestígios encontrados são explicáveis: ele vive ali. Depois, por outro lado, temos cada vez mais profissionais e estratégias de crime muito bem delineadas. Apanhei o caso de um homem que matou a mulher, simulou um acidente e ainda arranjou álibi: falsificou a saída da empresa através de outro indidividuo, programou o envio de emails para aquelas horas. Só chegámos lá porque cometeu um pequeno deslize.

Um maior número de câmaras de videovigilância no país permitiria resolver mais crimes?

Não vejo nenhum inconveniente nas câmaras mas ainda somos um país de fantasmas. A nossa base de dados de ADN tem 4 ou 5 perfis, daqui a 20 anos deverá ter dez, porque se levantou logo uma série de problemas. Os exames de ADN não servem só para culpar: servem para inocentar. Há coisas absurdas: houve uma fase em que eram frequentes assaltos nos multibancos mas não era permitido ver as imagens que algumas dessas máquinas tinham. Não se dão instrumentos à polícia mas depois há empresas que controlam a vida inteira dos empregados, há bancos que acedem a todos os dados dos cartões, e ninguém diz nada.

É possível traçar o perfil do homicida português?

Não há um padrão. O homicida somos nós, num momento de desvario, num dia mau, no meio de uma discussão, quando mandamos a máquina fotográfica à cabeça de alguém e sem querer matamos.

Entrou para a PJ com 23 anos. Como se investigava naquela altura?

Quando entrei para a polícia, encontrei polícias admiráveis. Para eles eu era um betinho saído da faculdade. Eram pessoas que não tinham grande cultura, mas tinham um sentido quase inato de polícia. Encontrei um sub-inspector, o Lobão, que era incrível: era um indivíduo bruto, mas com um feeling para determinado tipo de crimes. Investigou o caso do primeiro serial killer de que me lembro em Portugal: o Borrego, um indivíduo estranho que sentia que obedecia a ordens divinas para matar. O homicida criou uma ligação extraordinária com esse Lobão: a certa altura até lhe queria deixar os bens que tinha.

A falta de meios técnicos tornava a profissão mais cativante, porque vivia mais do instinto?

Não é bem o CSI mas a polícia tornou-se muito mais profissional. Há uns anos os juízes condenavam quase por intuição e o que a PJ dizia em tribunal era quase sagrado. Hoje é tudo mais questionável. As forças policiais têm de pôr mais rigor em tudo aquilo que fazem. Mas isso não retirou o tal encanto, o mistério, a vontade de descobrir: o que é que temos aqui? Quando chegamos a um local de homicídio temos uma vítima da qual não conhecemos nada. E de um cadáver temos de construir uma pessoa.

Algum caso lhe retirou o sono?

Tantos. Uma coisa é uma pessoa ser vítima de roubo ou de burla. Isso são bens materiais. O problema é que no homicídio não se tem só um morto: tem-se uma famíla. Isso provoca uma enorme pressão.

Os amigos continuam a vê-lo como inspector?

Não me livro de me fazerem perguntas, de quererem saber as minhas teses e teorias. Mas há também o efeito contrário. Senti-o sobretudo quando entrei para a polícia. Uma vez perguntei a um amigo porque se tinha afastado. E ele respondeu: "Eras polícia e se estavas ali ao lado eu estava sempre com receio de ter feito alguma coisa."

por Sílvia Caneco, Publicado em 21 de Janeiro de 2011

Foto Pedro Azevedo

http://www.ionline.pt/conteudo/99718-ex-inspector-da-pj-nos-crimes-homossexuais-ha-quase-sempre-repugnancia-pela-relacao

CHRISTIAN THERAPIST FACES BEING BARRED

Christian therapist faces being barred after ‘sting’ by homosexualist journalist

January 18, 2011 (LifeSiteNews.com) – In yet another instance of the growing conflict between believing Christian professionals and the homosexualist movement in Britain, a Christian psychotherapist who helps individuals overcome homosexual inclinations may be “struck off,” or barred from practicing her profession.

