Friday, 4 February 2011

OS PRÓXIMOS PASSOS DA DEFESA DE RENATO SEABRA

Estratégia

Os próximos passos da defesa de Renato Seabra

Advogado de Renato Seabra vai investigar personalidade de Carlos Castro. David Touger tem duas semanas para apresentar moções que fragilizem a acusação contra o manequim e para continuar a procurar pormenores sobre a vida do cronista social.

Renato Seabra tem pouco tempo para se defender em tribunal. Tony Castro, ex-procurador de Justiça do Bronx, Nova Iorque, explica ao DN que o requerimento a apresentar pelo advogado de defesa do manequim, David Touger, deverá ser entregue "dentro de cerca de duas semanas". Isto porque o tempo restante até 4 de Março vai "servir para a Procuradora [Maxine Rosenthal] responder às moções apresentadas pela defesa", explica este especialista.

Para lá do percurso natural do processo, este procurador luso-descendente levanta o véu sobre a provável estratégia de David Touger: "O advogado de defesa deve continuar a adquirir toda a informação sobre Carlos Castro para ver se consegue descobrir algo sobre a personalidade dele, no sentido de explicar como era antes de suceder o crime."

Paul da Silva, advogado criminologista a exercer profissão nos Estados Unidos da América, também se coloca na pele de defensor de Renato Seabra. "A esta altura, eu já estaria a contratar um médico para analisar o estado mental e psiquiátrico do Renato aquando do homicídio. Da maneira como foi cometido o crime, que foi violento, fora do comum e com tantos contornos íntimos, isso dava-me a indicação de que ele estava a ser torturado", adianta. Este causídico apostaria nesta linha de defesa porque "tal daria grande possibilidade de redução da culpabilidade do Renato e da pena".

Paul da Silva sustenta ainda que é prioritário "estar em contacto permanente com a procuradora para obter um negócio para a pena".

Os pormenores da estratégia que o defensor do jovem modelo vai apresentar continuam por revelar, uma vez que David Touger se mantém incontactável, enquanto Paula Fernandes, a representante legal de Renato Seabra em Portugal, se mostra indisponível.

No entanto, quer para Tony Castro quer para Paul da Silva, parece ser possível antecipar as moções da defesa que deverão ser apresentadas no Supremo Tribunal de Nova Iorque.

O primeiro requerimento da defesa a entregar é, para ambos, a que permite pôr em causa a confissão, debilitando assim a acusação através da supressão das declarações, identificação e provas recolhidas junto de Renato.

Tony Castro não acredita que o juiz aceite esta moção e lhe dê provimento no dia em que a audiência tiver lugar, a 4 de Março. "Tenho quase a certeza de que ele vai negar esse pedido, mas pode querer marcar nova sessão em tribunal, que pode ser dentro de um mês ou mais. Aí, o advogado de defesa vai poder apresentar testemunhas e provas que beneficiem Renato Seabra", antecipa.

Para já, este ex-procurador optava por acrescentar uma outra moção: a que anula a acusação de homicídio em segundo grau, proferida pelo grande júri. E tudo faria para manter o manequim internado na ala prisional do Hospital Psiquiátrico de Bellevue. "Quando os psiquiatras decidirem que Renato já tem condições para ir para Rikers Island [prisão], o advogado pode pedir nova avaliação e fazer com que ele continue internado. Quanto mais tempo ele estiver no hospital, mais benéfico será para a defesa", recorda.

Paul da Silva concorda com o colega, mas diz que caso fosse ele a defender o manequim de Cantanhede apresentaria já uma moção para declarar insanidade temporária do arguido. "É raro um juiz aceitar, mas é possível", arrisca.

por CARLA BERNARDINO

http://www.dn.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=1775567&page=-1


RENATO 23 HORAS ISOLADO


Renato passa 23 horas trancado na cela

Sozinho, num espaço apertado e sem janelas, Renato Seabra passa a maior parte do tempo fechado à chave. Resta ao jovem modelo, detido na ala prisional do Bellevue Hospital, em Nova Iorque, pelo homicídio de Carlos Castro, uma hora por dia para andar pelos corredores lacados de branco. Sempre de mãos algemadas, sob o olhar atento dos guardas. "Tem uma hora para esticar as pernas, é o máximo de exercício que pode fazer dentro daquela ala", adianta ao CM uma fonte hospitalar.

Isolado do mundo, agora sem as visitas da mãe – de terça a sábado –, que teve de regressar ao trabalho de enfermeira em Cantanhede, a única presença na vida de Renato, além dos médicos que o acompanham, são os guardas que passam pela sua cela a cada 15 ou 30 minutos. Só para verificar que esteja bem e que não tenha tentado magoar-se. São esses homens que o jovem chama, batendo na porta, se precisar de alguma coisa.

As três refeições diárias, pequeno-almoço, almoço e jantar, são servidas no próprio quarto, onde também lhe são entregues os medicamentos que deve tomar. Os agentes do Departamento de Correcção que circulam continuamente pelos corredores certificam-se de que Renato toma os remédios prescritos pelos médicos.

Para manter a segurança dos reclusos e de si próprios, os agentes prisionais andam sem armas, que entregam à entrada da ala, num espaço entre duas portas gradeadas.

A única outra oportunidade que Renato tem para sair da cela é durante a única visita que está autorizado a receber durante os dias estipulados. Para receber o visitante Renato é acompanhado a uma sala onde fica algemado e sempre sob a vigilância de um guarda prisional.

"ESTÁ MAIS MAGRO E EM BAIXO"

O "Renato está mais magro, muito em baixo e psicologicamente abatido", refere ao CM Diogo Silva, presidente da Associação Estrela d’Afecto, que apoia a família do manequim, comentando as fotografias do seu amigo captadas no Supremo Tribunal de Nova Iorque.

"Ainda não consegui falar com ele. Sei que já me tentou ligar, mas infelizmente não tinha o telemóvel comigo", lamentou o jovem, adiantando que a viagem aos EUA que alguns amigos pensavam fazer no final deste mês, está, pelo menos por agora, adiada.

"Para já somos nove pessoas concentradas em promover a associação. Temos tido muito trabalho e várias solicitações de pessoas que querem apoiar a nossa causa", explicou o amigo de Renato Seabra.

CONFISSÃO À POLÍCIA

"O acusado afirmou que matou Carlos Castro. O acusado afirmou que chegou a Nova Iorque a 29 de Dezembro de 2010, com Carlos. O acusado afirmou que a 7 de Janeiro de 2011, dentro do quarto 3416, ele e Carlos começaram uma discussão que acabou numa altercação física.

O acusado afirmou que agarrou Carlos pelo pescoço, por trás, e arrastou-o para o chão enquanto aplicava pressão na traqueia. O acusado afirmou que esfaqueou Carlos com um saca-rolhas na zona da virilha e na cara. O acusado afirmou que atirou com um monitor de um computador à cabeça de Carlos e que lhe pisou a cara calçado com sapatos.

O acusado afirmou que atacou Carlos por pelo menos uma hora. O acusado afirmou que então despiu as roupas que estava a usar, tomou um duche, vestiu um fato e saiu do quarto. O acusado afirmou que encontrou a amiga de Carlos (referida pelo nome) e a filha dela, e que perguntaram onde estava Carlos e porque é que ele não estava a responder às inúmeras chamadas.

O acusado afirmou que foi muito evasivo e que tentou sair mas elas continuaram a questioná-lo sobre o paradeiro de Carlos e em que quarto ele estava. O acusado então disse-lhes que Carlos estava no quarto e deu-lhes o número do quarto e saiu do hotel.

O acusado afirmou que vagueou nas redondezas por um pouco e então apanhou um táxi em Penn Station. O acusado afirmou que o condutor o levou até ao Hospital St. Luke’s Roosevelt."

04-02-2011

http://www.vidas.xl.pt/noticia.aspx?channelId=83c1118f-0a09-426d-88d0-7a0980df951a&contentId=9d3260f1-cdad-4055-82df-063fab569969

Thursday, 3 February 2011

FAMÍLIA DE CASTRO ENVIA NOVOS ELEMENTOS DE PROVA À ACUSAÇÃO

Família de Carlos Castro enviou novos elementos de prova à acusação

Além dos objectos recolhidos no quarto de hotel, a procuradora tem em sua posse material que estava no apartamento do cronista em Lisboa.

Renato Seabra à saída do Supremo Tribunal onde foi acusado de homicídio simples (Foto LUCAS JACKSON/reuters 1/1)

A procuradora de justiça encarregue do caso do homicídio de Carlos Castro já tem em sua posse novos elementos de prova, enviados de Portugal. A acusação pediu à família o envio de objectos pessoais que estavam no apartamento do cronista, nas Twin Towers, em Lisboa, e juntou-os a outros elementos de prova, como a confissão de Renato Seabra à polícia de Nova Iorque e os objectos recolhidos pelos investigadores na suite do hotel Intercontinental, onde Carlos Castro e o manequim estavam hospedados.

"Há novos elementos a juntar aos que já existiam: material que nos foi pedido pela procuradora", adiantou ao i Cláudio Montez, amigo de Carlos Castro e um dos ouvidos no processo, a par de duas irmãs do cronista e das amigas Mónica e Vanda Pires.

Cláudio Montez não revelou quais os objectos pessoais do cronista pedidos pela procuradoria - a condição de testemunha não lhe permite revelar pormenores sobre o caso, mas Tony Castro, ex-procurador de justiça no Bronx, em Nova Iorque, avança que o mais provável é a acusação ter pedido "computadores, fotografias, notas e correspondência". "Tudo o que tenha relevância para o caso e ajude a explicar o tipo de relação existente entre o autor e a vítima", acrescenta o advogado.

O gabinete do procurador de justiça tem estado em contacto com as irmãs de Carlos Castro e o amigo Cláudio Montez, não só para obter esclarecimentos e provas que possam ser relevantes para o caso, como para os pôr a par de todos os desenvolvimentos do processo. Anteontem, depois de Renato Seabra ter ouvido a acusação formal de homicídio em segundo grau, seguiu-se "uma conversa de hora e meia com a família" de Castro para explicar os contornos da audiência e quais os próximos passos.

Os documentos da acusação entretanto libertados pelo Supremo Tribunal de Nova Iorque dão a conhecer o teor da confissão de Renato Seabra à polícia de Nova Iorque e também outros detalhes, como os objectos recolhidos no local do crime.

Uma página do documento mostra que nenhuma prova apontou para a possibilidade de um segundo suspeito da autoria do crime. Não foi recolhido brady material: elementos de prova que podem ser usados pela defesa e apontam para a possibilidade de existência de outro réu. "Se o procurador encontra provas que favorecem o réu, não pode escondê-las. Se na análise ao corpo do Carlos Castro encontrassem, por exemplo, sangue de um terceiro indivíduo isso apontaria para outro suspeito e a procuradoria tinha a obrigação de o apresentar à defesa", explica Tony Castro.

por Sílvia Caneco, Publicado em 03 de Fevereiro de 2011 Actualizado há 13 horas

http://www.ionline.pt/conteudo/102343-familia-carlos-castro-enviou-novos-elementos-prova--acusacao

FAMÍLIA DE CARLOS CASTRO QUER PENA PESADA PARA RENATO

Familiares e amigos do cronista assassinado esperam que o caso se resolva o mais depressa possível

A família de Carlos Castro espera que a justiça norte-americana funcione e que o processo se resolva rapidamente. Seja em julgamento ou através de acordo entre as partes, o desejo é de que a pena de Renato Seabra seja pesada.

«Estou à espera que se faça justiça, em conformidade com o crime que foi cometido. Foi um crime violento, por isso, se a justiça funcionar, será uma pena pesada», disse Cláudio Montez, amigo do cronista social, à TVI.

Esta terça-feira, o modelo foi a tribunal declarar-se inocente e foi acusado pelo Grande Júri de homicídio em segundo grau.

Os trâmites que se seguem estão em aberto: ou o caso vai a julgamento, ou a procuradoria de Nova Iorque e a defesa de Renato chegam a acordo sobre a pena de prisão a aplicar.

Nesta cidade, o acordo entre a defesa e a acusação costuma ser a regra. Apenas cinco por cento dos processos são resolvidos em julgamento público.

Mas, se a acusação de Renato Seabra chegar a tribunal, família e amigos de Carlos Castro terão de regressar a Nova Iorque. «As pessoas envolvidas no processo estão muito esclarecidas e há elementos muito concretos para que a justiça seja feita», explicou Cláudio Montez.

Este sábado, família e amigos prestam a última homenagem ao jornalista. Parte das cinzas será depositada no cemitério de Oeiras, depois de uma missa na Igreja da Nossa Senhora do Cabo, em Linda-a-Velha.

Carlos Castro foi violentamente assassinado no dia 7 de Janeiro, num quarto de hotel em Nova Iorque. Renato Seabra confessou o crime às autoridades e novos pormenores do crime foram revelados esta terça-feira.

Por: tvi24 / CP 2- 2- 2011 14: 50

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/carlos-castro-renato-seabra-claudio-montez-homicidio-nova-iorque-tvi24/1230321-4071.html


POLÍCIA LUSO DESCENDENTE OUVIU A PRIMEIRA CONFISSÃO DE RENATO

O assassinato de Carlos Castro

Manequim pode ter sentença até fim do Verão se advogado e procuradora chegarem a acordo

Michael De Almeida, detective luso-americano da Polícia de Nova Iorque, foi a primeira pessoa a ouvir da boca de Renato a confissão sobre o assassinato de Carlos Castro. Foi também Michael quem ajudou as irmãs de Castro a despejar as cinzas do cronista no metro.

Renato Seabra, ontem, em tribunal(foto Lucas Jackson/Reuters)

O nome do detective aparece nos documentos divulgados pela Procuradoria de Nova Iorque, logo após a audiência em que Renato foi formalmente acusado de homicídio de segundo grau. Michael Dealmeida traduziu, passo a passo, às seis da tarde do dia 8 de Janeiro, cerca de 24 horas depois do crime, a descrição que Renato fez da forma brutal como o cronista foi morto.

O auto policial é assinado por mais dois detectives - Richard Tirelli e Kenny Baker. Renato foi oficialmente preso três horas depois da confissão, mas o nome do polícia lusodescendente já não surge no documento da detenção, que é atribuída apenas a Tirelli e Baker.

Michael Dealmeida surgiu de novo ligado ao caso no dia 15 de Janeiro, quando ajudou as irmãs de Carlos Castro a lançarem parte das cinzas do cronista na zona da Broadway, tal como ele desejara, apesar de o acto não ser permitido por lei.

Sentença até ao Outono?

A confissão de Renato é, aliás, uma peça fulcral da acusação e o principal alvo do seu advogado. David Touger vai requerer a anulação do depoimento, alegando a sua ilegalidade. Mas também pretende invalidar a acusação de homicídio de 2.º grau que 23 jurados decidiram e que o juiz Charles Solomon, do Supremo Tribunal Criminal de Nova Iorque, comunicou ao jovem português. E tem pouco tempo para apresentar requerimento nesse sentido, pois o juiz já marcou o dia 4 de Março para se pronunciar.

O advogado de Renato quer ver atenuada a acusação de homicídio de 2.º grau (25 anos a prisão perpétua) para homicídio de 3.º grau (cinco a 25 anos de prisão), mas a tarefa não se afigura fácil. Do outro lado da contenda está a procuradora Maxine Rosenthal. Para além dos casos mediáticos que tem investigado, Rosenthal ficou conhecida recentemente por uma frase proferida no julgamento de um assassino em série: "Em Nova Iorque os homicídios não ficam impunes".

Renato Seabra poderá conhecer o seu destino até ao final do Verão/princípio do Outono, se Touger e a procuradora chegarem a acordo quanto à pena. Pelo meio, haverá várias diligências e, tal como em Portugal, as férias judiciais, que podem prejudicar o andamento do processo.

"Quase de certeza que o juiz não irá anular a decisão do Grande Júri, embora eu entenda que o advogado tem que tentar", diz Tony Castro, advogado e ex-procurador em Nova Iorque. Já quanto à confissão a coisa deverá ser mais complicada. Nestes casos, o juiz normalmente não anula de imediato e marca nova audiência, que pode tardar dois ou três meses, para que defesa e procuradora apresentem provas e debatam as suas posições. Só depois o juiz decidirá".

De qualquer forma, tanto Castro como outros juristas americanos ouvidos pelo JN afirmam que seria considerado "ridículo" se um caso como este não estivesse resolvido, mesmo com julgamento, ao fim de pouco mais de um ano.

ANTÓNIO SOARES

http://www.jn.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1774197&dossier=O%20assassinato%20de%20Carlos%20Castro&page=-1

RENATO NAS MÃOS DOS MÉDICOS


Nova Iorque: Negociações entre a defesa e a acusação já estão abertas
Renato Seabra nas mãos dos médicos

O advogado de Renato Seabra está a fazer tudo para conseguir manter o jovem na ala prisional do Bellevue Hospital – adiando ao máximo a entrada do português em Rikers Island, a cadeia de alta segurança do estado de Nova Iorque, considerada um ‘inferno’.

David Touger "pode utilizar um relatório médico ou ele próprio dizer que o seu cliente não está bem e requerer [ao juiz] uma nova avaliação psiquiátrica", diz o especialista em direito criminal Paul Da Silva.

Além de que o facto de o suspeito de ter assassinado Carlos Castro ficar mais tempo sob avaliação pode ser "benéfico para a defesa" porque haverá mais elementos por parte dos médicos sob a sua condição psicológica. Os relatórios médicos, caso apontem para distúrbios psiquiátricos, são um trunfo para anular a confissão à polícia no hospital e alegar, na audiência de 4 de Março, que o crime foi cometido "num momento de insanidade".

Depois da audiência de anteontem no Supremo Tribunal, em que o jovem ficou a saber que está acusado de homicídio em 2º grau – punível entre 25 anos e prisão perpétua –, o seu advogado deverá tentar chegar a um acordo com a procuradora Maxime Rosenthal para a fixação imediata de uma pena mais reduzida. A negociação está aberta e o Ministério Público, caso saiba que o parecer clínico é favorável à defesa, também terá interesse em garantir uma condenação.

De resto, a maioria dos processos em crimes desta natureza não chega a julgamento. "Cada caso é um caso. Em todos há possibilidade de chegar a um acordo", disse Joan Vollero, assessora do MP, sem fazer comentários sobre negociações neste processo. O advogado de defesa e a procuradora mantêm-se sempre em contacto durante todo o processo.

ASSOCIAÇÃO AINDA NÃO PODE DIVULGAR CONTAS

A página Associação Estrela d’Afecto, que tem como objectivo apoiar pessoas cujos familiares se encontram a responder em processos judiciais no estrangeiro, já foi colocada na internet, com os NIB das contas bancárias para ajudar a família de Renato Seabra, mas os responsáveis afirmam que ainda não têm as autorizações necessárias, nomeadamente que permitam a divulgação daqueles números. "A página não era para ser lançada porque ainda não temos a autorização do Ministério da Administração Interna, mas foi colocada na rede. As pessoas foram divulgando os números da conta entre si, mas oficialmente a associação ainda não apresentou as suas ideias e os seus conteúdos. Não estamos a divulgar esses números de conta", referiu ontem ao CM Diogo Silva, presidente da associação.

ÚLTIMA HOMENAGEM A CASTRO E DEPOSIÇAÕ DAS CINZAS

Os amigos e familiares de Carlos Castro estão a organizar a última homenagem ao cronista social, que se realizará no próximo sábado, na Igreja Nossa Senhora do Cabo, em Linda-a-Velha, pelas 11h30. Após a missa, o resto das cinzas de Carlos Castro será depositado no cemitério de Oeiras, no mesmo sítio onde repousa o corpo da sua mãe. Uma parte das cinzas foram depositadas no respiradouro do metro de Nova Iorque, no dia 15 de Janeiro. Foram espalhadas na Times Square, em plena Broadway, como era vontade do cronista social, uma situação que chegou a gerar alguma polémica, na medida em que nenhuma autoridade terá autorizado a cerimónia na via pública. Carlos Castro, 65 anos, foi morto e mutilado a 7 de Janeiro no Hotel InterContinental, pelo modelo Renato Seabra, 21 anos.

Por:Valério Boto, em Nova Iorque/G.S./C.F.



http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/renato-seabra-nas-maos-dos-medicos

Wednesday, 2 February 2011

CRIADO O SITE "ESTRELA DE AFECTOS"

Já está no ar o site da Associação Estrela D`Afeto que pretende reunir apoios para ajudar Odília Pereirinha a financiar a defesa de Renato Seabra nos Estados Unidos.

Contactada pelo site Lux uma fonte da Associação, que preferiu não ser identificada, «porque todas nós temos a nossa vida pessoal» reforçou que a criação da associação resultou da ação conjunta de um grupos de amigos. O principal objetivo é prestar ajuda à mãe de Renato «que se encontra destroçada e desesperada e colocou tudo o que possui à venda. Só que não é fácil conseguir reunir, de um momento para o outro, verbas suficientes!»

O site Estrela d`afetos disponibiliza dois números de identificação bancária com o objetivo de recolher donativos, tanto em dólares como em euros, para ajudar Odília Pereirinha a financiar a defesa do filho nos Estados Unidos.

Questionada sobre o valor já angariado a fonte revelou ao site lux que «é uma gota no oceano. Temos recebido donativos pequenos de 5, 10, 15 euros. É a boa vontade dos anónimos mas precisamos, de facto, de uma ajuda bastante superior».

Sobre a audiência preliminar de Renato Seabra, esta terça-feira, onde o modelo foi formalmente acusado de homicídio em segundo grau, a fonte da associação «Estrela d'Afecto» garantiu ao site Lux que «alguns amigos mais próximos do Renato tiveram que receber assistência médica».

http://www.lux.iol.pt/nacionais/renato-seabra-carlos-castro-estrela-de--afetos/1230370-4996.html

PAI DE RENATO REGRESSA A PORTUGAL

O pai de Renato Seabra, acusado de ter morto Carlos Castro e que está sub custódia policial no Hospital Bellevue, em Nova Iorque, regressou esta madrugada (22)a Portugal após se ter deslocado a Nova Iorque na tentativa de ajudar o filho.

À chegada, Joaquim Seabra, que viajou acompanhado da sua atual mulher, recusou prestar quaisquer declarações aos jornalistas.

Recorde-se que o pai não mantinha uma relação próxima com o filho, que foi criado pela mãe, Odília Pereirinha. No entanto, viajou para os EUA para tentar ajudar a preparar a defesa do filho.

RENATO TELEFONA À MÃE



Odília Pereirinha mantém contacto telefónico com Renato Seabra através de «um cartão pago pela família» à disposição do jovem. A informação foi adiantada à Lux, pelo cunhado de Renato Seabra, José Malta, que explicou que o jovem tem telefonado à mãe.

«Ele telefona e diz à mãe que quer a sua companhia, que ela esteja ao lado dele e que quer voltar para Portugal», contou José Malta.

Angustiada desde que regressou de Nova Iorque pela dificuladade em entrar em contacto com o filho, detido no Hospital Bellevue, e obter informações sobre o seu estado de saúde junto da instituição, Odília Pereirinha sente-se mais confortada pelos breves telefonemas trocados com o filho de 21 anos.

http://www.lux.iol.pt/nacionais/odilia-pereirinha-renato-seabra-carlos-castro-jose-malta-tribunal-acusacao/1229223-4996.html

RENATO EM TRIBUNAL - Público


Crime

Renato declara-se "não culpado" em tribunal

Acusação considera que houve intenção de matar Carlos Castro. Defesa do jovem modelo de Cantanhede diz-se "muito optimista". A audiência em Nova Iorque durou três minutos.

Não foi um julgamento, mas uma audiência preliminar para ser apresentada a acusação definitiva contra Renato Seabra e dar-lhe a oportunidade de responder. O júri que ontem formalizou a acusação considera Seabra culpado de homicídio em segundo grau, alegando que matou intencionalmente o cronista social Carlos Castro no passado dia 7 de Janeiro. Através do seu advogado de defesa, o jovem de 21 anos declarou-se "não culpado", expressão que é traduzida habitualmente como "inocente". Mas, na verdade, "não culpado" sugere apenas que a pessoa não tem culpa da acusação que lhe é feita, o que não quer dizer que não tenha cometido o acto. A audiência no tribunal criminal de Nova Iorque durou três minutos.

Renato Seabra compareceu ontem pela primeira vez em tribunal desde que foi detido. Há duas semanas, ouvira um juiz recusar-lhe o direito a fiança através de videoconferência, um procedimento habitual quando se considera que a deslocação de um suspeito hospitalizado pode pôr em causa o seu estado de saúde.

Ontem à tarde, Seabra emergiu de uma ala prisional do lado esquerdo da sala de audiências, acompanhado por guardas, com as mãos algemadas atrás das costas, fato de treino cinzento-claro e um blusão laranja com as iniciais D.O.C., do Departamento Correccional de Nova Iorque, que o tem sob custódia no Bellevue Hospital.

Renato Seabra nunca falou. O juiz do Supremo Tribunal admitiu a presença de um intérprete de Português, que se debruçou sobre o ouvido direito de Seabra e traduziu as palavras do juiz, da acusação e da defesa.

Apesar de Seabra ter sido acusado pela polícia de homicídio em segundo grau poucos dias depois de estar detido, faltava saber se essa acusação seria ontem confirmada ou alterada pelo grand jury, um júri de 23 cidadãos que avaliam as provas e formalizam a acusação mediante votação.

Ontem, o juiz marcou a data da próxima audiência preliminar, a 4 de Março, que servirá para defesa e acusação apresentarem requerimentos sobre o processo - como, por exemplo, a exclusão de determinadas provas ou da confissão do arguido.

Em breves declarações aos jornalistas, à saída da audiência, o advogado de Seabra afirmou que planeava "uma defesa vigorosa" do seu cliente, e declarou-se "muito optimista" em relação a "um resultado positivo", embora tenha recusado especificar o que entende por isso.

Os documentos relacionados com a acusação ontem facultados aos jornalistas pelo gabinete de imprensa da procuradoria distrital de Nova Iorque contêm uma lista de objectos a serem examinados para eventual admissão como provas: saca-rolhas, computador portátil, pedaços de vidro, cotonetes, ténis Puma, estrutura de uma cadeira, entre outros.

Os documentos também adiantam novos detalhes sobre as declarações de Renato Seabra à polícia de Nova Iorque, nomeadamente que ele admitiu ter atacado Carlos Castro no quarto 3416 do Hotel InterContinental "pelo menos durante uma hora".

Segundo o mesmo resumo da confissão policial, Seabra e Castro tiveram "uma discussão verbal que se transformou numa altercação física. O arguido disse que agarrou Carlos pela parte de trás do pescoço e arrastou-o para o chão, aplicando pressão na sua traqueia."

Seabra confessou ter apunhalado Castro com um saca-rolhas na zona genital e no rosto e ter castrado os testículos da vítima usando o mesmo objecto. Também disse que atingiu Castro na cabeça com o monitor de um computador e pisou-lhe o rosto "enquanto estava calçado". Seabra declarou que a seguir tirou as roupas que usava, tomou um duche, vestiu um fato e deixou o quarto. Confirmou que encontrou uma amiga de Carlos Castro e a sua filha - Vanda e Mónica Pires, que, na véspera, tinham estado com os dois homens -, que lhe perguntaram por Castro e por que razão ele não estava a atender o telefone.

01.02.2011 - 19:55 Por Kathleen Gomes, em Nova Iorque

http://www.publico.pt/Sociedade/renato-declarase-nao-culpado-em-tribunal_1478171

RENATO NA AUDIÊNCIA


Renato Seabra, acusado de ter assassinado Carlos Castro, declarou-se "não culpado" perante o juiz do Supremo Tribunal Criminal de Nova Iorque.

O jovem de Cantanhede ficou ainda a saber que é acusado de homicídio de 2º grau e que voltará a ser ouvido a 4 de Março.

Vestido com um fato prisional cor-de-laranja, esteve sempre algemado e cabisbaixo. O advogado falou por ele: "Não culpado", disse.

O JN questionou a procuradora Maxime Rosenthal, por que não foi avançada acusação de homicídio de primeiro grau, mas ela recusou explicar.

Se for provado o crime, a pena pode oscilar entre 25 anos e prisão perpétua. O português continua preso, sem direito a fiança.

Os serviços do tribunal libertaram entretanto documentos do processo, incluindo a acusação formal e o depoimento de Renato à polícia.

À polícia, o modelo português confessou que matou Carlos Castro e contou pormenores do ataque, que durou pelo menos uma hora.

A audiência decorreu na sala 13, do 13º andar do Supremo Tribunal Criminal de Nova Iorque e demorou três minutos.

http://www.jn.pt/multimedia/galeria.aspx?content_id=1773178

RENATO COMO CASACO DO DEPARTAMENTO DE CORRECÇÃO ESTEVE TRÊS MINUTOS NA SALA

JOVEM MAGRO E PÁLIDO RENATO RECLAMA INOCÊNCIA MAS O JÚRI DISCORDA

TRADUTOR EXPLICA RENATO AS ALEGAÇÕES DO SEU ADVOGADO DAVID TOUGER (À ESQUERDA)


RENATO ESTEVE SEMPRE ALGEMADO E ACOMPANHADO POR DOIS GUARDAS

RENATO NA AUDIÊNCIA

Renato Seabra arrisca prisão perpétua

Calças de fato de treino cinzentas, casaco cor-de-laranja do uniforme prisional. Sempre algemado de pés e mãos. Mais magro, pálido, cabisbaixo, Renato Seabra percorreu lentamente os corredores do Tribunal de Nova Iorque, às 14h30 de ontem (19h30 em Lisboa), para três minutos na sala de audiência, no 13º piso.




02-02-2011

http://www.vidas.pt/noticia.aspx?channelid=83C1118F-0A09-426D-88D0-7A0980DF951A&contentid=DC1144BA-FE87-4D3E-8864-17963C75D379

RENATO SEABRA OUVIU JUIZ EM SILÊNCIO


Mantém-se acusação de homicídio em segundo grau

Renato Seabra manteve-se em silêncio durante toda a audiência no Tribunal Supremo de Nova Iorque em que o juiz lhe leu a acusação de homicídio em segundo grau. Só falou para se declarar inocente.

O autor confesso do assassínio de Carlos Castro foi levado algemado, com as mãos atrás das costas, à sala no 13º andar do tribunal federal.

Vestido com um fato de treino cinzento e um casaco cor de laranja da prisão, o jovem modelo português foi acompanhado por dois guardas prisionais.

Sentou-se à frente do juiz Charles Solomon e ouviu impávido a acusação decidida pelo Grande Júri. Um tradutor, que Renato ouvia com atenção, foi-lhe explicando o que se estava a dizer na sala de tribunal.

À pergunta "como se declara?", Renato murmurou ao tradutor, em inglês, que se considerava "não culpado", palavras repetidas por David Touger ao juiz. Foram as únicas palavras que o arguido pronunciou durante uma audiência que durou apenas três minutos.

No banco da acusação esteve sozinha Maxime Rosenthal, a procuradora do Ministério Público encarregue do caso, que se manteve em silêncio durante a audiência.

Renato Seabra esteve sempre sob a vigilância de dois guardas prisionais e dos guardas do tribunal. No fim da audiência foi levado por uma porta lateral da sala de tribunal, a mesma por onde entrou.

O jovem modelo manteve o olhar baixo durante a audiência e só o levantou para ver o seu advogado e fitar uma vez as objectivas dos fotógrafos. O jovem português detido na ala prisional do hospital de Bellevue apresentou-se mais magro, com a cara pálida e muito calmo.

Os advogados de acusação e defesa entraram juntos na sala de tribunal sob o aparato de muitos jornalistas de meios de comunicação portugueses e estrangeiros. Os fotógrafos puderam sentar-se na bancada onde habitualmente se senta o júri, numa sessão onde foram autorizadas fotografias.

A chegada de Renato Seabra ao edifício do tribunal foi discreta. As carrinhas do Departamento de Correcção de Nova Iorque entraram directamente para o edifício na baixa da cidade, tal como saíram directamente do interior do edifício do hospital de Bellevue.

Depois da audiência, a segunda em que Renato se apresenta frente a um juiz, o jovem modelo foi de novo transportado para ala prisional do Bellevue Hospital Center onde deverá continuar sob exames dos médicos psiquiatras.

Por:Valério Boto, em Nova Iorque

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/renato-seabra-ouviu-juiz-em-silencio

RENATO OUVIDO EM AUDIÊNCIA



Homicídio em 2.º grau garante 15 anos de cadeia a Renato Seabra

Defesa vai concentrar-se na resolução do caso através de negociações. Caso não deverá chegar a julgamento

As portas da ala psiquiátrica do hospital de Bellevue abriram-se ontem para deixar sair Renato Seabra. O português foi presente ao Supremo Tribunal de Nova Iorque onde se declarou inocente. Foi acusado de homicídio em 2.º grau (Foto LUCAS JACKSON/reuters)

Renato Seabra declarou-se inocente pelo homicídio de Carlos Castro, mas a confirmação da acusação por homicídio em segundo grau atira-o para um cenário de pelo menos 15 anos de prisão.

No estado de Nova Iorque, o homicídio em segundo grau é punido com uma pena que varia entre os 15/25 anos e a prisão perpétua. A defesa entra agora na fase de ataque: tem de reunir o máximo de provas e exames psiquiátricos para conseguir negociar com a procuradora de justiça e convencê-la a atribuir uma pena o mais reduzida possível, sem necessidade de levar o caso a julgamento. "A pena ficará entre os 15 e os 20 anos. Não acredito na hipótese de ser inferior a 15 anos", vaticina Tony Castro, com base na experiência de 14 anos como procurador de justiça no condado do Bronx. "A procuradora vai atirar para os 20 anos e o advogado vai pressionar para conseguir uma pena mais próxima dos 15", acrescenta o especialista em direito criminal.

A hipótese de o caso só conhecer um desfecho em julgamento está praticamente posta de parte. Não só porque as estatísticas o confirmam - só 5% dos processos em Nova Iorque são resolvidos em julgamento público - mas também porque há mais riscos do que benefícios em arrastar o caso para julgamento. "Os riscos de ir a julgamento são enormes. Se perde o caso arrisca-se à pena máxima, que é a prisão perpétua", explica o advogado Tony Castro. Em julgamento, Renato Seabra ficaria dependente do trial jury - um elenco de 12 jurados -, responsável por votar a condenação. "É preciso perceber se as provas da defesa são suficientemente fortes para arriscar. Se a procuradora não fizer uma oferta inferior a 20 anos, aí o advogado pode entender que não tem grande coisa a perder em julgamento: no máximo, perde por cinco anos", esclarece Tony Castro.

Vinte e cinco dias depois do crime na suite do hotel Intercontinental, em Nova Iorque, Renato Seabra saiu ontem pela primeira vez do Hospital de Bellevue, onde vai continuar detido até à próxima audiência, marcada para 4 de Março. Bastaram três minutos para o manequim e o advogado ouvirem do juiz a acusação votada pelo grand jury e para David Touger dizer duas palavras em nome de Renato Seabra: "not guilty."

O facto de o grand jury ter confirmado a acusação inicial e não a ter subido para homicídio em primeiro grau mostra que os exames toxicológicos e os últimos resultados da autópsia confirmaram que os testículos de Carlos Castro foram castrados após e não antes da morte.

A acusação por homicídio em segundo grau dá agora mais espaço de manobra à defesa. "Se fosse homicídio em primeiro grau, as hipóteses de negociar seriam reduzíssimas", adianta o ex-procurador Tony Castro.

David Touger pode tentar reduzir o número de anos de prisão ao mínimo num caso de homicídio em segundo grau - 15 anos. Renato Seabra só passará menos de 15 anos na cadeia se a sua defesa conseguir baixar a acusação para manslaughter em primeiro grau, o equivalente a homicídio involuntário. Para isso, as provas têm de sustentar um de dois cenários: que "Renato não tinha intenção de matar Carlos Castro ou que sofreu de uma insanidade temporária", explica Tony Castro.

Nos próximos dias a defesa vai entregar requerimentos para tentar fragilizar a acusação. Os mais prováveis são um requerimento para tentar anular o indictment - a acusação formal do grand jury lida ontem - e outro para tentar anular a confissão de Renato à polícia de Nova Iorque. No dia 4, data da próxima audiência no Supremo Tribunal de Manhattan, o juiz vai dizer se os pedidos do advogado foram ou não aceites. Se David Touger conseguir provar ao juiz que a confissão do manequim foi arrancada quando ele já tinha um advogado ou que o seu estado psicológico na altura não lhe permitia fazer uma admissão de culpa coerente, soma uma vitória na defesa do caso porque a confissão deixa de poder ser usada como prova.

Ontem o tribunal permitiu o acesso a documentos do processo, como a acusação e a confissão do manequim. O documento revela que Renato Seabra confessou ter agredido Carlos Castro durante uma hora na sequência de uma discussão verbal que se transformou em confronto físico. A confissão não revela, no entanto, o motivo que esteve na origem da discussão a 7 de Janeiro.

Insanidade temporária é o mais difícil de provar numa avaliação psiquiátrica

O principal trunfo da defesa de Renato Seabra passa por alegar insanidade temporária no momento do crime. Se o advogado David Touger conseguir prová-lo, com a ajuda dos exames psiquiátricos a que Renato Seabra tem sido submetido no Hospital de Bellevue, em Nova Iorque, fica mais perto de negociar uma redução de pena ou até de conseguir descer a acusação para "manslaughter" em primeiro grau, o equivalente a homicídio involuntário em Portugal (crime inferior ao homicídio em segundo grau de que foi acusado).

No entanto, os psicólogos criminais apontam para a enorme dificuldade de provar uma insanidade temporária. "É extremamente difícil, porque se concentra num só momento: por um lado, pressupõe-se que não há antecedentes, por outro, trata-se de avaliar uma coisa que já aconteceu e já não acontece", adianta a psicóloga Francisca Rebocho. O psicólogo forense Rui Abrunhosa Gonçalves vai mesmo mais longe e diz não haver "suporte científico para provar insanidade temporária". "O que é possível de provar é ter havido, por exemplo, uma amnésia lacunar – muito comum entre os infanticidas. Aí os sujeitos não se conseguem lembrar do que aconteceu naquele momento, mas a verdade é que o seu estado psicológico também não fica bem depois", acrescenta.

Mais fácil é desvendar a existência de patologias que podem levar a um ataque de fúria pontual, como perturbações bipolares ou uma psicose. "Há psicoses que nascem com os sujeitos mas só despontam aos 20 anos de idade", explica Francisca Rebocho. "Uma coisa é o que todos conhecem daquela pessoa; outra é o seu lado invisível. Cabe à avaliação chegar à esfera invisível do sujeito", reforça o professor de psicologia Carlos Poiares.

A avaliação psicológica e psiquiátrica do sujeito num caso de homicídio é sempre um processo demorado e com intervalos. São feitos exames psiquiátricos e psicológicos, testes de personalidade e de funcionamento neurológico, questionários e entrevistas. Chega-se então a uma série de hipóteses, que são depois confirmadas através de uma bateria de testes. A equipa não chega a conclusões só através de resultados clínicos: as circunstâncias em que o crime ocorreu ou até "o substrato da relação entre autor e vítima" são fundamentais para "compreender as motivações e conhecer o sujeito psicologicamente", defende Carlos Poiares.

O facto de Renato Seabra permanecer detido no Hospital de Bellevue não indica necessariamente ter sido detectada alguma perturbação clínica. "Os peritos querem ficar totalmente esclarecidos. E isso implica uma avaliação completa e demorada", afirma Rui Abrunhosa Gonçalves.

Publicado em 02 de Fevereiro de 2011

http://www.ionline.pt/conteudo/102098-homicidio-em-2-grau-garante-15-anos-cadeia-renato-seabra

Tuesday, 1 February 2011

EMIGRANTES PORTUGUESES EM NEWARK ACOMPANHAM PROCESSO DE RENATO


O assassinato de Carlos Castro

Emigrantes de Newark esperam condenação de Renato com atenuantes

Em Newark, na sede do Sporting Clube de Portugal crime de Renato é tema diário (Foto António Soares/JN )

Se os jurados que decidirão amanhã a sorte de Renato Seabra fossem escolhidos entre os portugueses de Newark, o jovem de Cantanhede teria grande benevolência, pois praticamente todos os que falaram ao JN encontram atenuantes para o assassinato de Carlos Castro.

No entanto, a maior parte tem consciência do país em que vive e cuja nacionalidade muitos já adoptaram. "A Justiça americana é muito dura e, então, nestes casos é implacável", diz Carlos Nobre, de 49 anos, do Cadaval, há 26 anos na maior comunidade lusa da costa Leste norte-americana.

Ali, vivem hoje em Newark cerca de 65 mil portugueses. Muito poucos estarão indiferentes ao caso que é motivo de discussão acalorada em cafés, em casa ou nas associações.

Mas se pouca gente duvida de que Renato, 21 anos, natural de Cantanhede, será condenado, mesmo aqueles que têm com ele alguma afinidade, por serem naturais do mesmo concelho, todos fazem pender responsabilidade pelo sucedido também para o lado de Carlos Castro.

O cronista social, de 65 anos, foi assassinado e mutilado, no quarto que partilhava com Renato, no Hotel Intercontinental, em Nova Iorque, no dia 7 de Janeiro.

Na sede do Sporting Clube Português, com um olho no Desportivo das Aves-Benfica e outro no Osasuna-Real Madrid. Marco Oliveira, 59 anos, de Covões, Cantanhede, está convencido de que foi "a desilusão e o desespero" de ver que os sonhos não iriam concretizar-se que levaram Renato a cometer o crime. "Houve qualquer coisa que aconteceu, ninguém sabe, só eles os dois".

A opinião é partilhada por José Oliveira, natural de Chaves, 41 anos, 24 deles passados em Newark ."Foram ilusões que meteram na cabeça do rapaz. Algo o perturbou de tal forma que ele passou-se", afirma. Este juízo repete-se junto de outros emigrantes, mas há um outro aspecto em que todos coincidem.

"O Consulado português deveria ter tomado logo conta da situação e não ter deixado o rapaz ser interrogado sem estar acompanhado por um familiar ou um advogado".

A audiência de amanhã, no Supremo Tribunal Criminal, em Manhattan, Nova Iorque, poderá incluir a determinação de uma pena. O procedimento tem a designação de "arraignment".

Se estiver apto física e mentalmente - continua internado na zona prisional do hospital psiquiátrico Bellevue - Renato comparecerá para ouvir uma versão actualizada dos factos de que foi acusado, por videoconferência, a 14 de Janeiro. Depois, será instado a pronunciar-se sobre eles, declarando-se culpado ou não. Na primeira opção, a sentença pode ser fixada logo. A segunda poderá levá-lo até julgamento.

Renato Seabra está acusado de homicídio de segundo grau - entre 25 anos de cadeia e prisão perpétua com possibilidade de liberdade condicional depois de cumpridos 25 anos. Fontes conhecedoras do processo contactadas pelo JN consideram que a acusação inicial não deverá ser alterada amanhã.

Ontem
António Soares, em Nova Iorque

http://www.jn.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1771232&dossier=O%20assassinato%20de%20Carlos%20Castro&page=-1

JULGAMENTO DE RENATO HOJE

O assassinato de Carlos Castro

Renato Seabra vai entrar no Tribunal por circuito fechado ao público

Estratégia pode ser de "alto risco" e virar-se contra o jovem modelo se o caso for a julgamento

Renato Seabra, acusado de ter assassinado Carlos Castro, vai ouvir o Grande Júri pelas 14.00 horas locais (19.00 em Lisboa). O jovem vai ser transportado por uma carrinha celular normal e entrará no Supremo Tribunal Criminal de Nova Iorque através de um circuito fechado ao público.

A defesa de Renato vai apostar tudo em provar a sua "insanidade temporária" no momento do assassinato. A começar já hoje com a declaração de "não culpado". É uma estratégia de alto risco que pode virar-se contra o jovem modelo se o caso chegar a julgamento.

A acusação inicial que lhe foi comunicada a 14 de Janeiro foi de homicídio de segundo grau - de 25 anos até prisão perpétua -, mas pode até vir a ser agora agravada para primeiro grau - prisão perpétua - se a autópsia tiver revelado (e os jurados o aceitarem) que os actos de tortura e mutilação sexual foram cometidos antes da morte de Castro. Em qualquer dos casos, Renato declarar-se-á "não culpado" conforme já foi revelado pelo seu advogado, David Touger.

O objectivo é que o processo passe à fase seguinte, em que Touger tentará provar, sobretudo com base em perícias psiquiátricas, que Renato não tinha controle sobre os seus actos, por razões que lhe foram alheias, no momento do crime. Se o conseguir, tem hipóteses de obter uma condenação entre cinco e 25 anos de prisão.

Preferencialmente, o advogado de Renato irá forçar um acordo com a procuradora do caso, Maxine Rosenthal, evitando que o caso chegue a ser julgado. "Toda a gente fica satisfeita: o advogado consegue uma pena reduzida e a procuradora uma condenação", resume ao JN Paul da Silva, um reconhecido advogado criminalista de Newark, descendente de portuenses. Opinião semelhante tem, aliás, Tony Castro, advogado nascido em Portugal, que já foi procurador e investigador de homicídios em Nova Iorque.

Só 5% dos casos em julgamento

"É raro um caso chegar a julgamento. A maior parte termina antes, na fase que deverá agora seguir-se, com um acordo entre advogado e procurador"
, diz Paul da Silva. Tony Cruz complementa com uma estatística : "Em Nova Iorque, só 5% dos processos chega a julgamento".

"É praticamente a regra a declaração de não culpado nesta fase",
explica Paul da Silva. "Não existe a questão se cometeu ou não o crime, este caso vai jogar-se todo na questão emocional, no que se passou na cabeça de Renato no momento em que cometeu o crime, na opinião dos psiquiatras forenses e nos relatórios médicos", diz da Silva.

Por isso, considera que cada dia que o modelo, de 21 anos, permanece internado joga em seu favor, pois os médicos que agora o tratam terão que testemunhar o seu estado de perturbação.

Mas este advogado também não tem dúvidas de que se trata de uma estratégia de "alto risco" na eventualidade de se realizar o julgamento. "Tudo o que joga agora a favor de Renato virar-se-á contra ele. Os resultados da sua perturbação, como a violência extrema e a mutilação, servirão unicamente para agravar a pena".

Tony Castro diz que a aposta na "insanidade temporária" e no homicídio de terceiro grau é "a estratégia adequada para defender Renato neste momento", mas também admite o "altíssimo risco" . "Se for acusado de homicídio em primeiro grau é certa a condenação a prisão perpétua", afiança. Castro pensa que o caso não chegará a julgamento e avança até com uma previsão de desfecho: "A procuradora irá tentar uma condenação a 20 anos e a defesa puxará mais para os 15. A sentença deverá andar entre esse dois valores".

16h30m ANTÓNIO SOARES

http://www.jn.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1772131&dossier=O%20assassinato%20de%20Carlos%20Castro&page=-1

UM VIOLINO NO TELHADO...


RENATO E AMIGO


RENATO AO COLO DO CUNHADO

MÃE E IRMÃ DE RENATO NA TV



RENATO SUPERSTAR

RENATO ARRISCA ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO EM 1º GRAU


O grand jury já decidiu mas a acusação mantém-se secreta até 1 de Fevereiro. Os jurados conhecem os novos resultados da autópsia

Renato só esteve presente na audiência no tribunal criminal por videoconferência (Foto LUCAS JACKSON/reuters)
A hipótese de Renato Seabra ser acusado de homicídio em primeiro grau pelo assassinato de Carlos Castro na próxima terça-feira, no Supremo Tribunal de Manhattan (Nova Iorque), é real. O grand jury - o elenco de jurados que já decidiu quais os crimes de que o jovem de Cantanhede será acusado - teve acesso aos resultados da autópsia que não seriam ainda conhecidos quando foi formulada a acusação de homicídio em segundo grau. Se a autópsia confirmar que houve tortura ou abuso sexual antes da morte de Carlos Castro justifica-se a acusação de homicídio em primeiro grau, crime punido com pena de prisão de 25 anos a perpétua e sem possibilidade de liberdade condicional.

"São exames cujos resultados são mais demorados do que os que foram conhecidos na primeira audiência. Os primeiros determinam a causa da morte e as lesões da vítima. Estes dão detalhes mais pormenorizados do crime", explica ao i Tony Castro, advogado e ex-procurador de justiça do Bronx, em Nova Iorque.

Além de poderem existir novos dados médicos, a primeira acusação feita pelo procurador "é um procedimento formal e breve, em que se diz apenas o suficiente para manter o arguido preso", acrescenta Tony Castro. "Naquela data (a audiência por videoconferência foi a 14 de Janeiro), o procurador até já podia dispor de todos os elementos mas não precisava de fazer uma acusação pormenorizada." Ou seja, mesmo que a autópsia já tivesse provado haver motivo para uma acusação de homicídio em primeiro grau, "o procurador sabe que uma acusação de homicídio em segundo grau é suficiente para não haver liberdade sob fiança", esclarece o advogado americano nascido em Ílhavo.

Caso o grand jury - um grupo de 16 a 23 cidadãos norte-americanos - tenha validado a acusação de homicídio em segundo grau, esse não será o único crime de que Renato Seabra será acusado na audiência de terça-feira. No momento em que o juiz proceder à leitura do indictement - a acusação formal do grand jury - serão conhecidos mais pormenores e os outros crimes imputados ao jovem de Cantanhede. "Podemos estar a falar, por exemplo, do crime de ofensa à integridade física ou, até, do crime de posse de arma se os jurados se concentrarem no uso do saca-rolhas", adianta Tony Castro.

A acusação da procuradoria tem de ser validada por um tribunal de júri no sistema judicial americano. O grupo de cidadãos tem acesso aos argumentos e às provas da acusação. Só depois confirma se as provas são suficientes para levar o arguido a julgamento e quais os crimes de que será formalmente acusado.

Tecnicamente, Renato Seabra poderia ter sido ouvido pelo grand jury antes de ser votada uma acusação. Porém, o seu advogado, embora pudesse estar presente, não poderia defendê-lo: "O arguido tem esse direito mas normalmente não se apresenta [perante o grand jury] porque é um sistema que favorece o procurador de justiça", explica Tony Castro.

por Sílvia Caneco, Publicado em 28 de Janeiro de 2011

http://www.ionline.pt/conteudo/101124-renato-seabra-arrisca-acusacao-homicidio-em-1-grau

RENATO E CARLOS: DUAS ILUSÕES


Amar para morrer em NYC. A história de duas ilusões

Castro teve uma relação sem intimidade sexual e mandava um detective privado investigar a vida de namorados e amigos

Cumpriu-se a vontade do cronista: as suas cinzas ficaram em Nova Iorque. Os restos mortais, aqui nas mãos da irmã de Castro, acabariam depositados no respiradouro do metro daquela cidade

No último dia de Dezembro, o detective privado Mário Costa enviou um sms a Carlos Castro. "Atenção que na ''Penthouse'' portuguesa, página 90, vem lá um porco a falar cobras e lagartos de ti." Estranhou o silêncio - o habitual era o cronista responder quase de imediato - e ligou-lhe no dia seguinte. Em Nova Iorque, Castro desvalorizou a história da revista e preferiu concentrar-se num plano futuro: "Ainda bem que telefona. Quando chegar a Lisboa quero logo falar consigo."

Há anos que o cronista e o detective trocavam favores. Mário Costa servia-se de Carlos Castro para obter informações de gente do meio da moda e do jet-set: "Não havia melhor informador do que ele. Sabia tudo de toda aquela gente". Em troca, Castro mandava investigar os namorados ou amigos quando suspeitava de alguma traição. "Queria saber se o traíam, que vida levavam ou o que diziam dele nas suas costas", conta ao i Mário Costa. No que respeita aos envolvimentos amorosos, Carlos Castro cometia um erro crasso, na perspectiva do detective: "Chamei-o burro tantas vezes. Só vinha ter comigo quando as relações estavam à beira da ruptura."

A necessidade de controlar a vida dos que o rodeavam não espantava os amigos mais próximos, que reconheciam nele "um homem de paixões intensas e fulminantes", das quais saía quase sempre destroçado e com tendências de suicídio. Castro, que nunca se envolveu sexualmente com uma mulher, deixava-se atrair pela beleza dos homens entre os 20 e os 30 anos, pela sua força e masculinidade. Quando se apaixonava era dedicado e fiel e o seu lado romântico superava as leis da atracção dos corpos. Um amigo contou ao i uma confidência que Castro lhe fez: na relação que manteve com um GNR "não chegou a existir intimidade sexual. "O GNR dizia-lhe que não estava preparado para partir para uma relação física homossexual. E o Carlos, como gostava dele, esperava."

Os amigos duvidam que tenha acontecido o mesmo com o manequim de Cantanhede, Renato Seabra. Cláudio Montez, o amigo mais próximo e que nos últimos meses transportava Carlos Castro para todo o lado, diz não poder contar tudo o que sabe por ser testemunha no processo em Nova Iorque, mas põe a questão de outra forma: "Alguém, nos dias que correm, aguenta isso dormindo três meses na mesma cama?"

O cronista Flávio Furtado recorda que o autor de "Solidão Povoada'' "escolhia bem as pessoas de quem se aproximava". "Cheguei a ver muitos pedidos de amizade no seu Facebook e ele só adicionava quem queria - tinha pouco mais de 300 amigos. Na fila da frente de uma edição da Moda Lisboa, chegou a mostrar-me mensagens com piropos enviadas por jovens que estavam nas filas de trás." Além dos ciúmes, Castro deixava-se consumir pelo medo de ser assassinado. "Se havia alguém que lhe enviava um email mais exaltado ele queria logo apresentar queixa porque pensava que era uma ameaça", recorda Flávio Furtado. Apesar da língua afiada, era o mais bondoso do seu grupo de amigos. Numa ocasião, quando estava a tratar da organização de um espectáculo, propôs o nome de uma amiga cantora de meia idade que estava sem dinheiro e a precisar de um frigorífico. A cantora não foi contratada. Carlos Castro comprou-lhe o electrodoméstico e levou-o a casa.

A vida e a morte Carlos Castro volta a ser um adolescente. No 22.o andar das Twin Towers, na noite de Natal, o cronista dá pulos eufóricos na cadeira. Já recebeu um telefonema de Odília Pereirinha, mãe de Renato, a agradecer o que tem feito pelo filho e os presentes que deu à família - Renato, mãe, irmã, cunhado e avó. Estão mais seis pessoas à mesa e chega um sms do manequim: "Já tomaste o leitinho?" Castro, deslumbrado, confidencia aos amigos ter encontrado "a alma gémea". Cláudio Montez e Guilherme de Melo, que conheciam de cor outras paixões frustradas do amigo, tentam trazê-lo à terra. "Crias um mundo imaginário à tua volta e depois eu sei como é o fim disto tudo. Entras em depressão, queres morrer e fazes a nossa vida um inferno", diz-lhe Guilherme. "Desta vez não vai ser assim. O Renato adora-me", responde Castro.

Minutos depois chega outro sms de Renato. "Reparei agora nas horas, mediste a tensão? Sei que estou a ser chato, mas sabes que te adoro." Castro não tinha pudor em mostrar as mensagens aos amigos, como se precisasse de uma prova para sustentar a sua crença: "O rapaz passa a vida a dizer que me adora, acho que isto é para a vida." Cláudio Montez e Guilherme de Melo encolhem os ombros. Castro remata, convencidíssimo: "Ele ama-me."

Treze dias depois, Renato sai do hotel, em Times Square, após tomar o pequeno--almoço, enquanto Carlos Castro fica no Intercontinental a responder a um inquérito da revista "Pública". No quarto do 34.o andar, Castro pensava "ir almoçar uma salada verdinha". Respondia estar a viver "o primeiro e grande momento da sua vida" e que gostaria de morrer "agarrado ternamente" a esse momento. À mesma hora, num restaurante a dez minutos do hotel, segundo avançou o "Sol", Renato pedia o telemóvel a uma desconhecida e ligava à mãe a pedir ajuda para regressar a casa. Odília terá sido a última a ouvir a voz de Castro, quando este lhe liga a avisar que o filho já chegou à suite. Depois de uma discussão, Renato asfixia-o. Esmurra-o, partindo-lhe um osso hióide que suporta os músculos da língua. Espezinha-o, deixando a sola do sapato marcada com sangue no rosto do cronista. Castro já está morto, mas Renato pontapeia-o e depois de espetar um saca-rolhas aleatoriamente em várias partes do corpo nu, rasga-lhe os testículos. Renato deixou-se de ilusões: já não acreditava que Carlos Castro podia ser o passaporte para a carreira.

Como confidenciam alguns amigos, Castro "já não tinha o poder de outrora". Era um romântico e só nesse momento terá percebido que era ilusão acreditar que o rapaz de 21 anos era "a outra metade da laranja". "Ele iludiu o Carlos e provavelmente o Carlos também o iludiu", avança Maya, amiga de Castro. 14h de Nova Iorque (19h em Lisboa) - hora do óbito - é a hora em que se desfazem duas ilusões.

por Sílvia Caneco, Publicado em 17 de Janeiro de 2011

http://www.ionline.pt/conteudo/98855-amar-morrer-em-nyc-historia-duas-ilusoes

JULGAMENTO DE RENATO PODERÁ SER EVITADO

Acusação pode fazer a vontade à família de Castro e evitar julgamento

Irmãs de Castro já disseram preferir que não haja julgamento. Em Nova Iorque, o procurador leva em conta a opinião da família da vítima

Desenho de Renato Seabra durante a audiência em Nova Iorque. O jovem de 21 anos foi acusado pelo Tribunal Criminal de Manhattan de homicídio em segundo grau
Se a família de Carlos Castro continuar firme na vontade de que não haja julgamento, a defesa de Renato Seabra pode somar pontos a seu favor. Como os procuradores de justiça em Nova Iorque têm em consideração a opinião da família da vítima, o mais provável é que o procurador faça a vontade e resolva o caso através de negociações e sem julgamento público. "É muito provável que o procurador encarregue do caso queira ouvir a família de Carlos Castro e saber que rumo pretendem os familiares que o caso tome", adiantou ao i Tony Castro, com base na sua experiência como procurador de justiça do condado do Bronx, em Nova Iorque, durante 14 anos.

"Em Nova Iorque não se olha para o crime como um acto cometido somente contra uma vítima. Há uma noção muito forte de que um crime é um atentado também contra a família da vítima e o próprio estado, que se sente lesado por o crime ter ocorrido dentro do seu território", acrescenta o advogado.

Durante a estada em Nova Iorque após a morte de Carlos Castro, as irmãs Maria Amélia e Fernanda Castro expressaram ao jornal "lusoamericano" a vontade de "que se faça justiça, se possível sem julgamento". "A coisa que mais gostava era que não houvesse julgamento", acrescentou Fernanda Castro, confiante numa declaração formal de culpa por parte de Renato Seabra.

A confissão oficial de culpa por Renato Seabra não vai chegar hoje. O advogado de defesa David Touger já confirmou a tese avançada ontem ao i por Tony Castro: Renato Seabra vai declarar-se ''not guilty'' quando se apresentar ao juiz, hoje, no Supremo Tribunal de Nova Iorque, em Manhattan.

No entanto, o mais provável é que Renato Seabra se assuma "culpado" antes da data do julgamento - que deverá começar dentro de seis meses a um ano. Basta olhar para os números para adiantar o cenário mais provável: 95% dos casos de homicídio no estado de Nova Iorque são resolvidos através de negociações e por mútuo acordo entre o advogado de defesa e o procurador de justiça responsável pelo caso; só 5% chegam, de facto, a julgamento público. Num caso como este, o julgamento deveria durar "pelo menos um mês", adianta Tony Castro.

O ex-procurador de justiça em Nova Iorque explica não serem raras as vezes em que, neste tipo de casos, a família da vítima expressa a vontade de evitar um julgamento: por ser público e demorado e obrigar à audição de testemunhas, o julgamento potencia a revelação de pormenores das vidas íntimas quer do réu quer da vítima.

"Em casos que envolvem sexualidade, é muito comum a família pretender que a arca dos segredos permaneça fechada. Se houver julgamento, serão revelados publicamente alguns pormenores que são embaraçosos, indiscretos ou que causam vergonha", afirma Tony Castro.

Se o caso não seguir para julgamento, as provas apresentadas pela acusação e pela defesa de Renato Seabra para tentar atenuar o tipo de crime e os anos de pena permanecem secretas.

Nesta fase de negociações, se a família de Carlos Castro mantiver a vontade de evitar julgamento, e essa vontade for conhecida pelo procurador, "isso vai ajudar a defesa do Renato a negociar uma sentença", esclarece o advogado Tony Castro.

por Sílvia Caneco, Publicado em 01 de Fevereiro de 2011

http://www.ionline.pt/conteudo/101859-acusacao-pode-fazer-vontade--familia-castro-e-evitar-julgamento

Monday, 31 January 2011

DEFESA: RENATO FOI ILUDIDO


Renato Seabra: Defesa deverá alegar que foi iludido por falsas promessas

O advogado David Touger deverá basear-se no facto de Carlos Castro ter usado a sua posição económica e social para 'seduzir' o jovem modelo.

Detido pelo homicídio de Carlos Castro, de 65 anos, Renato Seabra, de 21, pode enfrentar prisão perpétua. O advogado contratado pela família para a defesa do jovem modelo, David Touger, vai alegar que este foi "iludido por falsas promessas de ser apresentado a pessoas influentes", escreve o Correio da Manhã, citando uma fonte próxima que acrescenta que o criminalista quer "provar que Carlos Castro usava ascendente económico e social para segurar relação". De referir que antes da viagem para Nova Iorque, os dois já tinham ido juntos para Londres e Madrid, no intuito de estabelecer contactos com pessoas influentes no mundo da moda e lançar a carreira de Renato Seabra, o que nunca se concretizou. E terão sido justamente essas "promessas falsas de uma carreira internacional" que levaram o finalista do programa À Procura do Sonho a acompanhar o cronista social.

A fim de corroborar esta tese, a defesa pretende usar o facto de Carlos Castro alegadamente ter enganado o manequim ao dizer-lhe que ia fazer uma sessão fotográfica para promover roupa interior e fatos de banho da Marvel, o que, sabe-se agora, não corresponderá à verdade, uma vez que o fotógrafo revelou que o trabalho lhe foi pedido e pago pelo próprio cronista social. À família, Renato Seabra explicou que se tratou de um casting, pelo qual tinha recebido 1100 euros, adianta ao diário o cunhado, José Malta.

Entretanto, em Cantanhede, um grupo de amigos de Renato Seabra criou a associação Estrela de Afectos, que "tem como objecto principal apoiar famílias cujos familiares se encontram a responder em processos judiciais no estrangeiro", pode ler-se na página do Facebook da organização. Entre outros movimentos de apoio, foi também criada uma petição pública online a pedir a extradição do jovem modelo para Portugal, que já conta com mais de 4 mil assinaturas.

Odília Pereirinha fez questão de agradecer publicamente o apoio que tem sido demonstrado, enviando uma mensagem ao Diário de Coimbra. "Queria também manifestar a minha gratidão à população de Cantanhede, que neste momento difícil se uniu à nossa causa", escreveu. A mãe de Renato está já a preparar o regresso a Nova Iorque, tal como adiantou José Malta ao Correio da Manhã: "A mãe vai regressar aos Estados Unidos assim que tiver possibilidade. A preocupação dela é fazer companhia ao filho. Estar perto dele".

http://aeiou.caras.pt/renato-seabra-defesa-devera-alegar-que-foi-iludido-por-falsas-promessas=f35306

TIO DE RENATO APELA A OBAMA


O tio de Renato Seabra, Heleno Pereirinha, apelou, através do Facebook, a que Barack Obama ajude o seu sobrinho.

«Mr. Barak Obama, sua Exa. Sr. Presidente da Republica Cavaco Silva, Sr. primeiro-ministro peço encarecidamente para verem a situação do Renato», escreveu Heleno Pereirinha, de 46 anos, na sua página da rede social.

A família do jovem de 21 anos, está disposta a recorrer a todos os meios para ajudar Renato no processo judicial que é alvo.

«Desafio alguém que escreva um texto, aprovado pela família para ser enviado para os jornais americanos, associações das comunidades portuguesas, consulado português, etc., explicando quem era o Carlos Castro, quem era o Renato e apelando a todos para que seja feita justiça tendo em conta a história de vida de ambos. Apelo também a todos os que eventualmente foram abusados pelo Carlos Castro, seja física ou psicologicamente, para que se juntem na defesa do Renato», escreveu ainda Heleno Pereirinha na página do Facebook do «Grupo de Apoio a Renato Seabra».

Recorde-se que a defesa de Renato Seabra, acusado do homicídio de Carlos Castro, terá um custo bastante elevado e a família já começou a vender o seu património para custear a mesma.

http://www.lux.iol.pt/nacionais/heleno-pereirinha-renato-seabra-carlos-castro-obama-apelo-facebook/1228113-4996.html

A DEFESA DE RENATO


Renato Seabra vai declarar-se inocente. Em declarações ao «Expresso», o advogado norte-americano David Touger, que está a preparar a defesa do jovem, afirmou que irá «lutar vigorosamente contra todos os elementos apresentados pela acusação».

«Renato Seabra irá declarar-se inocente»
, afirmou Touger, acrescentando que junto ao pedido de inocência «seguem vários requerimentos, que não posso especificar». Segundo o advogado, Renato Seabra «está bem, especialmente tendo em conta as circunstâncias muito difíceis».

Recorde-se que Renato Seabra irá ser presente ao Supremo Tribunal de Nova Iorque, esta terça-feira, onde poderá declarar-se inocente ou culpado. O jovem está acusado de homicídio em segundo grau pela morte de Carlos Castro.

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