O juiz do julgamento do caso Carlos Castro, em Nova Iorque, Daniel Fitzgerald, ameaçou hoje expulsar do tribunal o arguido, Renato Seabra, caso este volte a falar alto durante o julgamento, na presença dos jurados.
"Se falar enquanto os jurados estão na sala, vou retirá-lo do tribunal", avisou Fitzgerald na sessão de hoje do julgamento pelo homicídio do cronista social, a primeira depois de uma interrupção de duas semanas. Confrontado com o aviso, Seabra começou por rir-se, parando imediatamente depois de avisado pelo juiz para se conter, pois não havia "nenhum motivo para rir". "Quero que participe no tribunal. Contudo, as regras dizem que se continua a falar quando não é suposto, então tenho de escusá-lo do tribunal". O incidente terá ocorrido no final da última sessão, mas nem a defesa nem a procuradoria quiseram esclarecer o assunto.
No banco das testemunhas voltou hoje a estar William Barr, psicólogo chamado pela acusação de Renato Seabra, que rejeita a tese da defesa de que o jovem não teve consciência dos seus atos no crime de 07 de janeiro de 2011, devido a perturbações mentais.
Relatórios de médicos que avaliaram o jovem em três unidades psiquiátricas, referem que, na altura do crime, o jovem "estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar, com caraterísticas psicóticas graves" e, como tal, não deve ser considerado culpado. Apontam ainda para a natureza brutal das agressões, incluindo mutilações genitais da vítima, como prova de que Seabra estava sob efeito de uma psicose, tal como o facto de ter relatado a dois psicólogos ter obedecido "a vozes" dentro da sua cabeça, nomeadamente durante a mutilação. Seabra disse ainda que as "vozes" o levaram a acreditar que matar e mutilar Castro lhe daria poderes para curar as outras pessoas.
Diretor de neuropsicologia na New York University, William Barr não dá credibilidade a este relato e defendeu mesmo que o jovem mentiu e tem estado a "improvisar" à medida que o tempo passa. "Muito no seu comportamento soa a psicótico, muito soa a inventado. Mas não interferiu com a capacidade deste homem saber que as suas ações eram erradas", disse o especialista. "O que sabemos sobre homicídios, seja por pessoas sob efeito de psicose ou não, é que é muito mais provável [o crime] acontecer como resultado de raiva, impulso, cólera", adiantou. Questionado pelo advogado de defesa se Seabra "mentiu a toda a gente", Barr respondeu "basicamente, sim", incluindo "provavelmente" à Polícia.
O neuropsicólogo admitiu que Seabra tenha entrado em estado de psicose, mas só depois de cometer o crime. Na sessão anterior, Barr disse que Seabra fugiu conscientemente do local do homicídio de Carlos Castro e que exagerou na descrição do crime para "parecer louco".
No início de 2012, Barr diagnosticou a Seabra "distúrbios emocionais com traços psicóticos em remissão total", após seis horas de entrevista pessoal e de rever os registos dos diferentes médicos que o avaliaram, além de provas do crime.
No comments:
Post a Comment