Procuradora e advogado de Renato Seabra discutem em tribunal
2 de Dezembro, 2011
O advogado de Renato Seabra e a procuradora responsável pelo caso 'Carlos Castro' envolveram-se hoje em nova discussão em tribunal, a propósito de novo teste psicológico ao jovem português, que vai atrasar ainda mais o processo.
Depois de ter sido interrogado duas vezes por um psicólogo contratado pela procuradoria, com recurso a um intérprete, Renato Seabra, que está acusado da morte do cronista social Carlos Castro, será sujeito, no próximo dia 14 de Dezembro, a um teste escrito em português, e a demora na conclusão da avaliação do estado mental do jovem irritou o advogado David Touger.
«Estamos a aproximar-nos muito rapidamente do primeiro aniversário do caso [7 de Janeiro 2012] e quero que chegue a julgamento. Percebo que [a procuradora] tenha encontrado este teste em português, que tem de ser feito, mas podíamos andar mais rapidamente e por isso me zanguei», adiantou após a audiência preliminar de hoje em tribunal, onde esteve Seabra e, na assistência, a sua mãe, Odília Pereirinha.
A avaliação do psicólogo contratado pela procuradoria «não deverá estar pronta» na data da próxima audiência, a 6 de Janeiro, e mesmo que esteja o caso só deverá entrar na fase de pré-julgamento em Março, novo atraso face à anterior previsão de meados de Fevereiro.
A intensa discussão na sala de audiências, que já se verificou em anteriores sessões, surgiu de uma queixa de Touger ao juiz por a procuradora novamente adiar a entrega do relatório e também por não lhe facultar antecipadamente uma cópia e as normas do novo teste.
Numa troca de argumentos de perto de 40 minutos, procuradora defendeu-se dizendo que o examinado não deve ter acesso prévio às perguntas do exame e devolveu as acusações pelo atraso, por vezes exaltada e levando Touger a mostrar a sua irritação, levando as mãos à cabeça e caminhando em torno da sua secretária.
«Não discutam! Não quero discussões», interveio o juiz Charles Solomon, que acabou por decidir que Touger terá direito a uma cópia do teste após Seabra o fazer, e a adiar para mais tarde a decisão sobre o acesso às normas.
Face ao desentendimento entre advogado e procuradora, o juiz disse até ter «medo de perguntar» sobre o outro assunto pendente, as provas de ADN da cena do crime que ainda não foram entregues à defesa, e viu confirmado pela procuradora que também neste ponto não houve evolução em relação à última audiência.
Quanto a Seabra, continua na prisão de Rikers Island, por decisão do departamento penal de Nova Iorque, medicado e sujeito a vigilância médica.
«Ele quer ir a julgamento. É isso que ele quer. É difícil para qualquer pessoa entender. Eu tenho problemas em entender porque demora tanto. Ele não é diferente nesse sentido», disse Touger após a audiência.
De fato cinzento e gravata, magro e pálido, o jovem português mostrou-se muito concentrado nas palavras do tradutor durante a sessão e ao sair da sala escoltado pela polícia demorou-se a olhar para a mãe no público.
O relatório da procuradoria deverá contrariar um outro apresentado pela defesa, que sustenta o argumento de que o jovem português sofria de «doença ou debilidade mental» quando cometeu o crime, e que poderá conduzir a uma sentença mais ligeira.
Seabra está acusado de homicídio em segundo grau pela procuradoria de Nova Iorque.
O caso remonta a 7 de Janeiro, quando Carlos Castro, de 65 anos, foi encontrado nu e com sinais de agressões violentas e mutilação nos órgãos genitais no quarto de hotel que partilharam em Manhattan.
Lusa/SOL
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