Saturday 19 March 2011

COMENTANDO O ATAQUE DOS UNIVERSITÁRIOS DA CATÓLICA DE BRAGA AOS SEM ABRIGO


Falta de castigo

Geração da tasca

Estes jeitosos, a "geração da tasca", embriagados e a mando de uns patetas "veteranos", quiçá menos embriagados e mais auto-controlados, lá foram desassossegar gente frágil e infeliz, provocar cobardemente vidas destroçadas ao relento, os sem-abrigo.

Em Braga houve confrontos entre alunos da Universidade Católica e sem-abrigo. A batalha campal aconteceu quando "veteranos" da Faculdade de Filosofia obrigaram caloiros a acordar um grupo de sem-abrigo durante uma praxe académica.

Em 1994 tivemos a "geração rasca". O epíteto foi um baptizado acintoso, mas não de todo injusto, do jornalista Vicente Jorge Silva a propósito de um protesto contra o pagamento de propinas, quando alguns alunos bem educados exibiram os seus rabiosques peludos ao então ministro da Educação, Couto dos Santos.

Neste último fim-de-semana, a "geração à rasca" mobilizou, em todo o país, cerca de três centenas de milhar de pessoas para um exemplar protesto cívico contra a precariedade no emprego de jovens, com habilitações académicas que lhes custaram o coiro e o cabelo e que o país, que também neles investiu e muito, despreza.

A "geração da tasca" - digo eu agora, pedindo desculpa à imensa maioria dos estudantes que não se revê nestas práticas - nada aprendeu com os seus muitos colegas de 1994 que estiveram agora na rua, respondendo ao chamamento das redes sociais e dos sms.

Estes jeitosos, embriagados e a mando de uns patetas "veteranos", quiçá menos embriagados e mais auto-controlados, lá foram desassossegar gente frágil e infeliz, provocar cobardemente vidas destroçadas ao relento.

O "day after", de cada um dos praxados e dos imberbes "veteranos", deve ter sido lindo. Náuseas e vómitos nauseabundos, desconhecendo, mesmo, se chegaram à cama alcoólico ou ao hospital em coma alcoólico.

Esta gente, já que tem o direito de não se poupar, nem poupar as economias dos pais para estarem fora de casa a estudar ou a fingir fazê-lo, podiam ao menos poupar-nos à leitura destas notícias reportando acontecimentos infelizes e revoltantes.

Episodicamente a "geração da tasca", a geração dos shots e dos barris de cerveja, faz-se notar pela suprema falta de graça da imaginação praxista e pela violência de que, muitas vezes, os caloiros são as vítimas.

Eu por mim não acabava com as praxes. Obrigava, isso sim, os "veteranos" a praticarem apenas entre si, em exercícios de auto-gratificação, as suas elevadas competências praxistas, até à exaustão, do princípio ao fim do ano lectivo.

Talvez a avaliação das suas competências, nesta arte, viesse sob a forma de uma notória compensação em "foie gras" próprio, a caminho de uma beatífica cirrose académica, na cidade dos arcebispos. Mas deixando sossegados os sem-abrigo, e os polícias abrigados, que já têm com que se entreter

17:37 Quarta feira, 16 de Março de 2011


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