Saturday 15 January 2011

MANIFESTAÇÃO CONTRA A HOMOFOBIA EM VISEU

Sociedade
A manifestação contra a homofobia realizada hoje à tarde em Viseu foi marcada por insultos aos manifestantes. Segundo a organização, participaram 300 pessoas, mas a PSP considera terem sido metade.

A moção aprovada exige "medidas concretas do Governo português para erradicar a homofobia e a discriminação da sociedade portuguesa"

"Eu amo quem quiser, seja homem ou mulher" e "Direitos iguais, nem menos nem mais" foram algumas frases entoadas pelos participantes da manifestação "Stop homofobia", promovida por 14 associações de defesa dos direitos dos homossexuais.

Mas muitos foram aqueles que se deslocaram ao Rossio apenas para assistir à iniciativa, colocando-se nas extremidades daquela praça, sendo que alguns manifestaram o seu descontentamento com frases como "Isto é uma vergonha" ou "Havia de ser no tempo de Salazar".

António Serzedelo, da associação Opus Gay, envolveu-se mesmo numa troca de palavras com um idoso, que, depois de escutar a entrevista que aquele dava aos jornalistas, o abordou exaltado, perguntando-lhe se tinha filhos. Perante uma resposta negativa, o idoso disse: "Graças a Deus, já viu a miséria que lhes transmitia?".

A conversa alongou-se, com várias considerações sobre o seu aspecto e o facto de, na sua opinião, ser "antinatural" dois homens quererem adoptar filhos.

Mas os insultos vieram também dos mais jovens, nomeadamente de um grupo de três que passando e vendo a concentração teceu comentários que mereceram uma vaia dos manifestantes.

Paulo Vieira, do Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais, afirmou aos jornalistas que previa que ocorressem "reacções menos positivas", mas realçou igualmente "a coragem dos homossexuais presentes" e a participação "das famílias que tentavam perceber o que se estava a passar".

Fernando Ruas esteve presente

A organização congratulou-se ainda com a presença do presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, que esteve no Rossio acompanhado pelo vereador Cunha Lemos e pelo comandante da Polícia Municipal. Na altura, disse defender que "ninguém pode ser discriminado pela sua orientação sexual".

Por outro lado, o autarca social-democrata referiu aos jornalistas sentir-se desagradado com "alguns adjectivos que quiseram colocar à cidade e ao concelho", dando-lhe a conotação de "capital da homofobia".

Em Viseu, "todos os cidadãos vivem com tolerância, à vontade, sem discriminação. Não nos vão sujar a imagem, não deixamos", frisou.

Fernando Ruas não gostou que a organização tivesse anunciado ao microfone os partidos que estavam representados na concentração - nomeadamente BE, PCP e PS (JS) -, dando a ideia que os ausentes "são homofobos", e considerou que esta devia ser uma iniciativa de sociedade civil. Entre os presentes encontravam-se também o advogado Adelino Granja e os deputados da Assembleia da República Teixeira Lopes (BE) e Miguel Ginestal (PS).

Um dos momentos mais marcantes da tarde foi quando Pedro Russo, o jovem de 30 anos que se queixou na PSP de Viseu de andar a ser perseguido e que gerou o movimento que originou a manifestação de hoje, pegou no microfone e contou a sua experiência.

"Fui perseguido, tive uma pistola apontada à cabeça"

"Fui perseguido, tive uma pistola apontada à cabeça. Sofri muito, mas estou aqui e ninguém me deita abaixo. Até hoje nunca dei a cara, hoje faço-o sem qualquer tipo de preconceito e não me importo que amanhã me apontem o dedo", afirmou, levando os presentes a gritar "não estás só".

Um casal "gay" de turistas holandeses exibiu para as câmaras de televisão as suas alianças, considerando os episódios de alegadas agressões em Viseu "ridículos" e "vergonhosos".

Já Sérgio Vitorino, da Panteras Rosa - Frente de Combate à Homofobia, referiu que este é "um problema nacional", sendo que "o que é novidade é ter havido em Viseu um punhado de gente que não se calou" perante as perseguições, porque, salienta, "normalmente impera o silêncio".

Na mesma ocasião, foi ainda aprovada por unanimidade e entregue em mãos ao representante do Governo Civil de Viseu, Alcídio Faustino, uma moção onde são exigidas "medidas concretas do Governo português para erradicar a homofobia e a discriminação da sociedade portuguesa".

http://www.publico.pt/Sociedade/manifestacao-contra-a-homofobia-marcada-por-insultos_1223316?all=1

PRIMEIRO CASAMENTO GAY EM VISEU

Outrora conhecida como 'capital da homofobia', a cidade recebeu bem o primeiro matrimónio entre pessoas do mesmo sexo

Cinco anos depois das agressões aos homossexuais e da realização de uma manifestação na cidade contra a homofobia, Viseu, apelidada de "capital da homofobia", recebeu sem sobressalto o primeiro casamento gay. Uma tolerância bem aceite pelas associações que há cinco anos lideraram a manifestação. Mas há quem alerte que a falta de polémica apenas se deveu ao recato da cerimónia.

António, de 50 anos, e Pedro, de 35, casaram-se ontem à tarde, num espaço de Viseu. A cerimó-nia foi celebrada por uma das conservadoras da cidade e não fo- ram autorizadas fotografias. O matrimónio, numa cidade onde ainda há um ano o bispo da diocese vociferava contra o casamento gay, foi bem recebido. "A realização do primeiro casamento homossexual numa cidade conservadora mostra que Viseu está mais tolerante e que, também aqui, se cumpre a Constituição que assegura que ninguém pode ser perseguido pelas suas orientações sexuais", afirma Carlos Vieira, da Associação Olho Vivo, que na cidade tem liderado a luta contra a homofobia.

Mais cautelosa, Carla Mendes, a advogada que defendeu Pedro Russo, um dos jovens perseguidos devido à homofobia na cidade, sustenta que, "se não houve problemas, isso não quer dizer que a cidade esteja menos conservadora. Talvez o casamento tenha decorrido de forma recatada e isso tenha contribuído para não acirrar os ânimos". Ainda assim, a advogada reconhece a existência de "uma postura mais aberta na cidade". Viseu ocupou as manchetes dos jornais em 2005 quando um grupo de pessoas ameaçou, sequestrou e torturou homossexuais durante meses

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/Interior.aspx?content_id=1732986&seccao=Centro

CARLOS CASTRO CONTRA CASAMENTO GAY


Em entrevista ao Correio da Manhã, Carlos Castro é claro a expressar a sua opinião sobre casamento e adopção por pessoas do mesmo sexo.

Em relação à adopção Carlos Castro vê como um mal menor: "Neste mundo cruel onde pais violam os filhos, é capaz dois homens ou mulheres tratarem melhor de uma criança. Há uma pedofilia enorme nas famílias."

Em relação ao casamento civil (ou religioso), é de opinião diferente, defendo que "não aceito a história de um homossexual, homem ou mulher, que case com grinalda, flores" e mais à frente afirma mesmo que "entre homossexuais, casamentos, igrejas, isso é uma treta. Devia ser união de facto."

A entrevista foi dada por ocasião dos seus 60 anos de idade e do lançamento do livro ‘Solidão Povoada’.

Sábado, 2 Junho 2007

http://casamentocivil.org/casamentocivil/news.asp?uid=020607B

CARLOS CASTRO: O JORNALISTA

ENTREVISTA A CARLOS CASTRO EM 2007

http://downloads.sol.pt/pdf/carlos_castro.pdf

CARLOS CASTRO E RENATO NO FACEBOOK


Carlos Castro 'conquistou' modelo no Facebook

Foi Carlos Castro quem se aproximou no Facebook do jovem que o haveria de matar - e que, pouco antes do crime, telefonou à mãe a pedir ajuda.

A 9 de Outubro, ao contrário das versões que alguns amigos de Carlos Castro contaram, é o cronista que, via Facebook, envia uma mensagem ao jovem. Queria conhecê-lo e o outro aceita o pedido de amizade. Castro responde na hora: «Olá Renato, muito grato e um abraço». Horas depois, retoma o contacto e incentiva-o: «Já sabes, vai falando. Abraços». No dia seguinte, é Renato quem lhe pede conselhos: «Olá!! Gostava de falar consigo em relação ao mundo da moda que é novo para mim!! Sendo uma pessoa com experiência quais são as dicas que me dá para vir a crescer nesse mundo?».

Meia hora depois, Carlos Castro responde: «Vou ao Porto, ao Portugal Fashion, estás por perto? Acho-te giro e és altíssimo, falamos se quiseres. Um abraço amigo». Nessa madrugada, Renato, revela-lhe a desilusão que o chumbo lhe provocara nos sonhos: «Eu fui ao casting para o Portugal Fashion mas acho que não fiquei!! Gostava muito de falar consigo mas não sei se vou ter hipóteses de ir!! Obrigado pelos elogios mas também não sou assim tão alto!».

Mas Castro sabe ir ao encontro do desânimo de Renato e lança a nódoa para o mundo da moda: «Pois, por vezes há amiguinhos, é uma chatice nas modas. Vou ao Porto, não sei se tens hipóteses de lá estar, fico no Sheraton. Diz alguma coisa».

Renato, que sempre fora de falas abertas com a mãe, conta-lhe. Entre a família que não é atada a preconceitos, Renato mostra-se receoso. Joana recorda os temores do irmão: «Pensava que Carlos Castro podia achar que ele também era homossexual, mas nós não vimos nisso qualquer problema, até pela idade do senhor [65 anos]. E foi a minha mãe, que sempre achou o meu irmão muito fotogénico, quem o levou de carro e o esperou enquanto eles falavam no hotel onde ele estava hospedado».

À família, o jovem fez o resumo do encontro: «Disse-nos que ele se tinha oferecido para ser uma espécie de agente e que lhe podia arranjar desfiles pelo mundo fora. O meu irmão disse-lhe que tinha um contrato de exclusividade com a Fátima Lopes, mas ele respondeu que não havia problema, que era amigo e tratava disso com ela», relembra a irmã.

