BULLYING CRIME PÚBLICO
Saturday, 19 February 2011
ODÍLIA EM NEWARK
Nova Iorque: Estadia em casa de emigrantes e paga com donativos
Mãe de Renato Seabra procura trabalho
A mãe de Renato Seabra, o homicida confesso do cronista social Carlos Castro, quer prolongar a sua estadia em Nova Iorque o mais possível. Para isso, Odília Pereirinha está disposta a aceitar qualquer emprego, o que terá de fazer em breve, porque as férias, do Centro de Saúde de Cantanhede, estão quase a terminar.
Neste momento, a enfermeira, de 53 anos, está nos EUA com a ajuda de emigrantes e com dinheiro angariado pela Associação Estrela d’Afecto, mas ainda não tem uma proposta de trabalho. Como não tem casa, um dos mais vantajosos seria como doméstica interna.
A intenção de Odília Pereirinha é estar perto do filho. O ex-marido, Joaquim Seabra, também está mais próximo do manequim, com quem tem falado por telefone. José Malta, cunhado do jovem, nota a aproximação à família. "Tenho estado em contacto telefónico com o pai do Renato e ele está a dar o máximo de apoio possível. Tal como a mãe, mostra grande sofrimento."
Quanto ao processo, a família salienta que "a verdade tem de ser apurada, custe o que custar e a quem custar. Esse é o maior esforço que temos de fazer."
Por:Carlos Ferreira
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/mae-de-renato-seabra-procura-trabalho
Friday, 18 February 2011
TIO DE RENATO AGRADECE APOIO POR CARTA A OPRAH
Caso Carlos Castro
Várias pessoas deixaram palavras de solidariedade no Facebook de Heleno Pereirinha, depois do pedido de ajuda a Oprah Winfrey.
Depois de ter publicado no seu Facebook a carta integral que a família de Renato Seabra escreveu à apresentadora norte-americana Oprah Winfrey, pedindo-lhe "ajuda e reflexão" para o caso, o tio do jovem manequim veio hoje agradecer o apoio quem tem sentido, por parte das pessoas, face a esta iniciativa.
"A família agradece o apoio, o carinho e a solidariedade", escreveu Heleno Pereirinha, irmão da mãe de Renato, na rede social. De facto, desde que a missiva de pedido de ajuda foi tornada pública, várias pessoas deixaram comentários e palavras de apoio à família do jovem acusado de homicídio em segundo grau na morte de Carlos Castro.
Resta agora saber se a equipa de Oprah Winfrey vai dar voz e espaço de antena à história de Renato Seabra.
por Nuno Cardoso
http://www.dn.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=1786405
Várias pessoas deixaram palavras de solidariedade no Facebook de Heleno Pereirinha, depois do pedido de ajuda a Oprah Winfrey.
Depois de ter publicado no seu Facebook a carta integral que a família de Renato Seabra escreveu à apresentadora norte-americana Oprah Winfrey, pedindo-lhe "ajuda e reflexão" para o caso, o tio do jovem manequim veio hoje agradecer o apoio quem tem sentido, por parte das pessoas, face a esta iniciativa.
"A família agradece o apoio, o carinho e a solidariedade", escreveu Heleno Pereirinha, irmão da mãe de Renato, na rede social. De facto, desde que a missiva de pedido de ajuda foi tornada pública, várias pessoas deixaram comentários e palavras de apoio à família do jovem acusado de homicídio em segundo grau na morte de Carlos Castro.
Resta agora saber se a equipa de Oprah Winfrey vai dar voz e espaço de antena à história de Renato Seabra.
por Nuno Cardoso
http://www.dn.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=1786405
Thursday, 17 February 2011
FILME DESASSOSSEGO EM DIGRESSÃO PELO PAÍS
Digressão do “Filme do Desassossego” passou pelo CCC
O actor Pedro Lamares, que interpreta o papel de Fernando Pessoa, apresentou o “Filme do Desassossego”
A exibição do “Filme do Desassossego” quase esgotou o grande auditório do CCC das Caldas da Rainha, no passado dia 7. O actor Pedro Lamares, que interpreta o papel de Fernando Pessoa, apresentou o filme do realizador João Botelho, que está em digressão pelo País.
Em vez de estrear no circuito habitual das salas comerciais, o filme tem percorrido o país como se se tratasse da digressão de uma peça de teatro ou de um músico. De acordo com Pedro Lamares esta forma de exibição foi escolhida porque o “Filme do desassossego” é “demasiado precioso para ser ouvido com coca-colas, pipocas e telemóveis em centros comerciais”. Fora do circuito comercial, a sessão tem percorrido várias salas em todo o País, visando desta forma dignificar o filme e levá-lo a um público diferente, que vai mais ao teatro, segundo referiu o actor.
Pedro Lamares começou por dar os parabéns ao público pelo “auditório e palco espectacular que tem aqui nas Caldas da Rainha, que não é comum infelizmente nos auditórios municipais”, referiu, acrescentando que ficou “surpreendido com a condição técnica do palco que tem uma tela perfurada que permite que o som venha por detrás da tela e que seja central”. Como trabalha em teatro, dá muito valor aos palcos.
“Filme do Desassossego” é uma adaptação de “O Livro do Desassossego”, assinado por Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa. No filme, João Botelho faz uma nova interpretação da obra e dos textos. Como explicou Pedro Lamares, João Botelho transportou o filme para os dias de hoje e recria a personagem de Fernando Pessoa, “descolando-a do nosso imaginário”. “O livro do Desassossego não é uma obra fechada, é um puzzle, que as pessoas podem montar de todas as maneiras”, referiu o actor, adiantando que “inclusivamente as próprias publicações que saíram do livro são todas diferentes”. O actor salientou que este trabalho tem uma linguagem muito própria, aconselhando o público a “viajar com o filme”.
“Ao contrário que muita gente pensa, eu não sou o protagonista do filme”, frisou Pedro Lamares, acrescentando que o actor Cláudio da Silva tem o papel principal, interpretando Bernardo Soares, o ajudante de guarda-livros que, “entre desabafos, lamentos e constatações, vai revelando os pensamentos fragmentados do seu desassossego”.
O apresentador da sessão falou da sua relação com Fernando Pessoa, revelando que desde sempre se identificou com a sua escrita. “Foi uma figura decisiva na minha vida, eu estudava música e lia poesia e descobri Fernando Pessoa aos doze anos e aos dezanove anos decidi largar a música e estudar teatro”, manifestou, adiantando que “o ofício que tem está muito ligado à obra poética em Portugal”. O actor considera que a poesia em Portugal é muito “maltratada”. “No Brasil existe um orgulho na música popular brasileira, e nós temos um património cultural imenso que é a poesia portuguesa e de modo geral damos-lhe muito pouca atenção”, apontou.
Elogiou o realizador do filme João Botelho, referindo que é uma figura “muito preponderante no cinema e uma pessoa de grande coragem para pegar nesta obra”. Revelou ainda ser um grande “privilégio poder ser Fernando Pessoa uma vez na vida durante dois meses”.
O filme tem sido exibido em muitas sessões, à tarde, dedicadas ao público escolar, onde depois o actor Pedro Lamares conversa com os alunos “Após a exibição, alunos e professores têm oportunidade de participar num debate, que às vezes prolonga-se para mais de uma hora, onde discutimos, cinema e Fernando Pessoa”, contou Pedro Lamares.
O actor dedica-se actualmente a cinema e a espectáculos itinerantes de poesia e música.
Marlene Sousa
Fevereiro 17th, 2011 in Jornal das Caldas
http://www.jornaldascaldas.com/index.php/2011/02/17/digressao-do-filme-do-desassossego-passou-pelo-ccc/#more-35419
O actor Pedro Lamares, que interpreta o papel de Fernando Pessoa, apresentou o “Filme do Desassossego”
A exibição do “Filme do Desassossego” quase esgotou o grande auditório do CCC das Caldas da Rainha, no passado dia 7. O actor Pedro Lamares, que interpreta o papel de Fernando Pessoa, apresentou o filme do realizador João Botelho, que está em digressão pelo País.
Em vez de estrear no circuito habitual das salas comerciais, o filme tem percorrido o país como se se tratasse da digressão de uma peça de teatro ou de um músico. De acordo com Pedro Lamares esta forma de exibição foi escolhida porque o “Filme do desassossego” é “demasiado precioso para ser ouvido com coca-colas, pipocas e telemóveis em centros comerciais”. Fora do circuito comercial, a sessão tem percorrido várias salas em todo o País, visando desta forma dignificar o filme e levá-lo a um público diferente, que vai mais ao teatro, segundo referiu o actor.
Pedro Lamares começou por dar os parabéns ao público pelo “auditório e palco espectacular que tem aqui nas Caldas da Rainha, que não é comum infelizmente nos auditórios municipais”, referiu, acrescentando que ficou “surpreendido com a condição técnica do palco que tem uma tela perfurada que permite que o som venha por detrás da tela e que seja central”. Como trabalha em teatro, dá muito valor aos palcos.
“Filme do Desassossego” é uma adaptação de “O Livro do Desassossego”, assinado por Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa. No filme, João Botelho faz uma nova interpretação da obra e dos textos. Como explicou Pedro Lamares, João Botelho transportou o filme para os dias de hoje e recria a personagem de Fernando Pessoa, “descolando-a do nosso imaginário”. “O livro do Desassossego não é uma obra fechada, é um puzzle, que as pessoas podem montar de todas as maneiras”, referiu o actor, adiantando que “inclusivamente as próprias publicações que saíram do livro são todas diferentes”. O actor salientou que este trabalho tem uma linguagem muito própria, aconselhando o público a “viajar com o filme”.
“Ao contrário que muita gente pensa, eu não sou o protagonista do filme”, frisou Pedro Lamares, acrescentando que o actor Cláudio da Silva tem o papel principal, interpretando Bernardo Soares, o ajudante de guarda-livros que, “entre desabafos, lamentos e constatações, vai revelando os pensamentos fragmentados do seu desassossego”.
O apresentador da sessão falou da sua relação com Fernando Pessoa, revelando que desde sempre se identificou com a sua escrita. “Foi uma figura decisiva na minha vida, eu estudava música e lia poesia e descobri Fernando Pessoa aos doze anos e aos dezanove anos decidi largar a música e estudar teatro”, manifestou, adiantando que “o ofício que tem está muito ligado à obra poética em Portugal”. O actor considera que a poesia em Portugal é muito “maltratada”. “No Brasil existe um orgulho na música popular brasileira, e nós temos um património cultural imenso que é a poesia portuguesa e de modo geral damos-lhe muito pouca atenção”, apontou.
Elogiou o realizador do filme João Botelho, referindo que é uma figura “muito preponderante no cinema e uma pessoa de grande coragem para pegar nesta obra”. Revelou ainda ser um grande “privilégio poder ser Fernando Pessoa uma vez na vida durante dois meses”.
O filme tem sido exibido em muitas sessões, à tarde, dedicadas ao público escolar, onde depois o actor Pedro Lamares conversa com os alunos “Após a exibição, alunos e professores têm oportunidade de participar num debate, que às vezes prolonga-se para mais de uma hora, onde discutimos, cinema e Fernando Pessoa”, contou Pedro Lamares.
O actor dedica-se actualmente a cinema e a espectáculos itinerantes de poesia e música.
Marlene Sousa
Fevereiro 17th, 2011 in Jornal das Caldas
http://www.jornaldascaldas.com/index.php/2011/02/17/digressao-do-filme-do-desassossego-passou-pelo-ccc/#more-35419
AMIGOS DE RENATO PEDEM AJUDA A OPRAH WINFREY
Nova Iorque: Odília Pereirinha está há onze dias junto do filho
Mãe visita Renato e pede ajuda a Oprah
A mãe de Renato Seabra, o manequim de Cantanhede que confessou o homicídio do cronista social Carlos Castro, num hotel em Nova Iorque, a 7 de Janeiro, já visitou o filho na ala prisional do Hospital Bellevue. Em simultâneo, em Portugal, os amigos da família enviaram uma carta à apresentadora de televisão Oprah Winfrey, pedindo-lhe ajuda.
Odília Pereirinha está em Nova Iorque há 11 dias, onde conta com a ajuda de amigos emigrantes nos Estados Unidos, com três objectivos: ver o filho, acompanhar de perto o andamento do processo judicial e arranjar meios para poder prolongar a sua estadia. A enfermeira, de 53 anos, está em casa de uma amiga e ainda não se sabe quando regressa.
Em Portugal, os amigos enviaram uma carta a Oprah Winfrey, uma das mulheres mais ricas e influentes dos EUA, pedindo-lhe para ajudar a mãe do manequim. "É um menino de ouro que voou atrás de um sonho", lê-se no texto escrito por Filomena Veloso, amiga da família, e publicado no Facebook, no perfil de Heleno Pereirinha, tio do jovem.
Depois de descrever a personalidade de Renato Seabra – "tímido e pouco habituado ao mundo deslumbrante" –, acrescenta que "esta mãe [Odília Pereirinha] tem o direito de estar junto ao seu filho e ele ao conforto da sua mãe". O objectivo da carta é que o caso seja debatido nos programas de Oprah Winfrey, vistos diariamente por milhões de telespectadores em todo o Mundo.
