Entrevista
"Agora, não me voltas a molestar"
Carlos Poiares, prof. de Psicologia Forense, defende que mutilações são expressão de raiva ou de incapacidade sexual.
Correio da Manhã – Qual o significado/explicação, no caso concreto, para o esvaziamento de uma vista e mutilação dos órgãos genitais?
Carlos Poiares – O esvaziamento de uma vista pode significar raiva, que poderia ter sido expressada em qualquer parte do corpo. Mas também pode ter um significado simbólico e querer dizer que deixa de ver o seu objecto. A castração poderá ter que ver com a simbologia do comportamento sexual, a incapacidade para a prática do acto sexual, mas também poderá indicar que entre o Renato e o Carlos existisse um conflito sexual. Mas tudo isto só poderá ser avaliado através de várias entrevistas, que os psicólogos terão de fazer ao Renato, e das respostas que ele der ao significado que quis dar aos actos praticados.
– As pessoas que não tenham uma orientação sexual definida são pessoas mais violentas?
– Se forem pressionadas pela pessoa que com elas têm uma relação. A violência é exercida por raiva e a mensagem é ‘agora não me voltas a incomodar’, ‘agora não me voltas a molestar sexualmente’.
– Qual será a situação em que se encontra o Renato?
– É impossível dizer. Tudo isto só poderá ser definido correctamente através de várias entrevistas e consequentes testes adequados às respostas que o Renato der. Só assim, através do ‘Quê’, conseguiremos aceder ao ‘Quem’. O que é que ele fez, como é que o fez e porque é que o fez, para sabermos quem é aquela pessoa. Um tribunal não pode julgar uma pessoa sem conhecer a sua dimensão pessoal e, neste caso concreto, sem conhecer também a dimensão da relação entre o Renato e o Carlos. Até que tudo seja esclarecido, todas as hipóteses e teses que se avançarem para explicar este caso são pura especulação.
– Esse processo de análise é demorado?
– Depende. Se a pessoa fala muito é rápido. Mas se for uma pessoa que fala pouco, tem de se dar ainda mais atenção à linguagem gestual dessa pessoa.
"NÃO VAMOS CANCELAR O CONTRATO COM O RENATO"
Fátima Lopes ainda não encontra as palavras certas para compreender toda esta tragédia. No entanto, a estilista tem uma certeza: "Não vamos cancelar o contrato com o Renato, não faz sentido." O contrato de exclusividade que a Face Models tem com o manequim é de dois anos, mas Fátima Lopes, mesmo perante a possibilidade de o jovem incorrer numa pena de prisão perpétua, não quer desfazer o estabelecido.
Durante os quatro meses que Renato fez parte da agência, o jovem não fez qualquer trabalho como manequim. "Ele ainda tinha muito caminho a percorrer e nem sequer tinha o book completo", diz a estilista, realçando que, a somar a esta situação, Renato "faltou a muitos castings". "Ele não era um manequim que tivesse grande vontade de trabalhar, porque senão ia aos castings", justifica, acreditando que a imagem da sua agência não sai beliscada. "Não pode afectar, porque a Face não existe nesta história."
SAÚDE ERA PREOCUPAÇÃO
"Tenho a tensão ‘super-alta’. Fui ao hospital e não me conseguem fazer nada. Já é a segunda vez este mês", desabafou Carlos Castro alguns dias antes de partir de férias para Nova Iorque a 29 de Dezembro. A saúde era uma das suas maiores preocupações e cedo o manifestou a Renato Seabra. Das muitas mensagens enviadas pelo manequim, e que os amigos contam ter lido no telefone de Carlos Castro, uma deles terá sido: "Já mediste a tensão hoje?"
AJUDA À FAMÍLIA DO MANEQUIM
Os amigos de Renato criaram um movimento no Facebook chamado ‘Deus é grande e vai fazer justiça’. O mesmo grupo está a criar uma conta no banco através da qual quem quiser pode doar uma quantia monetária com destino a ajudar a família do manequim. Recorde-se que a mãe, Odília Pereirinha, enfermeira de profissão, está desde segunda-feira em Nova Iorque para dar todo o apoio ao filho.