As promessas que Carlos Castro terá feito deixam a estilista espantada: «Nem sabia que ele conhecia o Carlos Castro, nem percebo como ele o ia ajudar. Quem ajuda os manequins são as agências. Aliás, o Renato deixou de aparecer na agência, achávamos que era porque estava a acabar o curso. Faltou a muitos castings, parecia não estar interessado na carreira».

Diogo e a irmã de Renato tentam agora apanhar todos os fios para desvendarem o que terá acontecido entre o modelo e o cronista. A visita ao Facebook do jovem deixa-os em desnorte.

14 de Janeiro, 2011

Por Felícia Cabrita*

felicia.cabrita@sol.pt com raquel.carrilho@sol.pt

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=9222

RENATO CONFESSOU


Renato Seabra Confesses To Killing Carlos Castro

Renato Seabra has confessed to killing Portuguese gay journalist Carlos Castro, the New York Post first reported.

Castro was traveling in New York City over the New Year holiday with Seabra, a 20-year-old fashion model.

The 65-year-old Castro was found dead by hotel workers at the Inter-Continental New York Times Square Hotel late on Friday. Castro suffered serious head trauma and had been castrated.

Seabra was arrested hours after he fled the scene to seek medical care at a nearby hospital.

On Monday, police announced that Seabra, who remains at Bellevue Hospital Center for psychiatric evaluation, had been charged with one count of second-degree murder.

Seabra admitted to investigators that he tortured Castro for more than an hour before knocking him unconscious with a computer monitor and then, using a wine corkscrew, he gouged out an eye and castrated his boyfriend.

He allegedly screamed at Castro, “I'm not gay anymore!”

According to The New York Daily News, Seabra denied he was gay before embarking on the trip.

“He told people back home, before the trip, that he wasn't gay,” a police source told the paper. “He got [Castro] to pay his way to New York and wanted him to boost his career, buy him things.”

Seabra earned fame last year on the Portuguese reality talent contest A Procura Do Sonho, or Pursuit of a Dream. He didn't win the contest but was signed to a modeling contract.

Seabra and Castro quarreled over sex and money. Seabra became bitter when a promised shopping trip failed to materialize, while Castro was jealous of Seabra's flirtations with girls.

Castro had written articles and books about fashion and was a vocal gay rights advocate.

Friends say the two men had been dating for several months.

Officials described the crime scene as “a mess.”

By On Top Magazine Staff

Published: January 10, 2011

http://www.ontopmag.com/article.aspx?id=7290&MediaType=1&Category=26

RENATO PARTE O NARIZ DE CARLOS CASTRO


Renato Seabra Broke Carlos Castro's Neck In Attacking The Gay Journalist

Renato Seabra, the male model who has confessed to killing Portuguese gay journalist Carlos Castro, also broke Castro's neck during the altercation, the New York Post reported.

Police have charged Seabra with one count of second-degree murder.

Castro was traveling in New York City over the New Year holiday with Seabra, who earned fame last year on the Portuguese reality talent contest A Procura Do Sonho, or Pursuit of a Dream. He didn't win the contest but was signed to a modeling contract.

The 65-year-old Castro was found dead by hotel workers at the Inter-Continental New York Times Square Hotel late last Friday.

He allegedly screamed at Castro “I'm not gay anymore!” while he kicked, punched and ultimately mutilated his lover.

According to Seabra's indictment released on Friday, the 20-year-old broke Castro's neck during the altercation and stomped on his head. He also knocked Castro unconscious with a computer monitor and then, using a wine corkscrew, gouged out an eye and castrated the journalist.

According to The New York Daily News, Seabra denied he was gay before embarking on the trip.

“He told people back home, before the trip, that he wasn't gay,” a police source told the paper. “He got [Castro] to pay his way to New York and wanted him to boost his career, buy him things.”

Other reports indicate that Seabra and Castro quarreled over money and sex. Seabra became bitter when a promised shopping trip failed to materialize, while Castro was jealous of Seabra's flirtations with girls.

Castro had written articles and books about fashion and was a vocal gay rights advocate.

Friends say the two men had been dating for several months.

By On Top Magazine Staff

Published: January 14, 2011

http://www.ontopmag.com/article.aspx?id=7320&MediaType=1&Category=26

AS MENSAGENS DE RENATO E CARLOS CASTRO NO FACEBOOK


Renato Seabra, Carlos Castro Facebook Messages Sound Like Romance

Messages between gay Portuguese journalist Carlos Castro and his confessed killer, Renato Seabra, suggest romance between the men.

Seabra was arraigned Friday in New York on a murder charge via a video link from Bellevue Hospital.

The 21-year-old fashion model did not enter a plea and remained quiet as prosecutors accused him of bludgeoning to death and castrating the 65-year-old Castro on January 7 in the Inter-Continental New York Times Square Hotel room the pair were sharing.

Seabra earned fame last year on the Portuguese reality talent contest À Procura Do Sonho, or Pursuit of a Dream. He didn't win the contest but was signed to a modeling contract.

Castro had written articles and books about fashion and was a vocal gay rights advocate.

Seabra allegedly told investigators that he screamed at Castro “I'm not gay anymore!” while he kicked, punched and ultimately mutilated his lover with a wine corkscrew.

And Seabra's mother Odilia Pereirinha told Portugal's TVIndependente television network that her son “was not Carlos Castro's lover.”

Seabra “never hid his sexuality: that he is heterosexual,” she said, the AP reported.

But in Facebook messages that surfaced on Friday on the social network, Seabra flatters Castro and sends him a “big kiss.”

In their first conversation, dated October 9, Castro messages to Seabra, “Hello Renato thanks and a hug.”

In other conversations, Renato asks the journalist for advice on the fashion world.

In an October 16 exchange, Castro calls Seabra “querido,” a form of endearment that could suggest more than friendship.

Seabra replies, “As I said I think about you as well … I want to be with you! A big kiss.”

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By On Top Magazine Staff

Published: January 15, 2011

CARLOS POIARES FALA SOBRE RENATO



Entrevista

"Agora, não me voltas a molestar"

Carlos Poiares, prof. de Psicologia Forense, defende que mutilações são expressão de raiva ou de incapacidade sexual.

Correio da Manhã – Qual o significado/explicação, no caso concreto, para o esvaziamento de uma vista e mutilação dos órgãos genitais?

Carlos Poiares – O esvaziamento de uma vista pode significar raiva, que poderia ter sido expressada em qualquer parte do corpo. Mas também pode ter um significado simbólico e querer dizer que deixa de ver o seu objecto. A castração poderá ter que ver com a simbologia do comportamento sexual, a incapacidade para a prática do acto sexual, mas também poderá indicar que entre o Renato e o Carlos existisse um conflito sexual. Mas tudo isto só poderá ser avaliado através de várias entrevistas, que os psicólogos terão de fazer ao Renato, e das respostas que ele der ao significado que quis dar aos actos praticados.

– As pessoas que não tenham uma orientação sexual definida são pessoas mais violentas?

– Se forem pressionadas pela pessoa que com elas têm uma relação. A violência é exercida por raiva e a mensagem é ‘agora não me voltas a incomodar’, ‘agora não me voltas a molestar sexualmente’.

– Qual será a situação em que se encontra o Renato?

– É impossível dizer. Tudo isto só poderá ser definido correctamente através de várias entrevistas e consequentes testes adequados às respostas que o Renato der. Só assim, através do ‘Quê’, conseguiremos aceder ao ‘Quem’. O que é que ele fez, como é que o fez e porque é que o fez, para sabermos quem é aquela pessoa. Um tribunal não pode julgar uma pessoa sem conhecer a sua dimensão pessoal e, neste caso concreto, sem conhecer também a dimensão da relação entre o Renato e o Carlos. Até que tudo seja esclarecido, todas as hipóteses e teses que se avançarem para explicar este caso são pura especulação.

– Esse processo de análise é demorado?

– Depende. Se a pessoa fala muito é rápido. Mas se for uma pessoa que fala pouco, tem de se dar ainda mais atenção à linguagem gestual dessa pessoa.

"NÃO VAMOS CANCELAR O CONTRATO COM O RENATO"

Fátima Lopes ainda não encontra as palavras certas para compreender toda esta tragédia. No entanto, a estilista tem uma certeza: "Não vamos cancelar o contrato com o Renato, não faz sentido." O contrato de exclusividade que a Face Models tem com o manequim é de dois anos, mas Fátima Lopes, mesmo perante a possibilidade de o jovem incorrer numa pena de prisão perpétua, não quer desfazer o estabelecido.

Durante os quatro meses que Renato fez parte da agência, o jovem não fez qualquer trabalho como manequim. "Ele ainda tinha muito caminho a percorrer e nem sequer tinha o book completo", diz a estilista, realçando que, a somar a esta situação, Renato "faltou a muitos castings". "Ele não era um manequim que tivesse grande vontade de trabalhar, porque senão ia aos castings", justifica, acreditando que a imagem da sua agência não sai beliscada. "Não pode afectar, porque a Face não existe nesta história."

SAÚDE ERA PREOCUPAÇÃO

"Tenho a tensão ‘super-alta’
. Fui ao hospital e não me conseguem fazer nada. Já é a segunda vez este mês", desabafou Carlos Castro alguns dias antes de partir de férias para Nova Iorque a 29 de Dezembro. A saúde era uma das suas maiores preocupações e cedo o manifestou a Renato Seabra. Das muitas mensagens enviadas pelo manequim, e que os amigos contam ter lido no telefone de Carlos Castro, uma deles terá sido: "Já mediste a tensão hoje?"

AJUDA À FAMÍLIA DO MANEQUIM

Os amigos de Renato criaram um movimento no Facebook chamado ‘Deus é grande e vai fazer justiça’. O mesmo grupo está a criar uma conta no banco através da qual quem quiser pode doar uma quantia monetária com destino a ajudar a família do manequim. Recorde-se que a mãe, Odília Pereirinha, enfermeira de profissão, está desde segunda-feira em Nova Iorque para dar todo o apoio ao filho.