"Ela tem andado muito triste. Por vezes num pranto absoluto. E estar com um oceano inteiro a separá-la do filho, sem informação oficial sobre o seu estado, só agrava a situação", explicou José Malta, porta-voz da família, adiantando: "É um desespero para uma mãe não ter notícias do filho. Assim que conseguiu reunir as condições necessárias, regressou a Nova Iorque."
José Malta, que é cunhado de Renato Seabra, adiantou que mãe e filho estiveram juntos "pelo menos uma vez", na semana passada, e as visitas podem ser bissemanais.
CARTA A OPRAH WINFREY
História de vida, quantos de nós sonharam com uma vida melhor?
Querida Oprah,
Para as mães de Portugal, família e uma grande comunidade unida numa causa: O que podemos fazer para ajudar uma mãe que, por razões ainda por esclarecer, está separada do filho numa altura em que mais precisam um do outro. Esta é a história de um rapaz que voou atrás de um sonho, depois de lhe terem feito várias promessas, incluindo um pai que nunca teve. Promessas vãs, mas que para um rapaz de uma zona rural, calmo, envergonhado e não habituado ao mundo deslumbrante a que foi introduzido, o fizeram acreditar e voar, com o consentimento da mãe, também ela envolvida nas expectativas criadas por este empresário da moda, que assumiu a responsabilidade de tomar conta dele.
Tudo parecia correr bem até àquele dia fatídico, em que a mãe recebe um estranho telefonema no qual o jovem pede ajuda. Aflita, a mãe tenta contactar o empresário. Talvez nunca saberemos o que se passou naquela sala, mas Portugal sabe quem era Carlos Castro. Não era uma pessoa confiável, e infelizmente tanto a mãe como o filho não se aperceberam a tempo da sua personalidade. Todos comprovam que este rapaz é um MENINO DE OURO.
Apenas os médicos sabem o tormento por que este jovem está a passar. A família está completamente devastada, e nós portugueses incrédulos, zangados, devastados pela falta de apoio à MÃE, à FAMÍLIA e ao RENATO SEABRA. Onde estão os valores morais? Onde estão os direitos humanos? Onde estão os valores apregoados mas que não chegam até nós?
Quantos de nós cometeram erros? Esta carta é um apelo, um pedido, um por favor. (...) Ele tem 20 anos e não sabe o que o espera, mas provavelmente com a ajuda da família seria muito mais fácil. O futuro a Deus pertence, mas nós temos a certeza de que o Renato não tem a estrutura necessária para lidar sozinho com esta situação, num país que não é o seu, com uma língua que não fala. É por isso que estamos a pedir solidariedade para com esta MÃE que quer estar perto do seu filho, que continua a dizer todos os dias: MÃE, PRECISO TANTO DE TI.
Que mãe, que pai, que ser humano pode ficar indiferente a este caso? QUERIDA OPRAH, apenas lhe pedimos para reflectir por momentos e que se coloque na posição desta mãe, condenada a uma pena que não merece. Para o Renato, será uma sentença que provavelmente vai ter de cumprir. AJUDE POR AMOR DE DEUS.
Por:Carlos Ferreira/Luís Oliveira
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/mae-visita-renato-e-pede-ajuda-a-oprah042410257
Mãe visita Renato e pede ajuda a Oprah
A mãe de Renato Seabra, o manequim de Cantanhede que confessou o homicídio do cronista social Carlos Castro, num hotel em Nova Iorque, a 7 de Janeiro, já visitou o filho na ala prisional do Hospital Bellevue. Em simultâneo, em Portugal, os amigos da família enviaram uma carta à apresentadora de televisão Oprah Winfrey, pedindo-lhe ajuda.
Odília Pereirinha está em Nova Iorque há 11 dias, onde conta com a ajuda de amigos emigrantes nos Estados Unidos, com três objectivos: ver o filho, acompanhar de perto o andamento do processo judicial e arranjar meios para poder prolongar a sua estadia. A enfermeira, de 53 anos, está em casa de uma amiga e ainda não se sabe quando regressa.
Em Portugal, os amigos enviaram uma carta a Oprah Winfrey, uma das mulheres mais ricas e influentes dos EUA, pedindo-lhe para ajudar a mãe do manequim. "É um menino de ouro que voou atrás de um sonho", lê-se no texto escrito por Filomena Veloso, amiga da família, e publicado no Facebook, no perfil de Heleno Pereirinha, tio do jovem.
Depois de descrever a personalidade de Renato Seabra – "tímido e pouco habituado ao mundo deslumbrante" –, acrescenta que "esta mãe [Odília Pereirinha] tem o direito de estar junto ao seu filho e ele ao conforto da sua mãe". O objectivo da carta é que o caso seja debatido nos programas de Oprah Winfrey, vistos diariamente por milhões de telespectadores em todo o Mundo.
"Ela tem andado muito triste. Por vezes num pranto absoluto. E estar com um oceano inteiro a separá-la do filho, sem informação oficial sobre o seu estado, só agrava a situação", explicou José Malta, porta-voz da família, adiantando: "É um desespero para uma mãe não ter notícias do filho. Assim que conseguiu reunir as condições necessárias, regressou a Nova Iorque."
José Malta, que é cunhado de Renato Seabra, adiantou que mãe e filho estiveram juntos "pelo menos uma vez", na semana passada, e as visitas podem ser bissemanais.
CARTA A OPRAH WINFREY
História de vida, quantos de nós sonharam com uma vida melhor?
Querida Oprah,
Para as mães de Portugal, família e uma grande comunidade unida numa causa: O que podemos fazer para ajudar uma mãe que, por razões ainda por esclarecer, está separada do filho numa altura em que mais precisam um do outro. Esta é a história de um rapaz que voou atrás de um sonho, depois de lhe terem feito várias promessas, incluindo um pai que nunca teve. Promessas vãs, mas que para um rapaz de uma zona rural, calmo, envergonhado e não habituado ao mundo deslumbrante a que foi introduzido, o fizeram acreditar e voar, com o consentimento da mãe, também ela envolvida nas expectativas criadas por este empresário da moda, que assumiu a responsabilidade de tomar conta dele.
Tudo parecia correr bem até àquele dia fatídico, em que a mãe recebe um estranho telefonema no qual o jovem pede ajuda. Aflita, a mãe tenta contactar o empresário. Talvez nunca saberemos o que se passou naquela sala, mas Portugal sabe quem era Carlos Castro. Não era uma pessoa confiável, e infelizmente tanto a mãe como o filho não se aperceberam a tempo da sua personalidade. Todos comprovam que este rapaz é um MENINO DE OURO.
Apenas os médicos sabem o tormento por que este jovem está a passar. A família está completamente devastada, e nós portugueses incrédulos, zangados, devastados pela falta de apoio à MÃE, à FAMÍLIA e ao RENATO SEABRA. Onde estão os valores morais? Onde estão os direitos humanos? Onde estão os valores apregoados mas que não chegam até nós?
Quantos de nós cometeram erros? Esta carta é um apelo, um pedido, um por favor. (...) Ele tem 20 anos e não sabe o que o espera, mas provavelmente com a ajuda da família seria muito mais fácil. O futuro a Deus pertence, mas nós temos a certeza de que o Renato não tem a estrutura necessária para lidar sozinho com esta situação, num país que não é o seu, com uma língua que não fala. É por isso que estamos a pedir solidariedade para com esta MÃE que quer estar perto do seu filho, que continua a dizer todos os dias: MÃE, PRECISO TANTO DE TI.
Que mãe, que pai, que ser humano pode ficar indiferente a este caso? QUERIDA OPRAH, apenas lhe pedimos para reflectir por momentos e que se coloque na posição desta mãe, condenada a uma pena que não merece. Para o Renato, será uma sentença que provavelmente vai ter de cumprir. AJUDE POR AMOR DE DEUS.
Por:Carlos Ferreira/Luís Oliveira
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/mae-visita-renato-e-pede-ajuda-a-oprah042410257
Tuesday, 15 February 2011
CARLOS CASTRO: AS REACÇÕES NO CIBERESPAÇO
Lei
Páginas homofóbicas no Facebook podem dar prisão
Divulgar conteúdos que incitem à discriminação sexual é punido por lei com pena que pode chegar aos cinco anos de prisão.
Os comentários relativos ao homicídio de Carlos Castro têm-se multiplicado, tanto nas edições online de jornais e revistas como nas redes sociais. Poucos dias depois da violenta morte do jornalista, uma utilizadora do Facebook criou um grupo chamado "Eu apoio Renato Seabra, matar gays não devia ser crime". Segundo o advogado Arrobas da Silva, a haver violação da lei, "deve ser o Ministério Público a promover uma acção penal. Parece-me, pela descrição, que deverá ser um crime público ou semipúblico", explica o causídico. Este tipo de crime contra a identidade cultural e a integridade pessoal está contemplado no artigo 240.º do Código Penal português e pode resultar numa pena de prisão de seis meses a cinco anos. "Eu creio que a pena se aplica a quem cria e a quem adere. Pode haver depois uma graduação de responsabilidades, mais para quem tem a direcção", explica o jurista. Arrobas da Silva afirma também que dado o fenómeno recente das redes sociais urge uma reformulação da lei que contemple este tipo de casos: "Há 20 anos, por exemplo, havia pessoas que praticavam burlas informáticas e, como não estava previsto no Código Penal, não era crime. Houve que acrescentar à tipicidade do Código Penal novos crimes." Sobre a necessidade da criação de uma entidade reguladora para situações como incitamento à homofobia, o advogado acrescenta que a situação deverá ser avaliada pelas instâncias competentes. "Se houver um crescendo de sentimentos - mais do que comentários - desta natureza, pode ser que haja necessidade no futuro de criar uma entidade reguladora. Neste caso, seria de bom tom o Ministério Público comentar estas situações, que constituem crime de incentivo à homofobia", afirma Arrobas da Silva.
Contactado pelo DN, o presidente da ILGA Portugal explica, a propósito de a maioria dos comentários colocados no Facebook e no ciberespaço serem feitos por homens, que "a homofobia está ligada ao sexismo. Há uma relação quase umbilical entre género e sexualidade". Paulo Côrte Real explica ainda que, segundo dados do Eurobarómetro, "a discriminação segundo a orientação sexual é a que tem maior prevalência em Portugal. Isto é um problema mundial mas temos um grande trabalho a fazer, apesar de, no ano passado, termos dado passos importantes nesse sentido".
13 Janeiro 2011
http://www.dn.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=1755459
Páginas homofóbicas no Facebook podem dar prisão
Divulgar conteúdos que incitem à discriminação sexual é punido por lei com pena que pode chegar aos cinco anos de prisão.
Os comentários relativos ao homicídio de Carlos Castro têm-se multiplicado, tanto nas edições online de jornais e revistas como nas redes sociais. Poucos dias depois da violenta morte do jornalista, uma utilizadora do Facebook criou um grupo chamado "Eu apoio Renato Seabra, matar gays não devia ser crime". Segundo o advogado Arrobas da Silva, a haver violação da lei, "deve ser o Ministério Público a promover uma acção penal. Parece-me, pela descrição, que deverá ser um crime público ou semipúblico", explica o causídico. Este tipo de crime contra a identidade cultural e a integridade pessoal está contemplado no artigo 240.º do Código Penal português e pode resultar numa pena de prisão de seis meses a cinco anos. "Eu creio que a pena se aplica a quem cria e a quem adere. Pode haver depois uma graduação de responsabilidades, mais para quem tem a direcção", explica o jurista. Arrobas da Silva afirma também que dado o fenómeno recente das redes sociais urge uma reformulação da lei que contemple este tipo de casos: "Há 20 anos, por exemplo, havia pessoas que praticavam burlas informáticas e, como não estava previsto no Código Penal, não era crime. Houve que acrescentar à tipicidade do Código Penal novos crimes." Sobre a necessidade da criação de uma entidade reguladora para situações como incitamento à homofobia, o advogado acrescenta que a situação deverá ser avaliada pelas instâncias competentes. "Se houver um crescendo de sentimentos - mais do que comentários - desta natureza, pode ser que haja necessidade no futuro de criar uma entidade reguladora. Neste caso, seria de bom tom o Ministério Público comentar estas situações, que constituem crime de incentivo à homofobia", afirma Arrobas da Silva.
Contactado pelo DN, o presidente da ILGA Portugal explica, a propósito de a maioria dos comentários colocados no Facebook e no ciberespaço serem feitos por homens, que "a homofobia está ligada ao sexismo. Há uma relação quase umbilical entre género e sexualidade". Paulo Côrte Real explica ainda que, segundo dados do Eurobarómetro, "a discriminação segundo a orientação sexual é a que tem maior prevalência em Portugal. Isto é um problema mundial mas temos um grande trabalho a fazer, apesar de, no ano passado, termos dado passos importantes nesse sentido".
13 Janeiro 2011
http://www.dn.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=1755459
MÃE DE RENATO: TENHO FÉ, MUITA FÉ
Mãe de Renato: 'Pus a casa à venda para pagar a defesa'
Em entrevista ao SOL, mãe de Renato Seabra fala sobre o início da relação do filho com Carlos Castro e da viagem a Nova Iorque.
Como soube da prisão do Renato?
Acordei pelas 9 horas e estava a preparar o pequeno-almoço quando uma colega me ligou a contar as notícias da televisão. Entrei em estado de choque porque ninguém me avisou, nem do hospital, nem da polícia.
