Monday, 29 December 2014

REFOOD EXPANDE-SE


Todos os dias, em milhares de restaurantes por todo o país, toneladas de alimentos em perfeito estado iam parar ao lixo. Até que surgiu a pergunta: tem mesmo que ser assim? A ASAE esclareceu que não, que as regras existentes permitem a doação da comida que sobra. Tudo começou há três anos, com o Zero Desperdício e a Refood. Hoje, o movimento não pára de crescer, em número de núcleos, voluntários e beneficiários. Mas a ambição é ainda muito maior.
 
      Muitas pessoas têm uma ideia do voluntariado que é idealizada. Voluntariado é trabalhoQuem aderiu com entusiasmo e logo desde o início ao desafio de Hunter foi Marco Pereira, do restaurante Laurentina — O Rei do Bacalhau: “O Hunter andava aí pelo bairro na bicicleta, falava, falava, na altura o projecto era só uma ideia, com um óptimo nome”. Mas para o Laurentina fazia todo o sentido. “O meu pai [António Monteiro, o fundador do restaurante, recentemente falecido] era muito católico, e quando ia à missa costumava dizer às pessoas que lá estavam a pedir para no final da noite aparecerem no restaurante. Elas vinham a partir das onze horas, e nós dávamos-lhes as sobras. No fundo era um Refood, mas mais pequenino.”
Conversamos precisamente num final de noite, enquanto a equipa do Laurentina limpa a cozinha depois de terminado o serviço. Num canto, arrumados, estão alguns tachos e tabuleiros com batatas assadas, batatas cozidas, uma panela com sopa, e uma travessa com pastéis de bacalhau, que são servidos como entrada a todos os clientes e que por isso “sobram sempre” — em breve chegarão duas voluntárias da Refood para recolher estes alimentos. O processo não tem qualquer dificuldade para os funcionários, diz Marco. “Em vez de deitarem fora, põem de lado”.

Mesmo assim não se evita totalmente o desperdício. O que é doado não são restos, são sobras que nunca chegam a ser servidas. Ao fundo da cozinha vão chegando os pratos que trazem, esses sim, os restos que os clientes não comeram e que vão para o caixote do lixo. “Está a ver aquele balde de lixo para onde estão a deitar o que vem nos pratos? Leva 50 litros e é despejado duas vezes por dia, o que significa que, apesar de tudo, deitamos o equivalente a 100 quilos para o lixo diariamente.” Não é possível reduzir um pouco as doses? “Já tentámos, mas num restaurante de cozinha tradicional portuguesa como é o nosso é muito difícil.”

E a segurança alimentar, no meio de tudo isto? Para falarmos das regras que enquadram a doação de alimentos temos que falar de outra iniciativa que, não trabalhando no terreno da mesma forma que a Refood, ajudou a criar as condições para que tudo isto possa acontecer, estabelecendo parcerias entre as empresas doadoras e as instituições de solidariedade que recolhem os alimentos. Trata-se da Dariacordar, criada em Janeiro de 2011, e do movimento Zero Desperdício, lançado em Abril de 2012. Aliás, tudo começou por aqui, por António Costa Pereira, comandante da TAP, e a sua petição contra o desperdício alimentar.
Lisboa tem 10 mil restaurantes. Neste momento cobrimos à volta de 500. "É um trabalho enorme”, diz Hunter. “Queremos cobrir toda a cidade"
 
A questão que surge sempre nesta história é: como é que não nos lembrámos disto antes? Mas, explica Paula Policarpo, da Dariacordar, existia um “mito urbano” segundo o qual as regras para a doação de alimentos eram extremamente restritivas e qualquer restaurante que o tentasse poderia ter problemas com a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). “A lei é muito complexa, e quando as directivas comunitárias entraram em vigor as empresas de higiene e segurança alimentar fizeram uma interpretação muito restritiva”, explica. “Mas, no fundo, o que a lei faz é responsabilizar cada um dos operadores. Nós trabalhámos com a ASAE para construir as linhas de orientação para a doação deste tipo de comida, imaginando todos os cenários, definindo como se acondiciona, como se transporta, como é recolhida, como deve ser entregue e consumida. Quando um operador tinha dúvidas, perguntava e nós enviávamos a pergunta à ASAE, que esclarecia.”

Foi essa, aliás, a primeira iniciativa de António Costa Pereira: ligar para a ASAE e perguntar porque é que era tão difícil doar comida. Não é, foi a resposta que teve. E assim, a passo e passo, foi-se começando a derrubar o tal “mito urbano”.

A Revista 2 contactou também Pedro Portugal Gaspar, inspector-geral da ASAE, para tentar perceber se alguma coisa mudou ou se era, de facto, apenas uma questão de interpretação. “Nada mudou, houve apenas uma dificuldade de interpretação legal pelas entidades envolvidas”, respondeu o responsável, por email. “A legislação em vigor é muito generalista e tem que ser interpretada face à actividade em causa. A ASAE ajudou a fazer essa interpretação, colaborando na elaboração de procedimentos de boas práticas.” Por isso, confirma Pedro Portugal Gaspar, actualmente existe disponível informação suficiente para que quem queria doar alimentos o possa fazer sem recear vir a ter problemas com a ASAE.

O facto de estar a aumentar muito o número de iniciativas destinadas à recuperação de alimentos que de outra forma iriam parar ao lixo não constitui um problema nem levou a um aumento do número de inspecções, garante o inspector-geral. “A ASAE prossegue com a actividade normalmente e inspecciona restaurantes e outras actividades dentro do seu plano de inspecções.” Quanto aos cuidados a ter, passam apenas pelas “regras básicas de higiene, quer no acondicionamento dos alimentos pelos estabelecimentos que os doam, quer ainda nas instituições que os recolhem”. Importante neste processo é “a manutenção do circuito de temperatura” e a preocupação em manter os alimentos por períodos de tempo curtos, “proporcionando doações céleres”.

Paula Policarpo sublinha que, apesar de ter sido a recuperação de alimentos o principal foco da sua actividade até agora, o papel da Dariacordar é diferente do da Refood, ou do Banco Alimentar. “O que queríamos era inspirar, mostrar que era possível. Por isso criámos um Manual de Réplica do Programa Zero Desperdício, que actualmente está no site da Direcção Geral da Comissão Europeia de Saúde e Consumidores Europeus e no da FAO como exemplo de uma boa prática.”

