A equipa de psiquiatras que segue Renato Seabra no Hospital de Bellevue, em Nova Iorque, considera que o jovem português não está em condições de enfrentar o tribunal, por ser incapaz de perceber a gravidade do crime de que está indiciado. O parecer clínico é claro, e aponta para perturbação psicológica, anterior ou na sequência do brutal homicídio de Carlos Castro.
Hoje, um juiz desloca-se ao hospital, acompanhado por uma procuradora responsável pela acusação e pelo advogado de defesa. Renato será pela primeira vez interrogado por um juiz – mas o interrogatório decorrerá na presença dos médicos.
A deslocação ao hospital das autoridades surge numa altura em que o ‘crime de Times Square’, como ficou conhecido, já não faz as manchetes locais. Mas o sistema de Justiça não esquece. O homicídio de Carlos Castro "é inédito, uma mancha" na zona nobre da cidade, lembra um polícia. E à espera de Renato Seabra, "com ou sem atenuantes", está Rikers Island, a cadeia de alta segurança do Estado de Nova Iorque. "Um inferno" isolado do mundo, na ilha de 167 hectares e disputada por 12 mil prisioneiros, entre assassinos, violadores e membros do crime organizado. A ala gay, extinta em 2005, não serve de abrigo ao jovem português. "Agora estão todos juntos". Só o isolamento, 23 horas por dia, lhe pode valer contra o risco de agressões sexuais.
Carros particulares ficam para cá da ponte, em Long Island, com os familiares a atravessarem em autocarros prisionais. Será esta a rotina dos pais de Renato, "num ambiente diabólico", reforça o jornalista Luís Pires, que vive nos EUA e conhece Rikers Island por dentro. "O cheiro, os ruídos, os gritos. É abominável o tratamento que dão aos visitantes." "Fiz muitas histórias com gente ali presa, por exemplo, uma jovem portuguesa que levou 12 anos, apanhada com meio quilo de ecstasy. E ao visitá-la fiquei com a impressão de que era também prisioneiro."
O pior são os abusos entre presos, com a conivência dos guardas, e os crimes cometidos por estes últimos, que marcam a história recente da cadeia. São vários os casos de elementos julgados e condenados por extorsão e castigos impostos a presos, à base de extrema violência. Além da corrupção, às ordens do crime organizado. É este o ambiente que espera Renato Seabra nos próximos anos.
"O CARLOS SÓ TINHA UMA CARA"
Vanda, a ex-mulher do jornalista Luís Pires que confrontou Renato na noite do crime, está impedida de falar do caso. No entanto, recorda o amigo que encontrou "feliz" nos últimos dias. "Deixa muitas saudades, o que era em público era em privado. Só tinha uma cara", disse.
PROCURADORAS COM ACESSO A DECLARAÇÕES NO HOSPITAL
A acusação a Renato Seabra está a ser preparada nos últimos dias pela Procuradoria local, em simultâneo com a avaliação psiquiátrica que há uma semana é feita numa ala restrita do Hospital de Bellevue – e que ontem apontou para perturbação psicológica. Tudo passa pelas duas procuradoras que conduzem a investigação, em articulação com a polícia de Nova Iorque, e têm acesso às declarações do jovem no hospital. "Tudo o que diga ali, aquilo que confessar, pode virar-se contra ele, passa a constar nos autos. Apesar da sua debilidade e sem a presença ou intervenção da defesa, que só apareceu mais tarde", critica uma fonte que conhece o sistema norte-americano de Justiça. "A avaliação psiquiátrica viola todas as normas jurídicas e éticas", diz a mesma fonte, e "tudo se torna muito complicado em termos de estratégia de defesa".
Hoje, um juiz desloca-se ao hospital, acompanhado por uma procuradora responsável pela acusação e pelo advogado de defesa. Renato será pela primeira vez interrogado por um juiz – mas o interrogatório decorrerá na presença dos médicos.
A deslocação ao hospital das autoridades surge numa altura em que o ‘crime de Times Square’, como ficou conhecido, já não faz as manchetes locais. Mas o sistema de Justiça não esquece. O homicídio de Carlos Castro "é inédito, uma mancha" na zona nobre da cidade, lembra um polícia. E à espera de Renato Seabra, "com ou sem atenuantes", está Rikers Island, a cadeia de alta segurança do Estado de Nova Iorque. "Um inferno" isolado do mundo, na ilha de 167 hectares e disputada por 12 mil prisioneiros, entre assassinos, violadores e membros do crime organizado. A ala gay, extinta em 2005, não serve de abrigo ao jovem português. "Agora estão todos juntos". Só o isolamento, 23 horas por dia, lhe pode valer contra o risco de agressões sexuais.