O que lhe ocorreu?
Passaram-me muitas coisas pela cabeça e que o Carlos Castro devia ter feito coisas muito graves ao meu filho. Pensei ir imediatamente para Nova Iorque. Dizia para mim própria que aquilo não era verdade, que era só um pesadelo. Depois, fui para casa da minha advogada. Não sabíamos nada e até telefonámos para o telemóvel do Carlos Castro para ver se aquilo era mesmo verdade, na esperança de que alguém atendesse.
Disse que o Renato lhe ligava todos os dias.
Todos os dias, várias vezes. Eu perguntava-lhe se tinham ido a agências, ele dizia que não, que as pessoas adiavam, não tinham disponibilidade. Até que, no dia 6, comecei a achá-lo diferente. Ligou-me e disse que não tinha dormido bem, que devia ser da comida. Notei que ele não estava como nos outros dias.
Voltou a ligar-lhe no dia seguinte, dia do crime. A que horas?
Muito cedo. Eu estava a trabalhar no centro de saúde e era meio-dia e pouco - em Nova Iorque eram 7h30. Disse que não tinha dormido muito bem e falou outra vez na comida. Mas foi mais tarde que eu percebi mesmo que algo de grave se estava a passar. Nesse mesmo dia, à tarde, ligou-me de outro número, que não era do Carlos Castro, e eu atendi. Senti que era um pedido de socorro, notei pela voz dele. Disse-me que estava na loja de uma amiga que lhe emprestou o telemóvel. Disse que estava a ser pressionado, que não podia respirar e que se sentia numa prisão, e para eu lhe arranjar um voo para voltar a Portugal. Eu ainda lhe disse que ele tinha dinheiro na conta, que procurasse uma agência e comprasse o bilhete. Mas ele disse que não podia e acabou o telefonema a dizer: «Não esqueças que te amo muito, quero ir para Portugal, só junto de ti é que estou em segurança».
Sentiu-o desnorteado?
Sim, e a prova foi ele ter recorrido ao telemóvel de uma rapariga. Achei estranho ele não ter dinheiro para ir a uma cabina. Depois, disse que não podia falar mais e que ligava mais tarde. Este telefonema durou mais de cinco minutos, tenho registado. Quem é que empresta assim o telemóvel para fazer um telefonema tão caro? Espero que o advogado dê este número à polícia para vermos se aquela senhora sabe mais alguma coisa.
Por que é que ele se sentia numa prisão?
«Não me deixam respirar» - era o que ele dizia. E quem não o deixava respirar era o Carlos Castro. Liguei à minha filha e ela foi logo à internet fazer a reserva da viagem. Depois, ainda tentei ligar para o tal número, mas o Renato nunca mais atendeu (só depois soube que estava a marcar mal o indicativo). A seguir, liguei ao Carlos Castro: O que é que o senhor lhe fez? O senhor está a fazer algo de muito mau, porque desde o primeiro instante sabia que o Renato não era homossexual e o senhor prontificou-se a respeitar a sexualidade dele . Senti que ele ficou comprometido. Só disse que voltava a ligar e desligou. Quando voltou a ligar, pedi-lhe para falar com o meu filho. O Renato só me disse: «Mãe, eu não posso falar, não posso falar, tenho de desligar». E desligou.
Chegou a dizer-lhe que já tinha conseguido o voo?
Sim, e provavelmente fiz mal. Sei lá se o Carlos Castro estava a ouvir tudo. Disse-lhe que a Joana já tinha tratado de comprar o voo e que precisava da confirmação dele. Mas senti que a pressão era de tal ordem. Acho que ele não tinha recurso a nada. Com certeza nem a carteira devia ter com ele e aquilo foi uma escapadela: recorreu a essa mulher para me pedir socorro. Porque ele tinha cartões, não precisava de pedir o telemóvel a ninguém.
Voltou a ligar?
Sim, logo a seguir. O Carlos Castro atendeu e só ouvi o meu filho alto: «Não atendas que é a minha mãe e ela não quer falar contigo». Continuei a ligar até às duas da manhã, mas já ninguém atendeu.
Como vai pagar a defesa?
Já pus a minha casa à venda e vou desfazer-me de tudo o que tenho. Há muitas pessoas a apoiarem-me e tenho fé, muita fé.
Disse que o Renato está muito fragilizado psiquicamente e não lhe contou o que se passou. Há quem pense que isso é uma estratégia de defesa.
Não vai ser essa a estratégia. Ele está mesmo muito afectado psicologicamente. São os médicos que não o deixam sair.
O que lhe disseram os médicos?
No sábado à noite, estava eu a fazer as malas para ir para Nova Iorque, recebi um telefonema do hospital. A primeira coisa que perguntei foi se ele estava vivo, pois até aí não sabia nada dele, temia o pior. Disseram para eu ter calma, que ele estava em choque psiquiátrico. Depois fizeram as perguntas normais: se ele tinha na família alguém com antecedentes psiquiátricos, se alguma vez tinha tido a nível escolar ou social alguma perturbação. Respondi que não, sempre foi um rapaz feliz, normal. Mas vi-o muito perturbado, muito perdido. Tenho muito medo que este estado possa ser irreversível. E ele precisa de mim para recuperar.
felicia.cabrita@sol.pt
23 de Janeiro, 2011Por Felícia Cabrita
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=9724
Em entrevista ao SOL, mãe de Renato Seabra fala sobre o início da relação do filho com Carlos Castro e da viagem a Nova Iorque.
Como soube da prisão do Renato?
Acordei pelas 9 horas e estava a preparar o pequeno-almoço quando uma colega me ligou a contar as notícias da televisão. Entrei em estado de choque porque ninguém me avisou, nem do hospital, nem da polícia.
O que lhe ocorreu?
Passaram-me muitas coisas pela cabeça e que o Carlos Castro devia ter feito coisas muito graves ao meu filho. Pensei ir imediatamente para Nova Iorque. Dizia para mim própria que aquilo não era verdade, que era só um pesadelo. Depois, fui para casa da minha advogada. Não sabíamos nada e até telefonámos para o telemóvel do Carlos Castro para ver se aquilo era mesmo verdade, na esperança de que alguém atendesse.
Disse que o Renato lhe ligava todos os dias.
Todos os dias, várias vezes. Eu perguntava-lhe se tinham ido a agências, ele dizia que não, que as pessoas adiavam, não tinham disponibilidade. Até que, no dia 6, comecei a achá-lo diferente. Ligou-me e disse que não tinha dormido bem, que devia ser da comida. Notei que ele não estava como nos outros dias.
Voltou a ligar-lhe no dia seguinte, dia do crime. A que horas?
Muito cedo. Eu estava a trabalhar no centro de saúde e era meio-dia e pouco - em Nova Iorque eram 7h30. Disse que não tinha dormido muito bem e falou outra vez na comida. Mas foi mais tarde que eu percebi mesmo que algo de grave se estava a passar. Nesse mesmo dia, à tarde, ligou-me de outro número, que não era do Carlos Castro, e eu atendi. Senti que era um pedido de socorro, notei pela voz dele. Disse-me que estava na loja de uma amiga que lhe emprestou o telemóvel. Disse que estava a ser pressionado, que não podia respirar e que se sentia numa prisão, e para eu lhe arranjar um voo para voltar a Portugal. Eu ainda lhe disse que ele tinha dinheiro na conta, que procurasse uma agência e comprasse o bilhete. Mas ele disse que não podia e acabou o telefonema a dizer: «Não esqueças que te amo muito, quero ir para Portugal, só junto de ti é que estou em segurança».
Sentiu-o desnorteado?
Sim, e a prova foi ele ter recorrido ao telemóvel de uma rapariga. Achei estranho ele não ter dinheiro para ir a uma cabina. Depois, disse que não podia falar mais e que ligava mais tarde. Este telefonema durou mais de cinco minutos, tenho registado. Quem é que empresta assim o telemóvel para fazer um telefonema tão caro? Espero que o advogado dê este número à polícia para vermos se aquela senhora sabe mais alguma coisa.
Por que é que ele se sentia numa prisão?
«Não me deixam respirar» - era o que ele dizia. E quem não o deixava respirar era o Carlos Castro. Liguei à minha filha e ela foi logo à internet fazer a reserva da viagem. Depois, ainda tentei ligar para o tal número, mas o Renato nunca mais atendeu (só depois soube que estava a marcar mal o indicativo). A seguir, liguei ao Carlos Castro: O que é que o senhor lhe fez? O senhor está a fazer algo de muito mau, porque desde o primeiro instante sabia que o Renato não era homossexual e o senhor prontificou-se a respeitar a sexualidade dele . Senti que ele ficou comprometido. Só disse que voltava a ligar e desligou. Quando voltou a ligar, pedi-lhe para falar com o meu filho. O Renato só me disse: «Mãe, eu não posso falar, não posso falar, tenho de desligar». E desligou.
Chegou a dizer-lhe que já tinha conseguido o voo?
Sim, e provavelmente fiz mal. Sei lá se o Carlos Castro estava a ouvir tudo. Disse-lhe que a Joana já tinha tratado de comprar o voo e que precisava da confirmação dele. Mas senti que a pressão era de tal ordem. Acho que ele não tinha recurso a nada. Com certeza nem a carteira devia ter com ele e aquilo foi uma escapadela: recorreu a essa mulher para me pedir socorro. Porque ele tinha cartões, não precisava de pedir o telemóvel a ninguém.
Voltou a ligar?
Sim, logo a seguir. O Carlos Castro atendeu e só ouvi o meu filho alto: «Não atendas que é a minha mãe e ela não quer falar contigo». Continuei a ligar até às duas da manhã, mas já ninguém atendeu.
Como vai pagar a defesa?
Já pus a minha casa à venda e vou desfazer-me de tudo o que tenho. Há muitas pessoas a apoiarem-me e tenho fé, muita fé.
Disse que o Renato está muito fragilizado psiquicamente e não lhe contou o que se passou. Há quem pense que isso é uma estratégia de defesa.
Não vai ser essa a estratégia. Ele está mesmo muito afectado psicologicamente. São os médicos que não o deixam sair.
O que lhe disseram os médicos?
No sábado à noite, estava eu a fazer as malas para ir para Nova Iorque, recebi um telefonema do hospital. A primeira coisa que perguntei foi se ele estava vivo, pois até aí não sabia nada dele, temia o pior. Disseram para eu ter calma, que ele estava em choque psiquiátrico. Depois fizeram as perguntas normais: se ele tinha na família alguém com antecedentes psiquiátricos, se alguma vez tinha tido a nível escolar ou social alguma perturbação. Respondi que não, sempre foi um rapaz feliz, normal. Mas vi-o muito perturbado, muito perdido. Tenho muito medo que este estado possa ser irreversível. E ele precisa de mim para recuperar.
felicia.cabrita@sol.pt
23 de Janeiro, 2011Por Felícia Cabrita
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=9724
RENATO: EXTRADIÇÃO É IMPOSSÍVEL
Renato Seabra. Extradição é missão (quase) impossível
Um réu só é extraditado antes de cumprir a sentença quando o crime não é violento, explica Tony Castro
Renato Seabra à entrada da audiência em que foi acusado de homicídio em segundo grau (LUCAS JACKSON/reuters)
Um réu só é extraditado antes de cumprir a sentença quando o crime não é violento, explica Tony Castro
Renato Seabra à entrada da audiência em que foi acusado de homicídio em segundo grau (LUCAS JACKSON/reuters)
Durante os 14 anos de carreira como procurador de justiça no condado do Bronx, em Nova Iorque, Tony Castro chegou a conduzir a acusação de um estrangeiro que cometeu um crime naquele Estado: um dinamarquês que viria a ser condenado a 15 anos de prisão por homicídio. O ex-procurador responsável por investigar e levar a julgamento inúmeros casos de homicídio no Bronx - uma das zonas mais violentas dos Estados Unidos - recorda-se da pressão exercida pelo governo dinamarquês. O executivo da Dinamarca foi persistente: contratou um advogado dinamarquês para assistir o advogado de defesa do arguido e pressionou o governo norte-americano para conseguir a extradição. Não conseguiu: o homicida voltou à Dinamarca o ano passado, mas só depois de cumprir toda a sentença numa prisão de Nova Iorque. A extradição só foi possível depois da liberdade.
Para Tony Castro este exemplo mostra qual será o destino mais provável de Renato Seabra, caso venha a ser condenado pelo homicídio de Carlos Castro, a 7 de Janeiro, no Hotel Intercontinental. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos raramente permite a extradição dos réus que cometem crimes naquele território antes de cumprirem as sentenças, por maiores que sejam as pressões exercidas pelos países de origem. As hipóteses de um estrangeiro condenado nos Estados Unidos cumprir a pena, ou parte dela, no seu país são "reduzidíssimas" e a probabilidade diminui consoante aumenta a gravidade do crime. Como Renato Seabra enfrenta uma acusação de homicídio em segundo grau "com contornos demasiado violentos, até para os padrões de Nova Iorque", o ex-procurador de justiça adianta as piores previsões: "Num caso como este, a extradição não é apenas difícil, é impossível."
O advogado especialista em direito criminal explica que a autorização de extradição antes do cumprimento da pena só se torna mais fácil "quando o réu é condenado por um crime não violento, como o tráfico de droga". "No Estado de Nova Iorque faz-se uma grande diferenciação entre os crimes violentos e os não violentos. Nos mais violentos, o sistema judicial tende a ser implacável", elucida Tony Castro.