Entre as instituições que entretanto assinaram o protocolo com o movimento estão, por exemplo, a Assembleia da República, o Banco de Portugal, a Casa da Moeda, a Caixa Geral de Depósitos, vários hospitais, diversas instituições bancárias e grandes empresas em diferentes áreas. Do outro lado estão os municípios e as organizações ligadas a estes que identificam as famílias necessitadas e lhes fazem chegar os alimentos. Tudo isto, frisa, “utilizando meios já existentes” e evitando assim multiplicações.


Miguel e Henrique, voluntários da Refood, à porta de uma das pastelarias onde foram recolher sobras
Com base nesta estrutura, o Movimento Zero Desperdício já conseguiu recuperar mais de um milhão e 500 mil refeições em sete concelhos do país, reunindo cerca de 100 entidades doadoras e 60 instituições receptoras, e tendo como beneficiários 7300 pessoas. Mas Paula Policarpo insiste numa ideia: “Esta comida serve de complemento. Não queremos que as pessoas se alimentem de excedentes. Neste caso a comida está a ser direccionada assim porque há pessoas a passar fome. Caso não existisse esta necessidade, haveria outras formas de os recuperar”. Ou seja, o objectivo do movimento não é combater a fome, mas evitar o desperdício, e é por isso que os planos não se esgotam no que já está implementado e vão muito para além disso. “O que queremos é promover uma consciencialização para o facto de que quando deitamos comida fora fazemos subir os preços dos alimentos e desrespeitamos ainda mais as pegadas hídrica, carbónica, etc. Deitamos fora um bocadinho dos recursos, escassos, do planeta.”

E acreditam que essa consciencialização deve começar pelas crianças e jovens. Por isso, criaram um pacote para as escolas e estabeleceram um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa — um projecto (que envolve também a agência de publicidade J.W. Thompson, a Fundação Gulbenkian e a Fundação EDP) que irá arrancar já em Janeiro.

A primeira iniciativa, revela à Revista 2 a vereadora Graça Fonseca, será a apresentação de uma colecção de quatro livros sobre alimentação e sustentabilidade, destinados ao ensino básico. Foram convidados quatro escritores e quatro ilustradores: “A Rita encolheu, e agora?”, com texto de Marta Hugon e ilustrações de António Jorge Gonçalves; “A vida difícil de uma manteigueira”, de Isabel Zambujal e Rodrigo Sousa; “Confusão no corredor dos enlatados”, de José Luís Peixoto e Catarina Bakker; e “O tio desafio”, com texto de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães, e ilustrações de Carla Nazareth.

Se começarmos a trabalhar com os públicos mais jovens conseguiremos chegar aos adultos”, diz Graça Fonseca. “A ideia é que sejam livros com temas que as crianças possam trabalhar na escola, e que as levem a perceber, por exemplo, o que significa a nível de desperdício de recursos do planeta de cada vez que não comem a salada.”

Mas o projecto da Câmara, sempre em parceria com as mesmas entidades, é mais ambicioso. “O nosso objectivo é recuperar as cozinhas e as cantinas para que cada vez mais escolas possam confeccionar as refeições no local”, afirma a vereadora. No âmbito do Programa Escola Nova foram já instaladas 12 novas cozinhas, o que faz com que actualmente em Lisboa existam 52 escolas com confecção local e 41 com refeições em catering. Mas em breve será dado um novo passo.
1.500.000 refeições já foram recuperadas pelo Movimento Zero Desperdício em sete concelhos do país, ajudando 7300 pessoas
     
A escola que vai abrir em 2015 no Convento do Desagravo, na freguesia de São Vicente, vai servir como um espaço de ensaio para a ideia de ter refeições só com produtos de origem nacional, e comprados a pequenos produtores (o projecto Fruta Feia, de recuperação de peças de fruta habitualmente rejeitadas nos super e hipermercados, está já envolvido).

A transformar estes produtos em pratos estará o chef Nuno Queiroz Ribeiro, que, depois de ter estudado no Le Cordon Bleu, em Londres, abriu em Beirute um restaurante de comida vegetariana, vegan, macrobiótica e biológica, e a quem foi agora pedido que desenvolvesse uma ementa apenas com produtos de origem nacional, frescos, “oriundos de produtores/cooperativas nacionais, preferencialmente localizados na região de Lisboa, privilegiando alguns produtores locais que não consigam, regularmente, escoar todos os seus produtos e, portanto, sejam forçados a desperdiçar largas quantidades de alimentos.”

Graça Fonseca explica que, depois de se testar o modelo no Convento do Desagravo, a Câmara pretende alargá-lo progressivamente a mais escolas. E as refeições não saem mais caras? “Sim, são um pouco mais caras, mas é uma opção que os poderes públicos têm que fazer. Tem que ser o sistema público a dar o exemplo, e este modelo tem inúmeras mais-valias, a mais importante das quais é a melhoria da alimentação das crianças.” E, enquanto comem um bolo de espinafres (foi uma das receitas que Nuno Ribeiro já lhes deu a experimentar, e que, conta a vereadora, foi um sucesso), aprendem a importância de não se desperdiçar comida. “É uma aposta nesta geração”, diz a vereadora.

É uma aposta para crescer. Tal como o Refood que, como diz Hunter, “não se expande, replica-se: freguesia, cidade, planeta”. Ou como o Movimento Zero Desperdício, que já não pensa apenas em Portugal mas no mundo. “Se há comida que sobra numa região do mundo e noutro país há necessidade, é preciso encontrar forma de escoar esses excedentes primários e fazê-los chegar onde são necessários”, defende Paula Policarpo. “Estamos já a trabalhar num projecto piloto com dois países”.

Para já, em dois anos muita coisa mudou em Portugal, e os modelos replicam-se a grande velocidade. E o que fez desencadear tudo isto foi uma pergunta simples: porque é que não é possível doar os alimentos que sobram? Afinal era possível.
 