Lesley Pilkington was the object of a sting operation by undercover journalist Patrick Strudwick, who approached her to ask her for help with his sexuality. He had told Pilkington that he wanted to leave the homosexual lifestyle and she informed him that she only worked within a Christian counseling framework.

Strudwick, who went to two counseling sessions with Pilkington and published the transcript of the meetings in The Independent newspaper, was awarded journalist of the year by the homosexualist organization Stonewall for the sting. After the sessions, he lodged a complaint to the British Association for Counselling and Psychotherapy alleging that Pilkington had failed to respect the “fixed nature” of his homosexuality.

Pilkington, who is scheduled to appear before a professional conduct panel January 20 and faces losing her accreditation with the British Association for Counselling and Psychotherapy, said, “He told me he was looking for a treatment for being gay.

“He said he was depressed and unhappy and would I give him some therapy. I told him I only work using a Christian biblical framework and he said that was exactly what he wanted.”

Commenting on the case, Conservative MEP Roger Helmer said, “Why is it OK for a surgeon to perform a sex-change operation, but not OK for a psychiatrist to try to ‘turn’ a consenting homosexual?”

“If, for whatever reasons – moral, religious, personal – a homosexual man wants to have help to cure this, he should be allowed to seek treatment. I’m not being critical about homosexuality at all, but if we have people who want to change, why should they be prevented from that happening?”
Helmer continued.

The Christian Legal Centre, which is handling Pilkington’s defense, said, “Those offering counselling for men and women wanting to change their homosexual behaviour have been increasingly targeted by the homosexual lobby, many of whom do not accept that people can change their behaviour.”

Andrea Minichiello Williams, CEO of the Christian Legal Centre said, “Lesley is a wonderful Christian counsellor who has practised for many years with an unblemished record.”

“It is shocking that she was targeted, lied to and misrepresented by this homosexual activist and even worse that her professional body consider her actions worthy of investigation. "

“It seems that what the British Association for Counselling and Psychotherapy object to is Lesley Pilkington holding the professional and personal view that homosexuality is not a fixed orientation.”

“We are standing by Lesley and believe that in a civilised society, therapy should remain freely available for those who wish to change their homosexual behaviour, without the fear of intimidation and threats by the homosexual lobby.”

Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2011

by Hilary White

http://jesus-logos.blogspot.com/2011/01/christian-therapist-faces-being-barred.html

"ESTOU A VIVER UM PESADELO"


Mãe de Renato: 'Estou a viver um pesadelo'

Em entrevista exclusiva ao SOL, publicada amanhã, Odília Pereirinha descreve o estado em que encontrou o filho, único suspeito da morte de Carlos Castro, e confirma que vai vender todos os bens para pagar a defesa de Renato Seabra.

Odília Pereirinha, enfermeira de 53 anos, encontrou numa cama de hospital em Nova Iorque, no passado dia 10, uma sombra do filho que conhecia.

«Abraçou-se a mim e só dizia: Mãe, preciso muito de ti, preciso muito de ti . Repetiu isso várias vezes. Está em choque, não tem um discurso coerente, tem paragens. Está pálido, muito magrinho, parece um mendigo», descreveu ao SOL a mãe do português de 21 anos detido após a morte violenta do colunista Carlos Castro, que terá prometido a Renato uma carreira de sucesso na moda, «a nível mundial».

Apesar do encontro no hospital de Bellevue - «um espaço horrível, de uma desumanização atroz» - Odília não perguntou ao filho o que terá acontecido no Hotel Intercontinental de Times Square: «Se quisesse falar, ele falava. Eu apenas o abracei muito».

Dizendo viver «um pesadelo», a mãe de Renato confirmou ao SOL que vai desfazer-se dos seus bens - a casa, o carro, tudo o que houver - para pagar a defesa do filho. «Tenho fé, muita fé», afirma Odília, que recorda um jovem apaixonado pelo desporto e de «grandes laços de afectividade e amor com a família».

A fragilidade psíquica do filho não será utilizada como estratégia de defesa, garante, sublinhando antes a importância de uma testemunha ainda por contactar - a jovem nova-iorquina que emprestou o telemóvel a Renato horas antes do crime no Intercontinental: «Espero que o advogado dê este número à polícia para vermos se aquela senhora sabe mais alguma coisa».