14 Janeiro 2011

Por:Lurdes Mateus

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/agora-nao-me-voltas-a-molestar

CARLSO CASTRO: VIDA DE EMOÇÕES FORTES


Apesar do reconhecimento que obteve, Carlos Castro era descrito pelos amigos como uma pessoa simples. Aos 65 anos, o cronista social gostava de passar despercebido na rua, preferia estar em casa de pantufas do que nas badaladas festas do social e era capaz de passar horas só a brincar com a gata, Romy, que lhe tinha sido oferecida há um ano.

"Nos últimos tempos, só ia a algumas festas e porque tinha de fazer crónicas de social, que eram o seu sustento. Dizia que estava farto de ver sempre as mesmas pessoas e que preferia estar em casa, a ler o seu livro, ou num jantar caseiro com amigos. Fazia uma boa feijoada e um óptimo arroz de pato. Cozinhava muito bem e gostava de receber", começa por contar o amigo de há vários anos, Eládio Clímaco.


Preocupado com a saúde, o homem que foi brutalmente assassinado por Renato Seabra, de 21 anos, em Nova Iorque, temia que uma doença grave o matasse e, atento às oscilações da balança, não se deixava levar por refeições calóricas. "Gostava muito de salmão, por exemplo, mas não era um gourmet. Aliás, o Carlos estava sempre em dieta e até quando ia a alguns dos seus restaurantes favoritos, como a Bica do Sapato ou o Alcântara Café, era mais para ver gente bonita do que para comer bem. Adorava caipirinha, mas raramente bebia, por questões de saúde. "

"Tinha muito medo de adoecer"
, revela uma das suas melhores amigas, Lili Caneças, enquanto o jornalista e escritor Guilherme de Melo garante mesmo que Carlos Castro tinha a mania das doenças: "Era hipocondríaco. Telefonava-me muitas vezes a pedir-me conselhos de saúde, que estava com a tensão alta e não sabia o que havia de fazer." Problemas acentuados à medida que, por circunstâncias da vida, o cronista foi perdendo alguns dos amigos mais chegados.

Nos últimos tempos, contam, os problemas de saúde tinham sido temporariamente esquecidos em prol da paixão. Desde que tinha conhecido Renato Seabra que Carlos não escondia o brilho no olhar e, aos mais chegados, confessava-se profundamente apaixonado pelo jovem que haveria de o matar.

"Neste Natal, disse-me que tinha encontrado a alma gémea, a outra metade da laranja. Eu alertei-o para ter cuidado, porque havia pessoas que se aproximavam dele por interesse e lhe davam a entender que sentiam coisas que não eram verdade, mas ele disse-me que o Renato era de boas famílias, que o adorava e lhe mandava mensagens carinhosas. E eu calei-me", acrescenta o jornalista.

VIDA DE LUXO

Aos 65 anos, Carlos Castro conquistou um estilo de vida que nunca tinha imaginado quando, ainda miúdo, era maltratado pelo pai e vivia no limiar da pobreza, em Angola, juntamente com os seus seis irmãos. No início da década de 90, chegava a ganhar até cerca de dez mil euros por cada desfile que organizava, rendimentos que lhe permitiram comprar um T1 nas Amoreiras por 250 mil euros, que vendeu posteriormente.

Actualmente, o cronista vivia num luxuoso apartamento arrendado nas Twin Towers, em Lisboa, viajava pelo Mundo, onde tinha acesso aos espectáculos mais caros, e tinha conseguido o reconhecimento de figuras de topo da nossa sociedade, muitas delas que ajudou a lançar. A primeira entrevista de Judite de Sousa foi dada a Carlos Castro e, segundo conta Lili Caneças, muitas outras figuras se tornaram conhecidas pela sua mão, inclusivamente ela própria.

"O Carlos ajudou muita gente e nunca pediu nada em troca. A Marisa Cruz, a Carla Caldeira, os Excesso e eu própria fomos pessoas que ele ajudou a lançar", diz, numa lista à qual Guilherme de Melo junta ainda mais nomes: "A Maya. E há uma série de modelos que ele ajudou na carreira."

Com um grupo de amigos enorme, nenhuma figura do social ficava indiferente ao cronista, especialmente quando a língua afiada de Carlos Castro os visava com algumas críticas. Com ódios de estimação, chegou a zangar-se com Bárbara Guimarães e Cláudio Ramos, mas a verdade é que os tempos de cólera acabavam por não durar mais do que algumas semanas. No final, fazia quase sempre as pazes com os visados e, no caso da apresentadora da SIC, da desavença, os dois acabaram mesmo por construir uma sólida amizade.

HOMEM GENEROSO

Carlos Castro nunca esquecia os amigos mais chegados e, em alturas simbólicas como o Natal, juntava em sua casa todos aqueles que, já sem família, estavam destinados a passar a quadra sozinhos. "Ele era extremamente generoso e solidário. Há três anos, quando a minha irmã faleceu, o Carlos disse-me que, a partir dessa altura, passaria sempre o Natal em sua casa, pois ele e as irmãs seriam a minha família. E fez o mesmo com o Victor de Sousa, quando no ano passado este perdeu a mãe", adianta Guilherme de Melo.

Mas os gestos nobres não se ficam por aqui. Quando convidava, era sempre ele quem pagava o jantar, e no dia em que a cantora Lena d’Água lhe confessou, através do Facebook, que o regresso aos palcos a ia ajudar a dar uma reforma ao velho fogão, Carlos não perdeu tempo. "No dia do meu aniversário, recebi em casa um novo, oferecido por ele", confessa a cantora.

Mas o cronista era também um homem que gostava de se mimar. Vaidoso assumido, chegou a fazer um lifting à pele e perguntava frequentemente aos amigos se determinada peça de roupa lhe ficava bem. Apaixonado pela criação, não faltava a uma edição da Moda Lisboa, mas na altura de comprar mostrava-se bem mais conservador. "Ele adorava camisas aos quadrados e, se via uma de que gostasse, era capaz de comprar logo quatro iguais, assim como calças", recorda Eládio Clímaco.

15-01-2011

http://www.vidas.xl.pt/noticia.aspx?channelId=83c1118f-0a09-426d-88d0-7a0980df951a&contentId=95c3aad4-424a-42ae-8351-fd23421a5aec

RENATO SEABRA RECEBE JORNALISTAS DE SORRISO RASGADO


Carlos Castro: Procuradora fala em morte brutal

Maxine Rosenthal é a procuradora que tem a seu cargo a acusação do estado de Nova Iorque contra Renato Seabra

Renato Seabra recebeu os jornalistas de sorriso rasgado, a partir do sofá no Bellevue Hospital, mal o juiz Ferrara proibiu fotos da videoconferência. Entretanto, as perícias médico-legais provam que o jovem modelo esteve quatro horas no quarto do hotel com o cadáver de Carlos Castro.

GUILHERME DE MELO FALA DE CARLOS CASTRO


"Carlos Castro sabia que o Renato não era homossexual"

Guilherme de Melo, escritor e jornalista, diz ao i que nas paixões de Carlos Castro tinha de haver um toque de heterossexualidade

Guilherme de Melo, prestes a completar 80 anos, fotografado em sua casa, no Príncipe Real. O jornalista foi o primeiro homossexual a assumir-se publicamente em Portugal
Foto Sandra Rocha
Conheceu Carlos Castro pouco depois de chegar a Portugal, em 1975. O primeiro homem a assumir publicamente a sua homossexualidade foi também um dos melhores amigos do cronista assassinado há uma semana. Em entrevista ao i, Guilherme de Melo recorda os anos de amizade com Carlos Castro e a última vez que estiveram juntos. Foi na noite de Natal, altura em que o amigo lhe confidenciou a paixão que estava a viver com Renato Seabra. À saída de casa, três anos depois de ter sofrido um AVC, e prestes a completar 80 anos, abraçou-se ao amigo e disse-lhe entre lágrimas: "Este é o último Natal que passamos juntos". Tinha razão: Carlos Castro morreu dias depois.

Como soube da morte do seu amigo?

Eram sete da manhã de sábado. O meu telefone não parava de tocar, coisa estranha àquela hora da madrugada. Levantei-me e atendi. Era a dona Fátima, a senhora do snack-bar aqui ao pé de casa, que costumo frequentar. Disse-me que sabia que eu tinha passado o Natal na casa do Carlos Castro e perguntou-me se tinha corrido bem. Aquela conversa fez-me confusão, sobretudo pela hora. Perguntei-lhe directamente o que se estava a passar e foi quando ela me disse que tinha uma notícia trágica para me dar. "Acabei de ouvir agora mesmo que o seu amigo foi assassinado." Não sei como não me deu uma coisa.

Sabia que eles iam juntos para Nova Iorque?

Sim, eles iam embarcar daí a cinco dias. Éramos muito amigos, passo o Natal na casa dele desde que a minha irmã morreu, há três anos. O Carlos fazia isso com todos os amigos próximos que estavam sozinhos. Nessa noite falou-me imenso do Renato, estava muito bem-disposto. Desde Outubro que ele andava numa euforia muito grande e eu até esperava conhecê-lo nessa noite, mas ele tinha ido passar o Natal com a família, em Cantanhede.

O que lhe contou?

Dizia-me que tinha encontrado o companheiro para o resto da vida. A expressão que ele usou foi: "Encontrei a minha alma gémea, como dizem os brasileiros, a metade da laranja".

Alguma vez o ouviu falar assim?

Não. Pareceu-me diferente. O Carlos teve uma grande paixão na vida, um companheiro com quem viveu 15 anos. Mas nunca se apaixonou por rapazes que fossem genuinamente homossexuais. Nas suas paixões tinha de haver sempre uma componente muito máscula e viril, um toque de heterossexualidade, caso contrário desinteressava-se. Já me chegaram a perguntar se fomos amantes. Nós? (risos) Tive imensas aventuras, mas com ele era impossível. Éramos os dois verdadeiramente homossexuais, quando alguém insinuava qualquer coisa desse género, costumávamos dizer: "Lésbicas não somos, somos gays".

Ou seja, o Renato não era homossexual.