Os voluntários já conhecem bem os hábitos de cada família e começaram a anotar o que levou cada uma nos dias anteriores, para não haver repetição

 

Thursday, 25 December 2014

ASSOCIAÇÃO "O COMPANHEIRO": RECUPERAR EX-RECLUSOS

 Recuperar ex-reclusos. Ou o voluntariado que não faz as capas das revistas
 
Por Augusto Freitas de Sousa
publicado em 25 Dez 2014 - 09:00
  
A associação O Companheiro lida diariamente com ex-reclusos, reclusos com precárias e ainda alguns condenados a trabalho a favor da comunidade. Além do banco de roupa, tem um refeitório social
 
António Janeiro andava de um lado para outro, sem muito para fazer, mas disponível para o que lhe pedissem. Por trás do olhar azul, terno, havia uma história que se contava na sua expressão corporal, num misto de submissão, cautela e gratidão. Passou os últimos sete anos na cadeia. Apanhou 14 anos num tribunal de Ponta Delgada, nos Açores, por furtar electrodomésticos, material electrónico, cofres "e coisas assim", lembra. O tráfico de droga também contou para a pena, mas "foi pesada de mais por furtos sem violência", refere com desalento, mas sem sede de vingança na voz.

Estava na associação O Companheiro, em Lisboa, porque a meia dúzia de dias que tinha de precária (saída jurisdicional) não justificava os gastos dos aviões para a sua terra, nos Açores. Pediu à namorada e aos pais que não viessem a Lisboa, até porque espera ser transferido do Linhó para a ilha e por lá cumprir o resto da pena.

O açoriano ajudou a registar as peças de roupa que por volta das quatro da tarde entregou a famílias carenciadas. Além do banco de roupa, O Companheiro tem um refeitório social com cerca de uma centena de refeições diárias e o banco alimentar, em parceria com o Banco Alimentar e Misericórdia de Lisboa. Os alimentos são distribuídos aos ex-reclusos e famílias, e também a agregados familiares dos bairros da Horta Nova e Padre Cruz, em Carnide, Lisboa.

Porém, é principalmente com ex-reclusos, reclusos com precárias e ainda alguns condenados a trabalho a favor da comunidade, que a associação O Companheiro lida diariamente. Às vezes também os estrangeiros que foram expulsos do país esperam pelo avião naquele espaço. Uma minicidade entre pré-fabricados, pequenos jardins pelo meio, e alguns bancos de jardim, onde alguns residentes passam o tempo. Um, mais velho, que já não sairá dali, deixa-se cair num sono profundo e o rádio que tinha ao lado, antes sintonizado numa "emissora nacional", acabou por se perder na estática e funcionava como se fosse o ronco do seu dono.

Juntamente com o director, José Brites, há pouco mais de uma dezena de técnicos, contando com os estágios profissionais. Alguns dos trabalhadores daquele espaço já lá estão há anos suficientes para resistir às histórias que à primeira vista podem desarmar os mais ingénuos. Segundo um dos técnicos, "vêm muitas vezes com a história do desgraçadinho", mas a ideia é desvalorizar e tentar que procurem emprego de uma forma activa para poderem sair e dar lugar a outros. A residência, apenas masculina, tem capacidade para 22 pessoas, duas das quais para saídas precárias, que recebem de todos os estabelecimentos prisionais do país.

Uma das primeiras medidas é criar regras aos ex-reclusos. A porta da residência fecha as portas todos os dias às 22h30, com excepção do fim-de-semana que encerram às 00h30. Todavia, há muitas vezes histórias de utentes que não aparecem, ou porque receberam um subsídio e foram gastá-lo ou porque ficam em casa de amigos, por exemplo. Têm de avisar, mas nem sempre o fazem, dizem-nos.

Os técnicos da Companheiro dividem--se entre o espaço infocultura, o gabinete de intervenção social, o gabinete de intervenção clínica e psicológica, o gabinete de educação, formação e empregabilidade, e o gabinete de apoio jurídico. Tudo estruturas viradas para a integração dos ex-reclusos, normalmente em situação muito frágil logo após a libertação. Uns porque estão sem família, outros porque não têm preparação para dar um novo rumo à vida.

São poucos os voluntários nesta associação. Os técnicos acham que O Companheiro não tem visibilidade mediática e por isso poucos aparecem. Por outro lado, acrescentam, "de idosos e crianças todos têm pena. De ex-reclusos, nem por isso". José Brites lembra que "até houve voluntários apenas para poderem visitar as cadeias, como se estivessem a viver uma série policial".

O director da associação conta que desde a crise que o grupo de pessoas que passaram a apoiar com alimentos aumentou 50% ao ano. Anteriormente, o Banco Alimentar dava uma ajuda substancial, mas hoje é cada vez menor. Relativamente aos apoios, vêm exclusivamente da Segurança Social. Não entende, por exemplo, porque não poderiam ser ajudados pelo Ministério da Justiça, uma vez que recebem presos em precárias e contribuem para que não regressem ao mundo do crime. José Brites insiste que aquela associação "não dá o peixe, mas antes ensina a pescar". Ensina competências que lhes dão ferramentas para enfrentar a vida. A sede do Companheiro continua provisória há 26 anos, quente no Verão, fria no Inverno.

A taxa de sucesso é grande, como refere o mais antigo habitante da casa, Amílcar Velhinho, que não tem dúvidas em afirmar que "mais de 95% dos residentes não voltaram a reincidir". Amílcar fez 76 anos em Novembro e está no Companheiro há 26 anos. Foi condenado a 15 anos de cadeia "por ter morto alguém", mas hoje olha para trás e vê uma experiência de vida, "passado que já passou". Um homem que não o respeitou acabou por perder a vida às suas mãos. As impressões digitais nos cartuchos ditaram-lhe a sorte.

Esteve em Vale de Judeus. "Era duro", lembra, mas "aprendi muito com algumas figuras que por lá passaram." Ainda quis sair do Companheiro, mas o director da altura não deixou. Hoje toma conta de um pequeno museu com figuras de madeira feitas por ele e com receitas culinárias que, escrupulosamente, passa à máquina. Até agora somam 33 533.

http://www.ionline.pt/artigos/portugal/recuperar-ex-reclusos-ou-voluntariado-nao-faz-capas-das-revistas/pag/-1

Friday, 28 November 2014

DOENTE COM CANCRO ABANDONADA À PORTA DE UMA IGREJA


Foi longa a espera de Rosa. Doente de cancro, com graves problemas de mobilidade, esta mulher de 46 anos teve nesta segunda-feira alta do Hospital Joaquim Urbano, onde lhe trataram mais uma infecção respiratória e a deixaram sair, mesmo sabendo que, naquele dia, ela não tinha uma casa para onde ir. Metida sozinha num táxi, foi parar, desamparada, às escadas da igreja do Carvalhido, na rua onde o marido arruma carros. Aguentou-se ali, deitada, umas cinco horas, até ser transportada pela polícia para um quarto numa pensão de Cedofeita, arranjado pela mesma Segurança Social que lhes cortara o rendimento social de inserção, deixando-os sem capacidade de pagar uma renda.

