Saturday 27 October 2012

PSICÓLOGO DA ACUSAÇÃO DIZ QUE RENATO EXAGEROU PARA PARECER LOUCO



Momentos de tensão no julgamento do homicídio de Carlos Castro

Psicólogo diz que Renato Seabra exagerou para "parecer louco"


William Barr, psicólogo arrolado pela acusação a Renato Seabra, defendeu nesta sexta-feira nu8m tribunal de Nova Iorque que o jovem português fugiu conscientemente do local do homicídio de Carlos Castro e que exagerou na descrição do crime para "parecer louco".

Director de Neuropsicologia na Universidade de Nova Iorque, Barr foi interrogado por um dos advogados de defesa de Seabra, David Sinins, durante duas horas com momentos de tensão entre ambos e também com a procuradora Maxine Rosenthal, levando o juiz a intervir várias vezes para serenar os ânimos.

"Ele elabora progressivamente os detalhes de um crime horrendo para o fazer parecer cada vez mais louco a toda a gente com quem fala. No final, já estava a beber sangue", disse Barr, referindo-se a um facto admitido pelo jovem na entrevista mais recente, a um psicólogo chamado pela defesa.

Barr rejeita a tese da defesa de que Seabra não tem responsabilidade criminal pelo violento crime de 7 de Janeiro de 2011, devido a problemas mentais que o impediram de ter consciência dos seus actos. No início de 2012, Barr diagnosticou a Seabra "distúrbios emocionais com traços psicóticos em remissão total", após seis horas de entrevista pessoal e de rever os registos dos diferentes médicos que o avaliaram, além de provas do crime.

Defende que o motivo do homicídio, seguido de tortura e mutilação, foi apenas "raiva" e que a violência praticada é semelhante dos cartéis de droga no México.

Perante a questão "hipotética" colocada por Sinins, sobre se Renato Seabra seria criminalmente responsável caso em estado psicótico tivesse assassinado Castro "seguindo as instruções de Deus ou de uma voz" que na sua cabeça dizia que era justo, o psicólogo defendeu que "não é isso o que o seu comportamento mostra".

"Depois de cometer o crime, foge do local, com 1700 dólares, passaporte, vai para [o terminal de transportes de] Penn Station? Penso que provavelmente está a fugir", disse Barr. Escudando-se em diagnósticos psiquiátricos feitos em três unidades psiquiátricas, a defesa sustenta que na altura do crime, Renato Seabra "estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com caraterísticas psicóticas graves", logo não deve ser considerado culpado.

Aponta ainda para a natureza brutal das agressões, incluindo mutilações genitais da vítima, como prova de que Seabra estava sob efeito de uma psicose, tal como o facto de ter relatado a dois psicólogos ter obedecido a "vozes" dentro da sua cabeça, nomeadamente durante a mutilação. Disse ainda que "as vozes" o levaram a acreditar que matar e mutilar Castro lhe daria poderes para curar as outras pessoas.

Barr retorquiu não dar credibilidade ao relato e apontou "inconsistências" ao jovem durante a entrevista, em particular em relação ao que alegadamente fez depois de mutilar os órgãos genitais. "Tive de perguntar três vezes algo de interesse óbvio para o caso e ele nem se lembrava", disse o psicólogo.

A defesa procurou argumentar perante os jurados que o diagnóstico de bipolaridade feito a Seabra nos dois hospitais logo após o crime é mais importante que o de Barr, que o questionou um ano depois dos factos.

Este sustentou que está hoje em melhor condição de fazer um diagnóstico do que os psiquiatras na altura, sabendo que Seabra não tem um historial de doença mental e considerando não serem convincentes os sinais de eclosão de psicose nos dias antes do crime.

Apoia o seu diagnóstico também no facto de, um ano depois do crime, Seabra "não revelar sinais" de psicose, apesar de ter cometido um "acto raivoso violento" contra uma pessoa.
A defesa de Renato Seabra continuará a interrogar Barr na próxima quarta-feira.

Wednesday 24 October 2012

RENATO FINGIU PROBLEMAS MENTAIS?