Ele era a tal componente heterossexual, e este caso não foi diferente de outros que o Carlos teve: sabia que o Renato tinha namorada mas ignorava isso. Achava que o facto de ter uma mulher era uma forma de atirar poeira para os olhos. Queria muito que ele fosse homossexual. O Carlos era uma pessoa complicada.
Acha que ele estava ciente da sua orientação sexual?

Ele sabia que o rapaz não era homossexual e que nunca tinha tido uma experiência do género. Tinha a certeza disso. Sem ser muito efeminado, em termos sexuais o Carlos era uma mulher. O rapaz, sendo heterossexual, jogou com ele. Era o homem, o elemento activo, e isso não afectaria a sua masculinidade. Eu sempre lhe disse que aquilo não tinha pernas para andar e que o melhor era aproveitar enquanto durasse. Mas isso não lhe chegava. "O rapaz passa a vida a dizer que me adora, acho que isto é para o resto da vida", dizia-me ele. "Tens de o conhecer." E fartava-se de receber mensagens dele.

Leu alguma?

Sim, ele mostrou-me algumas na noite de Natal: "Já tomaste o teu leitinho? Reparei agora nas horas, mediste a tensão? Sei que estou a ser chato, mas sabes que te adoro". E o Carlos acreditava em tudo isso. Quando está apaixonado, deixa-se deslumbrar. Mas eu achava que a única coisa que ele via no Carlos era a oportunidade, o protagonismo, a carreira, alguém que lhe podia abrir as portas.

Avisou-o disso?

Não foi a primeira vez que isto aconteceu. O Carlos ajudou muita gente ligada à moda, muitos destes manequins famosos começaram pela mão dele. Mas, neste caso, entrou a paixão. Ao contrário do que as pessoas pensam, ele não era de se apaixonar facilmente, nem promíscuo. Não era o tipo de pessoa que conhece alguém e que vai imediatamente para a cama. Era um sonhador, um fantasista. E quando se apaixonava vivia obcecado. Era de uma fidelidade e entrega totais. Eu sempre vivi a minha homossexualidade de forma aberta, tive um companheiro durante 28 anos, mas gostava muito de ter as minhas aventuras. Nunca misturei sentimentos de amor com putice. O Carlos não, quando estava apaixonado vivia só para aquela pessoa. Mas era extremamente possessivo quando amava. E muito ciumento.

Dá a sensação de que este romance tem uma componente psicológica muito forte.

O facto de o Carlos ser muito ciumento fazia com que se descontrolasse. Ele criava fantasias: quando percebia que a paixão não era correspondida, entrava em depressão, pensava em suicídio. Era uma pessoa de extremos. Houve uma violência psicológica muito forte de ambos.

Mas daí a haver um crime destes vai um passo de gigante.

Acho que o rapaz usou o corpo que tinha, a virilidade e, sobretudo, o que tinha entre as pernas. Quando o Carlos o viu trocar contactos com umas raparigas no hall do hotel, fez uma cena de ciúmes enorme. Por outro lado, o rapaz, que tinha sido acólito em Cantanhede, tinha a cabeça cheia de preconceitos. A discussão que tiveram no restaurante - que levou alguns clientes a queixarem-se à gerência - fez com que o Renato caísse em si: passou a ver no Carlos o objecto do seu ódio, daí a tortura a que o submeteu, para o livrar dos "demónios". Acho que foi nessa altura que percebeu que se tinha envolvido, e que não havia forma de voltar atrás.

O Carlos sempre se envolveu com pessoas mais novas. Porquê?

Um dos factores mais importantes para ele era a beleza. E, meu querido amigo, só se é belo e deslumbrante entre os 20 e os 30 anos. A partir daí, temos de começar a defender-nos. O Carlos nunca foi de se ligar a adolescentes... Não. As grandes paixões dele foram todas entre os 20 e os 25 anos. Daí para frente...

Desinteressava-se?

Sim... quer dizer, não se desinteressava. É que nem sequer se interessava. Ele teve uma ligação grande com um rapaz, durante 15 anos. Quando o conheceu, ele tinha 23 anos, tinha acabado de sair da Marinha, era fuzileiro e um excelente fotógrafo. O Carlos nessa altura tinha uma página semanal sobre espectáculos no Correio da Manhã e o rapaz, que tinha muita apetência para a fotografia artística, procurou-o. Ligou-lhe e contou que tinha saído da tropa, que era fotógrafo e gostava muito de conversar com ele porque sabia que tinha uma página no CM. Combinaram um encontro, foram almoçar e dá-se o clic. O Carlos teve uma paixão assolapada por ele e seis meses depois, já com o rapaz a trabalhar no CM, estavam metidos na cama. Era heterossexual, mas encarou aquilo com a maior das naturalidades.

O Carlos sabia disso?

Chegou a desconfiar que ele andava com mulheres e fazia imensas cenas de ciúme. Estiveram juntos durante 15 anos, até o rapaz se apaixonar por uma mulher e decidir casar com ela. O Carlos engoliu e ainda foi padrinho de baptismo da filha deles. E a rapariga de olhinhos tapados. Porque a gente só vê aquilo que quer ver. Esta é a verdade. O Carlos ia com ele para Nova Iorque, ia com ele quando era a eleição da Miss Universo e continuavam a trabalhar juntos. Mas, pronto, para todos os efeitos iam só em serviço. Era o que o Luís dizia. Mas ele andava a fazer uma vida dupla. E é claro que todos nós sabíamos.

Como foi o desfecho da história?

Houve alguém que disse à rapariga: "Olha lá, tu andas a dormir na forma." "Ai, não - dizia ela - eles não têm nada entre eles. São só amigos. O Carlos é como um pai para o Luís." Mas os avisos continuavam a chegar e ela continuava a negar até ao dia em que alguém lhe disse: "Olha que se eles não são amantes, toda a gente pensa que são". Foi então que a rapariga o pôs entre a espada e a parede e fez um ultimato ao marido. O Luís cortou então com o Carlos, saiu do jornalismo, deixou tudo e foi-se embora.

E o Carlos, como ficou no meio disso tudo?

Aquilo foi muito mau para ele. Tentou suicidar-se. Entrou numa depressão terrível. Foi muito dado às depressões, além de ser extremamente hipocondríaco. Era capaz de me telefonar às três da manhã assustado com qualquer coisa que sentia na cabeça ou porque tinha a tensão muito alta. "Não é melhor virem buscar-me?" E eu dizia: "Ó homem, tem calma". Mas ele começava logo a pensar que ia morrer. Tinha sempre a mania da morte. Quando se mudou das Amoreiras, onde tinha um apartamento há uma data de anos, e foi para o 22º andar das Twin Towers deu uma festinha. Nessa altura, disse-lhe : "Eu não morava aqui, tão alto, com os aviões mesmo aqui ao pé. Que mania que tu tens das alturas, já nas Amoreiras vivias no último andar." E ele respondeu: "Assim é melhor. Quando eu me decidir, é só abrir a janela e atirar-me."Ele tinha a mania do suicídio.

Alguma vez tentou suicidar-se?

Ele tinha uma obsessão pela morte. Sobretudo quando ficava destroçado por causa de um amor. Numa altura, tomou uma série de comprimidos e só não morreu porque a Rute Bryden, um travesti muito conhecido que morreu com SIDA, o levou ao hospital.

Pelo que diz, o Carlos parecia ser uma pessoa muito instável emocionalmente, alguém que se deixa à mercê dos amores, para o bem e para o mal.

Isso aconteceu neste romance com o Renato. Não adiantava pedir-lhe calma. Quando acabou a gala dos travestis, no passado dia 1 de Dezembro, no São Luís, o público chamou por ele, que decidiu fazer ali uma declaração: "Esta foi a gala mais feliz da minha vida, porque estou a passar um momento único. Encontrei finalmente a minha alma gémea, o meu companheiro para a vida inteira". Eu só lhe disse: "Tu crias um mundo imaginário à tua volta e depois eu sei como é o fim disto tudo, entras em depressão, queres morrer e fazes a nossa vida um inferno". Mas ele não ligou, dizia que desta vez não ia ser assim, porque o Renato o adorava. E eu virei-me para o Cláudio Montez e ambos encolhemos os ombros.

Nestas alturas, ele nunca lhe dava ouvidos?

Não porque ele adorava aquilo. Segundo o Cláudio Montez, que nos últimos tempos andava como ele de carro para todo o lado, o Carlos, de vez em quando, gritava: "Ai, uma mensagem. Uma mensagem do Renato!" E ficava maluco. O certo é que o rapaz foi alimentado a fantasia dele, bolas!

Por seu lado, o Carlos lá o ia mimando com presentes.

O Carlos adorava passar fins-de-semana em Madrid. Uma vez foram os três, o Cláudio Montez, ele e o Renato. Chegaram, foram para um hotel. O Cláudio ficou no seu quarto e eles num quarto de casal. Estava frio e o Carlos disse logo que o Renato precisava de um bom sobretudo. Correram umas quantas lojas, mas o menino não gostava de nada do que ia vendo. O Montez ficou com uma impressão do rapaz... era um sobretudo que não lhe assentava bem, era outro que não ficava bem. O rapaz era muito vaidoso. Isso o Cláudio percebeu. Tinha o culto do corpo. Andaram pelas lojas até que por fim compraram um sobretudo de 200 euros, mas o Carlos estava sempre a dar-lhe roupas.

A família do Renato sabia desta amizade?

A mãe do Renato chegou a enviar duas ou três mensagens pelo Natal, a desejar-lhe boas festas e a agradecer tudo o que ele andava a fazer pelo filho. Que estava muito grata. E o Carlos disse que gostava muito do filho. A senhora certamente devia achar que, sendo o Carlos uma pessoa conhecida, iria ajudar a lançar o seu filho, mas o Renato fez um jogo duplo: uma coisa era o que ele dizia à família e aos amigos; a outra era como ele alimentava a fantasia do Carlos. Mas quando caiu a ficha - aí está a palavra certa - foi a explosão que se passou dentro dele próprio. Quando ele diz "Já não sou mais gay", essa frase mostra muita coisa. Conhecendo o Carlos como o conheci, deve ter andado a espicaçá-lo, a dizer que ele não gostava de raparigas e que era tão bicha quanto ele.

