Acusação pode escolher outro médico para examinar Renato Seabra
Na audiência de ontem, o advogado de defesa David Touger acedeu finalmente ao pedido do juiz e entregou o relatório psiquiátrico de Seabra. Sobre o seu conteúdo, nem uma palavra. Juiz criticou a morosidade do processo que se arrasta desde Janeiro
Quatro meses depois, o advogado de defesa de Renato Seabra cumpriu finalmente a vontade do juiz Charles Salomon e entregou em tribunal os resultados dos exames psiquiátricos feitos ao manequim de Cantanhede, acusado de homicídio em segundo grau, no caso da morte de Carlos Castro.
Embora as conclusões do parecer psiquiátrico não tenham sido exploradas na audiência de ontem no Tribunal Criminal de Nova Iorque, a atender às últimas declarações da defesa e à morosidade da entrega do relatório psiquiátrico parece certo que a estratégia passará mesmo por fazer a chamada “defesa psiquiátrica”. Isto é, com base nas conclusões do psiquiatra contratado pela defesa, o advogado David Touger tentará provar que quando Renato Seabra agrediu e mutilou sexualmente Carlos Castro, a 7 de Janeiro, num hotel de Manhattan, não agia em total consciência. Mediante os resultados dos exames, Touger poderá invocar insanidade temporária, uma perturbação emocional extrema no momento do crime, ou até a existência de alguma patologia que só se terá manifestado naquela data. A insanidade temporária é a estratégia mais arriscada. Por ser muito difícil de provar, raramente é utilizada nos julgamentos em Nova Iorque. Se convencer a acusação, Renato Seabra pode ganhar o passaporte de saída da prisão de Rikers Island e passar os próximos anos internado num hospital psiquiátrico. Mas se a procuradora não se deixar convencer, a hipótese de um acordo fica posta de parte e o caso seguirá mesmo para julgamento e o tribunal de júri, não acreditando na tese da perturbação psiquiátrica, e tendo por base as provas forenses, pode mesmo aumentar a pena para prisão perpétua.
Caso duvide do parecer médico apresentado por David Touger, a procuradora Maxime Rosenthal tem a possibilidade de encomendar outro parecer psiquiátrico. Aliás, é quase certo que o fará, para poder comparar os resultados.
Tal como tinha sido pelo juiz na audiência anterior, a procuradora já entregou uma cópia das fotos do corpo de Carlos Castro, logo após o crime, que faltavam à acusação.
A próxima audiência está marcada para 4 de Agosto.
por Sílvia Caneco, Publicado em 27 de Julho de 2011
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