O julgamento de Renato Seabra, acusado do homicídio do colunista Carlos Castro em Nova Iorque, continua sem data de início e, criticou hoje o juiz Charles Solomon, está «muito atrás dos padrões e objectivos do tribunal».
Em nova audiência do caso no Tribunal de Nova Iorque, a procuradora Maxine Rosenthal voltou a alegar ter dois outros casos em mãos – um homicídio e outro de violação – com precedência sobre o de Renato Seabra, para escusar-se a avançar hoje com a marcação da data de início do julgamento, conforme estava previsto.
Após a exposição da procuradora e vários alertas do juiz, Solomon acabou por marcar para 04 de Junho nova sessão em que deverá ser agendado o início do julgamento, determinando que, se entretanto algum dos outros dois casos não chegar a julgamento, a procuradora deve notificar o tribunal e a defesa de imediato.
«Não posso, nesta fase, forçá-la a estar preparada», disse o juiz, perante a insistência do advogado de defesa, David Touger, que afirma há meses estar preparado para o julgamento.
O caso de homicídio do colunista português, em Janeiro de 2011, está «muito atrás dos padrões e objectivos do tribunal», em termos de conclusão, afirmou Solomon.
O juiz adiantou que quer que o julgamento arranque «pouco depois» da próxima audiência, mas é possível que a procuradora volte a alegar falta de tempo para se preparar convenientemente.
Com as férias judiciais, normalmente em Agosto, a aproximarem-se, aumenta o risco de que o julgamento só tenha lugar no Outono, quase dois anos depois dos factos.
Em anteriores audiências do caso, o juiz Solomon tinha apontado Abril ou Maio como horizonte para arranque do julgamento.
Uma das tarefas em mãos, depois das audiências sobre os materiais de prova, será a selecção do júri de 12 pessoas, de entre um lote de 160, por comum acordo entre os dois advogados e o juiz, processo que poderá demorar até uma semana.
O julgamento deverá durar entre 2 e 3 semanas, um período que o advogado de defesa considera longo, para o que é habitual.
A defesa sustenta que o jovem deve ser considerado «não culpado por razões de doença ou distúrbio mental» e mostra-se confiante que esta tese vai prevalecer perante um júri, quando o julgamento arrancar, escudando-se em relatórios psiquiátricos.
Todos os elementos pedidos pela acusação à defesa já estão na posse de Touger, incluindo os testes realizados pelo psiquiatra que concluiu que Seabra estava na posse das suas faculdades mentais no momento do crime, contrariando a tese da defesa.
O advogado de defesa recebeu da procuradora um disco externo com horas de imagens de Seabra e Castro, em vários pontos do hotel onde ficaram - lobby, elevador, recepção e até no restaurante.
Também nas mãos da defesa estão já os testes de ADN do quarto de hotel, que vão servir para determinar a quem pertencem amostras de sangue recolhidas no local do crime.
Seabra está acusado de homicídio em segundo grau pela procuradoria de Nova Iorque.
A demora na entrega de elementos e no arranque do julgamento motivou acesas discussões na sala de audiências entre defesa e acusação, levando o juiz a declarar-se «frustrado» com o andamento lento do processo.
O caso remonta a 7 de Janeiro de 2011, quando Carlos Castro, de 65 anos, foi encontrado nu e com sinais de agressões violentas e mutilação nos órgãos genitais no quarto de hotel que partilhara com Renato Seabra em Manhattan.
O jovem continua na prisão de Rikers Island, por decisão do departamento penal de Nova Iorque, medicado e sujeito a vigilância médica.
Segundo uma fonte ligada ao processo, o jovem português foi recentemente transferido de uma camarata para uma cela individual, dado o longo período, cerca de um ano, que já leva na prisão.
Lusa/SOL
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