Felizmente está sol, reparava Paulo Natividade. É o amigo. O amigo que Armindo tem tido desde que a droga, o desemprego e a espiral descendente, contra a qual vai lutando, fizeram dele o arrumador de carros “oficial” da Rua da Prelada. E o amigo que não calou a indignação pela forma como naquela segunda-feira o Hospital Joaquim Urbano deu alta a uma mulher que não tinha, sabiam disso, para onde ir. Armindo tinha-os avisado de manhã. “Fiquei sem casa. Aguentem-na aí até eu resolver o problema”, pediu ao telefone a um médico, à frente de Paulo. Às 14h, quando lá chegou, já ela não estava. Saíra num táxi. Pago, por “pena dela”, pelo director de Serviço de Pneumologia, explicou ao PÚBLICO o assessor de imprensa do Centro Hospitalar do Porto.

“Ela queria sair. O médico avisou-a do problema da casa, mas a senhora disse que tinha familiares no Carvalhido e deixaram-na sair”, insistiu a mesma fonte, garantindo que, neste caso, não poderiam forçar a intervenção da Segurança Social. Não era a primeira vez que Rosa entrava e saía daquele hospital. Soma outros problemas de saúde ao cancro que, segundo a família, lhe deixa pouca esperança de vida, e “não é uma doente fácil”. Mas Armindo não entende porque cederam e não esperaram que chegasse, tendo em conta a sua condição física débil e as dores que a obrigam a tomar morfina, entre vários outros medicamentos cujo custo não conseguem suportar. Foi deixada por um taxista nas escadas da igreja do Carvalhido às “portas do céu”, como se lê numa parede, e foi um irmão dele, Joaquim, que a descobriu assim, desamparada.

Armindo estava ainda no hospital, quando o irmão lhe telefonou. Pediu ajuda ao seu outro “irmão” Paulo Natividade, que trabalha naquela mesma rua e que acabou por passar a tarde ali, com eles. Pessoas foram chegando, incluindo o pároco responsável pela igreja cuja entrada ostenta uma imagem de Cristo e um mapa da Europa, mostrando a distância entre o Porto e Jerusalém, a Terra Prometida. Segundo o amigo, o sacerdote disse-lhes que procurassem apoio na junta de freguesia e, perante os apelos de quem ali estava, pediu ao sacristão que lhes arranjasse um cobertor. Depois, celebrou-se missa, e os fiéis foram saindo, indiferentes, a maioria deles, ao que ali se passava – deixando ainda mais indignadas duas funcionárias do lar de Monte dos Burgos, Maria Nogueira e Ana Sousa que, ainda de farda, amparando Rosa, quase davam àquele escadório um ar de hospital em hora de visitas. Houvesse conforto…

Ainda assim, alguns paroquianos aproximaram-se, perguntaram, ajudaram. Um euro, dois. Um paliativo para aquela família, com um filho dependente, de 16 anos, que perdeu o rendimento social de inserção, no valor de 408 euros. O rapaz deixou a escola, “para cuidar da mãe”, mas Armindo não sabia explicar se fora esse o motivo do corte. Conhecia, isso sim, as consequências dele. O senhorio do “apartamento” onde dormiam, na Rua Álvares Cabral, fechou-lhes a porta da casa. Trabalha com dinheiro à vista, sem recibos. “Só me deixa entrar se eu lhe pagar 400 euros”, queixava-se o antigo motorista, que, ao mesmo tempo que luta para se afastar da droga que lhe “estragou a vida”, convivia, naquela casa partilhada por outros inquilinos, “com um “ambiente pesado, tentador” para um ex-toxicodependente.

Os haveres deles ainda estavam, nesta terça-feira, todos lá dentro. Nas escadas, na segunda-feira, Rosa vestia a roupa com que saíra do hospital e aguentava, mal, a espera. Dois agentes da polícia, chamados ao local, já tinham há muito pedido ajuda, ligando para o número de emergência social, quando, passavam das 19h, receberam a indicação de que havia para a família um quarto numa pensão, em Cedofeita. E foi deitada nos bancos traseiros do carro patrulha da PSP que esta mulher, a quem foi detectado há um ano um cancro no pulmão, foi levada. O cobertor que lhe arranjaram nas escadas da igreja foi útil para conseguirem levá-la, de novo escadas acima, até um segundo andar, onde esta terça-feira foi já visitada por uma assistente social – que ficou de ver o que se passou com o processo do rendimento social de inserção e de procurar uma solução de habitação para esta família que, durante uma tarde, deixou, às portas do céu, um exemplo vivo de como a vida pode ser um inferno.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/uma-tarde-com-rosa-na-escadaria-dos-expostos-1634886
 

Thursday, 27 November 2014

CADELA ESPERA PELO DONO FALECIDO NO HOSPITAL HÁ UM ANO

Sibéria: Cadela espera há um ano por dono que faleceu

Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014
 
 
 
Masha, uma cadela rafeira com pelo cor de mel, não abandona o hospital onde o seu dono morreu, há mais de um ano. Os funcionários e doentes daquele hospital, na Sibéria, acabaram por adotar o animal, a quem oferecem carinho e comida.
 
Masha já é famosa no Hospital Number One, em Koltsovo, onde já tem uma cama para dormir e alimento diário. Apesar do conforto, a cadela mantém uma expressão desgostosa, provavelmente por não conseguir encontrar o seu dono, pelo que os elementos do hospital estão agora a tentar que Masha seja adotada por uma nova família.

"Podemos ver nos seus olhos como está triste – não têm o brilho habitual que se vê no olhar dos cães. Consegue-se perceber a tristeza, tal como acontece com as pessoas”, explicou o médico Vladimir Bespalov ao jornal The Siberian Times.

"Não há mais nada que possamos fazer por ela mas esperamos que em breve a Masha encontre um novo dono em quem confie”, acrescentou.

Masha deslocou-se à receção do hospital todos os dias, após o seu dono dar entrada naquela unidade há dois anos atras. A cadela foi a única companhia do idoso durante o tempo em que esteve internado, sendo que apos a ‘visita’ Masha corria até casa, a alguns quilómetros de distância, para proteger a residência dos donos, regressando ao hospital no dia seguinte.

O homem acabou por falecer, há cerca de um ano, mas Masha não desiste de esperar por ele. Um das enfermeiras conta que, recentemente, uma família tentou adotar a cadela, mas Masha fugiu o voltou para o hospital.
 
