Emergência nuclear
Empresa que gere central de Fukushima procura heróis por 3500 euros por turno
A Tokyo Electric Power Co (TEPCO), responsável pela central nuclear de Fukushima 1, está à procura de funcionários que se disponham a entrar nas zonas mais radioactivas e cumprir tarefas curtas. O turno é pago a 3500 euros, quase cinco vezes o salário médio.
A Reuters cita um homem de 30 anos que terá contado à revista japonesa Weekly Post que rejeitou uma oferta de 1750 dólares por dia (220 mil yen). "Normalmente seria o trabalho de sonho, mas a minha mulher começou a chorar e recusei."
A empresa que tem estado debaixo de fogo por alegadamente ter subestimado o impacto de um sismo e um tsunami na central - depois de ter sido condenada por falsificar relatórios de segurança nos anos 90 - anunciou este sábado ter descoberto uma fuga no reactor número 2 por onde estará a escapar material radioactivo em direcção ao mar. De acordo com a Reuters, os medidores contabilizaram nesta frincha no isolamento de betão 1000 msv de radiação por hora, supostamente o nível mais elevado registado no segundo grande desastre nuclear depois de Chernobyl.
O The Japan Times online destaca na edição online o facto de a Tepco estar repetidamente a corrigir os níveis de radiação em Fukushima e de só agora, três semanas depois do desastre, ter revelado que a maioria dos seus trabalhadores no local não têm medidores de radiação, um instrumento fundamental para conter os danos da exposição excessiva. Esta semana a agência japonesa para a segurança nuclear e industrial anunciou que já 20 trabalhadores foram expostos a mais de 100 msv, o valor a partir do qual há um risco acrescido de cancro.
Primeiro-ministro visita perímetro evacuado
Este sábado o primeiro-ministro Naoto Kan fez a primeira visita à região afectada pelo sismo e tsunami de 11 de Março. Depois de visitar um campo de desalojados na aldeia costeira de Rikuzentakata, Naoto Kan anunciou que a reconstrução será uma "longa batalha". Segundo a Reuters, a sensação dos locais depois de uma tragédia que terá morto mais de 28 mil pessoas, é que a visita peca por tardia. Um pescador de 45 anos, citado pela agência de notícias japonesa Kyodo, lamentava a falta de electricidade e água em alguns centros de evacuação. "São pessoas que nem conseguem ir procurar os mortos. Ele [Kan] tem de prestar-lhes atenção."
Já dentro da zona de evacuação mais restrita, um raio de 20 quilómetros até à central, o primeiro-ministro visitou uma aldeia onde o ginásio está a ser utilizado como quartel-general pelos samurais de Fukushima, como são chamados os 300 homens que em turnos de 500 tentam controlar os reactores.
por Marta F. Reis, Publicado em 02 de Abril de 2011
No comments:
Post a Comment