Colégio Militar: Ex-aluno abusou de 6 menores
“Ficámos em estado de choque”
"Nunca tínhamos ouvido falar do caso. Ficámos em estado de choque e não conseguimos compreender como é que uma pessoa externa à instituição entrou nas camaratas dos alunos do Colégio Militar, sítio que nem os pais têm autorização para visitar."
25 Julho 2009
Por:José Carlos Marques/André Pereira
As palavras de Paulo Cardoso Amaral, presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Colégio Militar, são reflexo da onda de choque causada pela notícia de ontem do CM – revelando que pelo menos seis menores foram vítimas de abuso sexual, entre 2001 e 2007, nas camaratas, por um antigo aluno, um advogado de 32 anos.
Paulo Amaral, que tem dois filhos no Colégio, não cala a revolta 'Vamos até às últimas consequências para apurar responsabilidades. Se alguém entrou nas instalações dos alunos para cometer esse crime é porque as regras falharam. Queremos apurar quem é o responsável por esta situação, que deve ser punido', diz o dirigente.
O Exército emitiu ontem um comunicado em que confirma ter 'conhecimento de um processo de natureza criminal, em fase de inquérito, no qual estarão em causa alegados factos que terão sido praticados no Colégio Militar, há alguns anos, por um ex--aluno que terá atentado contra o pudor de alguns alunos'.
O ex-aluno drogava as vítimas com clorofórmio e filmava os actos sexuais. É suspeito de abusos a vinte menores na colónia balnear O Século. Está em preventiva desde o final de 2008.
O SÉCULO APANHADA DE SURPRESA
José Fraga, administrador da fundação O Século, em Cascais, confessou-se surpreendido com a ida da Polícia Judiciária às instalações por causa do alegado pedófilo. 'Era uma pessoa impecável, cujo comportamento não deixava qualquer suspeita', disse ao CM, acrescentando: 'Para nós não está nada provado. Quando for deduzida acusação, logo agiremos contra ele.'
MINISTÉRIO DA DEFESA DIZ TER SABIDO PELO 'CM'
Severiano Teixeira garantiu ontem estar a acompanhar 'com atenção o que se passa no Colégio Militar' e lembrou que já no passado foram accionadas as vias judicias para apurar outros casos envolvendo a instituição. De visita aos estaleiros de Viana do Castelo, o ministro da Defesa admitiu, no entanto, que só soube do caso 'através da imprensa'. No comunicado emitido ontem, o Estado-Maior do Exército esclareceu que pretende 'acompanhar com proximidadee atenção todo este processo (...)e que tudo fará para que eventuais actos de pedofilia não venham a ficar impunes'.
DISCURSO DIRECTO
'ABUSOS SÃO FREQUENTES' (Álvaro Carvalho, Presidente da Rede de Cuidadores)
Correio da Manhã – Conheceu--se mais um caso de pedofilia.
Álvaro Carvalho – Não são nada de novo. Os abusos sexuais são frequentes em ambiente institucional, especialmente nos com internato. É um dado quase científico, que tem sido desvalorizado por parte dos responsáveis institucionais e políticos. Além disso, temos verificado magistrados com atitudes muito tolerantes para com os abusadores.
– O que pode ser feito para evitar estas situações?
– Os responsáveis políticos da área da segurança social e da educação têm de deixar de lado a atitude de falso pudor e escutar quem percebe do assunto e está disposto a ajudar. As instituições precisam de especialistas externos para estas situações.
NOTAS
CAMARATAS: ACESSO RESTRITO
Os seis alunos do Colégio Militar foram atacados nas camaratas, quando os colegas estavam ausentes em férias. A zona é expressamente interdita a pais e monitores do Colégio.
FÉRIAS: MUDANÇAS
Desde há dois anos que os alunos que são confiados à instituição em período de férias ficam na Feitoria de Oeiras, em instalações mais pequenas que permitem maior acompanhamento.
ASSOCIAÇÃO: REPÚDIO
Martiniano Gonçalves, da Associação dosAmigos do Colégio Militar, disse ontem estara acompanhar o caso desde Outubro de 2008e manifestou repúdio pelos crimes.
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