Leia a entrevista de Odília Pereirinha a Felícia Cabrita na edição de sexta-feira, 21, do SOL

20 de Janeiro, 2011

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=9693

Thursday 20 January 2011

A HISTÓRIA DELE DAVA UM FILME...TRÁGICO

Por Nuno Cardoso/Foto João Girão / Global Imagens

Carlos Castro conheceu de perto o mundo da violência. O pai bateu-lhe durante anos consecutivos e foi vítima de múltiplas violações sexuais. Solitário e revoltado, assim se definia.

"Sou a pessoa mais feliz do mundo mesmo com os meus fantasmas." O discurso não engana. Aos 65 anos era um homem realizado, mas que no entanto nunca esqueceu os momentos mais negros por que passou. Homem solitário, carente e revoltado, assim se confessava. A vida assim o ensinou a ser. O pai assim o ensinou a ser.

Violações e abusos em criança

Carlos Castro nasceu em 1945, na antiga cidade de Moçâmedes, em Angola. Ainda criança, rapidamente percebeu a sua homossexualidade e "feminilidade fora do normal" [preferia ler livros a jogar à bola, por exemplo]. "Se preferia ser homo ou heterossexual? Preferia ser quem sou. Não me arrependo de nada", dizia, em Junho de 2007, numa sincera entrevista ao jornal Sol.

Cresceu no seio de uma família conservadora, com posses limitadas. O pai era pescador, a mãe doceira. Castro tinha seis irmãos, três de cada género. Em casa, orientação sexual do cronista desde cedo desencadeou vários comportamentos violentos e agressivos. O pai batia-lhe e tinha com o pequeno Carlos uma relação de "ódio". "Era extremamente mau. Batia-me e amarrava-me a uma mesa durante horas infinitas para que não saísse de casa. O meu pai era rude e sem cultura. Dizia que eu tinha de ir aos médicos", afirmou o comentador do mundo cor-de-rosa numa das últimas entrevistas.

Vítima de agressões físicas e emocionais constantes, a mãe e as irmãs não o conseguiam proteger, com medo do pai. O irmão mais velho, com quem perdeu contacto mais tarde, repetia o comportamento do pai. "Lembro-me de ter 6 anos e ser violado [à força, com penetração] por um vizinho de 20. Entre as pessoas que assistiram estava o meu irmão mais velho. Nada fez para me defender", frisou.

Além disso, fora de casa, Carlos Castro chegou a ser assediado sexualmente por um professor na segunda classe e até por um padre, quando frequentava a catequese. "Grande parte da revolta e mágoa que sinto tem que ver com a infância que me roubaram", confessou o jornalista na mesma entrevista.

A vida durante a guerra colonial... e na prisão

Aos 17 anos ganha coragem e parte para Luanda, para fugir da cidade que o viu nascer e dos abusos do pai. Começou do zero, hospedado em casa de um militar com quem trocava cartas e com quem manteve um curto namoro. "Não senti a guerra em Luanda. Vi espectáculos extraordinários. Fiquei fascinado com aquela cidade cosmopolita e cheia de vida", disse Carlos Castro.

Um ano depois volta a Moçâmedes, onde é chamado para comparecer à inspecção militar. Faz a recruta e é destacado para a guerra, na zona de São Salvador do Congo, no Norte de Angola. "Ia buscar o correio, cozinhava..." Protegido pelas equipas [era a "mascote"], chegou a iniciar namoros com colegas. "80% dos homens eram homossexuais. Faziam festas de transformismo e tudo. Foi uma loucura", contou.

Pouco tempo depois, já depois da morte do pai, é preso por ir visitar a sua terra natal e não comparecer em Luanda para continuar a vida militar. Ficou detido durante um mês num quartel na capital angolana. Foi violado "dez, 12 vezes". Sempre pelo mesmo prisioneiro. "Um psicopata com 90 quilos do qual todos tinham medo", disse.