Apesar de a extradição para Portugal ser uma missão quase impossível, Tony Castro garante que em Nova Iorque "um cidadão estrangeiro tem exactamente os mesmos direitos em relação à sua defesa que um norte-americano". O ex- -procurador não duvida que a equipa do Hospital de Bellevue responsável pela avaliação psiquiátrica de Renato Seabra "estará a fornecer-lhe todos os meios": "Num hospital tão reputado terão certamente em conta a barreira linguística. Não acredito que não estejam a disponibilizar ao Renato a ajuda de um intérprete sempre que necessário."
Na segunda-feira, os amigos de Renato Seabra desconvocaram uma manifestação em frente à embaixada americana em Lisboa. A concentração tinha como intuito pedir a extradição do manequim para Portugal mas os amigos adiaram-na para depois da sentença. Mais de 13 mil pessoas já assinaram a petição a favor da extradição de Renato Seabra para Portugal, mas há também quem se queira pronunciar contra o regresso de Renato Seabra ao país: uma outra petição contra a extradição do manequim reuniu já mais de 340 assinaturas.
"Num caso como este, a extradição de Renato Seabra não é apenas difícil, é impossível", adianta o ex-procurador
por Sílvia Caneco, Publicado em 10 de Fevereiro de 2011
http://www.ionline.pt/conteudo/103781-renato-seabra-extradicao-e-missao-quase-impossivel
Para Tony Castro este exemplo mostra qual será o destino mais provável de Renato Seabra, caso venha a ser condenado pelo homicídio de Carlos Castro, a 7 de Janeiro, no Hotel Intercontinental. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos raramente permite a extradição dos réus que cometem crimes naquele território antes de cumprirem as sentenças, por maiores que sejam as pressões exercidas pelos países de origem. As hipóteses de um estrangeiro condenado nos Estados Unidos cumprir a pena, ou parte dela, no seu país são "reduzidíssimas" e a probabilidade diminui consoante aumenta a gravidade do crime. Como Renato Seabra enfrenta uma acusação de homicídio em segundo grau "com contornos demasiado violentos, até para os padrões de Nova Iorque", o ex-procurador de justiça adianta as piores previsões: "Num caso como este, a extradição não é apenas difícil, é impossível."
O advogado especialista em direito criminal explica que a autorização de extradição antes do cumprimento da pena só se torna mais fácil "quando o réu é condenado por um crime não violento, como o tráfico de droga". "No Estado de Nova Iorque faz-se uma grande diferenciação entre os crimes violentos e os não violentos. Nos mais violentos, o sistema judicial tende a ser implacável", elucida Tony Castro.
Apesar de a extradição para Portugal ser uma missão quase impossível, Tony Castro garante que em Nova Iorque "um cidadão estrangeiro tem exactamente os mesmos direitos em relação à sua defesa que um norte-americano". O ex- -procurador não duvida que a equipa do Hospital de Bellevue responsável pela avaliação psiquiátrica de Renato Seabra "estará a fornecer-lhe todos os meios": "Num hospital tão reputado terão certamente em conta a barreira linguística. Não acredito que não estejam a disponibilizar ao Renato a ajuda de um intérprete sempre que necessário."
Na segunda-feira, os amigos de Renato Seabra desconvocaram uma manifestação em frente à embaixada americana em Lisboa. A concentração tinha como intuito pedir a extradição do manequim para Portugal mas os amigos adiaram-na para depois da sentença. Mais de 13 mil pessoas já assinaram a petição a favor da extradição de Renato Seabra para Portugal, mas há também quem se queira pronunciar contra o regresso de Renato Seabra ao país: uma outra petição contra a extradição do manequim reuniu já mais de 340 assinaturas.
"Num caso como este, a extradição de Renato Seabra não é apenas difícil, é impossível", adianta o ex-procurador
por Sílvia Caneco, Publicado em 10 de Fevereiro de 2011
http://www.ionline.pt/conteudo/103781-renato-seabra-extradicao-e-missao-quase-impossivel
CINHA JARDIM PROCESSA IRMÃ POR DIFAMAÇÃO
Cinha Jardim: "Há muita mentira"
As declarações de Pedro Espírito Santo, de 34 anos, que assume agora ter traído a mulher, na altura grávida, com Cinha Jardim, de 55, não caíram bem à socialite que, revoltada, tece duras críticas às palavras do advogado.
"A única coisa que tenho a dizer é que há muita mentira em tudo o que foi dito, mas não vou fazer mais comentários porque isso seria dar protagonismo a quem não merece. Isso é um assunto que só tem de ser falado entre mim e as minhas filhas, com mais ninguém", explica Cinha, que só quer pôr um ponto final na polémica.
"Esse tema está terminado, não me sinto nada incomodada. A mim não me afecta, lamento imenso. Eu vivo o meu dia-a-dia à minha maneira, tirando partido dos bons momentos. Esse assunto não passa de um passado muito antigo. As atitudes ficam para quem as pratica", diz. O relacionamento extraconjugal, agora confessado por Pedro Espírito Santo, terá acontecido há mais de sete meses e chegou mesmo a pôr as irmãs Cinha e Mituxa Jardim, de 57 anos, de costas voltadas. As duas chatearam-se depois de Mituxa, alegadamente, ter revelado à mulher de Pedro Espírito Santo o caso que este mantinha com a socialite.
Zangadas desde então, Cinha e Mituxa nunca mais trocaram uma palavra e só deverão voltar a encontrar-se por altura da audiência, resultante do processo que a relações públicas moveu à irmã mais nova por difamação.
Namoro pode estar em perigo
A polémica em torno do relacionamento com Pedro Espírito Santo poderá deixar o namoro entre Cinha Jardim e o empresário americano William Hasselberger em maus lençóis. "Apesar de estar a viver nos EUA, ele sabe de tudo o que é publicado em Portugal e não sei se irá gostar muito de ler a entrevista do Pedro", relata uma fonte.
Sofia Martins Santos
14-02-2011
http://www.vidas.xl.pt/noticia.aspx?channelId=83c1118f-0a09-426d-88d0-7a0980df951a&contentId=1a9ca4bd-551c-41fa-bb3d-22719dc8eeb0
As declarações de Pedro Espírito Santo, de 34 anos, que assume agora ter traído a mulher, na altura grávida, com Cinha Jardim, de 55, não caíram bem à socialite que, revoltada, tece duras críticas às palavras do advogado.
"A única coisa que tenho a dizer é que há muita mentira em tudo o que foi dito, mas não vou fazer mais comentários porque isso seria dar protagonismo a quem não merece. Isso é um assunto que só tem de ser falado entre mim e as minhas filhas, com mais ninguém", explica Cinha, que só quer pôr um ponto final na polémica.
"Esse tema está terminado, não me sinto nada incomodada. A mim não me afecta, lamento imenso. Eu vivo o meu dia-a-dia à minha maneira, tirando partido dos bons momentos. Esse assunto não passa de um passado muito antigo. As atitudes ficam para quem as pratica", diz. O relacionamento extraconjugal, agora confessado por Pedro Espírito Santo, terá acontecido há mais de sete meses e chegou mesmo a pôr as irmãs Cinha e Mituxa Jardim, de 57 anos, de costas voltadas. As duas chatearam-se depois de Mituxa, alegadamente, ter revelado à mulher de Pedro Espírito Santo o caso que este mantinha com a socialite.
Zangadas desde então, Cinha e Mituxa nunca mais trocaram uma palavra e só deverão voltar a encontrar-se por altura da audiência, resultante do processo que a relações públicas moveu à irmã mais nova por difamação.
Namoro pode estar em perigo
A polémica em torno do relacionamento com Pedro Espírito Santo poderá deixar o namoro entre Cinha Jardim e o empresário americano William Hasselberger em maus lençóis. "Apesar de estar a viver nos EUA, ele sabe de tudo o que é publicado em Portugal e não sei se irá gostar muito de ler a entrevista do Pedro", relata uma fonte.
Sofia Martins Santos
14-02-2011
http://www.vidas.xl.pt/noticia.aspx?channelId=83c1118f-0a09-426d-88d0-7a0980df951a&contentId=1a9ca4bd-551c-41fa-bb3d-22719dc8eeb0
MÃE DE RENATO JÁ ESTÁ EM NOVA IORQUE
Odília já está em Nova Iorque
Mãe de Renato quer ir viver para os EUA
A mãe de Renato Seabra, o autor confesso do homicídio de Carlos Castro, já regressou a Nova Iorque e admite ir viver para os Estados Unidos da América para ficar perto do filho.
Odília Pereirinha tem como "prioridade acompanhar o filho e vai ficar lá o máximo de tempo que consiga", refere José Malta, cunhado de Renato Seabra. Para já, a enfermeira de Cantanhede usou dias de férias para o poder visitar, mas admite mudar-se definitivamente para os EUA. "Vamos ver como é que o processo se vai desenrolar, mas essa possibilidade já foi aflorada", afirma José Malta, acrescentando, no entanto, que "não há por enquanto nada de concreto". Odília necessita ainda de reunir condições, nomeadamente financeiras, mas não conseguiu vender os bens para financiar a defesa do filho. "Houve uma oferta para a casa, mas não se concretizou", diz José Malta. Renato Seabra permanece detido no hospital psiquiátrico e, segundo o cunhado, "não é muito fácil" visitá-lo. "As visitas são seleccionadas. Penso que só é permitida a entrada de uma pessoa e no máximo duas vezes por semana", descreve.
Por:Paula Gonçalves
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/mae-de-renato-quer-ir-viver-para-os-eua
Mãe de Renato quer ir viver para os EUA
A mãe de Renato Seabra, o autor confesso do homicídio de Carlos Castro, já regressou a Nova Iorque e admite ir viver para os Estados Unidos da América para ficar perto do filho.
Odília Pereirinha tem como "prioridade acompanhar o filho e vai ficar lá o máximo de tempo que consiga", refere José Malta, cunhado de Renato Seabra. Para já, a enfermeira de Cantanhede usou dias de férias para o poder visitar, mas admite mudar-se definitivamente para os EUA. "Vamos ver como é que o processo se vai desenrolar, mas essa possibilidade já foi aflorada", afirma José Malta, acrescentando, no entanto, que "não há por enquanto nada de concreto". Odília necessita ainda de reunir condições, nomeadamente financeiras, mas não conseguiu vender os bens para financiar a defesa do filho. "Houve uma oferta para a casa, mas não se concretizou", diz José Malta. Renato Seabra permanece detido no hospital psiquiátrico e, segundo o cunhado, "não é muito fácil" visitá-lo. "As visitas são seleccionadas. Penso que só é permitida a entrada de uma pessoa e no máximo duas vezes por semana", descreve.
Por:Paula Gonçalves
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/mae-de-renato-quer-ir-viver-para-os-eua
Sunday, 13 February 2011
AMORES INTERRROMPIDOS
Amores interrompidos... e retomados
Eles namoraram, na adolescência, e depois terminaram tudo. Casaram com outras pessoas, fizeram as suas vidas, tiveram filhos. Mas, por força do destino, por coincidência ou simplesmente porque sim (nós preferimos a versão do destino), um dia voltaram a encontrar-se. Na véspera do Dia de São Valentim, a nm foi conhecer três histórias de amores interrompidos e mais tarde retomados.
Lia e Guy
«Yes, it was love at first sight» («Sim, foi amor à primeira vista»), declara Guy com um sorriso embevecido, ao mesmo tempo que procura a mão dela. Lia confirma, repetindo o sorriso dele e estendendo a mão. Um amor à primeira vista que nasceu há trinta anos, quando o olhar de um congelou no olhar do outro e, por instantes, o mundo parou de girar.
Ela estudava num colégio interno inglês, para meninas, ele estudava na Academia Real Militar Sandhurst. Ela tinha 16 anos, ele 19. Ela tinha sangue na guelra, ele gostou logo disso. Mas recuemos um pouco para compreender o que fazia uma portuguesa num colégio interno inglês, e o que é isso de ter sangue na guelra (ou pêlo na venta, como se queira).
Lia tinha estudado no Ramalhão, um conceituado colégio interno para raparigas, em Sintra, e a passagem para o liceu estatal não foi exactamente aquilo que a mãe dela previra. Na verdade, foi como encostar um fósforo aceso a um pavio curto. Lia tinha então 14 anos e a liberdade do liceu foi avassaladora. Chumbou por faltas. A mãe, que não tolerava desatinos, mandou-a para Inglaterra. Mas pecou por excesso. O colégio era muito rigoroso, demasiado rigoroso. «Era um colégio de freiras, as meninas andavam de gravata, chapéu e luvas e eu odiei aquilo. Não me apetecia nada ir à missa todos os dias, não me apetecia nada não fumar, não me apetecia nada ter dez desportos diferentes com dez uniformes diferentes. E, um dia, eu e umas amigas fomos passar o fim-de-semana e não voltámos. Decidimos ficar mais uns dias fora. Claro que fomos todas convidadas a sair do colégio.»
A mãe da rebelde enfureceu-se e achou que ela tinha feito de propósito para ser expulsa e assim poder voltar a Portugal. Vai daí e, em vez de a trazer para casa, meteu-a noutro colégio interno, mas mais moderado. «Já não era de freiras, não havia uniforme. Podia-se fumar... E depois havia as festas.»
