Wednesday, 2 February 2011

RENATO EM TRIBUNAL - Público


Crime

Renato declara-se "não culpado" em tribunal

Acusação considera que houve intenção de matar Carlos Castro. Defesa do jovem modelo de Cantanhede diz-se "muito optimista". A audiência em Nova Iorque durou três minutos.

Não foi um julgamento, mas uma audiência preliminar para ser apresentada a acusação definitiva contra Renato Seabra e dar-lhe a oportunidade de responder. O júri que ontem formalizou a acusação considera Seabra culpado de homicídio em segundo grau, alegando que matou intencionalmente o cronista social Carlos Castro no passado dia 7 de Janeiro. Através do seu advogado de defesa, o jovem de 21 anos declarou-se "não culpado", expressão que é traduzida habitualmente como "inocente". Mas, na verdade, "não culpado" sugere apenas que a pessoa não tem culpa da acusação que lhe é feita, o que não quer dizer que não tenha cometido o acto. A audiência no tribunal criminal de Nova Iorque durou três minutos.

Renato Seabra compareceu ontem pela primeira vez em tribunal desde que foi detido. Há duas semanas, ouvira um juiz recusar-lhe o direito a fiança através de videoconferência, um procedimento habitual quando se considera que a deslocação de um suspeito hospitalizado pode pôr em causa o seu estado de saúde.

Ontem à tarde, Seabra emergiu de uma ala prisional do lado esquerdo da sala de audiências, acompanhado por guardas, com as mãos algemadas atrás das costas, fato de treino cinzento-claro e um blusão laranja com as iniciais D.O.C., do Departamento Correccional de Nova Iorque, que o tem sob custódia no Bellevue Hospital.

Renato Seabra nunca falou. O juiz do Supremo Tribunal admitiu a presença de um intérprete de Português, que se debruçou sobre o ouvido direito de Seabra e traduziu as palavras do juiz, da acusação e da defesa.

Apesar de Seabra ter sido acusado pela polícia de homicídio em segundo grau poucos dias depois de estar detido, faltava saber se essa acusação seria ontem confirmada ou alterada pelo grand jury, um júri de 23 cidadãos que avaliam as provas e formalizam a acusação mediante votação.

Ontem, o juiz marcou a data da próxima audiência preliminar, a 4 de Março, que servirá para defesa e acusação apresentarem requerimentos sobre o processo - como, por exemplo, a exclusão de determinadas provas ou da confissão do arguido.

Em breves declarações aos jornalistas, à saída da audiência, o advogado de Seabra afirmou que planeava "uma defesa vigorosa" do seu cliente, e declarou-se "muito optimista" em relação a "um resultado positivo", embora tenha recusado especificar o que entende por isso.

Os documentos relacionados com a acusação ontem facultados aos jornalistas pelo gabinete de imprensa da procuradoria distrital de Nova Iorque contêm uma lista de objectos a serem examinados para eventual admissão como provas: saca-rolhas, computador portátil, pedaços de vidro, cotonetes, ténis Puma, estrutura de uma cadeira, entre outros.

Os documentos também adiantam novos detalhes sobre as declarações de Renato Seabra à polícia de Nova Iorque, nomeadamente que ele admitiu ter atacado Carlos Castro no quarto 3416 do Hotel InterContinental "pelo menos durante uma hora".

Segundo o mesmo resumo da confissão policial, Seabra e Castro tiveram "uma discussão verbal que se transformou numa altercação física. O arguido disse que agarrou Carlos pela parte de trás do pescoço e arrastou-o para o chão, aplicando pressão na sua traqueia."

Seabra confessou ter apunhalado Castro com um saca-rolhas na zona genital e no rosto e ter castrado os testículos da vítima usando o mesmo objecto. Também disse que atingiu Castro na cabeça com o monitor de um computador e pisou-lhe o rosto "enquanto estava calçado". Seabra declarou que a seguir tirou as roupas que usava, tomou um duche, vestiu um fato e deixou o quarto. Confirmou que encontrou uma amiga de Carlos Castro e a sua filha - Vanda e Mónica Pires, que, na véspera, tinham estado com os dois homens -, que lhe perguntaram por Castro e por que razão ele não estava a atender o telefone.

01.02.2011 - 19:55 Por Kathleen Gomes, em Nova Iorque

http://www.publico.pt/Sociedade/renato-declarase-nao-culpado-em-tribunal_1478171

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