Vida do zero, em Lisboa, "foi um horror"

Carlos Castro seguiu o seu caminho e antes da independência, em 1975, deixa Luanda e tenta recomeçar do zero, em Lisboa. Não trouxe nada consigo. "Ficaram-me com tudo no aeroporto." Só um mês depois reencontrou a mãe e as irmãs, que também tinham vindo para a capital portuguesa.

Enquanto as procurou, "foi um horror", frisou. "Dormi na rua, passei o Natal sozinho, lavei escadas, bati à porta de pessoas", disse. Foi também nessa altura que se iniciou no transformismo. "Era um travesti cómico, com números de humor. A imitação que fiz da Maria de Lourdes Pintasilgo foi um sucesso."

A ligação ao mundo do transformismo continuou, não nas actuações, mas sendo Carlos Castro o padrinho do evento anual da Gala dos Travestis.

A sua imitação da então primeira-ministra foi de tal forma um sucesso no meio lisboeta que Carlos acabou por ser convidado para escrever para a revista Nova Gente. Começava aqui a sua carreira no jornalismo, que manteve até aos últimos dias.

Pelo caminho, colaborou com vários jornais e revistas nacionais, tornando-se no maior cronista português do social. A primeira entrevista que fez, essa, foi a Simone de Oliveira, com quem manteve uma relação de amizade até aos últimos dias.

Tinha uma estreita ligação com a escrita. Carlos Castro sempre mostrou, desde criança, preferência pela leitura e escrita de textos. Escrevia poemas para artistas, ainda jovem. Escrevia cartas de apoio às tropas militares que andavam na guerra. E ganhou o Festival da Canção de Luanda, em 1972, pela autoria do tema vencedor Feitiço de Tinta, interpretado por Carlos Miguel. Tinha 27 anos. Dedicou o prémio à cidade onde nasceu e sofreu. "Foi a minha vingança", adianta.

O amor da sua vida também o deixou

Homem de poucas mas intensas paixões, foi nos anos 80 que conheceu o amor da sua vida, com quem namorou largos anos. "Viajámos pelo mundo inteiro. Ao seu lado, deslumbrei-me com países e povos. Por ele fiz tudo o que era possível fazer." O então namorado de Carlos Castro, que vivia uma vida dupla, acabou por terminar a relação após ameaças da sua mulher e filhos. "Foi um afastamento muito violento", frisou.

Um homem estreitamente ligado ao mundo do jet set. Muita gente durante o dia, pouca na hora de deitar. "Sou um homem só. Dou-me com muita gente, mas vou sozinho para casa", disse. Condição que acabou por servir de inspiração para o título da sua autobiografia, lançada no final de 2007, Solidão Povoada.

Renato Seabra, 21 anos, foi o último namorado. Aos amigos próximos confessou estar "feliz e apaixonado".

A morte da mãe

A morte da sua mãe, aos 94 anos, em 2003, vítima de Alzheimer, marcou para sempre o jornalista. "Quando lhe explicava que era seu filho, ela dizia-me: 'Muito prazer em conhecê-lo'. Se me acontecesse o mesmo, suicidava-me. Fá-lo-ia, para não magoar ninguém", admitiu.

Em 2007, o cronista social parecia adivinhar um final de vida antecipado. "Penso que o meu tempo de vida está a acabar. É algo que sinto. Tenho a certeza absoluta de que o fim está próximo. Tenho noção de que muita gente por esse país fora irá deitar uma lágrima e dizer que morreu um grande homem", afirmou Castro numa entrevista, nesse ano.

http://www.jn.pt/revistas/ntv/interior.aspx?content_id=1755342

A VIDA DUPLA DE RENATO SEABRA


Nuno Santos, Diogo Costa, Tiago Jacob, Nuno "Manga", Thomas Negrão e João Nuno comentavam com Renato Seabra as conquistas, o basquetebol, a moda, o futuro, tudo! Mas só no dia do crime descobriram quem era "a pessoa influente" que o ajudava e que parecia esconder.