Voltando atrás. Como conheceu o Carlos?

Foi em 1975. Eu vim de Moçambique e ele de Angola, no rescaldo da descolonização. Cheguei no meio da minha carreira jornalística com 43 anos, entrei para o DN e recomecei a minha vida. O Carlos era um rapaz de 20 e poucos anos, que em Angola trabalhou no comércio ou qualquer coisa relacionada, mas que gostava de escrever. Chegou a escrever uns contos numa revista, ganhou um prémio num concurso de poesia. Mas quando chegou cá, comeu o pão que o diabo amassou. Veio em ponte aérea sozinho. A família veio depois noutro avião e foram conduzidos para algures no Norte do país. O Carlos ficou sem saber onde estava a família. Andou desesperado e até passou fome. Chegou a dormir algumas noites no vão de escadas de um prédio do Príncipe Real. Quem lhe deitou a mão foi Rute Bryden, o tal travesti.

Isso, numa altura em que o travestismo estava em explosão.

Sim, isso foi logo a seguir ao 25 de Abril. Não o travestismo de rua ou do engate, mas do espectáculo. Foi nessa altura que abriu o cabaret o Scarlaty, da Guida Scarlaty, a coqueluche daquela altura. Eram espectáculos deslumbrantes. Iam lá os capitães de Abril, era de bom tom. Não era o mundo gay que lá ia. Ia o mundo elegante ver o espectáculo dos travesti. A Guida e a Lídia Barloff eram as cabeças de cartaz. Nessa altura estava muito na berra na RTP a série dos Marretas com uma personagem deliciosa, a miss Piggy. A Rute Bryden tem a ideia de convidar o Carlos para fazer o papel de Miss Piggy, porque ele era pequenino. E prometeu: "Vou arranjar-te um emprego". Como o Carlos gostava desse mundo do espectáculo, aceitou o desafio. Foi aí que o conheci, pela mão da Guida Scarlaty.

De que falaram?

Conversámos muito, e ele contou-me que o que gostava de fazer era entrar para um jornal. Gostava de escrever e precisava de ganhar dinheiro. E eu telefonei para a Maria Elvira Bento, uma jornalista que também tinha vindo de Angola, e perguntei: "Você conhece um rapaz, o Carlos Castro? Vá lá ver ao cabaret, ele faz um número muito engraçado." E ela foi. Como trabalhava na Nova Gente e sabia que o Carlos era uma pessoa versada, que fazia já as fofocas sociais - o ídolo dele foi sempre a Vera Lagoa - acabou por lhe dar a mão. Estava com ideias de criar uma página de fofocas, sobre as festas, os vestidos. "Você fazia?", perguntou-lhe ela. E ele, claro, disse que adorava - e criou essa página chamada Ziriguidum que fechava a revista. Era uma coisa de cusquice, que ele assinava como Daniela para se proteger das alfinetadas que dava. Durou uma data de anos. Quando acabou, o Carlos começou a ter muita saída.

Nessa altura, já sabia da orientação sexual do Carlos?

Claro, nós temos um... Uma linguagem secreta. Um homossexual detecta logo outro - até pode ser casado e ter filhos. A gente diz logo "a mim não me enganas", há sempre um olhar, um gesto...

Ele nunca tentou seduzi-lo?

Nunca! Nunca tivemos interesse um no outro. Éramos duas lésbicas. Mas eu tive uma coisa que o Carlos nunca foi capaz: tive montes de amigos homossexuais, do jornal, de fora, que ainda hoje são meus amigos amigos, e outros que não são homossexuais. As pessoa interessavam-me por serem pessoas, não por serem homossexuais ou não. Já o Carlos era diferente, só tinha amigos homossexuais. Às vezes dizia-me: "Mas o que é que conversas com eles?" Ora a gente não conversa só de bichices. O encanto da vida está na diversidade.

É habitual essa postura, viver muito fechado na homossexualidade?

Não só o Carlos. A maioria dos gays funcionam em gueto. Eu nunca o consegui. Tanto que não pertenço nem à Opus Gay nem à Ilga nem a nada disso. Conheço e apoio, mas não pertenço.

Mas empunhou muito a bandeira da causa gay.

Sim, sempre. Mesmo em Moçambique. E tive um companheiro lá com quem vivi sete anos e que apresentava a toda a gente como o meu companheiro. Toda a gente ficava assim surpreendida e eu dizia: "Sim, sou homossexual, se quiser continuar a conviver comigo, óptimo, se não, paciência." Sou muito franco. E nunca fui achincalhado, humilhado, nunca tive nenhum amigo que se afastasse por eu ser homossexual. Isso é o meu orgulho.

A ponto de ser o primeiro homossexual a assumir-se no nosso país.

Toda a gente sabia que eu era homossexual, vivia abertamente. Quando cheguei cá, fui para o Diário de Notícias, com o Mário Zambujal a chefe de redacção. Ao fim de dois meses, no dia da eleição da miss Universo, estavam uns dez jornalistas na redacção a ver chegar as telefotos. E eu aproximo-me e digo "Ah, estão todos muito animados!" E diz-me um colega: "Olha, ainda bem que apareceste, Guilherme. Amanhã é a eleição da Miss Universo e estamos aqui a discutir com o Mário quem vai para a primeira página. O Mário quer pôr uma e nós achamos que a melhor é outra; tu tens pinta de gostar de gajas, decide lá." A gozar-me. E eu peguei nas fotos e disse: "Ok, eu faço. Então, antes de mais, todos vocês sabem que eu sou homossexual - e não o escondo. Mas sabem qual é a diferença que há entre nós? É que eu sou capaz de dizer que é uma bonita rapariga e vocês não dizem é um bonito rapaz porque parece mal. A beleza não tem sexo."

E o Mário Zambujal...?

O Mário? O Mário levanta-se, vem direito a mim e diz-me: "Tu podes ser um grande paneleiro, mas tens uns grandes tomates!" A partir daí nunca mais ninguém se meteu comigo. O meu companheiro ia buscar-me ao jornal, cumprimentávamo-nos com um beijo na boca, à frente de toda a gente. Eu e o Ilídio fomos o primeiro casal homossexual a ir à televisão.

Como o convenceram?

Em 1981 publiquei a minha autobiografia, "A Sombra dos Dias". Um anos depois, o Joaquim Furtado contactou-me para ir a um debate sobre homossexualidade com um padre, um psicólogo e um psiquiatra e uma mãe de família, a Teresa Costa Macedo. Perguntei ao meu companheiro se queria ir e fomos. O Joaquim Furtado ficou louco.

E o dia seguinte, como foi? Deve ter tido um certo impacto na sua vida.

O impacto foi um prémio: um casal de namorados passa por nós junto a São Bento. Abordaram-nos e perguntaram se tínhamos estado na televisão na noite anterior. (pausa) Ela pediu para nos dar um beijo. Isto em 1982. (chora).

Os seus pais sempre aceitaram?

No dia em que lhes disse, ainda estávamos em Moçambique, eles responderam-me: "Não nos estás a dar uma novidade. Continuas a ser nosso filho e, se a pessoa que escolheste é digna de ti, queremos conhecê-lo". No dia seguinte, estávamos todos a jantar em casa dos meus pais.

por André Rito, Publicado em 15 de Janeiro de 2011

http://www.ionline.pt/conteudo/98679-carlos-castro-sabia-que-o-renato-nao-era-homossexual

RENATO PROTEGIDO POR MÉDICOS


A equipa de psiquiatras que segue Renato Seabra no Hospital de Bellevue, em Nova Iorque, considera que o jovem português não está em condições de enfrentar o tribunal, por ser incapaz de perceber a gravidade do crime de que está indiciado. O parecer clínico é claro, e aponta para perturbação psicológica, anterior ou na sequência do brutal homicídio de Carlos Castro.

Hoje, um juiz desloca-se ao hospital, acompanhado por uma procuradora responsável pela acusação e pelo advogado de defesa. Renato será pela primeira vez interrogado por um juiz – mas o interrogatório decorrerá na presença dos médicos.

A deslocação ao hospital das autoridades surge numa altura em que o ‘crime de Times Square’, como ficou conhecido, já não faz as manchetes locais. Mas o sistema de Justiça não esquece. O homicídio de Carlos Castro "é inédito, uma mancha" na zona nobre da cidade, lembra um polícia. E à espera de Renato Seabra, "com ou sem atenuantes", está Rikers Island, a cadeia de alta segurança do Estado de Nova Iorque. "Um inferno" isolado do mundo, na ilha de 167 hectares e disputada por 12 mil prisioneiros, entre assassinos, violadores e membros do crime organizado. A ala gay, extinta em 2005, não serve de abrigo ao jovem português. "Agora estão todos juntos". Só o isolamento, 23 horas por dia, lhe pode valer contra o risco de agressões sexuais.

Carros particulares ficam para cá da ponte, em Long Island, com os familiares a atravessarem em autocarros prisionais. Será esta a rotina dos pais de Renato, "num ambiente diabólico", reforça o jornalista Luís Pires, que vive nos EUA e conhece Rikers Island por dentro. "O cheiro, os ruídos, os gritos. É abominável o tratamento que dão aos visitantes." "Fiz muitas histórias com gente ali presa, por exemplo, uma jovem portuguesa que levou 12 anos, apanhada com meio quilo de ecstasy. E ao visitá-la fiquei com a impressão de que era também prisioneiro."

O pior são os abusos entre presos, com a conivência dos guardas, e os crimes cometidos por estes últimos, que marcam a história recente da cadeia. São vários os casos de elementos julgados e condenados por extorsão e castigos impostos a presos, à base de extrema violência. Além da corrupção, às ordens do crime organizado. É este o ambiente que espera Renato Seabra nos próximos anos.

"O CARLOS SÓ TINHA UMA CARA"

Vanda, a ex-mulher do jornalista Luís Pires que confrontou Renato na noite do crime, está impedida de falar do caso. No entanto, recorda o amigo que encontrou "feliz" nos últimos dias. "Deixa muitas saudades, o que era em público era em privado. Só tinha uma cara", disse.