 

Saturday, 30 August 2014

Tuesday, 8 July 2014

EX-ATOR DE "MORANGOS SEM AÇÚCAR" ARRUMA CARROS


 Foi em 2008 que Pedro Rodil se tornou conhecido. O ator, agora com 25 anos, foi protagonista da sexta temporada da conhecida série juvenil 'Morangos com Açúcar' e era apontado por muitos como um jovem talentoso.
 
Contudo, de acordo com a 'TV7Dias', a vida de Pedro Rodil deu uma volta de 180 graus e o ator sobrevive, neste momento, das moedas que recebe a arrumar carros na Praia das Maçãs, em Sintra.
 
Na mesma publicação, pode ainda ler-se que o ator não tem vergonha do que faz para ganhar a vida, mas confessa que “é um murro no estômago estar de mão estendida, após o estacionamento de cada carro, à espera que caia uma moedinha na mão”.
 
Além do estacionamento de carros, Pedro Rodil também se dedica à pesca submarina e dá algumas aulas de surf numa loja da Praia Grande.
 

Monday, 30 June 2014

Wednesday, 18 June 2014

JORGE MENDES QUER COMPRAR IATE DE JUAN CARLOS


Jorge Mendes, de 48 anos, está prestes a concretizar um negócio milionário. O agente, que representa jogadores como Cristiano Ronaldo, quer comprar o iate ‘Foners’, pertencente ao rei Juan Carlos de Espanha e que está agora à venda por dez milhões de euros.
 
                                                       Embarcação de luxo à venda por dez milhões.
                                             Agente e a mulhar já visitaram o iate em Palma de Maiorca
 

Friday, 13 June 2014

LEANDRO APOIA JOVEM QUE PERDEU O PAI


LOJA DE INCLUSÃO SOCIAL NO PORTO


A formação dada nos Serviços de Assistência Organizações de Maria é aqui posta em prática
 
A "Português de Gema" é uma loja de mercearia fina com produtos tipicamente portugueses e produzidos por pessoas com passado de exclusão social. A formação profissional é vista como a chave para a reintegração e os cursos promovidos já proporcionaram várias oportunidades de emprego.
 
A rua de Santana, estreita e com aspecto granítico, recebe, no número 33, uma loja especial, que abriu no sábado. Os olhares dos turistas param na montra da loja, nestes dias enfeitada com uma cascata de São João, e lançam-se sobre os produtos portugueses. Os móveis preenchem-se de queijos, vinhos, compotas e bolachas caseiras. Mas a gema, do nome e do projecto, são os ovos-moles.
 
A abertura da loja foi sugerida para a comercialização dos elogiados ovos moles confeccionados pelos formandos de pastelaria e catering promovidos pelos Serviços de Assistência Organizações de Maria (SAOM). A associação tem uma oferta formativa, centrada na área de hotelaria, com cursos que vão desde a cozinha até ao de empregado de andares. Os alunos são pessoas com um passado de exclusão social.
 
Paula Cristina veio de um passado de dependência. Uma técnica de apoio social aconselhou-a a frequentar um curso de pastelaria na SAOM. Aceitou, primeiro, porque é “gulosa” e, segundo, porque sempre “gostou de cozinhar”. A parte de atendimento ao público na nova loja cabe-lhe a si: “Quando vimos deste passado achamos que está tudo perdido e foi importante perceber que essas pessoas nos dão responsabilidades e acreditam em nós. Ora se os outros acreditam, porque não havemos nós de acreditar também?”.
 
O sorriso, aberto e constante, denuncia a convicção de quem sabe que fez a escolha certa. “Na altura estava sozinha e desamparada pelo que este acompanhamento familiar, amigo e profissional fez com que me sentisse bem e que me desse a conhecer, sem me retrair”.
 
Henrique Santos é mais retraído, mas, tal como Paula, ostenta um sorriso na cara. A parte da copa, quer de limpeza quer de confecção, está a seu cargo. Está na associação há mais de dois anos, chegou através da Caritas, foi escolhido para o curso de pastelaria e considera “muito importante a recepção que teve” e, para o futuro, só espera poder “continuar”.
 
Paula e Henrique são dois dos exemplos que os mais de 30 formandos, que compõe os cursos da SAOM, pretendem seguir. ”A formação profissional é uma aposta muito grande nas pessoas, percebemos que a integração passa pela sua formação e, neste momento, com uma parceria que temos com o IEFP estamos a promover a formação escolar e profissional”, explica a presidente da instituição.
 
Para Ana Pereira, “a importância do empreendorismo social é os formandos terem, nas suas mãos, os seus destinos e esta criação de postos de trabalho, no contexto social, é fulcral”. A inscrição “economia social” está presente à entrada da loja. Em português e em inglês pois os turistas são o público-alvo do estabelecimento . ”Nós apostamos muito neste mercado porque implica alguma sazonalidade. Vamos ter aqui muitos workshops e, nas épocas baixas, vamos apostar muito em pequenos convívios e formações”, revela uma das voluntárias envolvidas no desenvolvimento da loja.
 
A mesma colaboradora vê este tipo de projectos como “uma forma arrojada de fazer com que as pessoas rompam com aquilo que foram os seus passados”, até porque “é muito importante essa ruptura, que existam outros números, outras realidades sociais”. Os números, como em qualquer loja, serão importantes mas não são a preocupação essencial. O objectivo é que a loja seja auto-sustentável.
 
O lucro, mais do que um fim, será um meio porque a ideia é que continuem a ser criados mais postos de trabalho e promovidas oportunidades no mercado laboral. “Temos que dar respostas porque as pessoas entram na associação todos os dias. É importante criarmos projectos novos e esses projectos surgem naturalmente com as dinâmicas de trabalho que se geram aqui diariamente”, considera Ana Pereira. Paula e Henrique fecham agora a porta ao passado e preparam-se para abrir janelas para o futuro.

Texto editado por Ana Fernandes


Tuesday, 13 May 2014

DOG SLEEPS ON THE GRAVE

 
For the past 6 years, a dog named Capitán has slept on the grave of his owner every night. His owner, Miguel Guzmán died in 2006 and Capitán disappeared shortly after the family attended the funeral services. They searched everywhere and put out flyers to try and find him. But no one had seen him.