No dia 22 e 23 de Dezembro, Renato Seabra esteve em Cantanhede com Nuno Santos, Tiago Jacob, Diogo Silva e falou com outros amigos ao telefone. Matavam-se saudades, uma vez que estudavam em cidades diferentes, contavam as novidades e até estavam a pensar em fazer a passagem de ano todos juntos em Cantanhede. O manequim avisou logo que não podia. "Disse-nos que ia para Nova Iorque trabalhar e até gozámos com ele porque disse que ia ver um jogo da NBA, estava todo contente", recorda Nuno Santos, estudante em Leiria.

Este aluno não lhe perguntou com quem ia. "Ele também nunca disse", responde Santos. Porém, sabe agora que Renato dificilmente lhe diria uma vez que um outro companheiro de infância, Tiago Jacob, tê-lo-á inquirido sobre quem o acompanhava e a resposta não poderia ser mais lacónica: "O Tiago disse-me que ele apenas respondeu que ia com uma pessoa muito influente, nunca disse o nome". No fatídico sábado, Nuno Santos recorda que foi João, em Erasmus na Suíça, quem o acordou para lhe dar a notícia e, embora já tivessem ouvido falar de Carlos Castro, foram saber mais. "Sabia que era uma pessoa do social, homossexual, mas não sabia que tinham uma relação de amizade." Diogo Costa e Isa, a amiga especial do manequim, já tinham afirmado o mesmo à comunicação social. Por outras palavras, Thomas Negrão, a estudar em Coimbra, reitera a mesma verdade. "Só descobri na manhã do crime que eles se davam. Aliás, nem sequer sabia quem era esse Castro porque não vejo revistas. Nós falávamos de tudo desde pequeninos, mas agora só sabia que a vida na moda estava a correr bem."

O ex-treinador de basquetebol de Renato Seabra, Fernando Guimarães, falou com o manequim na semana antes da viagem trágica a Nova Iorque e repete a mesma informação. "Encontrámo-nos, ele disse-me que ia em trabalho, mas nem comentámos com quem ia", recorda este técnico do Sport Clube Conimbricense. Profundamente abalado, João Nunes, amigo dos tempos de faculdade e de desporto, desfia a mesma história. Mas desta vez volta atrás no tempo. "Estou incrédulo. Quando ele esteve em Londres, eu estava em Erasmus em Glasgow e até sugeri encontrarmo-nos. Ele disse logo que não podia porque estava em trabalho. Não dava..."

Sentiria Renato Seabra constrangimento em falar desta amizade aos amigos? "Não vejo porquê!", exclama Nuno Santos. "Nunca tivemos vergonha de dizer nada uns aos outros, falávamos sobre tudo, até podíamos gozar um bocado, mas eram as nossas brincadeiras", sustenta este aluno. Thomas, amigo de infância, revela a mesma estupefacção: "Qual era o problema em nos dizer? Não faz sentido."

Pois não! E esta bem podia ser a declaração do cunhado do manequim, José Malta, farmacêutico. "Os amigos não sabiam? Estiveram todos juntos antes do Natal... Se calhar, presumiram que fosse com alguém da agência. Se calhar o Carlos Castro dizia que não precisava de falar com ninguém, nem com a Fátima Lopes, e ele não disse nada. Se era vergonha? Não faço ideia se tinha e, se tinha, não percebo."

"Eles dormiam em camas separadas"

Na verdade, só a família sabia do relacionamento e José Malta relata agora à Notícias TV como é que Renato e Carlos Castro estreitaram laços, pouco tempo depois de ter terminado o programa da SIC À Procura do Sonho, em que o jovem foi finalista. "Surge o convite do Carlos Castro, que o tinha visto na Fátima Lopes, que ele tinha potencial e que gostava de tomar um café com ele."