PROCURADORAS COM ACESSO A DECLARAÇÕES NO HOSPITAL

A acusação a Renato Seabra está a ser preparada nos últimos dias pela Procuradoria local, em simultâneo com a avaliação psiquiátrica que há uma semana é feita numa ala restrita do Hospital de Bellevue – e que ontem apontou para perturbação psicológica. Tudo passa pelas duas procuradoras que conduzem a investigação, em articulação com a polícia de Nova Iorque, e têm acesso às declarações do jovem no hospital. "Tudo o que diga ali, aquilo que confessar, pode virar-se contra ele, passa a constar nos autos. Apesar da sua debilidade e sem a presença ou intervenção da defesa, que só apareceu mais tarde", critica uma fonte que conhece o sistema norte-americano de Justiça. "A avaliação psiquiátrica viola todas as normas jurídicas e éticas", diz a mesma fonte, e "tudo se torna muito complicado em termos de estratégia de defesa".


Renato Seabra, quando tiver alta clínica, será presente a um Grande Júri, que validará ou não a acusação e decidirá as condições em que chegará a julgamento.

CERIMÓNIA ANTECIPADA

A deposição de metade das cinzas de Carlos Castro foi antecipada para as 10h00 de amanhã no cemitério de Trinitu, Nova Iorque. À tarde, mantém-se a cerimónia em Newark, com missa rezada por um padre português na Igreja de N.ª Senhora de Fátima.

PRISIONEIROS DEPORTADOS

O risco de sobrelotação é levado a sério, e todos os anos o estado de Nova Iorque se pronuncia sobre a possível deportação de mais de 3200 presos estrangeiros. Muitos obtêm decisão favorável. Tal não será porém o caso de Renato Seabra.

JULGAMENTO EM POUCOS MESES

Fontes judiciais contactadas pelo ‘CM’ acreditam que Renato Seabra chegará a julgamento entre três a sete meses. No entanto, é difícil apontar uma data concreta, devido à complexidade do processo. Até lá, espera-o a cadeia de Rikers Island.

NOTAS
GUILHERME DE MELO: DEFESA

Na opinião do conhecido jornalista e escritor, o seu grande amigo Carlos Castro não era um homem "promíscuo". "Ele não ia para a cama com qualquer um", garante.

ROMANCE: SMS REVELADORES

Através de várias mensagens escritas, Renato revelava-se um namorado preocupado com Carlos Castro. O tom carinhoso era uma constante, bem como a palavra "adoro-te".

14-01-2011

http://www.vidas.xl.pt/noticia.aspx?channelId=83c1118f-0a09-426d-88d0-7a0980df951a&contentId=5aed40b4-5332-4d91-a770-c3e9ff3fc5f5

DAVID TOUGER É O ADVOGADO DE RENATO


Com experiência em crimes violentos

David Touger, um dos membros fundadores da agência de advogados Peluso & Touger LLP, é o advogado de defesa de Renato Seabra, principal suspeito da morte de Carlos Castro em Nova Iorque.

O norte-americano, natural de Brooklyn, judeu, esteve esta sexta-feira ao lado de Renato Seabra, na primeira audiência que decorreu a partir do Hospital de Bellevue. Touger pediu ao juiz Ferrata que não autorizasse recolha de imagens.

Com experiência no direito criminal, David já defendeu pessoas envolvidas em crimes violentos, casos de tráfico de droga ou crimes de colarinho branco.

Segundo o site da agência de advogados, Touger estudou na Brooklyn Law School e formou-se em 1984. Começou por defender clientes que eram detidos e não tinham dinheiro para contratar um advogado na Legal Aid Society, da qual saiu em 1988 já com mais de 30 casos entre mãos.

David Touger tem experiência em Tribunais Estatais e Federais e tem representado vários clientes em muitas jurisdições fora da área metropolitana de Nova Iorque.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/david-touger-e-o-advogado-de-renato-seabra

Friday 14 January 2011

BOYZONE: NO MATTER WHAT

VIGÍLIA DE APOIO A RENATO



Centenas em vigília de apoio a Renato Seabra - JN

CANTANHEDE DE MÃOS DADAS COM RENATO


Foi como num evento bem organizado por profissionais. Carlos Santos andou à volta da praça Marquês de Pombal, o espaço mais nobre de Cantanhede, e rapidamente dispôs cerca de 400 pessoas convocadas por SMS, em torno desta, de mãos dadas.

Na sua maioria jovens de aparência moderna, mas também idosos e idosas com lenços negros atados na cabeça. O propósito era comum. Transmitir uma mensagem de solidariedade a Renato Seabra, o filho da terra detido em Nova Iorque e acusado da morte do cronista social Carlos Castro, ocorrida na “grande maçã”, no passado sábado.

“Vamos fazer um minuto de silêncio para dar muita força ao Renato!”, diz Carlos Santos, pai de dois amigos de Renato e mestre improvisado desta cerimónia. Duas mulheres gritam: “E à mãe! E à mãe!” O orador concorda e acrescenta: “Vamos transmitir frequências positivas para eles!” Palmas no fim. Muitas palmas. O filho de Carlos Santos, bem mais alto do que o pai, vira a cara para trás e assim ninguém vê as suas lágrimas. Algumas pessoas que estavam mais próximas da igreja matriz rezam um Pai Nosso e uma Avé Maria.

Os últimos dias têm sido bem diferentes para uma cidade pequena e pacata como Cantanhede, sem comparação possível com as metrópoles como Lisboa ou Porto, e em que, por exemplo, se torna difícil encontrar estabelecimentos para jantar. À hora do Telejornal, os habitantes manifestam-se ruidosamente nos cafés, quando vêem a sua terra surgir nos ecrãs da televisão. Como nesta noite.

Os jornalistas abundam. Parece a cobertura de um grande evento e, hoje mesmo, num assalto efectuado em pleno dia, a uma loja de valores, também ela situada na praça principal, os profissionais da comunicação chegaram primeiro do que as autoridades. Inclusive, um fotógrafo conseguiu captar a corrida dos assaltantes em fuga.

http://www.publico.pt/Sociedade/cerca-de-400-populares-de-cantanhede-dao-as-maos-para-apoiar-renato-seabra_1475136

Wednesday 12 January 2011

MÃE DESESPERA PARA VER RENATO


Mãe desespera para ver Renato

Odília Pereirinha, mãe de Renato, o autor confesso da morte de Carlos Castro, está desesperada. Quer ver o seu filho ou, pelo menos, chegar à fala com ele, mas não consegue. Renato está sob custódia da polícia, o que tem impedido de ser visitado pela mãe.

"Um paciente psiquiátrico que está sob custódia da polícia não pode ser visitado por familiares até ser presente a tribunal", informou fonte hospitalar. Mas a advogada da família, Paula Fernandes, não dá a ‘guerra’ por perdida. Diz que tudo está a ser feito para que Odília veja o filho e admite mesmo que o encontro poderá ocorrer muito em breve. "É possível que hoje à noite [madrugada em Lisboa] ainda o consiga", disse, esperançosa ao CM. A única visita que Renato recebeu até agora foi do advogado que prepara a sua defesa nos EUA. "Ele já falou com um colega, mas é prematuro adiantar qualquer pormenor", disse Paula Fernandes.

Entretanto, ficou ontem a saber-se que Carlos Castro foi morto na noite em que se preparava para regressar a Portugal. "Ele antecipou a viagem. Estava para voltar dia 15, mas antecipou para dia 8", revelou ao CM Cláudio Montez, amigo de Castro, dando a entender que a relação entre o cronista social e o jovem modelo não corria como previsto.

"A partida também foi adiada", acrescentou, referindo que Carlos e Renato estiveram três dias em casa do cronista, em Sete Rios, Lisboa. "E eles não saíram porque o Renato não queria ser exposto." O jovem, natural de Cantanhede, garantiu ainda a Cláudio Montez que esta era a sua primeira relação homossexual.

"O Renato até podia não estar preparado para uma relação deste tipo, mas foi avisado várias vezes. Foi testado, foi-lhe perguntado pelo Carlos 500 mil vezes", frisa Cláudio.

"APROVEITOU-SE DO CARLOS"

Fernanda e Amélia, irmãs de Carlos Castro, aterraram ontem em Nova Iorque para cumprir o último desejo do cronista: que as suas cinzas sejam espalhadas pelas ruas da Broadway.

Segundo contou ao CM Cláudio Montez, amigo de longa data de Carlos Castro e que acompanhou Fernanda e Amélia nesta viagem, "o processo custará cerca de 800 euros". "Conheci um português no aeroporto, que é coveiro em Nova Iorque, que me deu todas as informações necessárias", explicou.

Visivelmente abatida, Amélia Castro foi dura nas palavras amargas que proferiu à chegada sobre o assassino confesso do seu irmão: "O Renato aproveitou-se do Carlos para se lançar na moda. Sempre me pareceu um rapaz frio e introvertido. Não tenho palavras para ele", disse, acrescentando de seguida: "O Carlos era uma pessoa muito feliz em Nova Iorque".

À espera dos familiares e do amigo do cronista estava Vanda, ex-mulher de Luís Pires, jornalista – a amiga de Carlos Castro que, juntamente com a filha, o esperavam no hall do hotel quando Renato apareceu e lhes disse: "O Carlos não sai mais daqui". É em casa de Vanda que vão ficar uma semana.

Fernanda, Amélia e Cláudio seguiram depois para a polícia. As autoridades querem ouvir o maior número de pessoas possível da parte de Carlos Castro e de Renato para melhor entenderem a relação entre ambos.

RENATO ESTÁ NA ALA PRISIONAL

Renato foi transferido da ala psiquiátrica para a área prisional do Hospital Bellevue, sob a custódia da polícia. O hospital tem uma unidade especializada para que prisioneiros possam ser observados pelos médicos. Renato foi directamente transferido dos cuidados médicos regulares para essa unidade, explicou ao CM Steven Bohlen, das relações públicas do hospital.