14 Janeiro 2011
Por:Lurdes Mateus
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/agora-nao-me-voltas-a-molestar
"Agora, não me voltas a molestar"
Carlos Poiares, prof. de Psicologia Forense, defende que mutilações são expressão de raiva ou de incapacidade sexual.
Correio da Manhã – Qual o significado/explicação, no caso concreto, para o esvaziamento de uma vista e mutilação dos órgãos genitais?
Carlos Poiares – O esvaziamento de uma vista pode significar raiva, que poderia ter sido expressada em qualquer parte do corpo. Mas também pode ter um significado simbólico e querer dizer que deixa de ver o seu objecto. A castração poderá ter que ver com a simbologia do comportamento sexual, a incapacidade para a prática do acto sexual, mas também poderá indicar que entre o Renato e o Carlos existisse um conflito sexual. Mas tudo isto só poderá ser avaliado através de várias entrevistas, que os psicólogos terão de fazer ao Renato, e das respostas que ele der ao significado que quis dar aos actos praticados.
– As pessoas que não tenham uma orientação sexual definida são pessoas mais violentas?
– Se forem pressionadas pela pessoa que com elas têm uma relação. A violência é exercida por raiva e a mensagem é ‘agora não me voltas a incomodar’, ‘agora não me voltas a molestar sexualmente’.
– Qual será a situação em que se encontra o Renato?
– É impossível dizer. Tudo isto só poderá ser definido correctamente através de várias entrevistas e consequentes testes adequados às respostas que o Renato der. Só assim, através do ‘Quê’, conseguiremos aceder ao ‘Quem’. O que é que ele fez, como é que o fez e porque é que o fez, para sabermos quem é aquela pessoa. Um tribunal não pode julgar uma pessoa sem conhecer a sua dimensão pessoal e, neste caso concreto, sem conhecer também a dimensão da relação entre o Renato e o Carlos. Até que tudo seja esclarecido, todas as hipóteses e teses que se avançarem para explicar este caso são pura especulação.
– Esse processo de análise é demorado?
– Depende. Se a pessoa fala muito é rápido. Mas se for uma pessoa que fala pouco, tem de se dar ainda mais atenção à linguagem gestual dessa pessoa.
"NÃO VAMOS CANCELAR O CONTRATO COM O RENATO"
Fátima Lopes ainda não encontra as palavras certas para compreender toda esta tragédia. No entanto, a estilista tem uma certeza: "Não vamos cancelar o contrato com o Renato, não faz sentido." O contrato de exclusividade que a Face Models tem com o manequim é de dois anos, mas Fátima Lopes, mesmo perante a possibilidade de o jovem incorrer numa pena de prisão perpétua, não quer desfazer o estabelecido.
Durante os quatro meses que Renato fez parte da agência, o jovem não fez qualquer trabalho como manequim. "Ele ainda tinha muito caminho a percorrer e nem sequer tinha o book completo", diz a estilista, realçando que, a somar a esta situação, Renato "faltou a muitos castings". "Ele não era um manequim que tivesse grande vontade de trabalhar, porque senão ia aos castings", justifica, acreditando que a imagem da sua agência não sai beliscada. "Não pode afectar, porque a Face não existe nesta história."
SAÚDE ERA PREOCUPAÇÃO
"Tenho a tensão ‘super-alta’. Fui ao hospital e não me conseguem fazer nada. Já é a segunda vez este mês", desabafou Carlos Castro alguns dias antes de partir de férias para Nova Iorque a 29 de Dezembro. A saúde era uma das suas maiores preocupações e cedo o manifestou a Renato Seabra. Das muitas mensagens enviadas pelo manequim, e que os amigos contam ter lido no telefone de Carlos Castro, uma deles terá sido: "Já mediste a tensão hoje?"
AJUDA À FAMÍLIA DO MANEQUIM
Os amigos de Renato criaram um movimento no Facebook chamado ‘Deus é grande e vai fazer justiça’. O mesmo grupo está a criar uma conta no banco através da qual quem quiser pode doar uma quantia monetária com destino a ajudar a família do manequim. Recorde-se que a mãe, Odília Pereirinha, enfermeira de profissão, está desde segunda-feira em Nova Iorque para dar todo o apoio ao filho.
14 Janeiro 2011
Por:Lurdes Mateus
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/paixao-fatal/agora-nao-me-voltas-a-molestar
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