Friday 21 January 2011

PAI DE RENATO EM NOVA IORQUE PARA APOIAR O FILHO

Família continua a queixar-se da falta de apoio

Pouco se tem falado no pai do modelo Renato Seabra, 21 anos, detido no Bellevue Hospital, em Nova Iorque, suspeito do homicídio do cronista Carlos Castro. Mas o enfermeiro, que se divorciou da mãe de Renato quando este tinha quatro anos, também já voou para os Estados Unidos para apoiar o filho.

O modelo de 21 anos, suspeito do homicídio do cronista Carlos Castro, continua detido no Bellevue Hospital (Foto: Reuters)

"Uns dias depois de a mãe do Renato ter chegado a Nova Iorque, o pai viajou para lá e ainda está lá a acompanhá-lo", adiantou ontem ao PÚBLICO José Malta, cunhado do modelo.

O familiar explicou que o jovem praticamente deixou de ter contacto pessoal com o pai quando este se divorciou da mãe e começou uma vida nova no Algarve, onde vive com a actual família. "Mas com a participação de Renato num programa da SIC houve uma reaproximação e, no contexto actual, o pai decidiu ir vê-lo", conta José Malta.

A família continua a queixar-se da falta de apoio das autoridades portuguesas e norte-americanas, nomeadamente ao nível da informação, e prepara-se para avançar com uma iniciativa que visa arrecadar fundos para ajudar a pagar a defesa do jovem modelo. "Provavelmente no fim-de-semana, vamos anunciar a solução para conseguir algum apoio", refere o cunhado de Renato, que garante que a defesa do modelo "fica muito cara". Sem saber avançar um montante total, José Malta precisa que no consulado português os informaram de que só um tradutor custa cerca de 100 euros a hora.

O advogado do modelo, David Touger, não adianta pormenores sobre os seus honorários nem as custas judiciais nos Estados Unidos. Contactado ontem pelo PÚBLICO, o representante limitou-se a dizer que Renato planeia uma "defesa rigorosa" e repetiu que "ninguém se deve precipitar a tirar conclusões nesta altura, porque nem todos os factos são conhecidos pelo público".

Para o psicólogo clínico Paulo Sargento, professor na Universidade Lusófona, "é muito provável" que este crime tenha sido a primeira manifestação de uma patologia ligada à esquizofrenia. "O comum é a primeira descompensação ocorrer entre os 20 e os 30 anos. Normalmente associada à saída do núcleo familiar e a factores de stress", diz Sargento. O psicólogo clínico acredita que a defesa irá tentar invocar a inimputabilidade do jovem durante o acto (falta de consciência da ilicitude das suas acções) ou, pelo menos, a imputabilidade diminuída (há a consciência do acto, mas uma patologia não lhe permitiu agir de acordo com ela).

Este crime tem provocado várias reacções homofóbicas, uma situação que preocupa a ILGA Portugal, uma associação que promove os direitos dos homossexuais. O presidente da ILGA, Paulo Côrte-Real, alerta os órgãos de comunicação para estarem atentos ao conteúdo dos comentários online dos leitores, de forma a triá-los, e admite medidas adicionais após uma recolha dos comentários. "Alguns podem mesmo configurar um crime", diz Côrte-Real. A Procuradoria-Geral da República adianta, contudo, que "até agora não foi instaurado qualquer inquérito".

http://www.publico.pt/Sociedade/pai-de-renato-seabra-em-nova-iorque-para-apoiar-o-filho_1476187

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