PAI ENFERMEIRO MUITO AFECTADO

Apesar da distância com o filho Renato, Joaquim Seabra ficou "muito afectado psicologicamente" com a notícia do envolvimento do filho na morte de Castro Castro, referiu ao CM um familiar. O enfermeiro, separado da mãe do modelo, vive em Vila Real de Santo António, no Algarve, e trabalha no Serviço de Urgência Básica. Também está ligado à política local. Viajou ontem para Nova Iorque, com a actual mulher, para apoiar o filho.

O modelo costumava ir passar férias com o pai, no Verão, mas nos últimos anos as visitas começaram a ser poucas. "Depois de se meter no mundo da moda deixou de vir ver o pai", referiu a familiar.

ORDEM PARA NÃO DAR INFORMAÇÕES

A secção consular de Portugal em Nova Iorque "tem instruções superiores para não divulgar qualquer informação" sobre o caso do homicídio de Carlos Castro. "Não podemos dar qualquer informação aos meios de comunicação. Temos ordens superiores para não o fazer", disse fonte do consulado, acrescentando que tais ordens "não provêm da embaixada".

"DEMOS BEIJOS E TROCÁMOS CARÍCIAS"

Renato Seabra e uma aluna de Enfermagem em Coimbra, Isa Costa, "mantinham uma relação amorosa", revelou ontem ao CM José Malta, cunhado do manequim. "Eu não a conheço pessoalmente, mas sei que saía frequentemente com ele e com os amigos para irem ao cinema ou à discoteca".

"Os amigos garantem que havia uma relação amorosa, nitidamente",
adiantou o familiar do autor confesso da morte de Carlos Castro. No entanto, apesar da relação, que assumiu maior intensidade há dois meses, José Malta garante que, "antes do Natal", Renato Seabra passou algum tempo na praia de Mira com outra amiga de Coimbra.

Isa Costa, de 20 anos, desmente um "namoro oficial" com o jovem manequim, um ano mais velho, adiantando que eram apenas "amigos especiais", que andavam a sair juntos desde Novembro. "Demos alguns beijos, houve carícias. Ele não era homossexual", diz a estudante, que esteve pela última vez com o manequim, que conheceu pela internet há um ano, a 23 de Dezembro.

APONTAMENTOS

COFRE ABERTO

Filomena Cardinali, amiga de Carlos Castro, garante que não desapareceu nada de casa do cronista, ao contrário do que afirmou Hernâni Carvalho, na SIC. O jornalista disse que o cofre foi aberto e esvaziado.

CONTRATO

Cláudio Montez não acredita que Renato se tenha querido aproveitar de Castro, pois o modelo tinha um contrato de exclusividade por dois anos com a agência de Fátima Lopes e, como tal, não podia trabalhar para outros.

ELOGIOS

Carlos Castro fazia rasgados elogios a Renato. "Ainda na última gala que houve no São Luiz, em Lisboa, o Carlos disse que finalmente tinha uma pessoa que não lhe pedia dinheiro", lembra Cláudio Montez.

NOTAS

TONY CASTRO: CRÍTICA

O ex-procurador de Justiça do Bronx, Nova Iorque, o advogado português Tony Castro, criticou ontem a falta de assistência jurídica prestada a Renato Seabra, acusado de homicídio.

SUICÍDIO: HIPÓTESE DESCARTADA

A polícia norte-americana afasta a hipótese de Renato ter tentado suicidar-se. Fonte policial refere que o modelo foi assistido no hospital com ferimentos na cabeça causados por uma luta.

PORTUGAL: CASTRAÇÃO

Em Portugal não se registou qualquer caso de homicídio associado a castração nos últimos 20 anos, revelou Duarte Nuno Vieira, presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal.

12-01-2011

http://www.vidas.xl.pt/noticia.aspx?channelId=83c1118f-0a09-426d-88d0-7a0980df951a&contentId=ec462553-2d33-4ead-be3a-4a01d043a810

NEVÃO ADIA CREMAÇÃO DE CARLOS CASTRO


Familía agenda conferência de imprensa

Nevão adia cremação de Carlos Castro

A cremação de Carlos Castro, inicialmente prevista para esta quarta-feira, foi adiada por um dia. A cerimónia terá lugar na Bergen Funeral Services, uma casa funerária situada no condado de Bergen, Nova Jérsia, segundo adiantou à agência Lusa Luís Pires, jornalista amigo do cronista.

De acordo com a mesma fonte, dificuldades relacionadas com o nevão que se abateu nas últimas horas sobre Nova Iorque impossibilitaram que a cremação tivesse lugar hoje.

A família de Castro realiza esta quarta-feira, pelas 18h00 (23h00 em Lisboa), uma conferência de imprensa em Newark, Nova Jérsia.

O reconhecimento do corpo de Castro, assassinado na sexta-feira, foi feito na terça-feira por duas irmãs do colunista social, no centro de medicina legal de Nova Iorque.

Compete agora à funerária tratar das cerimónias, de acordo com a pretensão da família de que as cinzas de Castro sejam lançadas algures na cidade, conforme era seu desejo.

De acordo com Luís Pires, ainda não está definido onde serão espalhadas as cinzas, mas uma das hipóteses mais fortes é o rio Hudson, fronteira fluvial entre Nova Jérsia e a ilha de Manhattan, Nova Iorque.

A vontade manifestada por Castro era que as cinzas fossem espalhadas na praça mais famosa de Nova Iorque, Times Square, mas a família já terá sido informada da inviabilidade legal deste desejo do cronista.

Entretanto, alguns amigos de Carlos Castro já marcaram para o dia 7 Fevereiro uma missa em nome do colunista social na cidade de Elizabeth, Nova Jérsia.

Castro, de 65 anos de idade, foi morto na sexta-feira no Hotel Intercontinental, próximo de Times Square. A polícia acusou deste crime o jovem modelo português Renato Seabra, que se encontra em detenção no Hospital Bellevue, de onde só poderá sair com alta médica.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/nevao-adia-cremacao-de-carlos-castro

RENATO ESTEVE NO "SALVE-SE QUEM PUDER"


Concurso da SIC

O modelo Renato Seabra, de 21 anos, autor confesso da morte do jornalista Carlos Castro num quarto de hotel em Nova Iorque (EUA), participou noutro programa televisivo antes do 'À Procura do Sonho', da SIC, que o tornou famoso no mundo da moda no Verão de 2010.

Na verdade, o jovem de Cantanhede participou no programa 'Salve-se Quem Puder', emitido em 24 de Junho de 2009 pela estação de Carnaxide, apresentando-se como capitão da equipa 'Fãs da Banheira'.

Em caso de vitória no concurso apresentado por Marco Horácio e Diana Chaves, Renato Seabra "seria capaz de ir comemorar para uma ilha deserta na companhia de um peluche", garantiu o locutor de 'Salve-se Quem Puder'.


http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/renato-seabra-esteve-no-salve-se-quem-puder

Tuesday 11 January 2011

PSICÓLOGO FALA SOBRE O COMPORTAMENTO SEXUAL DE RENATO

O assassinato de Carlos Castro

"Ter comportamento sexual oposto à orientação é violento"

Sempre que de uma relação homossexual resulta um acto de violência, citam-se logo estudos atestando que os casais homossexuais têm comportamentos mais violentos do que os heterossexuais. Se a violência atinge uma escalada tal que culmina em homicídio, especula-se imediatamente sobre a possibilidade de quem matou poder ter estado sob efeito de psicotrópicos ou outras substâncias capazes de alterar o sistema nervoso. Na falta de factos concretos, estes dois exemplos têm sido aventados como hipóteses possíveis para explicar a violência que o manequim de 21 anos Renato Seabra terá infligido ao colunista Carlos Castro, daí resultando a sua morte e mutilação.

Em abstracto e em termos académicos, o psicólogo forense Carlos Poiares, questionado pelo JN sobre as causas possíveis para um distúrbio, acrescenta variáveis que poderão ser determinantes para compreender um crime com estas características. "Um indivíduo pode aceitar ter um comportamento sexual contrário à sua orientação, mas isso é muito violento e origina um acumular de tensão perigosa, que pode rebentar a qualquer momento", explica. "É como estar enjaulado, desconforto que ninguém gosta de sentir. Sobretudo se for com alguém que afectivamente nada lhe diz." O manequim, recorde-se, terá confessado na noite do crime que não era homossexual e que a relação estabelecida com o colunista visava apenas cumprir uma ambição profissional.

Daí que Carlos Poiares sublinhe a importância de conhecer a natureza da relação, sobretudo para entender em que residia "o epicentro do poder e por quem era exercido". Neste caso, o poder não se mede, por exemplo, pela força física, mas "pela capacidade de fazer com que o outro acedesse a meios que sozinho não conseguiria". É importante perceber "se era uma relação mercantilista ou afectiva". O psicólogo alerta para a necessidade de reflectir sobre "a civilização big brother, em que os jovens acreditam que compensa contrariarem--se para atingir certos fins."

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http://jn.sapo.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1754013&dossier=O%20assassinato%20de%20Carlos%20Castro

POLÍCIA DESCARTA HIPÓTESE DE SUICÍDIO


Polícia afasta possibilidade de tentativa de suicídio de Renato Seabra

A polícia de Nova Iorque afastou a possibilidade de Renato Seabra ter tentado suicidar-se após o homicídio de Carlos Castro. De acordo com a notícia avançada hoje pela SIC, depois de uma avaliação de três dias, o jovem saiu hoje da ala psiquiátrica do Hospital de Bellevue, em Nova Iorque, e encontra-se na ala prisional do hospital, aguardando ser ouvido por um juiz.

Apesar das primeiras informações garantirem que o jovem modelo tinha chegado ao hospital com cortes nos pulsos, numa suposta tentativa de suicídio, a polícia nova-iorquina descarta agora tal hipótese.

"Aos enviados da SIC aos EUA, a polícia de Nova Iorque referiu apenas que Renato Seabra foi assistido no hospital com ferimentos na cabeça. Ferimentos que podem ter sido causados por uma luta, luta essa que terá resultado das agressões a Carlos Castro. A polícia não refere cortes nos pulsos nem faz comentários sobre essa possibilidade", é possível ler no site do canal de televisão.

http://www.ionline.pt/conteudo/98049-policia-afasta-possibilidade-tentativa-suicidio-renato-seabra-

ASSASSÍNIO DE CARLOS CASTRO:CRONOLOGIA DOS FACTOS

Recorde todos os acontecimentos relacionados com a morte do cronista social.