E assim foi! Odília Pereirinha leva o filho ao Porto e é lá que manequim e cronista social travam o primeiro contacto. "O Renato, na altura, perguntou à família o que achava e lembro-me perfeitamente de o Renato dizer que foi aconselhado a não perder esta oportunidade..." Enquanto desfia a história, José Malta sublinha que houve reservas relativamente a esta proposta de auxílio que foram discutidas no seio familiar. "A primeira era perceber o porquê desta aposta, o que queria em troca... A minha ideia era a de que queria fazer um contrato, tal como acontece com a Fátima Lopes", diz o farmacêutico. E segue: "Houve outra reserva, a de que eventualmente o sr. Carlos Castro pudesse ter alguma expectativa em relação a Renato, sendo homossexual. A partir do momento em que ele [o cronista] disse que não havia problema, porque era relação profissional, nós confiámos."

Quando ia a Lisboa, Renato Seabra declarava à família que ficava em casa de Carlos Castro e que nas viagens a Madrid e Londres - revela agora José Malta - "dormiam em camas separadas". Nuno Santos, o amigo, recorda que o manequim lhe dizia que quando ia à capital "ficava em hotéis". E nem estranhava quando não atendia o telefone. "Ele sempre foi assim, só respondia às chamadas horas depois, mas às vezes ia a Lisboa e dizia-nos que deixava o telefone em Cantanhede."

José Malta conta que os contactos eram diários e mais do que uma vez. "Quando ia a Lisboa, em curtas estadas, dizia que estavam as irmãs do sr. Carlos Castro, que eram pessoas boas e simples. Estava sempre contactável, inicialmente no telemóvel dele, e falavam duas ou três vezes por dia. Quando foi a Madrid e Londres, já havia confiança suficiente para ligar do telefone do Carlos Castro, era como se a mãe ligasse para um agente. Mas em 100 conversas com o filho, cinco foram para o Carlos."

Ninguém entende o crime

Agora, Cantanhede está estupefacta com o que Renato Seabra confessou ter feito a Carlos Castro no quarto do hotel Intercontinental, em Times Square, Nova Iorque. Aguardam uma justificação muito forte. "Ele era muito pacífico, até no jogo evitava o confronto", diz o amigo Thomas Negrão. Tanta agressividade e tão pouca explicação, sobretudo porque os amigos dizem que o manequim não tinha qualquer aversão à homossexualidade. "Nunca tomou nenhuma atitude radical em relação a isso", diz João Nunes. "Para fazer aquilo, só podia estar sob efeito de substâncias", adianta este estudante, cujas palavras encontram eco na voz de Nuno Santos. "A primeira coisa que pensei é que ele tivesse sido alvo de uma tentativa de violação, não entendo, sobretudo porque ele é muito inteligente, muito forte psicologicamente e era muito difícil dobrá-lo", conta.

O silêncio toma posição quando confrontados com afirmações como "Já não sou gay!" ou "acabar com o vírus". "Essas frases é de quem entra e finalmente consegue libertar-se", diz Luísa Reis, amiga da mãe do manequim e visita da casa. Os amigos não entendem: "Ele jamais seria homossexual, ele tinha muitas amigas", insiste Nuno Santos. José Malta concorda e até diz que "antes do Natal esteve a passar um fim-de-semana com uma amiga numa casa da família, na praia de Mira".

Thomas afirma não reconhecer Renato nessas palavras. "Isso nem é conversa dele, desabafa. Ele estaria muito alterado." Os amigos estão já a organizar-se para irem a Nova Iorque, aos Estados Unidos da América, apoiar o amigo. "Em Fevereiro, quando estivermos livres de frequências, queremos estar com ele. Tentar acompanhar o julgamento", revela o estudante de Leiria.

Por Carla Bernardino

http://www.jn.pt/revistas/ntv/Interior.aspx?content_id=1755328

QUEM É DAVID TOUGER?



Saiba quem é David Touger, o homem que vai defender Renato Seabra

O advogado é um dos fundadores da sociedade Peluso & Touger, LLP e tem uma vasta experiência na área do Direito Criminal.

Natural de Long Island, Nova Iorque, David Touger é um dos membros fundadores da sociedade de advogados Peluso & Touger, LLP, e é atualmente o responsável pela área da defesa criminal. Formou-se em Direito na Brooklyn Law School, em 1984, e começou por desempenhar as funções de advogado na Legal Aid Society de Nova Iorque, que representa pessoas que são detidas e não têm meios financeiros para pagar a sua defesa. Quando deixou esta sociedade, em 1988, David Touger já tinha trabalhado em mais de trinta casos. Mudou-se depois para um escritório privado, onde continuou a trabalhar no Direito criminal. Em 1990 funda a Peluso & Touger.

David Touger aparece regularmente nos Tribunais Estatais e Federais e representa clientes em várias jurisdições fora da área metropolitana de Nova Iorque. Tem uma vasta experiência a defender pessoas acusadas de crimes violentos. Recentemente, conseguiu a absolvição para um homem que estava acusado de participar numa grande rede de narcóticos no distrito sul de Nova Iorque. Dos quatro acusados neste caso, apenas o cliente de David conseguiu a absolvição. É conhecido pela forma inteligente e agressiva como aborda cada caso.

David Touger é judeu e presidente de uma sinagoga local.

http://aeiou.caras.pt/saiba-quem-e-david-touger-o-homem-que-vai-defender-renato-seabra=f35131

RENATO OUVIDO PELO JUIZ


Renato Seabra já foi ouvido pelo juiz e continuará detido

O jovem de Cantanhede volta a ser ouvido no dia 1 de Fevereiro no Supremo. Até lá, continuará detido, devido à 'seriedade e violência do crime', tal como alegou a procuradora Maxine Rosenthal.

Renato Seabra
Foto Tiago Caramujo

Cinquenta e quatro segundos foi quanto durou a audição de Renato Seabra, realizada através de videoconferência. Na presença do seu advogado, David Touger, o jovem mostrou-se abatido, mas tranquilo, vestido com a roupa hospitalar. Esteve sempre de cabeça baixa, até ao momento em que o juiz decretou a proibição da captação de imagens. Nesse momento, Renato levantou a cabeça e esboçou um ligeiro sorriso.

Nesta audição, Renato Seabra ficou a saber que vai continuar detido, já que o juiz não aceitou o pagamento de uma fiança para que pudesse aguardar o julgamento em liberdade. A procuradora Maxine Rosenthal alegou a "seriedade e violência do crime". Foi também comunicado que o Grande Júri reuniu ontem e deliberou que o caso segue mesmo para tribunal, agora para o Supremo.

Bellevue Hospital
Foto Rodrigo Freixo

1 de Fevereiro será um dia decisivo para este caso, já que é a data em que Renato Seabra será ouvido no Supremo. Até lá, continuará detido na ala prisional do Hospital Bellevue, em Nova Iorque, a menos que receba alta, e nesse caso irá para uma prisão. A partir daqui, existem dois cenários: caso Renato se considere culpado, o caso nem sequer seguirá para tribunal e será acordada uma pena entre a defesa e o Ministério Público. Se o jovem não se considerar culpado, o caso seguirá para julgamento.

http://aeiou.caras.pt/renato-seabra-ja-foi-ouvido-pelo-juiz-e-continuara-detido=f35132


Wednesday 19 January 2011

RENATO USAVA FOTOS DE TELEMÓVEL PARA JUSTIFICAR TRANSFERÊNCIAS DE CARLOS CASTRO


Castro transferiu duas quantias para a conta do manequim. Fátima Lopes não acredita que fotos mostradas por Renato sejam de uma campanha

Renato Seabra confessou ter assassinado Carlos Castro no quarto do Intercontinental, em Nova Iorque

Renato Seabra mostrava fotos suas, gravadas no telemóvel e no computador, para justificar perante a família as duas quantias transferidas da conta de Carlos Castro para a sua - a mais alta no valor de 1100 euros. José Malta, cunhado do manequim, conta ao i que quando Renato voltava de viagem era comum "abrir o computador ou o telemóvel para mostrar à família fotos dos trabalhos que tinha feito".

Numa das fotografias, Renato Seabra aparece numa praia vestido com boxers da Marvel. O manequim disse à família ter sido tirada no contexto de "um casting para promover boxers e fatos de banho" da marca. Noutra ocasião, Renato mostrou no seu telemóvel fotos suas tiradas em lojas de Londres. "Contou que tinha desfilado roupas Diesel, Calvin Klein e outras marcas em lojas de Londres e mostrou-nos as fotos no telemóvel", recorda o cunhado, acrescentando que "dessa vez o pagamento foi feito em géneros, com roupa".