A week later, some people who were at the cemetary late one evening spotted Capitán laying on a grav...e and they contacted the grounds keeper at the cemetary. The cemetary notified the family who promptly came to pick him up and take him home. But each night he would cry and scratch frantically at the door to go out and he wouldn't return home until morning. It was later discovered that Capitán would walk the 3 miles back to the cemetary each night to guard his master's grave.

It has been nearly 7 years now. The cemetary does not close the gates until he arrives each night promptly at 6 pm. He sleeps there all night guarding the grave until the grounds keeper opens the gate in the morning.
 
 
 

Thursday, 17 April 2014

FAO APRENDE COM PORTUGAL A REDUZIR DESPERDÍCIOS ALIMENTARES


Zero Desperdício, Fruta Feia e Refood são projectos portugueses que podem servir de modelo para experiências em todo o mundo, diz a FAO à Renascença.
 
Lisboa quer ser a primeira capital zero desperdício do mundo. No Minho, nasceu o primeiro movimento universitário nacional de combate ao desperdício nas cantinas. A Refood chega ao Porto este ano e também está em marcha no Algarve. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) está atenta ao que Portugal está a fazer contra o desperdício alimentar.
 
"São experiências positivas que devem ser partilhadas a nível mundial para a criação de uma plataforma sólida de combate ao desperdício", refere Hélder Muteia, representante da FAO em Portugal, à Renascença.
 
Portugal está bem posicionado nesta luta, diz a organização das Nações Unidas. Tem um nível de desperdício de 17%, abaixo da média mundial (35%), concluiu, em 2012, o Projecto de Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar. No mundo, a comida desperdiçada podia alimentar os 846 milhões de pessoas que passam fome.
 
O surgimento de várias iniciativas contribuiu para estes números. Mas a grande distribuição e a indústria também estão atentas.
 
Lisboa a capital do zero desperdício

O Movimento Zero Desperdício, a completar dois anos de existência, vai assinar terça-feira um novo protocolo com a Câmara de Lisboa para tornar a cidade a primeira capital mundial do zero desperdício. Ainda não são conhecidos os pormenores da iniciativa.
 
O movimento da associação Dariacordar aproveita os bens alimentares que antes acabavam no lixo – comida que nunca saiu da cozinha, comida cujo prazo de validade se aproxima do fim ou comida que não foi exposta, nem esteve em contacto com o público – fazendo-os chegar a pessoas que dela necessitam. Já serviu quase 900 mil refeições nos estabelecimentos aderentes.
 
Este movimento lança, por estes dias, o "Manual da Replicação" para levar às autarquias e juntas de freguesia o conceito legal de combate ao desperdício alimentar, criado há dois anos.
 
"Com a criação da associação em Janeiro de 2011, explicámos à ASAE que a lei não era muito objectiva no que à distribuição de alimentos perecíveis dizia respeito. Havia uma interpretação negativa da mesma, com a proibição da distribuição e doação de alimentos desperdiçados mas em óptimas condições de segurança e higiene alimentar para serem consumidos por quem necessitasse", diz António Costa Pereira, presidente do Movimento Zero Desperdício.

"A ASAE concordou e juntos preparámos os procedimentos de recolha, transporte e condicionamento para ser possível doar. No fundo, desbloqueámos este processo", explica.
 
Refood chega ao Porto

Com o caminho legal aberto para a doação de alimentos perecíveis e confeccionados, nasceu a Refood.
 
Esta associação 100% voluntária combate o desperdício alimentar, ajudando famílias carenciadas assinaladas por instituições particulares de solidariedade social (IPSS).
 
A fórmula é simples: a Refood recolhe junto de estabelecimentos de restauração sobras em condições de serem consumidas. Fê-lo primeiro em Lisboa, com 680 famílias beneficiadas. Quase três anos depois, chega ao Porto, na Foz do Douro. "Estamos em negociações com a Câmara para nos ser cedido um espaço", conta à Renascença Francisca Mota, impulsionadora e coordenadora da Refood Porto.
 
A 12 de Março, uma "reunião sementeira" teve "uma adesão muito grande". "Superou largamente as nossas expectativas. E resultou numa grande base de dados de pessoas que querem colaborar com o projecto a título voluntário", refere.
 
Desta reunião surgiram também pessoas interessadas em criar 14 núcleos noutras freguesias do Porto e arredores. "Vontade que neste momento também já chegou ao Algarve (onde as coisas estão mais avançadas), Oeiras, Covilhã e, possivelmente, Vila Real."
 
Das cantinas para as cantinas

A Norte, em Braga e Guimarães, nasceu em Outubro de 2013 o movimento "Menos olhos do que barriga", pela mão de alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho. Levam a comida que sobra nas cantinas da universidade para as cantinas sociais.
Na instituição minhota são geradas quatro mil toneladas de resíduos alimentares por mês. Números que impressionam aquele que se afirma como o primeiro movimento universitário português contra o desperdício alimentar.
 
"Temos patrulhas. De forma informal, abordamos os alunos. O objectivo é que ganhem mais consciência social e percebam se vão realmente comer tudo o que colocam no prato ou não. Porque tudo o que sobra no tabuleiro é resíduo e tudo o que sobra nas cantinas lá dentro vai para cantinas sociais", explica a co-fundadora Sara Oliveira.
 
Com meio ano de vida, não há ainda números concretos do reflexo do "Menos estômago que barriga". Mas a recepção dos alunos "tem sido fantástica", refere.
 
Pioneirismo português
 
Com um posto de venda ao público no lisboeta Largo do Intendente (o segundo nasce, no Rossio, na terça-feira), a cooperativa Fruta Feia ajuda os agricultores a escoar a produção que não conseguem colocar no mercado por razões estéticas – o aspecto ou o tamanho dos produtos hortícolas.
 
A cooperativa, que em Setembro deve chegar ao Porto, "conta já com 210 consumidores associados e 14,5 toneladas de desperdício evitado", nas contas da fundadora Isabel Soares.
 
"Acho que é original no mundo. Existem vários projectos, a nível nacional, europeu e mundial, que visam combater o desperdício alimentar. Agora projectos que estejam baseados nos consumidores, como é a cooperativa de consumo Fruta Feia, e que pretendam actuar no início da cadeia agro-alimentar, ou seja, ao nível do agricultor, é o único que conheço", diz.
 