- Carlos Castro e Renato Seabra viajam para Nova Iorque e fazem check in no Intercontinental Hotel, em Times Square, partilhando o quarto 3416.

30 de dezembro

- Carlos Castro fala com amigos em Portugal, confessa estar muito apaixonado e diz que tudo está a correr muito bem em Nova Iorque.

- Por seu lado, Renato Seabra, que nunca revelou aos amigos ser homossexual, dizia à família que ia participar num desfile de moda e fazer alguns trabalhos em Nova Iorque.

- Os dois fizeram vários programas pela cidade e assistiram a um espetáculo da Broadway, Spider Man.

31 de dezembro

- Carlos Castro e Renato Seabra passam o fim de ano juntos em Times Square, Nova Iorque, aparentemente felizes, e chegam a encontrar-se com outros portugueses.

1 de janeiro

- Carlos envia mensagens para Portugal, nas quais fala da sua felicidade e da noite de fim de ano, que tinha corrido muito bem.

2 de janeiro

- Começam as discussões entre os dois, com várias testemunhas a virem a público confirmar que ouviam constantemente gritos no quarto e até no corredor do hotel.

- Renato fala com a família e diz que não se tem sentido muito bem, mas que provavelmente seria da comida.

3 de janeiro

- Num jantar no Paulinos, um restaurante em East Village, os dois foram vistos numa acesa discussão, durante a qual o jovem modelo terá dito a Carlos Castro que não era gay e que não estava interessado em nada que fosse dele. Outras fontes revelam que Renato cobrava ao jornalista as promessas que este lhe havia feito quando viajaram para Nova Iorque.

5 de janeiro

- Renato terá, alegadamente, tido alguns flirts com raparigas, o que poderá ter provocado uma crise de ciúmes a Carlos Castro.

- As discussões acentuam-se entre os dois.

6 de janeiro

- Carlos e Renato tomam café com Vanda Pires e a filha desta, Mónica, também filha do jornalista português Luís Pires, que viria a ser o principal interlocutor da notícia para Portugal.

- Carlos terá confessado, mais tarde, à amiga portuguesa que estava assustado com as atitudes do rapaz e que pretendia antecipar o regresso a Portugal. Combinaram jantar no dia seguinte. O encontro estava marcado para as 19 horas no hall do Intercontinental Hotel.

7 de janeiro

- Às 19 horas locais (meia-noite em Portugal) Vanda e Mónica Pires chegam ao hotel, onde combinaram encontrar-se com Carlos Castro e cruzam-se na receção com Renato Seabra, que lhes disse que o Carlos já não saía do hotel. Depois, o jovem modelo abandonou o hotel apressadamente.

- Preocupadas, as duas mulheres começam a insistir com os funcionários do hotel para que lhes abram a porta do quarto até serem bem sucedidas.

- O corpo do jornalista português é encontrado no quarto, envolto numa poça de sangue, nu e com cortes profundos na cabeça e mutilações nos órgãos genitais. A morte é confirmada no local pelo médico legista, mas o corpo permanece no hotel para investigação policial.

- A fotografia de Renato Seabra, retirada do Facebook, é distribuída à imprensa e espalhada pelos táxis e hospitais da cidade pela polícia de Nova Iorque.

- Quatro horas depois de sair do hotel, o modelo português apanha um táxi que o leva ao hospital, onde pretendia tratar alguns golpes na cara e cortes nos pulsos, aparentemente feitos pelo próprio.

- O taxista identifica o jovem e liga para a polícia. Mais tarde uma enfermeira do hospital também reconhece Renato na sala de espera da unidade e contacta as autoridades. Renato é sedado no hospital e detido pelas autoridades americanas, que o transportam depois para a ala de psiquiatria do Bellevue Hospital.

8 de janeiro

- A notícia da morte de Carlos Castro corre na imprensa de todo o Mundo e choca Portugal.

- A polícia permanece no hotel onde estavam hospedados os dois homens, analisa o local do crime e fala com hóspedes e outras testemunhas.

- Renato permanece sob custódia policial na ala psiquiátrica do Bellevue Hospital.

- Vanda Pires é a primeira a ser interrogada pela polícia, tendo sido ouvida durante cerca de oito horas.

- Fontes policiais dizem que a amiga de Carlos Castro revelou, durante o interrogatório, que o jornalista português estava assustado com as atitudes do jovem que o acompanhava.

- Ao final do dia, o corpo de Carlos Castro é transportado, finalmente, do hotel para a morgue e é autopsiado. Golpes profundos na cabeça e estrangulamento são consideradas as causas da morte, havendo também no relatório da autópsia alusão à mutilação dos órgãos genitais do cronista social.

9 de janeiro

- Família de Carlos Castro começa a preparar a viagem para Nova Iorque onde pretende cumprir o sonho do jornalista, que manifestou o desejo de ver as suas cinzas espalhadas em Manhattan.

- Odília Pereirinha, mãe do modelo e principal suspeito no caso, sai em defesa do filho, afirmando que este "não era namorado de Carlos Castro", nem homossexual. Viaja neste mesmo dia para Nova Iorque.

- Renato Seabra começa a ser ouvido pela polícia e, segundo fontes das autoridades americanas, acaba por confessar o crime.

10 de janeiro

- Renato Seabra é acusado de homicídio em 2.º grau, mas prepara-se para ser interrogado de novo pela Polícia de Nova Iorque, o que só deverá acontecer quando tiver alta do Bellevue Hospital.

http://aeiou.caras.pt/morte-de-carlos-castro-cronologia-dos-factos-atualizado=f35034

RENATO SEABRA TINHA NAMORADA


O manequim mantinha uma relação muito próxima com uma estudante de enfermagem.

A orientação sexual de Renato Seabra tem sido muito discutida desde que, na última sexta-feira, o jovem manequim assassinou o cronista social Carlos Castro, com quem passava férias em Nova Iorque. E, depois da mãe, Odília Pereirinha, ter afirmado que o filho não era homossexual, o site do Diário de Notícias avança agora que o modelo - que chegou à final do programa À Procura de Um Sonho, da SIC -, mantinha uma relação com uma estudante de enfermagem, Isa Costa. "Éramos amigos especiais, mas eu acho que ele me tratava como namorada. Andávamos a sair desde novembro e estávamos juntos", revelou a jovem à referida publicação.

A última saída de Renato e Isa terá sido a 23 de dezembro, quando foram ao cinema ver o filme O Amor é Melhor A Dois, e o jovem manequim terá partilhado as expectativas que tinha para a viagem a Nova Iorque. "Ele estava muito contente, disse-me que ia em trabalho. Custa-me saber que ia tão contente e que lhe aconteceu isto. Acredito que caiu numa armadilha. A mãe do Renato já tinha dito que ele se tinha queixado de qualquer coisa diferente na comida. Não acredito na versão da comunicação social, nem que iam em lua-de-mel. Ele nunca me falou em Carlos Castro", acrescentou antes de concluir: "Só estou a prestar estas declarações porque o Renato merece. Se ele fez aquilo que dizem é porque estava sob o efeito de qualquer droga; tem de haver qualquer coisa que nos está a escapar".

Recorde-se que Renato Seabra foi, desde o primeiro momento, o principal suspeito do assassinato de Carlos Castro, na última sexta-feira, em Nova Iorque. O jovem manequim e o cronista social passaram um animado fim de ano na cidade americana, depois de terem dado entrada no hotel Intercontinental no dia 29 de dezembro. Ontem, 10 de janeiro, Renato Seabra confessou o homicídio e continua internado no Bellevue Hospital.

AS ÚLTIMAS PALAVRAS DE CARLOS CASTRO:"ELE TEM AGIDO COMO UM LOUCO"


Fontes da polícia nova-iorquina revelaram parte da conversa que o cronista teve com uma amiga na véspera de ser assassinado.

Depois de um fim de ano animado e descontraído, como o próprio Carlos Castro contou a amigos em Portugal, a relação do cronista com Renato Seabra ter-se-á deteriorado e são diversos os relatos de violentas discussões entre os dois. No hotel, foram vários os hóspedes que revelaram ter ouvidos gritos tanto no quarto onde ambos estavam instalados como nos próprios corredores da unidade hoteleira. Testemunhas garantem ainda que os dois estavam bastante exaltados durante um jantar no restaurante Paulinos, em East Village. Um dia antes da sua morte, Carlos Castro encontrou-se com a amiga Vanda Pires e, segundo fontes da Polícia de Nova Iorque, ter-lhe-á confessado que as coisas não estavam a correr bem. "Estou assustado por ter que dormir com ele no quarto", disse o cronista à amiga, segundo fontes policiais. As mesmas fontes revelam ainda que Carlos Castro terá dito à amiga que tinha, inclusivamente, antecipado o regresso a Portugal. "Ele tem agido como um louco", terão sido as palavras usadas pelo cronista português.

No dia seguinte, a mesma amiga voltou ao hotel para se encontrar, de novo, com Carlos, e acabou por ser ela a dar o alerta que levou à descoberta do corpo. No hall do Intercontinental Hotel, Vanda e a filha, Mónica, ainda se cruzaram com Renato Seabra, que lhes disse que Carlos Castro não voltaria a sair do quarto, saindo apressado do local. Andou quatro horas desaparecido, apanhando depois um táxi para o hospital. E foi o próprio taxista quem deu o primeiro alerta à polícia. "Deixei o rapaz que procuram no hospital. Ele estava muito agitado", afirmou o taxista às autoridades. Pouco tempo depois, uma enfermeira viu Renato na sala de espera e reconheceu a sua fotografia da televisão, alertando também as autoridades, que viriam entretanto a prender o modelo português.

http://aeiou.caras.pt/as-ultimas-palavras-de-carlos-castro-ele-tem-agido-como-um-louco=f35021