Sunday 16 January 2011

A DIFERENÇA DE IDADES ENTRE CARLOS CASTRO E RENATO


Uma no coração, outra na cabeça

O homofóbico em nós

“Não sei se existia amor ou sequer atracção comum entre o manequim e Castro, ou se estes aconteciam apenas num único sentido”

O macabro assassinato de Carlos Castro em Nova Iorque ajuda a revelar a pior homofobia escondida, ou nem por isso, em considerável parte da sociedade portuguesa. Começa-se a falar no "modo de vida da paneleiragem" (o uso deste termo não pretende ser chocante, nem o emprego de forma gratuita, é tão somente a palavra que as pessoas utilizam) e confunde-se tudo, acabando a falar-se em "vícios" e "castigo", e dessa forma roçando o mais arcaico e intolerante sectarismo de pendor religioso.

Não sendo totalmente livre de preconceitos, aquilo que me faz confusão na exposta relação amorosa entre o cronista social e Renato Seabra é a diferença de idade e não o facto de partilharem o mesmo género sexual. Se é verdade que de uma maneira geral acredito que o amor, de paixão e carnal, pode e deve acontecer entre pessoas, ponto final – não sem antes abrir parêntesis com uma ressalva para casos de laços familiares directos – não é menos verdade que um intervalo de idade tão grande como aquele que separava homicida e vítima me deixa algo desconfortável.

Certo, certinho é que o mesmo me aconteceria se se tratasse quer de um jovem com uma mulher daquela idade ou uma rapariga com um homem. Penso sempre que haverá qualquer coisa ali que não bate muito bem. Não sei se existia amor ou sequer atracção comum entre o manequim e Castro, ou se estes aconteciam apenas num único sentido. Claro que tal como toda a gente terei a minha "teoria" em relação ao que se passava, mas não tenho pretensões a cronista social, ou pelo menos àquilo que hoje em dia se entende por tal.

Todos os anos acontecem em Portugal mortes de carácter passional, já que a violência doméstica continua a ser uma dura realidade, não só neste país como no resto do Mundo. São cometidos crimes de natureza violenta e excessiva, que nunca terão a repercussão que este teve, e estou em crer que o facto de se tratar de uma relação amorosa entre dois homens ajuda e muito a que tal aconteça. É pena é que o faça de forma negativa.

Estamos em 2011, e cada vez somos mais inteligentes, mais informados e mais tolerantes do que alguma vez o fomos. Ou pelo menos fazemos questão de dizer que sim, tentando acreditar nisso. Bom domingo, minha gente.

Por:Pac, Músico (umanocoracaooutranacabeca@gmail.com)

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/o-homofobico-em-nos

No comments: