Estratégia
Os próximos passos da defesa de Renato Seabra
Advogado de Renato Seabra vai investigar personalidade de Carlos Castro. David Touger tem duas semanas para apresentar moções que fragilizem a acusação contra o manequim e para continuar a procurar pormenores sobre a vida do cronista social.
Renato Seabra tem pouco tempo para se defender em tribunal. Tony Castro, ex-procurador de Justiça do Bronx, Nova Iorque, explica ao DN que o requerimento a apresentar pelo advogado de defesa do manequim, David Touger, deverá ser entregue "dentro de cerca de duas semanas". Isto porque o tempo restante até 4 de Março vai "servir para a Procuradora [Maxine Rosenthal] responder às moções apresentadas pela defesa", explica este especialista.
Para lá do percurso natural do processo, este procurador luso-descendente levanta o véu sobre a provável estratégia de David Touger: "O advogado de defesa deve continuar a adquirir toda a informação sobre Carlos Castro para ver se consegue descobrir algo sobre a personalidade dele, no sentido de explicar como era antes de suceder o crime."
Paul da Silva, advogado criminologista a exercer profissão nos Estados Unidos da América, também se coloca na pele de defensor de Renato Seabra. "A esta altura, eu já estaria a contratar um médico para analisar o estado mental e psiquiátrico do Renato aquando do homicídio. Da maneira como foi cometido o crime, que foi violento, fora do comum e com tantos contornos íntimos, isso dava-me a indicação de que ele estava a ser torturado", adianta. Este causídico apostaria nesta linha de defesa porque "tal daria grande possibilidade de redução da culpabilidade do Renato e da pena".
Paul da Silva sustenta ainda que é prioritário "estar em contacto permanente com a procuradora para obter um negócio para a pena".
Os pormenores da estratégia que o defensor do jovem modelo vai apresentar continuam por revelar, uma vez que David Touger se mantém incontactável, enquanto Paula Fernandes, a representante legal de Renato Seabra em Portugal, se mostra indisponível.
No entanto, quer para Tony Castro quer para Paul da Silva, parece ser possível antecipar as moções da defesa que deverão ser apresentadas no Supremo Tribunal de Nova Iorque.
O primeiro requerimento da defesa a entregar é, para ambos, a que permite pôr em causa a confissão, debilitando assim a acusação através da supressão das declarações, identificação e provas recolhidas junto de Renato.
Tony Castro não acredita que o juiz aceite esta moção e lhe dê provimento no dia em que a audiência tiver lugar, a 4 de Março. "Tenho quase a certeza de que ele vai negar esse pedido, mas pode querer marcar nova sessão em tribunal, que pode ser dentro de um mês ou mais. Aí, o advogado de defesa vai poder apresentar testemunhas e provas que beneficiem Renato Seabra", antecipa.
Para já, este ex-procurador optava por acrescentar uma outra moção: a que anula a acusação de homicídio em segundo grau, proferida pelo grande júri. E tudo faria para manter o manequim internado na ala prisional do Hospital Psiquiátrico de Bellevue. "Quando os psiquiatras decidirem que Renato já tem condições para ir para Rikers Island [prisão], o advogado pode pedir nova avaliação e fazer com que ele continue internado. Quanto mais tempo ele estiver no hospital, mais benéfico será para a defesa", recorda.
Paul da Silva concorda com o colega, mas diz que caso fosse ele a defender o manequim de Cantanhede apresentaria já uma moção para declarar insanidade temporária do arguido. "É raro um juiz aceitar, mas é possível", arrisca.
por CARLA BERNARDINO
http://www.dn.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=1775567&page=-1
Os próximos passos da defesa de Renato Seabra
Advogado de Renato Seabra vai investigar personalidade de Carlos Castro. David Touger tem duas semanas para apresentar moções que fragilizem a acusação contra o manequim e para continuar a procurar pormenores sobre a vida do cronista social.
Renato Seabra tem pouco tempo para se defender em tribunal. Tony Castro, ex-procurador de Justiça do Bronx, Nova Iorque, explica ao DN que o requerimento a apresentar pelo advogado de defesa do manequim, David Touger, deverá ser entregue "dentro de cerca de duas semanas". Isto porque o tempo restante até 4 de Março vai "servir para a Procuradora [Maxine Rosenthal] responder às moções apresentadas pela defesa", explica este especialista.
Para lá do percurso natural do processo, este procurador luso-descendente levanta o véu sobre a provável estratégia de David Touger: "O advogado de defesa deve continuar a adquirir toda a informação sobre Carlos Castro para ver se consegue descobrir algo sobre a personalidade dele, no sentido de explicar como era antes de suceder o crime."
Paul da Silva, advogado criminologista a exercer profissão nos Estados Unidos da América, também se coloca na pele de defensor de Renato Seabra. "A esta altura, eu já estaria a contratar um médico para analisar o estado mental e psiquiátrico do Renato aquando do homicídio. Da maneira como foi cometido o crime, que foi violento, fora do comum e com tantos contornos íntimos, isso dava-me a indicação de que ele estava a ser torturado", adianta. Este causídico apostaria nesta linha de defesa porque "tal daria grande possibilidade de redução da culpabilidade do Renato e da pena".
Paul da Silva sustenta ainda que é prioritário "estar em contacto permanente com a procuradora para obter um negócio para a pena".
Os pormenores da estratégia que o defensor do jovem modelo vai apresentar continuam por revelar, uma vez que David Touger se mantém incontactável, enquanto Paula Fernandes, a representante legal de Renato Seabra em Portugal, se mostra indisponível.
No entanto, quer para Tony Castro quer para Paul da Silva, parece ser possível antecipar as moções da defesa que deverão ser apresentadas no Supremo Tribunal de Nova Iorque.
O primeiro requerimento da defesa a entregar é, para ambos, a que permite pôr em causa a confissão, debilitando assim a acusação através da supressão das declarações, identificação e provas recolhidas junto de Renato.
Tony Castro não acredita que o juiz aceite esta moção e lhe dê provimento no dia em que a audiência tiver lugar, a 4 de Março. "Tenho quase a certeza de que ele vai negar esse pedido, mas pode querer marcar nova sessão em tribunal, que pode ser dentro de um mês ou mais. Aí, o advogado de defesa vai poder apresentar testemunhas e provas que beneficiem Renato Seabra", antecipa.
Para já, este ex-procurador optava por acrescentar uma outra moção: a que anula a acusação de homicídio em segundo grau, proferida pelo grande júri. E tudo faria para manter o manequim internado na ala prisional do Hospital Psiquiátrico de Bellevue. "Quando os psiquiatras decidirem que Renato já tem condições para ir para Rikers Island [prisão], o advogado pode pedir nova avaliação e fazer com que ele continue internado. Quanto mais tempo ele estiver no hospital, mais benéfico será para a defesa", recorda.
Paul da Silva concorda com o colega, mas diz que caso fosse ele a defender o manequim de Cantanhede apresentaria já uma moção para declarar insanidade temporária do arguido. "É raro um juiz aceitar, mas é possível", arrisca.
por CARLA BERNARDINO
http://www.dn.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=1775567&page=-1