As festas. Rapazes convidados para as festas no colégio, meninas autorizadas a irem às festas dos rapazes. E foi num desses intercâmbios de festas inter-colegiais que os olhares de Lia e Guy se cruzaram e o mundo parou, ou pelo menos eles apostam que sim.
Namoraram dois anos e meio, mais coisa menos coisa. Assunto sério, com apresentações feitas a ambas as famílias, ela a conhecer os Lower, ele a voar até à casa dela do Algarve, para passar uns dias. Mas Lia continuava indomável. E aos 18 anos quis voltar para Portugal, mandando a relação às urtigas. «Ele queria casar e ter filhos. Eu queria mundo! Tinha 18 anos e queria ir para a faculdade, queria viajar, queria conhecer pessoas. Não estava minimamente preparada para uma coisa tão séria.»
Guy, que percebe alguma coisa de português, vai acompanhando a conversa. Neste ponto da história, fica sério e quase revela um beicinho triste. «She broke my heart» («Ela partiu o meu coração»), confessa. «She really broke my heart» («Partiu-o mesmo»).
Ele ainda lhe escreveu algumas cartas, apaixonadas, lânguidas, implorando que ela reconsiderasse, recordando os bons tempos que tinham passado juntos. Ela respondeu a poucas. E assim, em 1983, terminou o namoro de Lia e Guy. Ponto final parágrafo. Ou será preferível dizer reticências?
A vida de cada um seguiu rumos distintos, em países diferentes. Ele casou, teve dois filhos. Ela casou, não teve filhos. Divorciaram-se ambos.
Em 2004, ele foi passar férias ao Algarve e os pés encaminharam-se, como que impelidos por uma força magnética, para a casa onde tinha conhecido a família dela. Tocou à campainha, ninguém atendeu. Persistente, resolveu deixar um bilhete debaixo da porta. Dizia qualquer coisa como: «Sou o Guy, de Inglaterra. Passei aqui. Deixo-te o meu e-mail.»
Quis o destino que a mulher-a-dias da família de Lia não fosse muito competente, quis o destino que a mãe de Lia encontrasse, meses depois, o bilhete, com mais cara de lixo do que de bilhete, cheio de pó e amarrotado, quis o destino que Lia lhe desse alguma atenção e enviasse um e-mail a dizer olá. Trocaram algumas palavras, contaram um ao outro dos respectivos casamentos e divórcios, e foi tudo. Ele guardou o numero de telemóvel que aparecia, por defeito, no e-mail da empresa onde ela trabalhava. Ela nunca mais pensou no assunto.
Cinco anos passaram, desde essa troca de correspondência. E em Setembro de 2009, Guy voltou ao Algarve, para jogar golfe com um grupo de amigos. E só pensava... nela. Estava no hotel, ligou para o número que tinha guardado, mas estava a pôr indicativos a mais e não acontecia nada. Desceu, perguntou ao recepcionista se estaria a fazer tudo bem, tornou a tentar. Pelo meio, os amigos iam insistindo para que se despachasse, que queriam sair para irem tomar um copo. Ele pedia-lhes só mais um minuto.
Do outro lado, Lia preparava-se para ir ao ginásio. Mas não tinha vontade. Arrastava-se. Calçou os ténis, jogou-se para a cama, como se algo a obrigasse a ficar ali, junto ao telemóvel que, a certa altura, tocou. «Vi que o número era do Algarve e pensei: não conheço ninguém no Algarve, não vou atender.» E não atendeu. Mas depois, Guy ligou do seu próprio telemóvel. E aí, como Lia faz gestão de património e recebe inúmeras chamadas de clientes aflitos, teve mesmo de atender. «Hello! It"s Guy!» («Olá! É o Guy!») Ela ficou imóvel. O coração deu um pulo. Sem perceber bem como disse-lhe: «Guy? Olá! Tenho de te ver!»
No dia seguinte, Lia apanhou o avião para Faro. Ele, por sua vez, esperava-a com uma ansiedade imensa. Os amigos, no hotel, gozavam: «Uma latina? Mas tu não sabes como são as latinas? Aos 40 anos estão cheias de filhos, são gordas, muito gordas, com um rabo gigante! No que te vais meter, querido Guy! Vais apanhar a desilusão da tua vida!» Ele tremia com a ideia da decepção. Afinal, tinha passado os últimos trinta anos a pensar nela. Sim. Leu bem. É verdade que casou, é verdade que teve dois filhos. Mas nunca mais esqueceu Lia. «A palavra-chave do meu computador foi sempre, ao longo dos anos, LiaandGuy (Lia e Guy). A cruz que ela me deu, com o seu nome, nunca saiu do meu pescoço. Mesmo durante os anos que estive casado. Nunca mais a esqueci. Nunca amei ninguém como a amei a ela.» Lia sorri. Também ela ficou incrédula com a revelação. Também ela não acreditou quando ele lhe contou da cruz. Mas depois, ao ver fotografias dele, percebeu que era verdade. A cruz estava em todos os retratos, em todas as situações, ao longo dos anos.
No dia marcado para o encontro, Guy esperava-a na recepção, enquanto os amigos aguardavam escondidos e a gozar o prato. Nisto, aparece uma morena enorme, com um traseiro de impor respeito. Os amigos largaram a rir: «Nós avisámos!» Ele susteve a respiração. Quando ela se voltou, suspirou de alívio. Não era a sua Lia.
Nisto, surgiu ela. O coração dele descompassou. O dela também. Deram um abraço e o mundo voltou a deixar de se mover. Como há trinta anos. A conversa fluiu com uma naturalidade invulgar. Como se não tivesse havido qualquer interrupção. Como se não tivessem existido outras pessoas nas suas vidas. Como se o mundo tivesse ficado assim, congelado, trinta anos congelado, à espera, e só agora se preparasse para girar outra vez. «O que eu senti foi que foi tudo tão fácil. Com ele não tenho de fingir. Nem no início da relação, em que tem de se impressionar e dizer e fazer as coisas certas... connosco parece que não era preciso. Porque o início da relação já tinha sido, há trinta anos. E, por isso, podíamos bem saltar essa parte e limitarmo-nos a ser quem somos, sem máscaras.»
Lia e Guy casaram no dia 19 de Junho de 2010, dia do aniversário dela. Ela completou 47 anos, ele estava com 50. No dia da boda, Lia levou ao pescoço uma medalha que ele lhe tinha dado, há trinta anos, no dia de São Valentim e que tinha inscrita a frase «A day to remember» («Um dia para recordar»). Quando botou os olhos na medalha, Guy chorou como uma criança.
O casal vive em Portugal e é feliz. Só houve, até agora, um pequeno problema nas suas vidas de reapaixonados: a cama. Durante alguns meses, Guy dormiu com os pés de fora, porque a cama dela era para inglês ver (e não dormir). Tirando isso, é só felicidade e o mundo, de novo, a parar de girar.
Ana e Júlio
Tudo começou em 1968, na extinta piscina do extinto hotel Estoril Sol. Júlio tinha 19 anos e era o galã perfeito para as meninas: tocava viola na banda Os Jets, tinha um cabelão solto, boa pinta, e um Mini Cooper transformado, que completava o pacote do charme. Ana tinha 14 anos e era linda. Cabelos compridos e loiros, sardas, olhos azuis. Uma boneca. Certo dia de sol, Ricardo, o vocalista da banda, convidou Júlio para irem passar o dia à piscina e recomendou: «Não leves ninguém que a Cristina vai levar uma amiga!» Júlio fez uma careta. «Já sabia como eram as amigas da namorada dele: metiam medo ao susto. Não podiam ser mais feias e gordas. E quando ouvi aquilo disse-lhe, num tom irónico: "Sim, sim, claro!"» Mas, dessa vez, o Ricardo abriu muito os olhos e sublinhou: «Olha que esta vale a pena! Faz o que te digo!»
Júlio condescendeu e acabou por aparecer sozinho. «E lá fiquei, à espera do trambolho. Quando a vi... foi logo! Pensei: ainda bem que não trouxe ninguém porque tinha aqui um problema grave.»
Ela, por sua vez, achou que o moço era garboso mas, sobretudo, achou-lhe graça. Durante todo o dia, riu como há muito não ria com as coisas que ele dizia e fazia, e a verdade é que há poucas receitas mais poderosas para conquistar uma mulher do que o sentido de humor. Durante todo o dia, foi o que se imagina: mergulhos espectaculares para a piscina, o clássico atirar de água para molhar quem ainda não se molhou, corridas, empurrõezinhos, o tubarão que puxa o pé da menina, e por aí fora, que todos nós já tivemos 14 e 19 anos.
O namoro começou logo de seguida. Ele, que andava na faculdade a tirar o curso de Engenharia Mecânica, passou a ir buscá-la à escola no seu Mini. As amigas dela ficavam roídas de inveja e Ana sentia-se saída de um conto de fadas. «Eu era uma menina, completamente ingénua, e ficava fascinada com ele. Quando entrava no carro, ele abria as janelas e dizia: "Agora vais apreciar o cheirinho do tubo de escape, hummm." E eu ficava doida, achava-o tão diferente... Quando se despedia de mim, ao telefone, dizia: "Um beijinho no umbigo." Aquilo para mim era o máximo!»
Mas a inocência dela não acompanhava a pedalada dele. Júlio tinha muitas solicitações, por causa da banda, e andava sempre a correr. «Na maior parte das vezes que ele me ia buscar, tinha sempre de ir fazer coisas. E eu ficava no carro, horas, à seca, à espera que ele aparecesse. Mas não me importava porque quando ele aparecia, o meu coração batia que nem um louco! Eu era mesmo muito apaixonada por ele.»
Namoraram um ano, talvez nem tanto. Nunca fizeram mais que dar beijinhos, e a relação acabou por morrer de morte natural, ele cada vez mais ocupado, ela ainda muito colegial. Mas, mesmo indo cada um à sua vida, ela demorou um bocadinho a esquecer aquele sedutor que parecia saído dos filmes. Ele confessa que a menina dos cabelos loiros também ficou registada. Mas havia muita vida para viver.
E assim foi. Ele prosseguiu a namoriscar com esta e aquela, como bom galã que era. Ela arranjou novo namoro, um ano mais tarde. Na noite de passagem de ano de 1969 para 1970, calhou encontrarem-se todos no Hotel Londres. Júlio estava a tocar para os convivas e, quando o viu, Ana sentiu o coração na boca. O novo namorado achou que não havia pior forma de começar o ano, sobretudo quando, no intervalo, Júlio fez questão de lhe vir dar um beijo: «Um beijinho pelos 70», sussurrou ele, sabidão.
Mas o tempo continuou a passar. Ana casou em 1972, Júlio em 1976. Ela teve um filho, ele uma filha. Ele deixou a música, tornou-se fotógrafo do Cinéfilo, a revista do Século Ilustrado. Ela ainda o viu algumas vezes, sempre que ia a festivais de jazz lá andava ele, numa azáfama, de máquina fotográfica apontada aos músicos. Se o coração acelerou? Sim. Mas isso foi em 1973, quando a memória da relação entre os dois ainda estava morninha. Depois, passou. Júlio deixou a fotografia para se dedicar à sua área de formação, a Engenharia Mecânica, e cada um tinha a sua vida, os seus companheiros, os seus filhos.
Em 1986 encontraram-se por acaso, na zona do Marquês de Pombal, em Lisboa. Ana estava em processo de divórcio, Júlio estava com a relação em pleno desgaste e à beira da ruptura. Conversaram, trocaram contactos. Ela ofereceu-lhe a sua casa, se ele precisasse, e essa oferta comoveu-o. Por outro lado, Júlio começou a puxar por ela. «Eu vinha de uma relação sofrida, estava muito insegura. Nos fins-de-semana em que o meu filho ia com o pai ficava muito infeliz. Metia-me em casa e não queria fazer nada. O Júlio começou a arrancar-me desse isolamento.»
Quando o casamento dele rebentou de vez e a mulher saiu de casa - que era, na verdade, o único passo que faltava para considerar finalmente defunta uma relação que há muito estava moribunda - Júlio ligou à sua namorada de há quase vinte anos. E a história entre os dois recomeçou.
Ana e Júlio casaram no dia 16 de Agosto de 1989, precisamente seis meses depois de sair o divórcio dele. «Já vivíamos juntos há três anos, mas o processo de divórcio arrastou-se. E no dia exacto em que fez seis meses, que era o prazo mínimo legal para poder tornar a casar, eu casei com a Ana.» Um dia especial por todos os motivos. Ana estava grávida, muito, muito grávida. «Estava de nove meses. E era muito importante para mim casar antes de o bebé nascer. E consegui! No dia seguinte, o João nasceu.» Júlio ri-se, ao relembrar essa noite. «Tivemos uma noite de núpcias sensacional. A Ana sentada, sem posição, um sonho!»
Ana, 57 anos, e Júlio, 62 anos, namoradinhos de adolescência, estão já casados, em segundas núpcias, há 21 anos. Nem tudo foi um mar de rosas, os filhos dos anteriores casamentos deram-lhes água pela barba. Mas eles resistiram a tudo. E quem os veja não acredita que estejam casados há quase um quarto de século. Os beijinhos e as brincadeiras e os mimos são uma constante e fazem lembrar aquele primeiro dia, na extinta piscina no extinto Estoril Sol. Na verdade, os prédios até podem cair, até podem sumir-se do mapa, desaparecer. Mas os amores verdadeiros duram para sempre.