Procuradora tenta rebater tese de doença mental

Acusação sugere que Renato Seabra fingiu problemas mentais


A acusação no caso Carlos Castro sugeriu esta quarta-feira que Renato Seabra, acusado do homicídio do colunista, em Nova Iorque, fingiu ter problemas mentais após encontros com o seu advogado.

A procuradora Maxine Rosenthal prosseguiu hoje o interrogatório do psicólogo clínico Jeffrey Singer, testemunha da defesa, que atestou, em sessões anteriores, que Seabra não teve consciência do violento homicídio de 7 de Janeiro de 2011, por estar num estado psicótico, uma justificação usada pela defesa, para que seja considerado não culpado.

Nas primeiras horas de internamento na ala psiquiátrica do Hospital Bellevue, Seabra esteve sob vigilância constante por risco de suicídio, tendo sido observado o seu estado a cada 15 minutos, e foi recorrendo a estes registos que Ronsenthal tentou demonstrar que o arguido esteve quase sempre normal e calmo.

Perante os jurados, a procuradora sublinhou que os registos mostram que Seabra passou a maior parte do tempo a descansar, dormir, ver televisão, jogar xadrez ou pingue-pongue e que os seus comportamentos mais bizarros tiveram lugar logo após visitas do advogado ou da família.

Estes comportamentos, registados pelo pessoal hospitalar, incluíram identificar-se como "Abacaba" ou "Jesus", despir-se em público e fazer exercício, vestir-se de "super-herói", dizer ouvir vozes e receber "mensagens" dos livros, e anunciar querer matar todo o pessoal do Hospital.

Questionado por Rosenthal se alguém poderia comportar-se assim para se "fingir de louco", o psicólogo afirmou que tal "depende da pessoa e de muitas outras coisas"."Também é consistente com desordem bipolar", a doença mental que estará na origem do surto psicótico que levou ao crime, disse Singer.

Escudando-se em relatórios psiquiátricos, o especialista afirma que, na altura do crime, o jovem "estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar, com características psicóticas graves" e, como tal, não deve ser considerado culpado.

A defesa argumenta que foi a doença mental a levar ao crime, após o qual o jovem se passeou pelas ruas da cidade num estado de alucinação, tocando nas pessoas. A acusação sustenta que foi "raiva, desilusão e frustração" a levar Renato Seabra a matar o colunista social, directamente ligada ao fim da relação.

No final da sessão da manhã em tribunal, o advogado de defesa, David Touger, dizia que já esperava que a acusação tentasse mostrar que houve fingimento da parte de Seabra. "Peço-vos, porém, que verifiquem os registos, vejam o que dizem", afirmou o advogado David Touger aos jornalistas.

Jeffrey Singer elaborou o seu relatório com base nos diagnósticos das três instituições psiquiátricas por onde passou Seabra, assim como numa entrevista ao jovem, em que este falou de um estado de confusão mental, nos três dias antes do crime, debatendo-se com a condição de homossexual.

Sobre o momento do violento crime, disse que, depois do primeiro ataque, Castro "ainda respirava de maneira pesada", o que o assustou por pensar "que era o diabo que ia voltar à vida", e que só poderia matá-lo se mutilasse os seus órgãos genitais.

"Foi louco, demasiado rápido. Estava louco porque sou o tipo de pessoa que nunca entrou numa luta", relatou, segundo Singer. Numa entrevista a um psiquiatra contratado pela defesa, Seabra afirmou que "vozes" lhe disseram para cortar os seus próprios pulsos e que o sangue da vítima dar-lhe-ia o poder para curar as pessoas da homossexualidade.

As várias horas de duração do crime, disse Singer, mostram o "estado psicótico" em que se encontrava Seabra, tal como o facto de se ter arranjado antes de sair do quarto. Outra indicação de psicose, afirmou, é o relato feito à polícia e nos registos do hospital de ter tentado tocar nas pessoas para as "curar".

Os registos hospitalares, defendeu Singer, documentam um "estado maníaco psicótico agudo", logo depois do crime, e muito depois disso.