RE-FOOD VAI ABRIR MAIS CENTROS



O projeto que lançou é apenas um exemplo do que é possível fazer ao nível das comunidades, que considera terem imenso poder e precisam apenas de serem mobilizadas

O fundador do projeto "Re-food" estima que este ano abram entre 15 a 20 centros de redistribuição de comida em todo o país, entre eles os núcleos algarvios de Almancil e Algoz, cuja implementação é apoiada por Hunter Halder.

Em declarações à agência Lusa, Hunter Halder disse esperar que aos quatro já em funcionamento em Lisboa possam somar-se, até ao final deste ano, entre 15 a 20 novos núcleos de "Re-food", que funcionam com voluntários que recolhem refeições que sobram dos restaurantes e as distribuem pelos carenciados.

No Algarve, estão agora a ser constituídos os núcleos de Algoz-Tunes, em Albufeira, e de Almancil, onde já existe um espaço cedido por uma associação para montar o centro de operações. Segundo Alexandra Brito, impulsionadora do projeto em Almancil, foi necessário um intenso trabalho de divulgação até ao momento de criação de uma equipa com os gestores que irão ajudar a abrir o centro de operações, trabalho feito em ligação com o núcleo de Algoz.

Além da angariação de voluntários, que terão em média uma participação de duas horas semanais, os grupos de gestores terão de contactar restaurantes e cafés que poderão disponibilizar a comida que sobra diariamente ao "Re-food" e identificar os potenciais beneficiários.

 O fundador Hunter Halder, americano residente em Lisboa, contou à agência Lusa que lançou o projeto sozinho quando pegou na sua bicicleta para recolher refeições que sobravam nos restaurantes e cafés do seu bairro para distribuir pelas pessoas carenciadas.

Aquele responsável observou que o projeto que lançou é apenas um exemplo do que é possível fazer ao nível das comunidades, que considera terem imenso poder e precisam apenas de serem mobilizadas. “Acho importante que as pessoas tenham conhecimento de que têm poder para mudar o mundo na sua própria comunidade, que não têm de esperar pelo Governo, nem por uma empresa, nem por ninguém”, afirmou.

  Desde o início do projeto já foram entregues 300 mil refeições, estando os quatro núcleos de Lisboa a entregar uma média de 15 mil refeições por mês a cerca de 845 beneficiários, concluiu.

Sunday, 13 April 2014

CAFÉ SUSPENSO: O QUE É?


“Há muita gente a aderir?” A resposta do funcionário da pastelaria Clarinha, em Guimarães, é desarmante: pega na caixa de cartão e coloca sobre a balança. “1,210 kg” marcam os dígitos verdes do dispositivo eletrónico: “Se tirar os 200 gramas da caixa já temos mais de um quilo” de moedas.
 
É naquela caixa que os clientes têm deixado o seu contributo para a iniciativa “café suspenso” lançada nesta cidade pela Igreja Católica. A ideia nascida em Itália, e que se tem globalizado nos últimos anos, ganha cada vez mais adeptos um pouco por todo o país.
 
O princípio do café suspenso é simples: quando alguém vai tomar um café pode entregar o dinheiro de dois, deixando a bebida paga para que quando uma pessoa necessitada for ao mesmo estabelecimento possa bebê-la de forma gratuita. Esse café fica “suspenso” à espera de quem o peça. Em Guimarães, “não está a ser feito literalmente, mas é o mesmo espírito”, justifica o padre José Silvino, capelão da igreja de S. Pedro do Toural, na maior praça da cidade.
 
Com dúvidas quanto à forma como operacionalizar a ideia, Silvino optou por uma solução dupla. Se os donos ou funcionários do café conhecerem alguém que “está a pedir um café, mas está a precisar de um galão ou de um pão”, oferece-lhe o pedido. Nos restantes casos – que têm sido a maioria – os estabelecimentos comerciais aderentes têm caixas onde os clientes podem deixar o valor do café suspenso, o arredondamento da conta ou o troco. Esse dinheiro reverte depois para o fundo “Partilhar com esperança” da Diocese de Braga, que é gerido pela Cáritas, que se encarrega de fazer chegar os donativos a famílias com carências identificadas.
 
A ideia que José Silvino tem posto em prática não é sua. O padre vimaranense seguiu a sugestão da mensagem de Quaresma do Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga. O representante máximo da Igreja Católica na região chamou-lhe “caridade preventiva”. No texto o conceito original era também alargado: “Porque não falar também de um 'pão suspenso', 'refeições suspensas', 'medicamentos suspensos' ou 'roupas suspensas'?”, questionava o arcebispo, convidando os padres e instituições católicas a desenvolverem a ideia nas suas paróquias.
 
“Mediante este gesto de caridade, ao alcance de todos nós, creio que estaremos a combater de um modo directo a denominada pobreza envergonhada, que já afecta muita gente da classe média”, sublinha o arcebispo. Para o padre de Guimarães, o que mais o marcou na mensagem “foi a ideia de que o jejum da Quaresma não é tanto uma questão de renúncia, quase como um castigo que fazemos a nós próprios, mas de partilha”. E foi a essa mensagem que apelou junto dos proprietários das pastelarias mais próximas da igreja do Toural, e também nos bares do hospital da cidade (onde é capelão).
 
Apesar de a iniciativa terminar na próxima semana, com a Páscoa, José Silvino promete repetir a ideia nos próximos anos. “Para o ano quero um Toural suspenso”, brinca o padre, ilustrando a intenção de alargar a ideia a, pelo menos, todos os cafés e restaurantes nas imediações da principal praça de Guimarães.
 
O conceito terá nascido no Sul de Itália, na cidade de Nápoles, há cem anos e tinha força sobretudo na época do Natal. Mas o “caffè sospeso” foi desaparecendo na fase de crescimento económico após a II Guerra Mundial. A recessão dos últimos anos fê-lo recuperar força e globalizar-se, chegando a vários países da Europa, Estados Unidos e América do Sul. Em Portugal começou a dar os primeiros sinais no ano passado. A padaria Pabiru, na Lousã, foi uma das primeiras a aderir à ideia. Pouco tempo depois, a pastelaria Mordido, em Odivelas, também apresentava o seu café suspenso.
 
“Ouvimos falar através de um cliente e adaptamos o conceito ao nosso café”, conta Pedro Mordido, proprietário deste estabelecimento comercial, que até criou uma ementa especial de “suspensos” que além de café a preço mais reduzido tem bens essenciais como pão, fruta ou sopa. Os clientes deixam, em média, 20 contributos por semana e “sempre que alguém pede, há dinheiro de lado para pagar o que consumirem”.
 