Ana Cristina e Carlos
Todos os verões era a mesma alegria. Ana Cristina ia com o tio Balixa e a tia Josefina para Monsaraz (Alentejo), terra dos pais dela, único lugar onde se sentia em casa. Os pais, que tinham migrado para Lisboa em 1970, evitavam voltar. «Acho que o meu pai se defendia da dor de regressar a casa, e preferia não ir, nem nas férias. Mas eu contava os dias para voltar a Monsaraz, onde não nasci, mas onde sempre sonhei viver.»
Nessas idas e vindas, Ana acabou por conhecer Carlos, moço da terra, de olho vivo e pé ligeiro, com muita lábia para dar e vender. «Um dia eu estava a jogar à bola com umas amigas, ali no adro da igreja, e a bola resvalou. Ele agarrou-a e, quando lha pedi, disse-me: "Só ta dou se me deres um beijo."» Ana Cristina fez-se difícil, como lhe competia, mas depois lá lhe deu um beijo, muito de fugida. «Foi de fugida mas soube-me muito bem!», graceja Carlos, bonacheirão.
Ele garante que ela já se tinha metido com ele. Ana abana com a cabeça, não, não, não, nada disso. «Tinhas, tinhas. Uma vez eu estava a jogar flippers e tu começaste a dar-me uns empurrões, uns toques, uns pontapés...» Ela arqueia o sobrolho, e nega tal coisa, diz que ele é que não parava de lhe fazer olhinhos e atirar larachas para a provocar. Não importa. O que interessa para o caso é que, quando ela tinha 14 anos e ele 15, em Agosto de 1984, começaram um namorico, muito amaldiçoado por uma facção da família dela, que não queria que a rapariga de Lisboa viesse assim, afoita, roubar às moças de Monsaraz os bons rapazes que havia na terra. Os boatos sobre o namoro rapidamente se estenderam aos pais de Ana, que não gostaram nada da notícia. «Os meus pais achavam que eu era muito nova mas, sobretudo, odiavam o falatório. E, além disso, creio que o meu pai sentia que uma relação com um rapaz da terra era um recuar nos planos que ele tinha para mim. Ele queria mais para a filha, como todos os pais. E, se tinha ido para Lisboa, para que tivéssemos uma vida melhor, por que raio é que eu havia de me interessar por um rapaz de Monsaraz?»
Ainda assim, o namoro prosseguiu, coxo, durante quatro anos. Com muitos altos e muitos baixos. Com muitas rupturas e outros tantos reencontros. E, principalmente, com muito diz que disse, muita má-língua, muito mau agoiro. Claro que a distância e tanto senão azedaram a coisa e, pouco tempo depois de ela entrar para a faculdade, o namoro acabou de vez.
Em 1990, Ana conheceu aquele que havia de ser o pai das filhas. Namoraram quatro anos, até ela terminar o curso, e em 1994 casaram. Para Carlos, foi um desgosto. «Foi. Dos grandes. Enquanto ela namorou, enfim, custava-me mas, como não via, conseguia ultrapassar. Agora, quando soube do casamento... sabe aquela música do Trio Odemira? «A igreja estava toda iluminada, e ela estava já casada, a mulher que eu adorei?» Pois. Eu andava sempre a cantar isso, tão triste, tão triste.»
Ana Cristina faz questão de dizer que casou por amor com o pai das filhas. Que o Carlos era algo do passado, alguém de quem gostava mas que tinha ficado lá atrás. «Eu amava o pai das minhas filhas. Elas nasceram desse amor e quero que saibam sempre disso. Mas o meu casamento acabou, sete anos depois, em 2001. O pai delas nunca estava em casa, eu tratava de tudo sozinha, e deixou pura e simplesmente de fazer sentido.»
Pelo meio, Carlos mantinha a esperança. Sempre que o tio Balixa ia a Monsaraz, perguntava-lhe: «Então, como está a sua sobrinha?» E o tio respondia: «Então e tu, quando é que te casas?» Carlos gracejava tristemente: «Quando a sua sobrinha se divorciar eu logo me caso!» O tio Balixa, que não gostava cá de famílias desfeitas, zangava-se com o rapaz, por quem tinha afeição: «Cala-te, Carlos! Olha que a rapariga tem duas filhas, tem juízo!»
Mas a brincadeira do alentejano não era assim tão descabida. E em 2002 os ex-namorados retomaram conversas e passeios e até chegaram a ponderar se prosseguiam com o namoro, interrompido havia 14 anos. Em 2003 dançaram num bailarico da terra e, para quem não sabe, dançar num bailarico da terra é assumir muita coisa perante muita gente. «Ele tinha uma namorada, de Monsaraz, mas deu-me a entender que terminava tudo se eu quisesse. E, claro, quando eu reapareci reapareceram os falatórios. Só que, dessa vez, houve mesmo insinuações graves, que me magoaram muito. De maneira que, um dia, cheguei ao pé dele e disse: "Nunca mais me ligues! Fica lá com essa gente, eu quero é distância." E mudei de número de telefone e nunca mais lhe falei.»
Estiveram de 2004 a 2008 sem se falar. A vida dela deu mais umas voltas, algumas piruetas difíceis, e quando, certo dia, Carlos perguntou ao tio Balixa pela sobrinha e o ouviu responder um grunhido triste, soube que a sua Ana não estava bem. Soube que tinha de lhe ligar. Implorou ao tio dela que lhe desse o novo número, mas ele estava irredutível. Mas Carlos venceu-o pela exaustão. «Tanto pedi, tanto pedi, que ele lá me deu. Mas fez-me prometer que só ligava daí a alguns meses, caso contrário a sobrinha perceberia logo quem mo tinha dado.» Carlos prometeu. Mas não cumpriu. No dia 15 de Setembro de 2008 ligou-lhe mas não falou. Ficou calado, para aferir o nível de tristeza da voz dela. Ana Cristina não sabia quem estava do outro lado. Mas, não sabe como nem porquê, teve um clique. E disse: «Carlos Manel! Quem é que te deu o meu número de telefone?»
Nessa noite, Carlos gastou setenta euros de telemóvel. Falaram até às cinco da manhã. E, a partir de então, nunca mais se largaram. Primeiro ao telefone, noite dentro. «Ah, era por isso que andavas sempre tão cansada...», adivinha a filha Mariana, de 14 anos. «Nós percebemos logo que alguma coisa se passava... Começaste a rir muito, ao telefone.», atira a outra filha, Alexandra, de 13. Depois, lentamente, começaram os encontros, os passeios, os fins-de-semana. O namoro pegou de estaca na primeira metade de 2009, contra todas as expectativas dela, que não queria envolver-se com mais ninguém e só queria paz e sossego para criar as filhas. «A verdade é que eu passei anos e anos a dizer-lhe que nós dois já só podíamos ser amigos. E ele passou esses anos a dizer que só casava comigo. Namorou muito tempo com uma rapariga mas nunca casou com ela. Esperou vinte anos por mim! E foi a atenção dele, o carinho, a compreensão e a dedicação que me fizeram voltar a amá-lo.»
Ana Cristina e Carlos começaram a viver juntos, em Monsaraz, no final do Verão de 2009, e um dia destes casam. Aí, o sonho dele, pelo qual esperou duas décadas, será concretizado em pleno. O sonho dela já passou à prática: «Sempre quis viver no Alentejo, sempre sonhei ter um monte, sempre imaginei que um dia teria cavalos... E agora, o sonho tornou-se realidade. Nem sempre é fácil, porque vivi toda a vida em Lisboa e há uma grande diferença entre sonhar o sonho e viver o sonho. Às vezes sinto o peso do isolamento, das grandes distâncias. Mas o Carlos é um companheiro maravilhoso e até o meu pai, no outro dia, olhou para mim e disse: "Nunca te vi tão feliz... o destino queria mesmo que ficassem juntos! Se eu soubesse, nunca vos teria criado problemas." É assim. O que tem de ser... tem mesmo muita força.»
Por SÓNIA MORAIS SANTOS. FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA/GLOBAL IMAGENS
http://www.jn.pt/revistas/nm/Interior.aspx?content_id=1781693
Eles namoraram, na adolescência, e depois terminaram tudo. Casaram com outras pessoas, fizeram as suas vidas, tiveram filhos. Mas, por força do destino, por coincidência ou simplesmente porque sim (nós preferimos a versão do destino), um dia voltaram a encontrar-se. Na véspera do Dia de São Valentim, a nm foi conhecer três histórias de amores interrompidos e mais tarde retomados.
Lia e Guy
«Yes, it was love at first sight» («Sim, foi amor à primeira vista»), declara Guy com um sorriso embevecido, ao mesmo tempo que procura a mão dela. Lia confirma, repetindo o sorriso dele e estendendo a mão. Um amor à primeira vista que nasceu há trinta anos, quando o olhar de um congelou no olhar do outro e, por instantes, o mundo parou de girar.
Ela estudava num colégio interno inglês, para meninas, ele estudava na Academia Real Militar Sandhurst. Ela tinha 16 anos, ele 19. Ela tinha sangue na guelra, ele gostou logo disso. Mas recuemos um pouco para compreender o que fazia uma portuguesa num colégio interno inglês, e o que é isso de ter sangue na guelra (ou pêlo na venta, como se queira).
Lia tinha estudado no Ramalhão, um conceituado colégio interno para raparigas, em Sintra, e a passagem para o liceu estatal não foi exactamente aquilo que a mãe dela previra. Na verdade, foi como encostar um fósforo aceso a um pavio curto. Lia tinha então 14 anos e a liberdade do liceu foi avassaladora. Chumbou por faltas. A mãe, que não tolerava desatinos, mandou-a para Inglaterra. Mas pecou por excesso. O colégio era muito rigoroso, demasiado rigoroso. «Era um colégio de freiras, as meninas andavam de gravata, chapéu e luvas e eu odiei aquilo. Não me apetecia nada ir à missa todos os dias, não me apetecia nada não fumar, não me apetecia nada ter dez desportos diferentes com dez uniformes diferentes. E, um dia, eu e umas amigas fomos passar o fim-de-semana e não voltámos. Decidimos ficar mais uns dias fora. Claro que fomos todas convidadas a sair do colégio.»
A mãe da rebelde enfureceu-se e achou que ela tinha feito de propósito para ser expulsa e assim poder voltar a Portugal. Vai daí e, em vez de a trazer para casa, meteu-a noutro colégio interno, mas mais moderado. «Já não era de freiras, não havia uniforme. Podia-se fumar... E depois havia as festas.»
As festas. Rapazes convidados para as festas no colégio, meninas autorizadas a irem às festas dos rapazes. E foi num desses intercâmbios de festas inter-colegiais que os olhares de Lia e Guy se cruzaram e o mundo parou, ou pelo menos eles apostam que sim.
Namoraram dois anos e meio, mais coisa menos coisa. Assunto sério, com apresentações feitas a ambas as famílias, ela a conhecer os Lower, ele a voar até à casa dela do Algarve, para passar uns dias. Mas Lia continuava indomável. E aos 18 anos quis voltar para Portugal, mandando a relação às urtigas. «Ele queria casar e ter filhos. Eu queria mundo! Tinha 18 anos e queria ir para a faculdade, queria viajar, queria conhecer pessoas. Não estava minimamente preparada para uma coisa tão séria.»
Guy, que percebe alguma coisa de português, vai acompanhando a conversa. Neste ponto da história, fica sério e quase revela um beicinho triste. «She broke my heart» («Ela partiu o meu coração»), confessa. «She really broke my heart» («Partiu-o mesmo»).
Ele ainda lhe escreveu algumas cartas, apaixonadas, lânguidas, implorando que ela reconsiderasse, recordando os bons tempos que tinham passado juntos. Ela respondeu a poucas. E assim, em 1983, terminou o namoro de Lia e Guy. Ponto final parágrafo. Ou será preferível dizer reticências?
A vida de cada um seguiu rumos distintos, em países diferentes. Ele casou, teve dois filhos. Ela casou, não teve filhos. Divorciaram-se ambos.
Em 2004, ele foi passar férias ao Algarve e os pés encaminharam-se, como que impelidos por uma força magnética, para a casa onde tinha conhecido a família dela. Tocou à campainha, ninguém atendeu. Persistente, resolveu deixar um bilhete debaixo da porta. Dizia qualquer coisa como: «Sou o Guy, de Inglaterra. Passei aqui. Deixo-te o meu e-mail.»
Quis o destino que a mulher-a-dias da família de Lia não fosse muito competente, quis o destino que a mãe de Lia encontrasse, meses depois, o bilhete, com mais cara de lixo do que de bilhete, cheio de pó e amarrotado, quis o destino que Lia lhe desse alguma atenção e enviasse um e-mail a dizer olá. Trocaram algumas palavras, contaram um ao outro dos respectivos casamentos e divórcios, e foi tudo. Ele guardou o numero de telemóvel que aparecia, por defeito, no e-mail da empresa onde ela trabalhava. Ela nunca mais pensou no assunto.