Depois de ver o retrato que o manequim contou ter sido tirado numa produção fotográfica para a Marvel - publicado esta semana no semanário "Sol" - a estilista Fátima Lopes não teve dúvidas de que "aquela foto não pode ter sido tirada para uma campanha publicitária": "A minha experiência profissional diz- -me que aquilo não é fotografia de uma produção de moda. É uma fotografia de praia feita por um amador."

A proprietária da Facemodels - que representa Renato Seabra desde a sua participação no programa "À Procura de Um Sonho" - esclarece ainda que nem aquelas fotografias, nem qualquer das quantias pagas por Carlos Castro, podiam resultar de um casting. "Os castings não são feitos em praias. São feitos, de forma profissional, no escritório da agência ou do cliente. Além do mais, nunca são pagos", explica a estilista.

Fátima Lopes questiona ainda onde estarão os recibos e os contratos , já que "na moda tudo tem de ser escrito". José Malta, marido da irmã de Renato, Joana Seabra, admite nunca ter visto "qualquer recibo ou documento".

A vontade de vingar no mundo da moda tem sido apontada como uma das razões prováveis da ligação do manequim a Carlos Castro, mas a estilista nunca reconheceu esse desejo de ser modelo no jovem de Cantanhede. "Entrou para a agência em Setembro e foram mais os castings em que não apareceu que aqueles em que apareceu", conta Fátima Lopes. Sempre que há um casting, a agência envia um sms e telefona depois aos agenciados para confirmar que vão comparecer. Renato Seabra participou no casting para o Portugal Fashion e em mais dois ou três - nunca foi seleccionado. De todas as outras vezes recusou, quase sempre com a justificação de "viver longe". "O Renato já nem aparecia na agência, por isso as notícias surpreenderam-me, a mim e a todos os colegas da Facemodels", lembra a criadora de moda. Fátima Lopes admite que a desilusão por não ter sido seleccionado nos castings pela agência pode ter levado Renato Seabra a "tentar outra via".

A timidez e a falta de confiança do participante no programa da SIC justificavam a não selecção nos castings. "O Renato não era manequim. Era um jovem saído de um concurso. Tinha corpo e altura, era bonito, mas ainda não estava preparado para ser modelo - faltava-lhe ser extrovertido, ter confiança e acting", justifica a estilista. Além da falta de experiência e de confiança, faltava a Renato Seabra "o elemento essencial no campo da moda": um book.

Se ser seleccionado nestas condições para publicidade, desfiles ou produções de moda já era difícil em Portugal, noutros países seria "quase impossível". "Ninguém sem um book vai bater à porta de uma agência lá fora a dizer que quer ser modelo e é aceite", adianta Fátima Lopes. Caso o desejo de Renato Seabra fosse trabalhar no estrangeiro, o mais indicado seria expressá-lo à agência que o representava. "A partir daí mandávamos fotos dele para outras agências para ver se alguma teria interesse em representá-lo", explica a estilista.

Fátima Lopes garante que Castro nunca lhe falou de Renato Seabra. Viram-se a última vez no jantar de aniversário do cronista, a 5 de Outubro - dia em que Renato Seabra aceitou o pedido de amizade de Castro no Facebook - e falaram pela última vez ao telefone e por sms no dia de Natal. Em nenhum desses momentos, o cronista lhe disse que estaria a ajudar o jovem ou terá sequer mencionado o seu nome.

As fotografias de Renato Seabra ainda constam no catálogo do site da Facemodels e, para já, ali vão continuar. A estilista admite manter as fotos no site da agência "até se perceber o que realmente aconteceu, durante o julgamento".

por Sílvia Caneco, Publicado em 19 de Janeiro de 2011

http://www.ionline.pt/conteudo/99276-renato-usava-fotos-do-telemovel-justificar-transferencias-