O exemplo da pastelaria Mordido levou um grupo de pessoas que tinha tido conhecimento da iniciativa a lançar uma petição online em que é defendido que este devia tornar-se um projecto de âmbito nacional. “Sem gastos excessivos ou mudanças na sua rotina, um simples gesto solidário pode melhorar o dia de um desconhecido e fazê-lo a si, dador, sentir que participa num projeto coletivo de afetos”, sublinhavam os primeiros subscritores de uma ideia que tem tido pouca adesão online (192 subscritores de momento).
 

Sunday, 16 March 2014

AMIGOS DA RUA NA PRAÇA DA ALEGRIA


EUROVISÃO 2014: PORTUGAL REPRESENTADO POR MÚSICA PIMBA



Portugal será representado no Eurovisão por um tema "pimba"
           
Embora com o maior número de votos, a canção "Quero ser tua", não reuniu consenso no Convento do Beato nem nas redes sociais. Já existe uma petição "Contra a escolha da música para o Festival Eurovisão da Canção".
 
A canção "Eu quero ser tua" com letra e música de Emanuel, interpretada por Suzy, foi a vencedora da edição comemorativa dos 50 anos do Festival RTP da Canção.

Pior não podia acontecer, pois das cinco finalistas esta era a pior. Qualquer outra poderia ser tocada por uma orquestra, esta nunca. Qualquer outra tinha uma letra com cabeça tronco e membros, esta não. Qualquer outra tinha capacidade de representar Portugal em Copenhaga, esta não. Mas a maioria decidiu votar nela, e acabou por vencer.

Na semi final, foi das cinco a menos votada, mas hoje foi a mais votada. A identidade do Festival RTP da Canção morreu, pois esta canção é o "puro pimba", embora o seu criador a classifique de "dançante e latina".

Recuemos uns meses. A RTP convidou dez compositores para criarem dez músicas para a edição comemorativa dos 50 anos do Festival RTP da Canção. Será que a escolha foi acertada? Claro que não, pois todas elas eram muito pobres.
 
Celebra-se meio século de Festival RTP da Canção e não há uma Orquestra ao vivo? As actuações foram todas em playback instrumental. Porquê? Dispendioso? Sim, mas em vez de oferecerem 40 mil euros na tarde antecedente à gala da semi final e outros 40 mil na tarde antecedente da gala da final, teriam investido num espectáculo merecedor de celebração dos 50 anos.

Mas nem tudo foi mau, na noite de ontem: mais uma vez a brilhante actuação de Henrique Feist, interpretando as 48 canções que ganharam as edições do Festival, a magnifica interpretação de Lucia Moniz com o tema que Maria Guinot levou à Eurovisão - "Silêncio e tanta gente" - para recordar os que partiram, as grandiosas coreografias e o bom corpo de baile, assim como as oito canções que as ex concorrentes, Liana, Filipa e Anabela, interpretaram.

A destacar ainda a bela escolha de Henrique Feist para as vozes dos cinco finalistas, das músicas de Simone de Oliveira e António Calvário.

Resta salientar que antes de ser conhecido o resultado já se adivinhava qual seria. A editora discográfica Sony Music comprou os direitos do tema, mesmo antes de saber que iria vencer.

Nas redes sociais circulava que seria o Emanuel o vencedor. Na sala sentia-se esse desconforto, quando anunciaram o vencedor, mais de metade da plateia se levantou e abandonou a sala.

Emanuel vai "negociar com a RTP" para que possa "à semelhança dos paises de leste que a música seja interpretada em inglês". salientamos também que o compositor, praticamente, não deixou a concorrente falar. para além dele existiam mais duas pessoas que pretendiam "dominar" as perguntas dos jornalistas.

Veremos o que se vai seguir nos próximos dias sobre a nossa representação em Copenhaga.
 
A petição criada na primeira hora do dia de hoje, já conta com 80 assintauras. Os autores dizem: "Demonstre, assinando, à televisão pública que a artista Suzy não é a escolha ideal para a Eurovisão. Não queremos, mais, más escolhas! Queremos música para a vitória".

domingo, 16 março 2014,03:04 Escrito por
 




 

DESMISTIFICANDO O CARNAVAL CARIOCA


Monday, 10 March 2014

A VIDA TRÁGICA DE KEANU REEVES

Keanu Reeves mitou Hollywood com filmes como Matrix, Constantine, Velocidade Máxima e muitos outros. Tem dinheiro de sobra, consegue a mulher que quer. Mas quem disse que isso é sinal de felicidade? Apesar de todo o sucesso, ele vem de uma família digamos…problemática.
 
Keanu viu sua namorada, futura esposa, morrer num acidente de carro. Seu pai não era muito bacana e foi preso quando ele tinha 12 anos. Sua mãe, para pagar as contas, virou stripper.
 
Mas foi a morte do amor de sua vida que lhe tirou dos trilhos. Keanu ainda afirma estar de luto, quase 14 anos depois do acidente. Quando perguntado, ele diz que se sente “absurdamente injustiçado”. Mas essa não foi a única perda do ator. Seu melhor amigo, o ator River Phoenix, morreu de overdose em 1993 e sua irmã Kim de leucemia.
 
Todas essas experiências o transformaram em um artista diferente. Reeves não dá muito valor ao material, a mansões, Ferraris e mulheres-troféu. Ao ser perguntado, sempre afirma que seu maior objetivo é reencontrar o amor, casar e ter filhos.
 
Enquanto isso, ao contrário de seus colegas, Reeves doa! Estima-se que ele ganhou cerca de $260,000,000 com a trilogia Matrix, sendo que doou $35 milhões para a equipe de efeitos especiais e maquiadores, resultando em mais de 1 milhão por membro do elenco.~
 
“O dinheiro não significa nada para mim. Eu fiz muito dinheiro, mas eu quero curtir a vida e não me estressar construindo minha conta bancária. Nós todos sabemos que uma boa saúde é muito mais importante”.
 
Ele também tem uma fundação para financiar pesquisas e hospitais de câncer.
 
Ao longo dos anos, Keanu tem apoiado muitas instituições de caridade e causas, como PETA, Racing for Kids, SickKids Foundation, Spinal Cord Opportunities for Rehabilitaion Endowment, Stand Up To Cancer e Wildlife WayStation.
 
O cara é tão tranquilo que já foi fotografado comendo um sanduba com um sem-teto em Hollywood!É…precisamos de mais Keanus!