Cinco anos passaram, desde essa troca de correspondência. E em Setembro de 2009, Guy voltou ao Algarve, para jogar golfe com um grupo de amigos. E só pensava... nela. Estava no hotel, ligou para o número que tinha guardado, mas estava a pôr indicativos a mais e não acontecia nada. Desceu, perguntou ao recepcionista se estaria a fazer tudo bem, tornou a tentar. Pelo meio, os amigos iam insistindo para que se despachasse, que queriam sair para irem tomar um copo. Ele pedia-lhes só mais um minuto.
Do outro lado, Lia preparava-se para ir ao ginásio. Mas não tinha vontade. Arrastava-se. Calçou os ténis, jogou-se para a cama, como se algo a obrigasse a ficar ali, junto ao telemóvel que, a certa altura, tocou. «Vi que o número era do Algarve e pensei: não conheço ninguém no Algarve, não vou atender.» E não atendeu. Mas depois, Guy ligou do seu próprio telemóvel. E aí, como Lia faz gestão de património e recebe inúmeras chamadas de clientes aflitos, teve mesmo de atender. «Hello! It"s Guy!» («Olá! É o Guy!») Ela ficou imóvel. O coração deu um pulo. Sem perceber bem como disse-lhe: «Guy? Olá! Tenho de te ver!»
No dia seguinte, Lia apanhou o avião para Faro. Ele, por sua vez, esperava-a com uma ansiedade imensa. Os amigos, no hotel, gozavam: «Uma latina? Mas tu não sabes como são as latinas? Aos 40 anos estão cheias de filhos, são gordas, muito gordas, com um rabo gigante! No que te vais meter, querido Guy! Vais apanhar a desilusão da tua vida!» Ele tremia com a ideia da decepção. Afinal, tinha passado os últimos trinta anos a pensar nela. Sim. Leu bem. É verdade que casou, é verdade que teve dois filhos. Mas nunca mais esqueceu Lia. «A palavra-chave do meu computador foi sempre, ao longo dos anos, LiaandGuy (Lia e Guy). A cruz que ela me deu, com o seu nome, nunca saiu do meu pescoço. Mesmo durante os anos que estive casado. Nunca mais a esqueci. Nunca amei ninguém como a amei a ela.» Lia sorri. Também ela ficou incrédula com a revelação. Também ela não acreditou quando ele lhe contou da cruz. Mas depois, ao ver fotografias dele, percebeu que era verdade. A cruz estava em todos os retratos, em todas as situações, ao longo dos anos.
No dia marcado para o encontro, Guy esperava-a na recepção, enquanto os amigos aguardavam escondidos e a gozar o prato. Nisto, aparece uma morena enorme, com um traseiro de impor respeito. Os amigos largaram a rir: «Nós avisámos!» Ele susteve a respiração. Quando ela se voltou, suspirou de alívio. Não era a sua Lia.
Nisto, surgiu ela. O coração dele descompassou. O dela também. Deram um abraço e o mundo voltou a deixar de se mover. Como há trinta anos. A conversa fluiu com uma naturalidade invulgar. Como se não tivesse havido qualquer interrupção. Como se não tivessem existido outras pessoas nas suas vidas. Como se o mundo tivesse ficado assim, congelado, trinta anos congelado, à espera, e só agora se preparasse para girar outra vez. «O que eu senti foi que foi tudo tão fácil. Com ele não tenho de fingir. Nem no início da relação, em que tem de se impressionar e dizer e fazer as coisas certas... connosco parece que não era preciso. Porque o início da relação já tinha sido, há trinta anos. E, por isso, podíamos bem saltar essa parte e limitarmo-nos a ser quem somos, sem máscaras.»
Lia e Guy casaram no dia 19 de Junho de 2010, dia do aniversário dela. Ela completou 47 anos, ele estava com 50. No dia da boda, Lia levou ao pescoço uma medalha que ele lhe tinha dado, há trinta anos, no dia de São Valentim e que tinha inscrita a frase «A day to remember» («Um dia para recordar»). Quando botou os olhos na medalha, Guy chorou como uma criança.
O casal vive em Portugal e é feliz. Só houve, até agora, um pequeno problema nas suas vidas de reapaixonados: a cama. Durante alguns meses, Guy dormiu com os pés de fora, porque a cama dela era para inglês ver (e não dormir). Tirando isso, é só felicidade e o mundo, de novo, a parar de girar.
Ana e Júlio
Tudo começou em 1968, na extinta piscina do extinto hotel Estoril Sol. Júlio tinha 19 anos e era o galã perfeito para as meninas: tocava viola na banda Os Jets, tinha um cabelão solto, boa pinta, e um Mini Cooper transformado, que completava o pacote do charme. Ana tinha 14 anos e era linda. Cabelos compridos e loiros, sardas, olhos azuis. Uma boneca. Certo dia de sol, Ricardo, o vocalista da banda, convidou Júlio para irem passar o dia à piscina e recomendou: «Não leves ninguém que a Cristina vai levar uma amiga!» Júlio fez uma careta. «Já sabia como eram as amigas da namorada dele: metiam medo ao susto. Não podiam ser mais feias e gordas. E quando ouvi aquilo disse-lhe, num tom irónico: "Sim, sim, claro!"» Mas, dessa vez, o Ricardo abriu muito os olhos e sublinhou: «Olha que esta vale a pena! Faz o que te digo!»
Júlio condescendeu e acabou por aparecer sozinho. «E lá fiquei, à espera do trambolho. Quando a vi... foi logo! Pensei: ainda bem que não trouxe ninguém porque tinha aqui um problema grave.»
Ela, por sua vez, achou que o moço era garboso mas, sobretudo, achou-lhe graça. Durante todo o dia, riu como há muito não ria com as coisas que ele dizia e fazia, e a verdade é que há poucas receitas mais poderosas para conquistar uma mulher do que o sentido de humor. Durante todo o dia, foi o que se imagina: mergulhos espectaculares para a piscina, o clássico atirar de água para molhar quem ainda não se molhou, corridas, empurrõezinhos, o tubarão que puxa o pé da menina, e por aí fora, que todos nós já tivemos 14 e 19 anos.
O namoro começou logo de seguida. Ele, que andava na faculdade a tirar o curso de Engenharia Mecânica, passou a ir buscá-la à escola no seu Mini. As amigas dela ficavam roídas de inveja e Ana sentia-se saída de um conto de fadas. «Eu era uma menina, completamente ingénua, e ficava fascinada com ele. Quando entrava no carro, ele abria as janelas e dizia: "Agora vais apreciar o cheirinho do tubo de escape, hummm." E eu ficava doida, achava-o tão diferente... Quando se despedia de mim, ao telefone, dizia: "Um beijinho no umbigo." Aquilo para mim era o máximo!»
Mas a inocência dela não acompanhava a pedalada dele. Júlio tinha muitas solicitações, por causa da banda, e andava sempre a correr. «Na maior parte das vezes que ele me ia buscar, tinha sempre de ir fazer coisas. E eu ficava no carro, horas, à seca, à espera que ele aparecesse. Mas não me importava porque quando ele aparecia, o meu coração batia que nem um louco! Eu era mesmo muito apaixonada por ele.»
Namoraram um ano, talvez nem tanto. Nunca fizeram mais que dar beijinhos, e a relação acabou por morrer de morte natural, ele cada vez mais ocupado, ela ainda muito colegial. Mas, mesmo indo cada um à sua vida, ela demorou um bocadinho a esquecer aquele sedutor que parecia saído dos filmes. Ele confessa que a menina dos cabelos loiros também ficou registada. Mas havia muita vida para viver.
E assim foi. Ele prosseguiu a namoriscar com esta e aquela, como bom galã que era. Ela arranjou novo namoro, um ano mais tarde. Na noite de passagem de ano de 1969 para 1970, calhou encontrarem-se todos no Hotel Londres. Júlio estava a tocar para os convivas e, quando o viu, Ana sentiu o coração na boca. O novo namorado achou que não havia pior forma de começar o ano, sobretudo quando, no intervalo, Júlio fez questão de lhe vir dar um beijo: «Um beijinho pelos 70», sussurrou ele, sabidão.
Mas o tempo continuou a passar. Ana casou em 1972, Júlio em 1976. Ela teve um filho, ele uma filha. Ele deixou a música, tornou-se fotógrafo do Cinéfilo, a revista do Século Ilustrado. Ela ainda o viu algumas vezes, sempre que ia a festivais de jazz lá andava ele, numa azáfama, de máquina fotográfica apontada aos músicos. Se o coração acelerou? Sim. Mas isso foi em 1973, quando a memória da relação entre os dois ainda estava morninha. Depois, passou. Júlio deixou a fotografia para se dedicar à sua área de formação, a Engenharia Mecânica, e cada um tinha a sua vida, os seus companheiros, os seus filhos.
Em 1986 encontraram-se por acaso, na zona do Marquês de Pombal, em Lisboa. Ana estava em processo de divórcio, Júlio estava com a relação em pleno desgaste e à beira da ruptura. Conversaram, trocaram contactos. Ela ofereceu-lhe a sua casa, se ele precisasse, e essa oferta comoveu-o. Por outro lado, Júlio começou a puxar por ela. «Eu vinha de uma relação sofrida, estava muito insegura. Nos fins-de-semana em que o meu filho ia com o pai ficava muito infeliz. Metia-me em casa e não queria fazer nada. O Júlio começou a arrancar-me desse isolamento.»
Quando o casamento dele rebentou de vez e a mulher saiu de casa - que era, na verdade, o único passo que faltava para considerar finalmente defunta uma relação que há muito estava moribunda - Júlio ligou à sua namorada de há quase vinte anos. E a história entre os dois recomeçou.
Ana e Júlio casaram no dia 16 de Agosto de 1989, precisamente seis meses depois de sair o divórcio dele. «Já vivíamos juntos há três anos, mas o processo de divórcio arrastou-se. E no dia exacto em que fez seis meses, que era o prazo mínimo legal para poder tornar a casar, eu casei com a Ana.» Um dia especial por todos os motivos. Ana estava grávida, muito, muito grávida. «Estava de nove meses. E era muito importante para mim casar antes de o bebé nascer. E consegui! No dia seguinte, o João nasceu.» Júlio ri-se, ao relembrar essa noite. «Tivemos uma noite de núpcias sensacional. A Ana sentada, sem posição, um sonho!»
Ana, 57 anos, e Júlio, 62 anos, namoradinhos de adolescência, estão já casados, em segundas núpcias, há 21 anos. Nem tudo foi um mar de rosas, os filhos dos anteriores casamentos deram-lhes água pela barba. Mas eles resistiram a tudo. E quem os veja não acredita que estejam casados há quase um quarto de século. Os beijinhos e as brincadeiras e os mimos são uma constante e fazem lembrar aquele primeiro dia, na extinta piscina no extinto Estoril Sol. Na verdade, os prédios até podem cair, até podem sumir-se do mapa, desaparecer. Mas os amores verdadeiros duram para sempre.
Ana Cristina e Carlos
Todos os verões era a mesma alegria. Ana Cristina ia com o tio Balixa e a tia Josefina para Monsaraz (Alentejo), terra dos pais dela, único lugar onde se sentia em casa. Os pais, que tinham migrado para Lisboa em 1970, evitavam voltar. «Acho que o meu pai se defendia da dor de regressar a casa, e preferia não ir, nem nas férias. Mas eu contava os dias para voltar a Monsaraz, onde não nasci, mas onde sempre sonhei viver.»
Nessas idas e vindas, Ana acabou por conhecer Carlos, moço da terra, de olho vivo e pé ligeiro, com muita lábia para dar e vender. «Um dia eu estava a jogar à bola com umas amigas, ali no adro da igreja, e a bola resvalou. Ele agarrou-a e, quando lha pedi, disse-me: "Só ta dou se me deres um beijo."» Ana Cristina fez-se difícil, como lhe competia, mas depois lá lhe deu um beijo, muito de fugida. «Foi de fugida mas soube-me muito bem!», graceja Carlos, bonacheirão.
Ele garante que ela já se tinha metido com ele. Ana abana com a cabeça, não, não, não, nada disso. «Tinhas, tinhas. Uma vez eu estava a jogar flippers e tu começaste a dar-me uns empurrões, uns toques, uns pontapés...» Ela arqueia o sobrolho, e nega tal coisa, diz que ele é que não parava de lhe fazer olhinhos e atirar larachas para a provocar. Não importa. O que interessa para o caso é que, quando ela tinha 14 anos e ele 15, em Agosto de 1984, começaram um namorico, muito amaldiçoado por uma facção da família dela, que não queria que a rapariga de Lisboa viesse assim, afoita, roubar às moças de Monsaraz os bons rapazes que havia na terra. Os boatos sobre o namoro rapidamente se estenderam aos pais de Ana, que não gostaram nada da notícia. «Os meus pais achavam que eu era muito nova mas, sobretudo, odiavam o falatório. E, além disso, creio que o meu pai sentia que uma relação com um rapaz da terra era um recuar nos planos que ele tinha para mim. Ele queria mais para a filha, como todos os pais. E, se tinha ido para Lisboa, para que tivéssemos uma vida melhor, por que raio é que eu havia de me interessar por um rapaz de Monsaraz?»
Ainda assim, o namoro prosseguiu, coxo, durante quatro anos. Com muitos altos e muitos baixos. Com muitas rupturas e outros tantos reencontros. E, principalmente, com muito diz que disse, muita má-língua, muito mau agoiro. Claro que a distância e tanto senão azedaram a coisa e, pouco tempo depois de ela entrar para a faculdade, o namoro acabou de vez.