Carros particulares ficam para cá da ponte, em Long Island, com os familiares a atravessarem em autocarros prisionais. Será esta a rotina dos pais de Renato, "num ambiente diabólico", reforça o jornalista Luís Pires, que vive nos EUA e conhece Rikers Island por dentro. "O cheiro, os ruídos, os gritos. É abominável o tratamento que dão aos visitantes." "Fiz muitas histórias com gente ali presa, por exemplo, uma jovem portuguesa que levou 12 anos, apanhada com meio quilo de ecstasy. E ao visitá-la fiquei com a impressão de que era também prisioneiro."
O pior são os abusos entre presos, com a conivência dos guardas, e os crimes cometidos por estes últimos, que marcam a história recente da cadeia. São vários os casos de elementos julgados e condenados por extorsão e castigos impostos a presos, à base de extrema violência. Além da corrupção, às ordens do crime organizado. É este o ambiente que espera Renato Seabra nos próximos anos.
"O CARLOS SÓ TINHA UMA CARA"
Vanda, a ex-mulher do jornalista Luís Pires que confrontou Renato na noite do crime, está impedida de falar do caso. No entanto, recorda o amigo que encontrou "feliz" nos últimos dias. "Deixa muitas saudades, o que era em público era em privado. Só tinha uma cara", disse.
PROCURADORAS COM ACESSO A DECLARAÇÕES NO HOSPITAL
A acusação a Renato Seabra está a ser preparada nos últimos dias pela Procuradoria local, em simultâneo com a avaliação psiquiátrica que há uma semana é feita numa ala restrita do Hospital de Bellevue – e que ontem apontou para perturbação psicológica. Tudo passa pelas duas procuradoras que conduzem a investigação, em articulação com a polícia de Nova Iorque, e têm acesso às declarações do jovem no hospital. "Tudo o que diga ali, aquilo que confessar, pode virar-se contra ele, passa a constar nos autos. Apesar da sua debilidade e sem a presença ou intervenção da defesa, que só apareceu mais tarde", critica uma fonte que conhece o sistema norte-americano de Justiça. "A avaliação psiquiátrica viola todas as normas jurídicas e éticas", diz a mesma fonte, e "tudo se torna muito complicado em termos de estratégia de defesa".
Renato Seabra, quando tiver alta clínica, será presente a um Grande Júri, que validará ou não a acusação e decidirá as condições em que chegará a julgamento.
CERIMÓNIA ANTECIPADA
A deposição de metade das cinzas de Carlos Castro foi antecipada para as 10h00 de amanhã no cemitério de Trinitu, Nova Iorque. À tarde, mantém-se a cerimónia em Newark, com missa rezada por um padre português na Igreja de N.ª Senhora de Fátima.
PRISIONEIROS DEPORTADOS
O risco de sobrelotação é levado a sério, e todos os anos o estado de Nova Iorque se pronuncia sobre a possível deportação de mais de 3200 presos estrangeiros. Muitos obtêm decisão favorável. Tal não será porém o caso de Renato Seabra.
JULGAMENTO EM POUCOS MESES
Fontes judiciais contactadas pelo ‘CM’ acreditam que Renato Seabra chegará a julgamento entre três a sete meses. No entanto, é difícil apontar uma data concreta, devido à complexidade do processo. Até lá, espera-o a cadeia de Rikers Island.
NOTAS
GUILHERME DE MELO: DEFESA
Na opinião do conhecido jornalista e escritor, o seu grande amigo Carlos Castro não era um homem "promíscuo". "Ele não ia para a cama com qualquer um", garante.
ROMANCE: SMS REVELADORES
Através de várias mensagens escritas, Renato revelava-se um namorado preocupado com Carlos Castro. O tom carinhoso era uma constante, bem como a palavra "adoro-te".
14-01-2011
http://www.vidas.xl.pt/noticia.aspx?channelId=83c1118f-0a09-426d-88d0-7a0980df951a&contentId=5aed40b4-5332-4d91-a770-c3e9ff3fc5f5
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