A procuradora do caso, Maxine Rosenthal, faltou à audiência de hoje em tribunal, por estar noutro julgamento, e a sua representante comunicou ao juiz Charles Solomon que, antes de poder dedicar-se ao caso de Renato Seabra, terá ainda outro a chegar a julgamento, que terá precedência.
Fixando como objetivo que o julgamento de Seabra seja em julho, o juiz remeteu para o juiz-chefe Michael Obus a decisão sobre qual dos dois casos em que a procuradora está envolvida tem prioridade.
"A minha preferência é ter este julgamento primeiro. Mas não posso discutir com os meus colegas sobre advogados", afirmou o juiz Solomon, justificando a decisão de submeter a questão ao juiz-chefe.
A procuradoria afirma que é possível que o julgamento tenha lugar em julho, mas alerta que, mesmo que o julgamento em que Rosenthal está agora envolvida termine nas próximas duas semanas, a procuradora ainda irá precisar de algum tempo para se preparar para o de Seabra, impedindo o agendamento antes das férias do juiz Solomon.
Em anteriores audiências do caso, Solomon tinha apontado Abril ou Maio como horizonte para arranque do julgamento.
A demora na entrega de elementos e no arranque do julgamento motivou acesas discussões na sala de audiências entre defesa e acusação, levando o juiz a declarar-se "frustrado" com o andamento lento do processo.
Após a audiência de hoje, o advogado de Seabra dizia acreditar que o julgamento só acontecerá depois do verão.
"A procuradora tem muitos casos, tem de ir onde os juízes a mandam, por isso vamos perante o juiz-chefe e ele vai dizer-nos o que fazer", afirmou Touger.
Segundo o advogado, que vem dizendo há meses estar preparado para o julgamento, não é raro que o suspeito de um homicídio fique mais de um ano à espera, como acontece com Seabra, acusado de homicídio em segundo grau pela procuradoria de Nova Iorque.
O caso remonta a 07 de janeiro de 2011, quando Carlos Castro, de 65 anos, foi encontrado nu e com sinais de agressões violentas e mutilação nos órgãos genitais no quarto de hotel que partilhara com Renato Seabra, em Manhattan.
O jovem continua na prisão de Rikers Island, por decisão do departamento penal de Nova Iorque, medicado e sujeito a vigilância médica.
O jovem português foi recentemente transferido de uma camarata para uma cela individual, dado o longo período - cerca de um ano - que chegou à prisão.
A defesa sustenta que o jovem deve ser considerado "não culpado por razões de doença ou distúrbio mental", e mostra-se confiante de que esta tese vai prevalecer perante um júri, quando o julgamento arrancar, escudando-se em relatórios psiquiátricos.
Todos os elementos pedidos à acusação já estão na posse de Touger, incluindo os testes realizados pelo psiquiatra que concluiu que Seabra estava na posse das suas faculdades mentais no momento do crime, contrariando a tese da defesa.
O advogado de defesa recebeu da procuradora um disco externo com horas de imagens de Seabra e Castro, em vários pontos do hotel onde ficaram - lobby, elevador, receção e até no restaurante.
Também nas mãos da defesa estão já os testes de ADN do quarto de hotel, que vão servir para determinar a quem pertencem amostras de sangue recolhidas no local do crime.
O julgamento deverá durar entre 2 e 3 semanas, um período mais longo do que é habitual.