Em 1990, Ana conheceu aquele que havia de ser o pai das filhas. Namoraram quatro anos, até ela terminar o curso, e em 1994 casaram. Para Carlos, foi um desgosto. «Foi. Dos grandes. Enquanto ela namorou, enfim, custava-me mas, como não via, conseguia ultrapassar. Agora, quando soube do casamento... sabe aquela música do Trio Odemira? «A igreja estava toda iluminada, e ela estava já casada, a mulher que eu adorei?» Pois. Eu andava sempre a cantar isso, tão triste, tão triste.»
Ana Cristina faz questão de dizer que casou por amor com o pai das filhas. Que o Carlos era algo do passado, alguém de quem gostava mas que tinha ficado lá atrás. «Eu amava o pai das minhas filhas. Elas nasceram desse amor e quero que saibam sempre disso. Mas o meu casamento acabou, sete anos depois, em 2001. O pai delas nunca estava em casa, eu tratava de tudo sozinha, e deixou pura e simplesmente de fazer sentido.»
Pelo meio, Carlos mantinha a esperança. Sempre que o tio Balixa ia a Monsaraz, perguntava-lhe: «Então, como está a sua sobrinha?» E o tio respondia: «Então e tu, quando é que te casas?» Carlos gracejava tristemente: «Quando a sua sobrinha se divorciar eu logo me caso!» O tio Balixa, que não gostava cá de famílias desfeitas, zangava-se com o rapaz, por quem tinha afeição: «Cala-te, Carlos! Olha que a rapariga tem duas filhas, tem juízo!»
Mas a brincadeira do alentejano não era assim tão descabida. E em 2002 os ex-namorados retomaram conversas e passeios e até chegaram a ponderar se prosseguiam com o namoro, interrompido havia 14 anos. Em 2003 dançaram num bailarico da terra e, para quem não sabe, dançar num bailarico da terra é assumir muita coisa perante muita gente. «Ele tinha uma namorada, de Monsaraz, mas deu-me a entender que terminava tudo se eu quisesse. E, claro, quando eu reapareci reapareceram os falatórios. Só que, dessa vez, houve mesmo insinuações graves, que me magoaram muito. De maneira que, um dia, cheguei ao pé dele e disse: "Nunca mais me ligues! Fica lá com essa gente, eu quero é distância." E mudei de número de telefone e nunca mais lhe falei.»
Estiveram de 2004 a 2008 sem se falar. A vida dela deu mais umas voltas, algumas piruetas difíceis, e quando, certo dia, Carlos perguntou ao tio Balixa pela sobrinha e o ouviu responder um grunhido triste, soube que a sua Ana não estava bem. Soube que tinha de lhe ligar. Implorou ao tio dela que lhe desse o novo número, mas ele estava irredutível. Mas Carlos venceu-o pela exaustão. «Tanto pedi, tanto pedi, que ele lá me deu. Mas fez-me prometer que só ligava daí a alguns meses, caso contrário a sobrinha perceberia logo quem mo tinha dado.» Carlos prometeu. Mas não cumpriu. No dia 15 de Setembro de 2008 ligou-lhe mas não falou. Ficou calado, para aferir o nível de tristeza da voz dela. Ana Cristina não sabia quem estava do outro lado. Mas, não sabe como nem porquê, teve um clique. E disse: «Carlos Manel! Quem é que te deu o meu número de telefone?»
Nessa noite, Carlos gastou setenta euros de telemóvel. Falaram até às cinco da manhã. E, a partir de então, nunca mais se largaram. Primeiro ao telefone, noite dentro. «Ah, era por isso que andavas sempre tão cansada...», adivinha a filha Mariana, de 14 anos. «Nós percebemos logo que alguma coisa se passava... Começaste a rir muito, ao telefone.», atira a outra filha, Alexandra, de 13. Depois, lentamente, começaram os encontros, os passeios, os fins-de-semana. O namoro pegou de estaca na primeira metade de 2009, contra todas as expectativas dela, que não queria envolver-se com mais ninguém e só queria paz e sossego para criar as filhas. «A verdade é que eu passei anos e anos a dizer-lhe que nós dois já só podíamos ser amigos. E ele passou esses anos a dizer que só casava comigo. Namorou muito tempo com uma rapariga mas nunca casou com ela. Esperou vinte anos por mim! E foi a atenção dele, o carinho, a compreensão e a dedicação que me fizeram voltar a amá-lo.»
Ana Cristina e Carlos começaram a viver juntos, em Monsaraz, no final do Verão de 2009, e um dia destes casam. Aí, o sonho dele, pelo qual esperou duas décadas, será concretizado em pleno. O sonho dela já passou à prática: «Sempre quis viver no Alentejo, sempre sonhei ter um monte, sempre imaginei que um dia teria cavalos... E agora, o sonho tornou-se realidade. Nem sempre é fácil, porque vivi toda a vida em Lisboa e há uma grande diferença entre sonhar o sonho e viver o sonho. Às vezes sinto o peso do isolamento, das grandes distâncias. Mas o Carlos é um companheiro maravilhoso e até o meu pai, no outro dia, olhou para mim e disse: "Nunca te vi tão feliz... o destino queria mesmo que ficassem juntos! Se eu soubesse, nunca vos teria criado problemas." É assim. O que tem de ser... tem mesmo muita força.»
Por SÓNIA MORAIS SANTOS. FOTOGRAFIA RODRIGO CABRITA/GLOBAL IMAGENS
http://www.jn.pt/revistas/nm/Interior.aspx?content_id=1781693
CADASTRADO QUIS ENTRAR NA GNR
Polémica
Cedric Ferreira foi detido em 2005 pela PSP do Porto por tentativa de roubo e ameaças a agente da autoridade. Jurou bandeira na Guarda.
Cedric Ferreira, 28 anos, foi condenado por tentativa de roubo, ameaça e coacção sobre um polícia e ainda injúrias agravadas em 2007. Mas escondeu o cadastro e conseguiu ingressar a escola da GNR na Figueira da Foz, em Dezembro do ano passado. Foi um dos mil alistados que prestaram juramento de bandeira, no início deste mês, mas deverá ser expulso da escola de formação na próxima semana.
O jovem cadastrado, natural de Gondomar, foi detido em 2005 pela PSP do Porto. Aproveitou o facto de o processo de ingresso electrónico dispensar, num primeiro tempo, a apresentação do registo criminal. Entre os cerca de 15 mil primeiros candidatos, conseguiu passar os testes físicos e ingressou no grupo de mil finalistas que passou a dormir na escola. Nessa altura foi-lhe pedido o registo criminal, mas Cedric terá sempre adiado a entrega. "Só no final da primeira fase de selecção é que pedimos certos documentos. O prazo de entrega chegou ao limite e foi aberta uma investigação", disse ao CM fonte da GNR.
Cedric Ferreira deve agora ser expulso, depois de passar por um processo de eliminação de candidatura por incumprimento da lei.
FUTURO POLÍCIA PRESO POR TRÁFICO DE DROGA
Em 21 de Janeiro, um jovem de 21 anos, inscrito no Curso de Formação de Agentes da PSP que decorre na Escola Prática de Polícia (EPP) em Torres Novas, foi preso no estabelecimento de ensino por suspeitas de tráfico de droga. Apanhado em escutas telefónicas feitas pela PSP do Seixal, o jovem foi identificado como interveniente nos negócios de uma rede de tráfico já desmantelada pela polícia. Investigadores criminais do Seixal fizeram buscas no quarto do jovem na EPP, tendo o suspeito sido constituído arguido e imediatamente expulso do curso de agentes.
Por:Alexandre Panda / M.C.
12 Fevereiro 2011
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/cadastrado-quis-entrar-na-gnr--215837910#blockSendMessage
Cedric Ferreira foi detido em 2005 pela PSP do Porto por tentativa de roubo e ameaças a agente da autoridade. Jurou bandeira na Guarda.
Cedric Ferreira, 28 anos, foi condenado por tentativa de roubo, ameaça e coacção sobre um polícia e ainda injúrias agravadas em 2007. Mas escondeu o cadastro e conseguiu ingressar a escola da GNR na Figueira da Foz, em Dezembro do ano passado. Foi um dos mil alistados que prestaram juramento de bandeira, no início deste mês, mas deverá ser expulso da escola de formação na próxima semana.
O jovem cadastrado, natural de Gondomar, foi detido em 2005 pela PSP do Porto. Aproveitou o facto de o processo de ingresso electrónico dispensar, num primeiro tempo, a apresentação do registo criminal. Entre os cerca de 15 mil primeiros candidatos, conseguiu passar os testes físicos e ingressou no grupo de mil finalistas que passou a dormir na escola. Nessa altura foi-lhe pedido o registo criminal, mas Cedric terá sempre adiado a entrega. "Só no final da primeira fase de selecção é que pedimos certos documentos. O prazo de entrega chegou ao limite e foi aberta uma investigação", disse ao CM fonte da GNR.
Cedric Ferreira deve agora ser expulso, depois de passar por um processo de eliminação de candidatura por incumprimento da lei.
FUTURO POLÍCIA PRESO POR TRÁFICO DE DROGA
Em 21 de Janeiro, um jovem de 21 anos, inscrito no Curso de Formação de Agentes da PSP que decorre na Escola Prática de Polícia (EPP) em Torres Novas, foi preso no estabelecimento de ensino por suspeitas de tráfico de droga. Apanhado em escutas telefónicas feitas pela PSP do Seixal, o jovem foi identificado como interveniente nos negócios de uma rede de tráfico já desmantelada pela polícia. Investigadores criminais do Seixal fizeram buscas no quarto do jovem na EPP, tendo o suspeito sido constituído arguido e imediatamente expulso do curso de agentes.
Por:Alexandre Panda / M.C.
12 Fevereiro 2011
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AGRESSÕES SEMANAIS NA DISCOTECA LA MOVIDA EM GUIMARÃES
Guimarães: PSP já registou diversas queixas
Segurança parte perna a cliente
Cristiano, 21 anos, deixava a discoteca La Movida, em Azurém, Guimarães, depois de uma noite de diversão com a namorada e alguns amigos. Sem que nada o fizesse prever, o jovem diz ter sido violentamente agredido pelo segurança. O estudante de Fafe teve de ser assistido no Hospital de Guimarães onde está internado, após ter sido operado a um joelho. Na discoteca, ninguém se mostrou disponível para prestar declarações.
Tudo aconteceu ontem, pouco antes das 06h00. Cristiano Dias Castro, a namorada e alguns amigos preparavam-se para deixar a discoteca La Movida, junto à Universidade do Minho, em Azurém, Guimarães, quando o segurança terá começado a "implicar" com o grupo, agredindo o jovem estudante a soco e pontapé.
Assustados e vendo o amigo sangrar e gritar com dores, o grupo alertou os bombeiros e a PSP. Cristiano foi transportado ao hospital da cidade, com uma perna partida e várias escoriações no rosto.
Deitado na cama do hospital, onde ontem recuperava depois de ter sido operado a uma rótula, Cristiano não quis falar sobre os acontecimentos da madrugada. "Aquilo não é gente normal. Prefiro não dizer nada", justificou ao CM o jovem, bastante combalido.
De acordo com a PSP, as agressões são constantes neste espaço nocturno. "É raro o fim-de-semana em que não somos chamados à discoteca devido a agressões", confirmou ao CM fonte da PSP de Guimarães. À esquadra terão já sido apresentadas várias queixas devido a desacatos ocorridos no espaço de diversão nocturna.
Por:Fátima Vilaça
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/seguranca-parte-perna-a-cliente
Segurança parte perna a cliente
Cristiano, 21 anos, deixava a discoteca La Movida, em Azurém, Guimarães, depois de uma noite de diversão com a namorada e alguns amigos. Sem que nada o fizesse prever, o jovem diz ter sido violentamente agredido pelo segurança. O estudante de Fafe teve de ser assistido no Hospital de Guimarães onde está internado, após ter sido operado a um joelho. Na discoteca, ninguém se mostrou disponível para prestar declarações.
Tudo aconteceu ontem, pouco antes das 06h00. Cristiano Dias Castro, a namorada e alguns amigos preparavam-se para deixar a discoteca La Movida, junto à Universidade do Minho, em Azurém, Guimarães, quando o segurança terá começado a "implicar" com o grupo, agredindo o jovem estudante a soco e pontapé.
Assustados e vendo o amigo sangrar e gritar com dores, o grupo alertou os bombeiros e a PSP. Cristiano foi transportado ao hospital da cidade, com uma perna partida e várias escoriações no rosto.
Deitado na cama do hospital, onde ontem recuperava depois de ter sido operado a uma rótula, Cristiano não quis falar sobre os acontecimentos da madrugada. "Aquilo não é gente normal. Prefiro não dizer nada", justificou ao CM o jovem, bastante combalido.
De acordo com a PSP, as agressões são constantes neste espaço nocturno. "É raro o fim-de-semana em que não somos chamados à discoteca devido a agressões", confirmou ao CM fonte da PSP de Guimarães. À esquadra terão já sido apresentadas várias queixas devido a desacatos ocorridos no espaço de diversão nocturna.
Por:Fátima Vilaça
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